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Bible Commentaries
João 1

Comentário Bíblico Enduring WordEnduring Word

versos 1-51

João 1 – A Palavra e a Testemunha

A. João: O quarto Evangelho.

1. O Evangelho de João é a quarta seção do que alguns chamam de o evangelho quadrangular, com quatro vozes diferentes dando perspectivas diferentes sobre a vida de Jesus de Nazaré. Escritores cristãos tão antigos quanto Orígenes (185-254 d.C.) entenderam que na verdade não há quatro evangelhos, mas apenas um evangelho de quatro partes.

a. O Evangelho de João foi provavelmente o último dos quatro a ser escrito, e escrito em vista do que os três anteriores já haviam dito. Esta é uma razão do porquê o relato de João da vida de Jesus é em muitas maneiras diferente de Mateus, Marcos e Lucas.

b. Há eventos significativos no ministério de Jesus que Mateus, Marcos e Lucas incluem, no entanto, João deixa de fora, incluindo:

·O nascimento de Jesus.

·O batismo de Jesus.

·A tentação de Jesus no deserto.

·Confrontos contra demônios.

·Jesus ensinando em parábolas.

·A Última Ceia.

·A agonia em Getsêmani.

·A Ascensão.

c. Os primeiros três Evangelhos estão centrados no ministério de Jesus em Galileia. João centra seu evangelho no que Jesus disse e fez em Jerusalém.

d. Cada evangelho enfatiza uma origem diferente de Jesus.

·Mateus mostra que Jesus veio de Abraão por meio de Davi, e demonstra que Ele é o Messias prometido no Antigo Testamento (Mateus 1:1-17).

·Marcos mostra que Jesus veio de Nazaré, demonstrando que Jesus é um Servo (Marcos 1:9).

·Lucas mostra que Jesus veio de Adão, demonstrando que Jesus é o Homem Perfeito (Lucas 3:23-38).

·João mostra que Jesus veio do céu, demonstrando que Jesus é Deus.

e. No entanto, é errado pensar que o Evangelho de João completa a história de Jesus. João escreveu que a história de Jesus é tão grande que nunca pode ser completada (João 21:25).

2. Mateus, Marcos e Lucas são conhecidos como os três evangelhos sinópticos. A palavra sinóptico significa “ver-junto” e os três primeiros Evangelhos apresentam a vida de Jesus basicamente no mesmo formato. Os três primeiros Evangelhos focam mais no que Jesus ensinou e fez; João focou em quem Jesus é.

·João nos mostra quem é Jesus destacando sete sinais (milagres) de Jesus. Seis desses milagres não são mencionados nos três primeiros evangelhos.

·João nos mostra quem é Jesus nos dando as próprias palavras de Jesus sobre Si mesmo, expressadas em sete declarações dramáticas de Eu sou. Estas sete declarações de Eu sou não foram incluídas nos primeiros três evangelhos.

·João nos mostra quem é Jesus dando testemunho de testemunhas que atestam sobre a identidade de Jesus. Quatro dessas testemunhas falam só no primeiro capítulo.

3. João é um Evangelho escrito para um propósito específico: para que nós possamos acreditar. Um verso chave para o entendimento do Evangelho de João é encontrado no fim do livro: Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, crendo, tenham vida em seu nome (João 20:31).

a. O Evangelho de João tem até ajudado estudiosos céticos a acreditar. O fragmento mais antigo do Novo Testamento é uma porção de João 18, encontrada no Egito e datando bem antes de 150 d.C. indicando ampla circulação durante essa data antiga.

b. João não nos conta muito sobre si mesmo no registro do Evangelho que escreveu, mas podemos juntar algumas coisas sobre ele dos registros do Evangelho.

·O pai de João foi Zebedeu

·A mãe de João foi Salomé, uma daquelas que foi ao sepulcro cedo na manhã que a ressurreição de Jesus foi descoberta

·O irmão de João foi Tiago

·João foi um parceiro de Pedro no negócio de pescaria

·A João e seu irmão Tiago foram dados o apelido de “Filhos do Trovão”

4. O Evangelho de João é um evangelho amado. Por causa de sua combinação paradoxal de simplicidade e profundidade, João foi chamado de “uma piscina onde uma criança pode vadear e um elefante pode nadar”.

