Lectionary Calendar
Sunday, November 24th, 2024
the Week of Christ the King / Proper 29 / Ordinary 34
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Bible Commentaries
Comentário Bíblico Enduring Word Enduring Word
Declaração de Direitos Autorais
Esses arquivos devem ser considerados domínio público e são derivados de uma edição eletrônica disponível no site "Enduring Word".
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Informação Bibliográfica
Guzik, David. "Comentário sobre John 17". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/commentaries/por/tew/john-17.html. 2024.
Guzik, David. "Comentário sobre John 17". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/
Whole Bible (1)New Testament (2)
versos 1-26
João 17 – A Grande Oração de Jesus
“John Knox, em seu leito de morte em 1572, pediu para sua esposa ler para ele João 17, ‘onde’, ele disse, ‘Eu jogo minha primeira âncora’.” (Bruce)
A. Jesus ora a respeito de si mesmo.
1. (1a) Introdução.
Depois de dizer isso, Jesus olhou para o céu e orou:
a. Depois de dizer isso: A Bíblia está repleta de grandes orações. Nós ficamos impressionados com a oração de Salomão (1 Reis 8), a oração de Abraão (Gênesis 18) e a oração de Moisés (Êxodo 32), mas esta oração é de longe a melhor de todas registradas na Bíblia.
i. A maioria de nós sabe o que é ouvir um homem verdadeiro ou mulher verdadeira de Deus concentrado em oração; existe algo santo e impressionante nisso. Muito além de tudo isso estava a oração que Jesus orou para Seu Deus e Pai, que é a única oração longa e contínua de Jesus registrada nos Evangelhos. As sentenças são simples, mas as ideias são profundas, emocionantes e significativas.
ii. “Não houve voz que jamais tenha sido ouvida ou no céu ou na terra, mais exaltada, mais santa, mais frutífera, mais sublime, do que a oração oferecida pelo Filho a Deus em pessoa.” (Melanchthon, citado em Boice)
iii. A oração genuína muitas vezes revela o ser mais interior de uma pessoa. João 17 é uma oportunidade única de ver a natureza e coração de Jesus. Nesta oração Jesus tocará em muitos dos temas desenvolvidos neste Evangelho: glória, glorificar, enviado, crer, mundo, amor.
iv. Muitas das mesmas preocupações do que é comumente chamado de O Pai Nosso (Mateus 6:9-13) estão aqui nesta oração.
·A oração é repetidamente dirigida a Deus Pai.
·Existe reconhecimento e preocupação pelo nome de Deus.
·Existe preocupação pela obra do Reino de Deus.
·Existe preocupação pela proteção contra o mal.
v. Contudo, há algo diferente nesta oração; Jesus não orou exatamente como Ele ensinou Seus discípulos a orar. “O pedido de nosso Senhor assim feito no décimo sétimo capítulo de João claramente não é uma oração de um inferior para um superior: é constantemente visto nela a igualdade do Orador com o Pai. Os dois têm uma mente… onde o Filho fala Ele não está buscando dobrar o Pai a Sua vontade: em vez disso Ele está expressando o propósito da Divindade.” (Trench)
vi. O Novo Testamento nos diz que Jesus tem uma obra contínua e presente de intercessão pelo Seu povo ( Romanos 8:34, Hebreus 7:25). “O objeto não é tanto nos fazer conhecer o que Ele disse em uma ocasião especial, mas sim mostrar a atitude constante de Sua mente, a ideia informativa de Sua incessante ‘intercessão’ por nós durante o tempo de Sua ausência.” (Trench)
b. Jesus olhou para o céu e orou: Isso indica a postura física de Jesus enquanto Ele orava. Essa é uma postura que nós geralmente não associamos com uma oração profunda. Nos costumes da oração do mundo ocidental, frequentemente abaixamos nossas cabeças e fechamos nossos olhos. Jesus orou dentro dos costumes de oração comuns de Sua própria época (João 11:41, Marcos 7:34, Salmo 123:1).
i. “No registro sagrado, no entanto, muito mais espaço é tomado pelas interseções de nosso Senhor ao se aproximar o fim de seus trabalhos. Depois de finalizar a ceia, sua obra de pregação pública estando terminada, e nada permanecendo a ser feito exceto morrer, ele se entregou inteiramente à oração. Ele não iria instruir a multidão novamente, nem curar os doentes, e no intervalo que restava, antes de dar sua vida, Ele se vestiu para uma interseção especial. Ele derramou sua própria alma na vida antes de derramá-la na morte.” (Spurgeon)
ii. As palavras: olhou para o céu, também indicam que Jesus olhou para cima em um sentido de esperança e não foi triste ou abatido nessa oração. Esta é na verdade uma oração de fé e confiança, até mesmo de vitória – ao mesmo tempo reconhecendo a realidade do conflito. “Nós tão frequentemente entendemos essa oração como se fosse um pouco triste. Não é. Ela é feita por Aquele que acabou de afirmar que venceu o mundo (João 16:33), e ela começa a partir dessa convicção.” (Morris)
iii. Essa oração extraordinária é feita com o coração e a mente olhando para cima, para o céu. Jesus não fez menção de Seus problemas ou das decisões que deve tomar. Seu coração e sua mente estavam fixos nas coisas mais elevadas, comprometendo-se ao cumprimento absoluto da vontade do Pai não importando o que custasse, e para que a vida eterna pudesse vir aos outros.
2. (1b) Jesus pede para ser glorificado.
“Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique.”
a. Pai, chegou a hora: Antes, a hora da glorificação de Jesus (começando com Sua morte) ainda não havia chegado (João 2:4; 7:8; 7:30; 8:20). Agora, chegou a hora(como Jesus disse anteriormente em João 12:23).
i. Observe as palavras: Pai…teu Filho…teu Filho…te. Esta é uma oração profunda e rica em relacionamento. Jesus orou com um sentido pleno e profundo de relacionamento familiar e da hierarquia ou ordem natural que existe entre Deus Pai e Deus Filho.
ii. Pai: “E daqui ele nos dá um exemplo: em todos os momentos de tribulação vamos nos apoiar em nossa filiação, nossa adoção e na paternidade de nosso grande Pai. Ao nosso Pai vamo-nos, pois a quem mais deveria uma criança tão naturalmente voar?” (Spurgeon)
iii. A hora: “Sua fé pensa que é apenas uma hora: à meia-noite do Getsêmani, a manhã da flagelação, o dia da crucificação, tudo está a apenas uma hora, um curto espaço. Agora ele está em apuros, pois é chegado seu tempo de trabalho árduo; mas ele conta como uma hora, para a alegria do que deve nascer no mundo por meio de suas graves dores. Assim, seu amor e paciência o fazem desprezar o tempo da vergonha e considerá-lo apenas um breve intervalo.” (Spurgeon)
b. Glorifica o teu Filho: Jesus orou primeiro por si mesmo, mas Sua petição não foi egoísta. Sua preocupação consigo mesmo foi na verdade uma preocupação pela glória do Pai. O Filho pode apenas glorificar o Pai se o Pai primeiro atender a oração do Filho: “Glorifica o teu Filho.”
i. “Não trará glória nenhuma ao Pai se o sacrifício de Jesus na cruz não for aceitável, ou se o Filho não for restaurado ao seu lugar de direito na presença da glória desprotegida do Pai. Isso significaria que a missão divina falhou, os propósitos da graça para sempre derrotados.” (Carson)
ii. “Pai, chegou a hora: glorifica o teu filho: ou seja, deixe claro para estes lá que o Jesus Homem também é Deus-Homem; deixe claro por meio de Sua ressurreição e ascensão.” (Trench)
iii. “Esta glorificação abrangeu Sua morte, ressurreição e sessão à direita de Deus, como o Mediador credenciado.” (Dods)
iv. Jesus deu várias razões ou motivos para esta oração, “Glorifica o teu Filho.” Se Deus Filho fez uso de razões ou motivos orando para Deus Pai, deveríamos dar muito mais atenção ao dar razões e motivos pelos nossos pedidos diante do trono de Deus.