a. “Suas histórias são tão simples que até mesmo uma criança as amará, mas suas afirmações são tão profundas que nenhum filósofo pode compreendê-las”. (Erdman)

b. Então, se dermos atenção diligente ao entretenimento, esporte, música, ou às notícias, quão mais cuidadosa atenção deveríamos dar “quando um homem está falando do céu, e emite uma voz mais clara que o trovão?” (John Crisóstomo)

B. Prólogo ao Evangelho de João.

Esta porção notável e profunda não é meramente um prefácio ou uma introdução. É um resumo de todo o livro. O lembrete do Evangelho de João lida com os temas introduzidos aqui: a identidade da Palavra, vida, luz, regeneração, graça, verdade, e a revelação de Deus Pai em Jesus Filho.

1. (1-2) A pré-existência da Palavra (Logos).

No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio.

a. No princípio: Isso se refere à eternidade atemporal de Gênesis 1:19 (No princípio Deus criou os céus e a terra). João essencialmente escreveu, “quando o princípio começou, a Palavra já estava lá”. A ideia é que a Palavra existia antes da criação ou até mesmo do tempo.

i. João deixa claro que a Palavra não é apenas o princípio, mas é o começo do princípio. Ele estava lá no princípio antes de tudo estar.

ii. É a Palavra: “Teve a Palavra um princípio? João diz: ‘Não: pois se voltássemos a qualquer princípio, já havia na existência a Palavra’. De imediato, é evidente para a visão de João que ‘A Palavra’ não é nenhum outro senão Deus, o autoexistente”. (Trench)

iii. “Esta descrição é dada para que possamos de imediato, entender uma história contínua que percorre desde um passado incomensurável, e a identidade da pessoa que é o sujeito dessa história”. (Dods)

b. No princípio era aquele que é a Palavra: Palavra traduz a palavra grega antiga Logos. A ideia de logos teve raízes profundas e ricas tanto no pensamento judeu quando no grego.

i. Rabinos judeus frequentemente se referem a Deus (especialmente em Seus aspectos mais pessoais) nos termos de Sua palavra. Eles falavam do Próprio Deus como “a palavra de Deus”. Por exemplo, edições hebraicas antigas do Antigo Testamento mudam Êxodo 19:17 (Moisés levou o povo para fora do acampamento, para encontrar-se com Deus) para “Moisés levou o povo para fora do acampamento, para encontrar-se com a palavra de Deus”. Na mente dos judeus antigos, a frase “a palavra de Deus” poderia ser usada para se referir ao próprio Deus.

ii. Os filósofos gregos viram a logos como o poder que coloca sentido no mundo, fazendo o mundo ordeiro em vez de caótico. A logos era o poder que colocava o mundo em perfeita ordem e o mantinha caminhando em perfeita ordem. Eles viam a logos como “A Razão Final” que controlava todas as coisas. (Dods, Morris, Barclay, Bruce e outros)

iii. Portanto, nesta abertura João disse para ambos judeus e gregos: “Por séculos vocês têm conversado, pensado e escrito sobre a Palavra (a logos). Agora, vou lhes contar quem Ele é”. João encontrou a ambos, judeus e gregos, onde eles estavam e explicou Jesus em termos que eles já entendiam.

iv. “João estava usando um termo que, com vários tons de significado, era de uso comum por todo lugar. Ele podia reconhecer em todos os homens compreendendo seu significado essencial”. (Morris)

v. “A palavra já estando, portanto, em uso e ajudando homens pensantes em seus esforços para conceber a conexão de Deus com o mundo, João a pega e a usa para denotar o Revelador do Deus incompreensível e invisível”. (Dods)

c. Ele estava com Deus, e era Deus: Com esta brilhante declaração, João 1:1 estabelece um dos fundamentos mais básicos de nossa fé – A Trindade. Podemos seguir a lógica de João:

·Há um Ser conhecido como a Palavra.

·Este Ser é Deus, porque Ele é eterno (No princípio).

·Este Ser é Deus, porque Ele simplesmente se chama Deus (e era Deus).