·Porque chegou a hora (João 17:1).
·Porque o Pai será glorificado (João 17:1).
·Porque autoridade já foi dada a conceder vida eterna (João 17:2).
·Porque Jesus é o único caminho para a vida (João 17:3)
·Porque finaliza a obra que o Pai enviou o Filho para realizar (João 17:3)
c. Chegou a hora. Glorifica o teu Filho: É a cruz (veja João 12:27-33, 13:30-33, 21:18-19) que glorificará o Filho. A cruz era humilhação total para o mundo, mas era um instrumento de glorificação nos olhos de Deus. Este é um aspecto da tolice e fraqueza da cruz ( 1 Coríntios 1:18, 1:23-25).
i. “Para os homens a cruz parecia um instrumento de vergonha. Para Cristo era o meio da verdadeira glória.” (Morris)
ii. Esta oração foi atendida de maneira maravilhosa. “Sim, o Pai glorificou seu Filho, mesmo quando agradou a ele marcá-lo e entristecê-lo. Com uma mão ele esmagou e com a outra mão ele glorificou. Houve um poder para destruir, mas também houve um poder para sustentar o trabalho ao mesmo tempo. O Pai glorificou seu Filho.” (Spurgeon)
iii. O quão diferentes são a maioria de nossas orações. “De uma forma ou de outra estamos constantemente pedindo ao Pai para nos glorificar. Glorifique-me, ó Pai, gritamos, concedendo-me a maior congregação na cidade; começando um grande renascimento em minha missão; aumentando o meu poder espiritual, para que eu seja muito procurado. É claro que nós não declaramos nossa razão de forma tão concisa; mas isto é o que realmente queremos dizer. E então ficamos imaginando por que a resposta tarda.” (Meyer)
d. Para que o teu Filho te glorifique: Em sua obra contraintuitiva, a cruz glorificou Jesus Filho e demonstrou a sabedoria e o poder de Deus ( 1 Coríntios 1:23-25). Ainda assim, ela também glorificou Deus Pai, demonstrando Seu plano sábio e grande sacrifício ao dar ao Filho realizar tal obra.
i. “O Filho glorificou o Pai revelando neste ato [a cruz] a soberania de Deus sobre o mal, a compaixão de Deus pelos homens e a finalidade da redenção para os crentes.” (Tenney)
ii. “O motivo de Cristo deveria ser o nosso. Quando você pede por uma bênção de Deus, peça que você possa glorificar a Deus por meio dela. Você anseia por ter sua saúde de volta? Tenha certeza de que você quer usá-la por ele. Você deseja avanço temporal? Deseje que você possa promover Sua glória. Você anseia até mesmo pelo crescimento na graça? Peça somente que você possa glorificá-lo.” (Spurgeon)
3. (2-3) Jesus fala sobre a origem e natureza da vida eterna.
“Pois lhe deste autoridade sobre toda a humanidade, para que conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”
a. Lhe deste autoridade sobre toda a humanidade: Jesus alegou ter autoridade sobre toda a humanidade com a capacidade de conceder a vida eterna para a humanidade. Esta é uma reivindicação clara e surpreendente à divindade; nem Um exceto Deus poderia verdadeira e conscientemente fazer esta reivindicação.
i. Jesus alegou aqui “autoridade para determinar o destino final dos homens.” (Tasker)
ii. Isso nos dá uma esperança nova para a evangelização e obra missionária, sabendo que Jesus tem autoridade sobre toda a humanidade. Até mesmo para aqueles que rejeitam Jesus ou são ignorantes sobre Ele, mesmo se eles não a conhecem ou a reconhecem, Jesus tem autoridade sobre eles. Podemos orar na fé e pedir a Jesus para exercitar essa autoridade sobre aqueles que ainda devem se arrepender e crer.
iii. Lhe deste autoridade sobre toda a humanidade: Filipenses 2:5-11 é uma demonstração disso, de que todos reconhecerão a autoridade de Jesus; todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor.
iv. O crente entende e glorifica a autoridade de Jesus, especialmente considerando a alternativa. “Homens e mulheres não podem operar sem autoridade. Então se você remover uma autoridade, outra irá entrar. Se você rejeitar autoridade de Deus, a autoridade humana irá emergir.” (Boice)
b. Para que conceda a vida eterna a todos os que lhe deste: Jesus compreendia que Ele era e é Aquele que concede a vida eterna para aqueles dados a Ele pelo Pai.
i. “Cristãos muitas vezes pensam sobre Jesus como um presente de Deus para nós; raramente pensamos sobre nós mesmos como presentes de Deus para Jesus.” (Carson)
ii. Isso indica algo que podemos entender um pouco como uma divisão de trabalho na obra da salvação entre as Pessoas da Divindade. Aqui vemos que o Pai concede um pouco para o Filho, e o Filho concede a eles vida eterna por meio de sua obra na cruz. É claro que o Espírito Santo também tem Sua obra de salvação, não mencionada nesta passagem em particular.
iii. “Aqui as doutrinas de uma redenção geral e particular se misturam suavemente ‘como lhe deste autoridade sobre toda a humanidade’, eles estão todos sob o governo mediador de Cristo em virtude de seu sacrifício incomparável; porém o objeto em vista é especialmente o dom da vida eterna ao povo escolhido: ‘que ele conceda a vida eterna a tantos quantos tu lhe destes’.” (Spurgeon)
c. Esta é a vida eterna: que te conheçam: A vida eterna é encontrada em conhecimento experimental (ginosko) de ambos, Deus Pai e Jesus Cristo, Deus Filho.
i. “Neste mundo estamos familiarizados com a verdade de que é uma bênção e uma inspiração conhecer certas pessoas. Muito mais é no caso em que conhecemos a Deus.” (Morris)
ii. “Vida é o envolvimento ativo com o ambiente; morte é a cessação do envolvimento com o ambiente, sendo tanto físico quanto pessoal.” (Tenney) Vida eterna significa que estamos vivos e ativos para o ambiente de Deus. Se Deus e Seu ambiente espiritual não afeta (e nem domina) nossa vida, então pode ser dito que não temos ou experimentamos vida eterna. Se isso é verdade, então vivemos a vida na mesma dimensão que os animais vivem, e existimos como se estivéssemos mortos para Deus e Seu ambiente.
iii. Que te conheçam: “No grego o verbo está no presente do subjuntivo indicando que o ‘conhecimento’ é uma experiência crescente.” (Tasker)
4. (4-5) O pedido é feito novamente, cheio de fé: Glorifica-me.
Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer. E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse.
a. Eu te glorifiquei na terra: Jesus não esperou até sua obra na cruz para glorificar a Deus Pai. Sua vida inteira glorificou a Deus na terra.
i. Jesus glorificou o Pai por toda a Sua vida, desde Sua circuncisão e dedicação no templo (Lucas 2:21-23) até Seus anos quietos de obediência em Nazaré (Mateus 2:23, 13:55).
ii. Jesus glorificou o Pai através de Sua fé, obediência e obra ao logo dos anos de Seu ministério terreno. Cada sermão pregado, cada pessoa cega ou doente curada, cada pedaço de instrução e treinamento para os discípulos, cada confronto com os líderes religiosos, cada pergunta respondida, cada toque amoroso – todos eles glorificaram a Deus Pai.
b. Completando a obra: Jesus, com confiança divina e certeza, viu a obra na cruz como já finalizada. Havia (é claro) um sentido no qual a obra não estava completa; mas como Jesus é o cordeiro que foi morto desde a criação do mundo ( Apocalipse 13:8), existe um sentido no qual a obra já estava completa, completada no coração e na mente de Deus. Agora tinha apenas que ser feita.
i. Existe um sentido similar no qual Deus vê nossa própria obra de transformação e perfeição como já completa, antes do fato. Agora ela tem que ser feita.
ii. “Há um reconhecimento quieto de que Jesus completou Sua tarefa adequadamente e trouxe glória ao Pai no processo.” (Morris)
c. Glorifica-me junto a ti: Jesus pediu ao pai para glorificá-Lo, mas com a mesma glória que o próprio Pai tem. A oração de Jesus não foi de maneira alguma uma expressão de independência, mas sim de total e contínua dependência em Deus Pai.
i. Há muitos homens que gritam “glorifica-me” e às vezes eles até dirigem o grito para Deus usando uma terminologia mais espiritual. Ainda assim seu grito “glorifica-me” é quase sempre completamente diferente da oração de Jesus: “Glorifica-me junto a ti”, e a diferença está normalmente entre dependência e independência.
d. Com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse: Jesus estava ciente de sua pré-existência e da natureza dessa pré-existência. Jesus entendia que havia um tempo na eternidade passada quando Deus Filho de Deus Pai desfrutavam de uma glória compartilhada.
i. Jesus não podia de maneira verdadeira ou sã orar isso se Ele não fosse Javé Ele mesmo, igual a Deus Pai. Em Isaías 42:8 e 48:11, Javé proclamou que Ele não compartilha a sua glória com ninguém. Se Deus Pai e Deus Filho compartilham sua glória, devem ser ambos Javé.
ii. “Ele tinha uma petição principal: que o Pai o recebesse de volta à glória que ele havia renunciado para cumprir sua tarefa. Esta petição para um retorno à sua glória imaculada implica inequivocamente suam preexistência e igualdade com o Pai. Ela confirma sua alegação de que ele e o Pai são um (João 10:30).” (Tenney)
iii. O evangelho de João tem enfatizado a glória de Jesus ao longo de todo o seu registro. João foi cuidadoso ao registrar as muitas maneiras que Jesus se referiu à Sua própria glória nesta oração.
·A vida de Jesus foi uma manifestação da glória de Deus, e os discípulos viram essa glória (João 1:14).
·Os milagres de Jesus manifestaram Sua glória (João 2:11).
·Jesus sempre buscou a glória de Seu Pai (João 7:18, 8:50).
·A revelação da glória é a recompensa da fé (João 11:40).
·Muitas vezes Jesus falou de Sua paixão e crucificação vindouras como Sua glorificação vindoura (João 7:39, 12:16, 12:23, 13:31).
·Deus Filho busca glorificar a Deus Pai (João 12:28).
·Deus Pai glorifica a Deus Filho (João 13:31-32).
B. Jesus ora a respeito dos discípulos.
Tendo ensinado e encorajado os discípulos tanto quanto Ele pôde no meio do desespero deles, Jesus agora fez a grande coisa: Os entregou ao Pai em oração.
1. (6-8) Jesus fala de Sua missão entre os discípulos e sua recepção dela.
“Eu revelei teu nome àqueles que do mundo me deste. Eles eram teus; tu os deste a mim, e eles têm obedecido à tua palavra. Agora eles sabem que tudo o que me deste vem de ti. Pois eu lhes transmiti as palavras que me deste, e eles as aceitaram. Eles reconheceram de fato que vim de ti e creram que me enviaste.”
a. Eu revelei teu nome àqueles que do mundo me deste: Jesus pensou sobre os Seus mais ou menos três anos de ministério e ensinamento com os Seus discípulos escolhidos e os resumiu com essa frase. Ela indica que Jesus não simplesmente ensinou sobre o nome (caráter) de Deus, Ele revelou (demonstrou) esse caráter.
i. Jesus vivenciou o amor, bondade, justiça, graça e santidade de Deus Pai; Ele os revelou o nome de Deus. “‘Eu revelei teu nome’, ou seja, eu revelei tua natureza. Pois qualquer nome adequado de uma pessoa ou coisa é a completa conotação daquela pessoa ou coisa.” (Trench)
ii. Crentes hoje têm um chamado e obrigação similares. Paulo escreveu que crentes são como cartas vivas, lidas pelo mundo ( 2 Coríntios 3:2-3), com a responsabilidade de revelar o nome e natureza de Deus a um mundo observador.
b. Àqueles que do mundo me deste: Jesus escolheu Seus discípulos após uma noite de oração, expressando sua total dependência em Deus Pai para a escolha dos homens (Lucas 6:12-16). Verdadeiramente, poderia ser dito que Deus Pai deu estes homens a Jesus e os deu do mundo.
i. Judas havia partido deste grupo de discípulos um pouco mais cedo naquela noite (João 13:26-30). Com Judas fora, Jesus pôde verdadeiramente dizer: “Àqueles que do mundo me deste.”
c. Eles eram teus; tu os deste a mim: Aqui está outra pista sobre as obras das Pessoas da Trindade no que poderia ser chamado de uma divisão de trabalho. Havia algum sentido no qual os discípulos primeiro pertenciam a Deus Pai, e então foram dados a Deus Filho.
d. Eles têm obedecido à tua palavra: Pode-se dizer que Jesus generosamente julgou Seus discípulos; mas Ele viu uma obra genuína de Deus neles. Mesmo com todas as suas falhas e culpas, eles têm obedecido à palavra de Deus.
i. “Ele olhou para eles com o entendimento da fé, esperança e amor, e percebeu a devoção presente deles e seu potencial para o futuro.” (Bruce)
e. Agora eles sabem que tudo o que me deste vem de ti: Jesus claramente disse isso aos Seus discípulos antes (João 14:10-11) e no passado mais distante (João 8:28-29). Jesus não fez ou disse nada de Sua própria iniciativa, mas fez e disse tudo em completa dependência em Seu Deus e Pai.
f. Eles reconheceram de fato que vim de ti: Os discípulos obviamente não compreenderam tudo sobre Jesus e Sua obra, mas neste ponto eles estavam convencidos da origem Divina de Jesus e Seus ensinamentos.
i. “É um privilégio raro e santo observar o divino Filho de Deus não apenas formulando Suas orações, mas formulando os fundamentos para suas petições. Esses fundamentos refletem a unidade essencial do Pai e Filho, e revelam que as orações de Jesus por seus seguidores trazem seus argumentos de volta aos propósitos inescrutáveis da divindade.” (Carson)
g. Creram que me enviaste: Pode-se dizer que nestes poucos versículos, Jesus olhou para a salvação de dois pontos de vista. Cada perspectiva é verdadeira do ponto de vista dela.
·João 17:6 explica a salvação deles na eleição de Deus (àqueles que do mundo me deste), vendo-a do ponto de vista de Deus.
·João 17:8 explica salvação deles na fé deles (eles reconheceram de fato que vim de ti), vendo-a do ponto de vista da humanidade.
2. (9-10) Jesus direciona Sua oração.