·Ao mesmo tempo, este Ser não abrange tudo o que Deus é. Deus Pai é uma pessoa distinta da Palavra (a Palavra…estava com Deus).

i. Então, o Pai e o Filho (o Filho é conhecido aqui como a Palavra) são igualmente Deus, contudo, distintos em suas Pessoas. O Pai não é o Filho, e o Filho não é o Pai. No entanto, eles são igualmente Deus, com Deus Espírito Santo formando um Deus em três Pessoas.

ii. Ele estava com Deus: “Esta preposição implica ligação e, portanto, separa personalidade. Como Crisóstomo diz: ’Não em Deus, mas com Deus, assim como pessoa com pessoa, eternamente’”. (Dods)

iii. E era Deus: “Esta é a verdadeira forma da sentença; não ‘Deus era a Palavra’. Isto é absolutamente necessário para o uso da língua grega”. (Alford)

iv. “Luther diz que ‘a Palavra era Deus’ está contra Arius: ‘a Palavra estava com Deus’ contra Sabellius”. (Dods)

v. E era Deus: “Tudo que pode ser dito sobre Deus Pai pode ser dito sobre Deus Filho. Em Jesus habita toda a sabedoria, glória, poder, amor, santidade, justiça, bondade e verdade do Pai. Nele, Deus Pai é conhecido”. (Boice)

d. No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus: A Bíblia da Torre de Vigia (das Testemunhas de Jeová), chamada Tradução do Novo Mundo, traduz esta linha bem diferentemente. A tradução das Testemunhas de Jeová é lida desta maneira: “A Palavra estava no princípio com Deus e era um deus”. A tradução deles é usada para negar o ensinamento de que Jesus é Deus, e é uma tradução incorreta e enganosa.

i. A reivindicação da Torre de Vigia que defende sua tradução de João 1:1-2 é que porque antes da segunda vez que “Deus” é usado na passagem, não aparece nenhum artigo (está escrito “Deus” e não “o Deus”). Em resposta a esta abordagem da gramática e tradução grega, podemos apenas nos referir à multitude das outras vezes no Novo Testamento onde “Deus” aparece sem o artigo. Se a Torre de Vigia fosse honesta e consistente, eles traduziriam “Deus” como “deus” em todo lugar que ele aparece sem o artigo. Mas parece que esta regra gramatical se aplica apenas quando se adequa ao propósito de apoiar as crenças doutrinárias da Torre de Vigia. O texto grego de Mateus 5:9, 6:24, Lucas 1:35 e 1:75, João 1:6, 1:12, 1:13 e 1:18, Romanos 1:7 e 1:17, mostra como a Torre de Vigia traduz a exata mesma gramática para “Deus” como “Deus” em vez de “deus” quando isso se adequa ao seu propósito.

ii. No recurso principal que a Torre de Vigia usa para estabelecer sua reivindicação (O Reino Interlinear), a Torre de Vigia cita duas autoridades gregas muito conhecidas para fazê-los parecer concordar com sua tradução. No entanto, ambos foram citados de forma errada, e um deles, Dr. Mantey até mesmo escreveu para a Torre de Vigia, e exigiu que seu nome fosse removido do livro! Outro “estudioso” a quem a Torre de Vigia se refere em seu livro A Palavra – Quem é Ele? De acordo com João, é Johannes Greber. Greber foi na verdade um espírita praticante do oculto, e não um estudioso Bíblia Grega.

iii. Verdadeiros estudiosos gregos não reconhecem a tradução das Testemunhas de Jeová de João 1:1-2.

·“UMA TRADUÇÃO GROSSEIRAMENTE ENGANADORA. Não é nem acadêmico nem razoável traduzir João 1:1 ‘a Palavra era um deus’. Mas de todos os estudiosos do mundo, pelo que sabemos, nenhum traduziu este verso como as Testemunhas de Jeová traduziram”. (Dr. Julius R. Manley)

·“Muitos gramáticos amadores arianos falam muito da omissão do artigo definido com ‘Deus’ na frase ‘E a Palavra era Deus’. Tal omissão é comum com substantivos em uma construção predicada. ‘Um deus’ seria totalmente indefensável”. (Dr. F. F. Bruce)

·“Eu posso assegurar a você de que a tradução que as Testemunhas de Jeová deram para João 1:1 não é considerada por nenhum estudioso grego de reputação”. (Dr. Charles L. Feinberg)

·“O povo das Testemunhas de Jeová evidencia uma ignorância abismal dos princípios básicos da gramática grega em sua tradução errada de João 1:1”. (Dr. Paul L. Kaufman)

·“A distorção deliberada da verdade por esta seita é vista em suas traduções do Novo Testamento. João 1:1 é traduzido: ‘…a Palavra era um deus’, uma tradução que é gramaticalmente impossível. É abundantemente claro que uma seita que consegue traduzir o Novo Testamento desse jeito é intelectualmente desonesta”. (Dr. William Barclay)

e. Ele estava com Deus no princípio: Isso novamente mostra que o Pai é distinto do Filho, e o Filho é distinto do Pai. Eles são igualmente Deus, contudo, são Pessoas separadas.