“Eu rogo por eles. Não estou rogando pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois são teus. Tudo o que tenho é teu, e tudo o que tens é meu. E eu tenho sido glorificado por meio deles.”
a. Eu rogo por eles. Não estou rogando pelo mundo: Jesus tinha especificamente Seus discípulos em mente nesta oração. Ele não orou em um sentido geral para o mundo; ao invés disso, Jesus orou pelos discípulos que levariam Sua mensagem de amor e redenção para o mundo.
i. Eu rogo por eles: Trench diz que o “Eu” é empático nesta sentença.
ii. Quando Jesus disse: não estou rogando pelo mundo, não foi porque Ele não se importava com o mundo perdido e caído; foi para focar em Seus próprios discípulos. “Ele estava orando pelo instrumento que estava criando, através do qual Ele alcançaria o mundo.” (Morgan)
iii. “Se ele não orar pelo mundo, não é porque ele não tinha preocupação pelo mundo; ele é, de fato, o Salvador do mundo (João 4:42; cf. 3:17; 12:47). Mas a salvação do mundo depende do testemunho daqueles a quem o Pai deu a Ele ‘que são do mundo’ (veja os versículos 21 e 23), e são eles que precisam de sua intercessão nesta junção.” (Bruce)
iv. “Eu estou agora inteiramente empregado para meus discípulos, para que eles possam ser devidamente qualificados para pregar minha salvação até os confins da terra. Jesus aqui imita o sumo sacerdote, a segunda parte de quem a oração, no dia da expiação, foi para os padres, os filhos de Arão.” (Clarke)
b. Mas por aqueles que me deste: Pode-se dizer que isso tem em mente mais do que simplesmente os onze discípulos, mas também aqueles que iriam crer no testemunho deles (como é especificamente mencionado em João 17:20). Jesus tinha um foco especial sobre eles na oração porque sabia que aqueles discípulos pertenciam ao Pai (pois são teus).
i. “Existe um provérbio antigo, e eu não consigo deixar de citá-lo aqui agora; ele fala: ‘Me ame, ame meu cachorro’. É como se o Senhor Jesus amasse tanto o Pai que até mesmo pobres cachorros como estes que somos acabamos amados por ele pelo bem de seu Pai. Aos olhos de Jesus somos radiantes de beleza porque Deus tem nos amado.” (Spurgeon)
c. Tudo o que tenho é teu, e tudo o que tens é meu: Jesus já falou da glória compartilhada entre Deus Pai e Deus Filho (João 17:5). Aqui Ele falou do papel deles compartilhado na vida dos redimidos, que crentes pertencem tanto a Deus Pai quanto a Deus Filho.
i. Tudo que nós temos pertence a Deus, mas nem tudo o que Ele tem pertence a nós. Qualquer um pode dizer a Deus Pai “tudo o que tenho é teu”, mas apenas Jesus pôde dizer “tudo o que tens é meu.”
ii. “Cada um possui o direito completo sobre todas as possessões do outro; eles compartilham os mesmos interesses e responsabilidades.” (Tenney)
d. E eu tenho sido glorificado por meio deles: De certo modo, isso é o que significa ser um crente, nascer de novo, ser um seguidor verdadeiro de Jesus Cristo – tê-Lo glorificado em nós. Jesus não quer meramente habitar ou viver no crente, mas quer ser glorificado nele.
i. “Assim como os valores do mundo estavam todos errados a respeito da cruz, também estavam os valores todos errados a respeito do grupo apostólico. Neles o Filho de Deus, ninguém menos, foi realmente glorificado.” (Morris)
ii. O Apóstolo Paulo mais tarde entendeu isso usando frases como por exemplo, Cristo em vocês, a esperança da glória ( Colossenses 1:27) e observando que a obra de Deus em nós se move com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito ( 2 Coríntios 3:18).
iii. Nenhum outro além de Jesus deve ser glorificado no crente. Líderes têm uma tendência de glorificar a si mesmos em seus seguidores, mas deveria ser apenas Jesus.
3. (11-12) O primeiro pedido de Jesus pelos discípulos: Pai, protege-os.
“Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um. Enquanto estava com eles, eu os protegi e os guardei no nome que me deste. Nenhum deles se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição, para que se cumprisse a Escritura.”
a. Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo: Jesus fez esta oração inteira pensando em Sua partida em breve. Ele percebeu que não permaneceria mais no mundo, porém Seus discípulos permaneceriam. Eles, portanto, precisavam de oração especial.
·Eles precisavam de oração porque os três anos incomparáveis de discipulado durante seu ministério terreno estariam acabados.
·Eles precisavam de oração por causa das circunstâncias envolvendo a partida de Jesus; a traição, prisão, julgamento, surras, crucificação, ressurreição e ascensão Dele.
·Eles precisavam de oração porque Jesus não estaria lá em sua presença corporal para ajudá-los.
·Eles precisavam de oração por causa do papel necessário do Espírito Santo; tanto para o envio do Espírito quanto para sua constante dependência Nele.
i. “Jesus não está mais no mundo, Ele já deu o seu adeus a ele, mas os discípulos permanecem nele, expostos sem os conselhos e defesa costumeiros Dele.” (Dods)
b. E eu vou para ti: Essa não foi uma frase usada para focar os pensamentos de Jesus enquanto Ele orava, para que Ele pudesse estar consciente de orar na presença do Seu Pai. Isso foi Seu reconhecimento que Sua obra na terra estava quase feita e Ele estava no Seu caminho para o céu.
c. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste: Os discípulos precisavam da oração de Jesus e do poder de Deus Pai para protegê-los.
i. Eles devem ser protegidos, continuando como discípulos de Jesus. Isso não era óbvio; no mundo judaico daquele tempo ninguém continuava como discípulo de um rabino morto. Contudo, estes discípulos deveriam continuar, ser protegidos como discípulos de Jesus.
ii. “Vocês foram redimidos; porém vocês ainda devem ser protegidos. vocês foram regenerados; porém vocês devem ser protegidos. Vocês são puros no coração e nas mãos; porém vocês devem ser protegidos.” (Spurgeon)
iii. Nós precisamos de Jesus nosso intercessor ( Romanos 8:34, Hebreus 7:25) para orar por nós, pedindo a Deus Pai para nos proteger. Nossa permanência em Jesus não é deixada apenas para nossos próprios esforços. O mundo, a carne e o diabo são tão poderosos, tão persuasivos e tão sedutores que nós nunca poderíamos nos proteger com nossos próprios esforços. Se permanecermos com Jesus, é porque Jesus orou por nós: “Pai, protege-os.”
·Precisamos ser protegidos da divisão: Protege-os para que sejam um.
·Precisamos ser protegidos do erro.
·Precisamos ser protegidos do pecado.
·Precisamos ser protegidos da hipocrisia.
iv. Protege-os em teu nome: Jesus não orou “proteja por meio de um anjo” ou “proteja por meio de um líder da igreja” ou “proteja por meio dos próprios esforços deles.” O trabalho de proteger um crente é tão significante que leva o nome de Deus – o caráter inteiro e autoridade de Deus.
v. Existe um pouco de debate (principalmente de Westcott e Hort) se a ideia em João 17:11 é: protege-os em teu nome, o nome que me deste ou protege-os em teu nome que tu me deste. Westcott e Hort acreditavam fortemente que neste versículo foi o nome que foi dado, não os discípulos – com a ideia, “proteja os em Mim que sou Teu nome, Tua conotação, revelação, manifestação: proteja-os em união comigo.” (Trench)
d. Para que sejam um, assim como somos um: A obra de proteção de Deus Pai nos discípulos não apenas os protegeria Nele, mas também os manteria juntos. Jesus orou para que eles fossem um, e um segundo o modelo da unidade de Deus Pai e Deus Filho (Para que sejam um, assim como somos um).
i. “A unidade mencionada aqui não é simplesmente uma unidade alcançada pela legislação. É uma unidade da natureza porque é comparável àquela do Filho e do Pai.” (Tenney)
ii. A unidade continuada deles não poderia ser presumida; faria mais sentido para os discípulos se separarem depois da morte de Jesus do que faria para eles ficarem juntos.
iii. A unidade entre Seu povo pela qual Jesus orou tem um modelo. Mesmo quando o Pai e o Filho são um e ainda assim não são o mesmo, não esperamos que a unidade cristã genuína significará uniformidade ou unidade de estrutura. Ela significará a unidade de espírito, unidade de coração, unidade de propósito e unidade de destino.
e. Enquanto estava com eles, eu os protegi e os guardei no nome que me deste: Jesus pensou em seus três anos de serviço com e para o grupo apostólico. Durante aquele tempo Ele os guardou e os guiou; Ele os protegeu. Essa obra de proteção, Jesus fez no nome de Seu Pai, com autoridade e poder Dele e de acordo com a vontade Dele.
i. “O Senhor aqui, como coloca Cyril, compara a Sua proteção dos Seus com aquela do Pai – de um modo apenas responsável por ambas as Pessoas sendo de Poder e Dignidade iguais.” (Alford)
ii. “Pelo poder do pai, transmitido a Jesus, Jesus em pessoa os guardou como um tesouro que lhe foi confiado pelo Pai, e agora presta contas de sua administração.” (Bruce)
iii. Jesus não protegeu os Seus próprios discípulos em e através de Seu próprio nome, mas em total confiança em Deus Pai. É muito mais tolo pensarmos que podemos nos proteger ou a outros em nosso próprio nome, mas em nosso próprio esforço, autoridade ou vontade.
iv. A base do pedido de Jesus estava enraizada no nome (caráter) de Deus e em Sua propriedade do discípulo (o nome que me deste).
f. Nenhum deles se perdeu, a não ser aquele que estava destinado à perdição: Houve uma exceção na obra de Jesus de proteger os discípulos, Judas. Isso foi porque no cumprimento das Escrituras; Judas estava destinado à perdição, aquele destinado ao mal e destruição.
i. “Observe, não é ‘Eu não perdi nenhum, mas o filho da perdição’. – Cristo não o perdeu (compare o capítulo 18:9, onde não há exceção), mas ele se perdeu.” (Alford)
ii. “É bom notar, para o leitor brasileiro, que no original, o substantivo perdição é o derivativo do verbo perecer. Ninguém pereceu, mas aquele que deveria perecer; cujo, o próprio estado e atributo era perecer.” (Alford)
iii. “‘Aquele…destinado à perdição’ aponta para o caráter e não para o destino. A expressão significa que ele estava caracterizado pela ‘perdição’, não que ele estava predestinado ser ‘perdido’.” (Morris)
g. Para que se cumprisse a Escritura: As escrituras cumpridas pela traição de Judas foram especialmente o Salmo 41:9 e o Salmo 109:8, especialmente observado em Atos 1:20. A deslealdade e traição de Aitofel contra o Rei Davi foi uma profecia de deslealdade e traição de Judas contra o Filho de Davi.
4. (13-16) Jesus elabora o primeiro pedido: tenham a plenitude da minha alegria e os proteja do Maligno.
“Agora vou para ti, mas digo estas coisas enquanto ainda estou no mundo, para que eles tenham a plenitude da minha alegria. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou. Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou.”
a. Agora vou para ti: Jesus novamente usou esta frase, primeiramente observada em João 17:11. Ele fez esta oração em reconhecimento total da realização em breve de Sua obra terrena.
b. Para que eles tenham a plenitude da minha alegria: Jesus orou não apenas pela proteção e unidade dos Seus discípulos, como se Ele somente ansiasse deixar para trás bons empregados. Ele se importava profundamente e orava pela plenitude da alegria na vida deles. Especificamente, Jesus orou por Sua própria alegria a ser cumprida em Sua vida.
i. “A alegria deles será maior lembrando que Jesus, na noite em que foi traído, orou por seus seguidores.” (Carson)
ii. Jesus possuía uma vida repleta de alegria; Ele podia falar da minha alegria. Se não falasse, essa parte da oração não faria sentido. Jesus foi verdadeiramente um homem de dores e experimentado no sofrimento ( Isaías 53:3). No entanto, havia uma alegria e uma satisfação na experiência de vida de Jesus que ultrapassou a alegria de qualquer outro que jamais viveu.
·Sua alegria estava enraizada no companheirismo indestrutível com Deus Seu Pai.
·Sua alegria era o fruto da verdadeira fé e confiança em Seu Pai.
·Sua alegria veio de ver as grandes coisas que Deus havia feito.
·Sua alegria nunca foi diminuída pelo Seu próprio pecado.
·Sua alegria nunca foi diminuída pela enganação.
·Sua alegria nunca foi diminuída por permitir ao diabo até mesmo o menor ponto de apoio.
iii. Se Jesus estava tão preocupado pela alegria entre Seus discípulos que orou por isso, podemos saber que Ele também se preocupa com que nós tenhamos alegria. o propósito de Deus é multiplicar a alegria em nossas vidas, e não a subtrair. O mundo, a carne e o diabo nos falam algo diferente, mas Deus quer a plenitude da alegria em nossas vidas.
c. Dei-lhes a tua palavra: Jesus com fé entregou a palavra de Deus Pai aos Seus próprios discípulos. Até Jesus via a si mesmo como um mensageiro.
i. Dei-lhes a tua palavra: “Não somente o ensino oral, mas toda a revelação do Pai como manifestada nas palavras, atos e personalidade de Jesus Cristo.” (Trench)
ii. “Veja como o próprio Senhor Jesus pega todos os seus ensinamentos do Pai. Você nunca ouve Dele nenhuma ostentação de ser o originador de pensamentos profundos. Não, ele apenas repetiu aos seus discípulos as palavras que ele tem recebido do Pai: ‘Eu dei a eles as palavras que você me deu’. Se Jesus agiu assim, quanto mais os mensageiros de Deus devem receber a palavra da boca do Senhor e as falar da maneira como recebem-na!” (Spurgeon)
d. Não rogo que os tires do mundo: Esta oração de Jesus nos alerta contra procurar refúgio na isolação cristã; em monastérios modernos. Nosso objetivo é estar no mundo, mas não ser dele ou do maligno; assim como o de um navio é estar no oceano, mas sem permitir que o oceano esteja no navio.
·Se fossemos tirados do mundo, o mundo ficaria em total escuridão e pereceria; Jesus disse: “Vocês são a luz do mundo.” Então, brilhem.
·Se fossemos tirados do mundo, o mundo não teria a nós como testemunhas, para sermos um meio de salvação para eles. Então, ganhe outros para Jesus.
·Se fossemos tirados do mundo, seria negada a oportunidade de servir a Jesus no mesmo lugar que temos pecado contra ele. Então, sirva a Jesus.
·Se fossemos tirados do mundo, não veríamos que existem aspectos da sabedoria, verdade, poder e graça de Deus que são mais bem apreciados na terra do que no céu. Então, veja a glória do Senhor.
·Se fossemos tirados do mundo, nos seria negado o lugar para se preparar para o céu. Não há purgatório; nossa preparação é agora. Então, se prepare para o céu.
·Se fossemos tirados do mundo, não poderíamos mostrar o poder da graça de Deus para nos preservar no meio da dificuldade. Então, siga em frente.
i. Jó, Moisés, Elias e Jonas todos oraram para que fossem tirados do mundo, porém Deus não atendeu. Ele também quer que nós permaneçamos no mundo para completar a obra que Ele nos deu para realizar.
e. Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno: Jesus definitivamente queria que nós estivéssemos no mundo, porém Ele não queria que nos tornássemos maus ou marcados pelo maligno. Jesus não orou para que nós fôssemos tirados para fora da batalha, mas para que nós fossemos fortalecidos e protegidos nela.
i. “O genitivo ponerou poderia de fato ser interpretado como neuter (‘os protejas do mal’) em vez do masculino (‘os protejas do maligno’); mas a referência é mais provavelmente ao ser que já foi mencionado três vezes como ‘o príncipe deste mundo’ (João 12:31; 14:30, 16:11).” (Bruce)
ii. Jesus orou pelos Seus para que sejam protegidos do maligno, do mundo que ele governa e de todos os seus esquemas e estratégias malignos.
·Protegidos do mal da apostasia.
·Protegidos do mal do mundanismo.
·Protegidos do mal da profanação.
·Não é para serem protegidos do mal da tribulação ou dificuldade.
iii. “O maligno, aparentemente, opera frequentemente por meio do ódio do mundo (cf. 15:18-16:4); e os discípulos vão precisar de proteção contra tal malícia.” (Clarke)
iv. Todos precisam ser protegidos. Se pensarmos nos jovens, percebemos como devem ser protegidos do pecado. Os jovens possuem seu próprio mal para combaterem. Paixões são fortes, luxúrias parecem queimar quentes e a pressão de se adequar ao mundo parece tão maior. Ainda assim, há grande perigo para os mais velhos. Não há descrição nas Escrituras de um jovem caindo no pecado; pense em José e Daniel e como eles resistiram ao pecado. Os exemplos de pecado são tirados das vidas de pessoas de meia-idade, como Davi, Salomão, Ló e muitos outros.
v. Em um sermão falando sobre este texto, Spurgeon falou com aqueles que estão no pecado, contudo não sentem que ele é mau: “Existem alguns de vocês que não sentem que o pecado é um mal; e falarei para vocês por quê? Você já tentou puxar um balde de um poço? Vocês sabem que quando ele está cheio de água, você pode puxá-lo facilmente contanto que o balde permaneça na água; mas quando ele fica por sobre a água, vocês descobrem o quão pesado ele é. É exatamente assim com vocês. Enquanto vocês estão no pecado, vocês não sentem que ele é um fardo, ele não parece ser mal; mas se o Senhor os tirar do pecado uma vez, vocês o acharão intolerável, um mal horrível. Que o Senhor, esta noite, puxe alguns de vocês para cima! Embora vocês estejam bem no fundo, que ele puxe vocês para cima e para fora do pecado, e dê a vocês a aceitação no Amado!” (Spurgeon)
f. Eles não são do mundo, como eu também não sou: Porque Jesus podia ver Seus discípulos como Nele, Ele podia vê-los como não sendo do mundo, assim como Jesus não é do mundo. Seu chamado aos Seus discípulos era para eles serem o que eles realmente eram Nele.
i. Jesus não disse simplesmente que seu povo não era do mundo; Ele disse que não eram do mundo assim como Ele não era do mundo – em outras palavras, seguindo o mesmo modelo de Jesus não sendo do mundo.
ii. É possível para alguém não ser do mundo, mas de uma maneira bem diferente de como Jesus não era do mundo. Elas podem ser loucas, elas podem ser violentas, elas podem ser estranhas, ou podem ser muitas coisas. Mas havia uma maneira particular de Jesus não era do mundo.
·Jesus não era do mundo em Sua natureza.
·Jesus não era do mundo em Seu ofício.
·Jesus não era do mundo em Seu caráter.
5. (17-19) O segundo pedido de Jesus pelos discípulos: santifica-os.
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo. Em favor deles eu me santifico, para que também eles sejam santificados pela verdade.”
a. Santifica-os na verdade: Santifica significa ser separado pelo prazer e uso especial de Deus. Implica santidade, ser separado da corrupção do mundo e para o uso de Deus.
i. “A palavra hagios (traduzida como ‘santifica’, ‘sagrada’, ‘consagrada’) significa separar-se e dedicar-se a Deus: sendo ou coisas ou animais sacrificiais, ou pessoas para Seu serviço.” (Trench)
ii. Jesus não apenas deixou os discípulos para santificarem a si mesmos. Ele orou pela santificação deles. Esse processo, como o processo de proteção, não é deixado apenas para nós; é uma obra de Deus em nós e através de nós.
b. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade: A dinâmica por trás da santificação é a verdade. A palavra de Deus lida, ouvida, compreendida e aplicada.
i. “A santificação não é efetuada à parte da revelação divina.” (Morris)
ii. “Quanto mais verdade você crer, mais santificado você será. A operação da verdade sobre a mente é separar o homem do mundo para o serviço de Deus.” (Spurgeon)
c. Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo: O pensamento de serviço está encaixado na santificação. A santificação que Jesus tinha em mente aqui não era primeiramente a santidade pessoal (embora esteja incluída), porém era mais ser separado para o serviço e missão de Deus.
i. “Ele não simplesmente os deixa no mundo, mas os envia a ele, para testemunhar esta mesma verdade de Deus.” (Alford) “A palavra ‘missão’ vem do verbo em Latim mitto, miterre, misi, missum, que significa ‘enviar’ ou ‘despachar’. Uma missão é um envio a frente.” (Boice) “Eles não permanecem nela meramente porque eles não podem fazer mais nada; eles são positivamente enviados nela como os agentes e mensageiros do seu Mestre.” (Bruce)
ii. “Cristo foi o grande Missionário, o Messias, o Enviado; nós somos os missionários menores, enviados ao mundo para realizar a vontade e o plano de Deus.” (Spurgeon)
iii. “A comissão de Cristo está em uma escala maior do que a nossa; pois ele foi enviado para ser uma propiciação e líder da aliança, e então veio para posições que seria presunçoso de nós sonharmos em ocupar. Ainda, existe uma semelhança embora seja apenas a de uma gota com o oceano.” (Spurgeon)
iv. Pense em como Jesus veio, e conecte isso ao modo que Ele nos envia ao mundo.
·Jesus não veio como um filósofo como Platão ou Aristóteles, embora Ele conhecesse filosofias maiores do que todos eles.
·Jesus não veio como um inventor ou um descobridor, embora Ele pudesse ter inventado coisas novas e descoberto terras novas.
·Jesus não veio como um conquistador, embora Ele fosse mais poderoso do que Alexandre ou César.
·Jesus veio para ensinar.
·Jesus veio para viver entre nós.
·Jesus veio para sofrer pela verdade e justiça.
·Jesus veio para resgatar a humanidade.
v. “Se Jesus não orou explicitamente pelo mundo neste momento (versículo 9), ainda assim sua oração pelos discípulos envolve esperança para o mundo.” (Bruce)
d. Em favor deles eu me santifico: Você não deveria pensar que Jesus não era santificado até este ponto. No entanto, agora ele estava para entrar em um novo aspecto de ser colocado de lado por Deus Pai e Seu plano: completar a obra da cruz. Foi através desta obra finalizada que a palavra de Deus e a obra de Deus tornaram-se plenamente efetivas nas vidas dos discípulos (Santifica-os na verdade).
i. Em favor deles eu me santifico: “Como padre, altar e sacrifício; e Cristo fez isso desde o ventre até a sepultura; especialmente em sua morte.” (Trapp)
ii. “Crisóstomo parafraseia ‘eu me santifico’ para ‘eu me ofereço em sacrifício’. Aqui está uma contraparte joanina à oração de Getsêmani.” (Bruce)
C. Jesus ora a respeito de todos os crentes.
1. (20) Jesus amplia o escopo de sua oração.
“Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles,”
a. Minha oração não é apenas por eles: Jesus orou por seus onze discípulos, mas Ele também tinha o coração e a visão de orar para além deles. Ele orou por aqueles que viriam para a fé pelo testemunho desses discípulos. Ele orou por nós.
i. “Ele orou por eles. Ele orou por nós. Ele sabia que Sua intercessão por eles iria prevalecer. Ele sabe que Sua intercessão por nós prevalecerá. Então vamos descansar Nele, com o descanso da obediência amorosa e da mais segura confiança.” (Morgan)
b. Aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles: Isso mostra que Jesus esperava que a falha em breve dos discípulos fosse apenas temporária. Outros ouviriam deles e muitos viriam a crer em Jesus por meio do testemunho dos discípulos.
i. Jesus foi para a cruz sabendo que sua obra iria perdurar. Ele não tinha uma vaga esperança no que Deus faria por meio dos discípulos. Jesus deixou Sua obra terrena cheio de confiança na obra de Deus por meio dos discípulos.
ii. “A última parte da oração de Jesus mostra que ele esperava que o fracasso dos discípulos fosse apenas temporário. O tom inteiro do discurso de despedida é construído sob essa suposição que depois da ressurreição eles renovariam a fé deles e continuariam um novo ministério é o poder do Espírito Santo.” (Tenney)
iii. “Pelos padrões mundanos de sucesso Jesus tinha pouco para mostrar de sua missão.” (Bruce) Contudo, Jesus deixou Sua obra terrena cheio de confiança na obra de Deus por meio dos discípulos.
2. (21) Jesus ora pela união entre todos os crentes, até mesmo entre os discípulos originais.
“Para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.”
a. Para que todos sejam um: Jesus visualizou a grande multidão diante do trono de Deus de todas as nações, raças, línguas, classes e níveis sociais ( Apocalipse 7:9-10). Jesus orou para que eles pudessem superar suas diferentes origens e entender sua unidade; que todos sejam um.
i. É como se Jesus orasse com isso em mente: “Pai, eu tenho orado pela unidade dos discípulos que Tu me deste. Contudo, eles são todos Galileus, desta época e lugar. Haverá incontáveis outros que também se tornarão discípulos e eles virão de todas as nações, todas as línguas, todas as culturas, todas as classes, todos os status, todas as idades através do resto da história. Pai, faça deles um.”
ii. “Devemos ser fiéis à verdade; mas não devemos ser de espírito contencioso, nos separando daqueles que são membros vivos do único e indivisível corpo de Cristo. Promover a unidade da igreja criando novas divisões não é sábio. Cultive de imediato o amor pela verdade e o amor pelo irmão.” (Spurgeon)
iii. “Por que não somos um? O pecado é um grande elemento divisor. O perfeitamente sagrado seria perfeitamente unido. Os homens são mais santos, quanto mais amam seu Senhor e uns aos outros; e assim eles chegam na unidade mais próxima uns com os outros.” (Spurgeon)
iv. “Cristo fará de todos os seus membros um em espírito, um em direitos e privilégios, e um na bem-aventurança do mundo futuro.” (Clarke)
b. Para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti: Mais cedo nessa oração Jesus orou especificamente para que os onze discípulos presentes em Sua oração permanecessem unificados (para que sejam um, assim como somos um, João 17:11). Aqui Jesus ampliou o sentido dessa oração para todos os crentes, para que todos sejam um.
i. Como na oração anterior pelos onze, Jesus orou para que a unidade deles siga o modelo da unidade da Divindade, especificamente no relacionamento entre Deus Pai e Deus Filho. “Se o Pai está nele e ele está neles, então o Pai está neles: eles são atraídos para a própria vida de Deus e a vida de Deus é amor perfeito.” (Bruce)
ii. A repetição e extensão dessa oração para todos os futuros crentes é importante. Ela mostra que a unidade entre o corpo mais amplo de Jesus Cristo era e é muito importante para Jesus.
iii. Como tu estás em mim e eu em ti também fala da verdade que o fundamento de nossa unidade é a mesmo que o fundamento da unidade entre o Pai e o Filho: igualdade de pessoa. Estamos todos no mesmo nível na cruz.
iv. “Armados, aqueles em quem Cristo vive não são uniformes, mas um. A uniformidade pode ser encontrada na morte, mas esta unidade é vida. Aqueles que são bem uniformes podem ainda não ter amor um pelo outro, enquanto aqueles que diferem amplamente ainda podem verdadeira e intensamente ser um. Nossas crianças não são uniformes, mas elas compõem uma família.” (Spurgeon)
c. Que eles também estejam em nós: A unidade que Jesus tinha em mente era a unidade que vem da vida compartilhada com Deus Pai e Deus Filho.
i. Como antes, Jesus não orou pela uniformidade ou unidade institucional entre crentes, mas pela unidade enraizada no amor e em uma natureza compartilhada, juntando as muitas partes diferentes do corpo único de Jesus. Esta não é uma uniformidade legislada buscando unir o trigo e o joio, nem é a unidade das instituições. Jesus tinha em mente a verdadeira unidade do Espírito ( Efésios 4:3).
ii. Devemos crer que essa oração foi atendida e que a igreja é uma. Nosso fracasso está em falhar ao reconhecer e caminhar neste fato divino.
d. Para que o mundo creia que tu me enviaste: Esta foi uma declaração notável. Jesus essencialmente deu ao mundo permissão para julgar a validade do Seu ministério baseado na unidade do Seu povo. A unidade entre o povo de Deus ajuda o mundo a crerque o Pai enviou o Filho.
i. “Mesmo quando ele ora pela unidade deles, ele olha para além da unidade deles para o mundo ainda não convertido que está necessitado do testemunho gerado por essa unidade.” (Carson)
3. (22) Jesus ora para que a igreja seja marcada pela glória.
“Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um:”
a. Dei-lhes a glória que me deste: Como Deus Pai compartilhou sua Glória com Deus Filho (João 17:5), também Jesus deu glória ao Seu povo.
i. Há muitas maneiras pelas quais Jesus dá Sua glória ao Seu povo.
·A glória de Sua presença.
·A glória de Sua Palavra.
·A glória de Seu Espírito.
·A glória é de Seu poder.
·A glória de Sua liderança.
·A glória de Sua preservação.
ii. Em todos estes aspectos, há um aspecto essencial da presença de Jesus, Deus Filho. De acordo com as Escrituras, quando Deus dá ou demonstra Sua glória ao Seu povo, é algum tipo de manifestação da presença de Deus. A glória de Deus é, de certa maneira, o esplendor ou brilho de Sua presença, Sua natureza essencial.
iii. O Apóstolo Paulo também compreendeu que Jesus dá Sua glória ao Seu povo: Pois Deus, que disse: “Das trevas resplandeça a luz”, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo. ( 2 Coríntios 4:6)
b. A glória que me deste: É importante lembrar que a glória que Deus Pai deu a Deus Filho foi glória que muitas vezes pareceu humilde, fraca e sofrida. Foi glória que foi exibida finalmente em sacrifício radical. A glória de Jesus é quase o oposto da glória pessoal e vanglória do homem.
i. A glória de Jesus foi exibida finalmente em Sua obra na cruz. Jesus frequentemente se referiu a ela como Sua glorificação (João 73:9, 12:16, 12:23).
ii. “Assim como Sua verdadeira glória deveria seguir o caminho do serviço humilde culminando na cruz, também para eles a verdadeira glória está no caminho do serviço humilde a onde quer que ele possa levá-los.” (Morris)
c. Para que eles sejam um: A presença da glória – entre as Pessoas da Divindade e o membro da igreja de Jesus – esta glória contribui para a harmonia e unidade do povo de Deus.
i. Onde há um senso da glória de Deus, a unidade é muito mais fácil. Coisas menores que frequentemente nos dividem são colocadas longe em segundo plano quando há um senso da glória de Deus em ação.
4. (23) Jesus ora por uma unidade fundada em amor.
“Eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste.”
a. Eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade: Jesus novamente se referiu a unidade viva e orgânica que orou para que exista entre Seu povo. Essa não é uma unidade totalitária da coerção ou medo, e não é a unidade da concessão. Jesus orou por uma unidade de amor e identidade comum Nele.
i. “Como a santificação, essa unidade é simultaneamente algo já alcançado e algo que precisa de aperfeiçoamento.” (Carson)
b. Para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste: Jesus aqui pegou a ideia introduzida em João 17:21 (para que o mundo creia que tu me enviaste) e a expandiu. A repetição é notável, e a expansão também.
i. A ideia de que a unidade do povo de Deus demonstraria ao mundo que Jesus foi realmente enviado por Deus Pai era tão importante para Jesus que Ele a repetiu na mesma oração curta.
ii. Em seguida Jesus expandiu a ideia, agora orando para que a unidade entre as gerações futuras de crentes também demonstrasse ao mundo que Jesus ama Seu povo, e o ama seguindo o modelo do amor de Deus Pai por Deus Filho (e os amaste como igualmente me amaste).
iii. Isso nos lembra da importância da unidade e amor entre cristãos. É como se Jesus desse ao mundo permissão para duvidar de Sua missão e de Seu amor se o mundo não visse a unidade e amor entre crentes.
·Isto é difícil, porque às vezes os mais desamorosos e críticos entre os seguidores de Jesus justificam diretamente sua divisão e críticas duras como amor, como “eu apenas exijo que você seja exatamente como eu sou porque eu te amo.”
·Isto é difícil, porque às vezes é verdade que deve haver crítica, correção e repreensão em nome do amor.
·Isto é difícil, porque mesmo quando entendemos as palavras de Jesus aqui, também entendemos que há muitas, muitas outras ações pelas quais as pessoas não acreditam ( 2 Coríntios 3:13-16, Efésios 4:17-19, Romanos 1:20-21). Os cristãos têm uma grande responsabilidade de mostrar Jesus ao mundo por meio de seu amor e unidade, mas muitas vezes cristãos são muito rápidos para culpar uns aos outros por um mundo descrente.
iv. “Mas que coisa triste foi, que um pagão teria logo depois motivo para dizer: Nenhuma criatura é tão maliciosa para os homens como cristãos são os uns para os outros.” (Trapp)
5. (24) Jesus ora para estar com Seu povo e para que eles vejam Sua glória.
“Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou e vejam a minha glória, a glória que me deste porque me amaste antes da criação do mundo.”
a. Quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou: Jesus pediu que a unidade entre Ele e Seu povo seja completada, assim como Ele prometeu aos Seus discípulos que seria (João 14:2-3).
i. A palavra ‘quero’ significa algo. Ela significa que Jesus anseiapela consumação de todas as coisas, desejando muito para que Seu povo seja reunido a Ele no céu. Jesus ansiava pela conclusão de todas as coisas do céu.
ii. Onde eu estou: Jesus ainda não estava no céu, ainda assim Ele falou como se já estivesse lá. Em certo sentido, somos chamados a fazer o mesmo, entendendo que estamos sentados com Jesus em lugares celestiais mesmo enquanto permanecemos na terra ( Efésios 1:3 e 2:6).
iii. “Ele não foi carregado pelo fervor de sua devoção? Onde ele estava quando proferiu as palavras de nosso texto? Se eu seguir a linguagem eu poderia concluir que nosso Senhor já estava no céu. Ele diz: ‘assim, quero que também aqueles que me deste estejam comigo onde eu estiver; para que contemplem a minha glória’. Ele não quer dizer que eles deveriam estar com ele no céu? É claro que ele quer; contudo ele não estava no céu; ele ainda estava no meio de seus apóstolos, no corpo na terra; e ele ainda tinha o Getsêmani e o Gólgota diante dele antes que pudesse entrar em sua glória. Ele orou chegando em tanta exaltação de sentimento que sua oração estava no céu e ele próprio estava lá em espírito.” (Spurgeon)
iv. Jesus prometeu algo aos Seus discípulos (João 14:2-3) e então orou para que Deus Pai o cumprisse. Jesus fez tudo na dependência de Deus Pai.
b. E vejam a minha glória, a glória que me deste: Isso é o que Jesus disse que ocuparia a atenção do Seu povo no céu – vera glória de Jesus. Deve haver algo tão profundo, tão fascinante, tão vasto na glória de Jesus que pode ocupar a atenção do povo de Deus pela eternidade.
c. Porque me amaste antes da criação do mundo: Jesus disse isso em conexão com a glória que Deus Pai deu a Deus Filho. Esta glória foi dada no contexto de um relacionamento de amor, e de um relacionamento de amor estendido por toda a eternidade.
i. Isso nos conta que antes de tudo ser criado, havia um relacionamento de amor entre as Pessoas da Divindade, a Trindade. Mesmo se Jesus não nos disse isso especificamente, poderíamos tê-lo entendido por outras verdades Bíblicas, entendendo que Deus é eterno ( Miquéias 5:2) e que Deus é amor ( 1 João 4:8 e 4:16). Nunca houve um tempo em que Deus não amou e não era amor.
ii. Amor genuíno deve ter um objeto fora de si mesmo para amar; portanto existia amor entre as Pessoas da Divindade antes de qualquer coisa ser criada. A natureza Trina de Deus não está apenas correta de acordo com as Escrituras, é uma necessidade lógica dado o que sabemos de Deus por meio de Sua Palavra revelada.
6. (25-26) A conclusão triunfante da oração de Jesus.
“Pai justo, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e estes sabem que me enviaste. Eu os fiz conhecer o teu nome, e continuarei a fazê-lo, a fim de que o amor que tens por mim esteja neles, e eu neles esteja.”
a. Pai justo: Jesus estava para ir para a cruz e passar pela provação inteira de Sua paixão – tudo isso planejado e enviado por Deus Pai. Contudo, Jesus, cheio de amor e honra por Deus Pai gritou ao concluir esta oração: “Pai justo.”
i. Jesus entendia que Sua dor presente e que logo seria sentida não diminuía a justiça de Deus Pai nem da menor maneira de todas.
b. O mundo não te conheça, eu te conheço: Jesus entendia que o mundo não conhecia e entendia Deus Pai, e que ele o conhecia e o entendia.
c. E estes sabem que me enviaste: Jesus repetiu a ideia primeiramente mencionada nesta oração em João 17:8. Quaisquer que fossem suas fraquezas e fracassos, os discípulos entenderam que Deus Pai enviou Deus Filho.
d. Eu os fiz conhecer o teu nome, e continuarei a fazê-lo: Jesus finalizou Sua grande oração em uma nota de fé e até triunfo. Ele sabia que havia feito Sua obra e iria finalizar Seu curso.
i. Por um lado, a obra inteira de Jesus poderia ser resumida em dizer que ele fez conhecer aos discípulos e ao mundo o nome de Deus Pai. Ou seja, ele revelou e viveu o caráter e natureza de Deus Pai como o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser ( Hebreus 1:3).
ii. O mundo chamou Jesus de blasfemo (João 10:33), bêbado, glutão e cúmplice de pecadores (Mateus 11:19), de pagão possuído por demônio (João 7:20 e 8:48), e de um filho ilegítimo (João 8:41). Jesus não acreditava em nada disso, porque nada disso era verdade. No final ele pôde dizer confiantemente: “Eu os fiz conhecer o teu nome, e continuarei a fazê-lo.”
e. A fim de que o amor que tens por mim esteja neles: Jesus recebeu o amor de Deus Pai, e esse relacionamento de amor foi a força e sustento de Sua vida. Aqui, concluindo Sua grande oração, Jesus orou para que o mesmo amor que foi Sua força e sustento enchesse Seus discípulos (tanto os próximos quanto os distantes).
i. Isso fala sobre o lugar essencial do amor na vida e comunidade cristã. Jesus achava isso tão importante que ele especificamente orou por amor quando ele poderia ter orado por muitas outras coisas.
·Tire o amor da alegria e você terá apenas hedonismo.
·Tire o amor da santidade e você terá a justiça própria.
·Tire o amor da verdade e você terá uma ortodoxia amarga.
·Tire o amor da missão e você terá a conquista.
·Tire o amor da unidade e você terá a tirania.
f. E eu neles esteja: Jesus orou para que seus discípulos não só fossem cheios do amor de Deus Pai, mas que também conhecessem a presença interior do próprio Jesus. Isso continua a ênfase na permanência e habitação de Jesus das palavras de Jesus mais cedo naquela noite (João 15:1-8).