2. (3-5) A obra e a natureza da Palavra.

Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram.

a. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito: A Palavra criou todas as coisas que foram criadas. Portanto, Ele mesmo é um Ser não criado, como o Apóstolo Paulo escreveu em Colossenses 1:16.

i. “Em Gênesis 1:1, DEUS é dito ter criado todas as coisas: neste verso, Cristo é dito ter criado todas as coisas: o mesmo Espírito infalível falou em Moisés e nos evangelistas: portanto Cristo e o Pai são UM”. (Clarke)

b. Nele estava a vida: A Palavra é a origem de toda a vida – não somente a vida biológica, mas o próprio princípio da vida. A palavra grega antiga traduzida para vida é zoe, que significa “o princípio da vida”, não bios, que é meramente vida biológica.

i. “Aquele poder que cria vida e mantém todo o resto em existência estava em Logos”. (Dods)

c. E esta era a luz dos homens: Esta vida é aluz dos homens, falando de luz espiritual assim como de luz natural. Não é que a palavra “contém” vida e luz; Ele é vida e luz.

i. Portanto, sem Jesus, estamos mortos e na escuridão. Nós estamos perdidos. Significativamente, o homem tem um medo inato tanto da morte quanto da escuridão.

d. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram: Não a superaram é outra maneira de traduzir a frase: não a derrotaram”. A luz não pode perder contra a escuridão; a escuridão nunca a superará.

i. Derrotaram: “O verbo grego não é fácil de traduzir. Ele contém a ideia de se agarrar a algo para então fazê-lo seu próprio. Isto pode levar a significados como ‘agarrar com a mente’, e assim ‘derrotaram’ … [Contudo] O verbo que estamos discutindo tem um significado mais raro, mas suficientemente atestado, ‘superar’. É isso que é necessário aqui”. (Morris)

ii. “Na primeira criação, ‘trevas cobriam a face do abismo’ ( Gênesis 1:2) até que Deus chamou a luz à existência, então a nova criação envolve o banimento da escuridão espiritual pela luz que brilha na Palavra”. (Bruce)

3. (6-8) O precursor da Palavra.

Surgiu um homem enviado por Deus, chamado João. Ele veio como testemunha, para testificar acerca da luz, a fim de que por meio dele todos os homens cressem. Ele próprio não era a luz, mas veio como testemunha da luz.

a. Surgiu um homem enviado por Deus: João Batista deu testemunho da luz, a fim de que por meio dele todos os homens cressem. A obra de João Batista foi deliberadamente focada em trazer pessoas para a fé em Jesus, o Messias.

i. “O testemunho de João é introduzido não apenas como uma nota histórica, mas a fim de trazer à tona a cegueira agravada daqueles que rejeitam Cristo”. (Dods)

b. Ele próprio não era a luz, mas veio como testemunha da luz: A obra de João Batista foi excepcionalmente bem recebida e amplamente conhecida. Era importante para o João escritor do Evangelho deixar claro que João Batista não era a luz, mas que Ele apontou em direção e deu testemunho da luz.

i. Ele próprio não era a luz: “Possivelmente isso foi direcionado a seita que sobreviveu a João e perpetuou seu ensinamento, mas não tinha o conhecimento da plenitude da obra de Cristo ( Atos 18:24-25; 19:1-7)”. (Tenney)

ii. “Nós o conhecemos como ‘João Batista’, mas neste Evangelho as referências ao seu batismo são incidentais…, porém, há referência repetida ao testemunho dele”. (Morris)

iii. A questão da testemunha é uma coisa séria, que estabelece verdade e cria base para a fé. Contudo, testemunha “faz mais. Compromete um homem. Se eu tomo a minha posição na caixa da testemunha e atesto que isso e aquilo é a verdade da situação, eu não estou mais neutro. Eu me comprometi. João nos deixa saber que há aqueles como João Batista que se comprometeram por meio de seu testemunho de Cristo”. (Morris)

4. (9-11) A rejeição da Palavra.

Estava chegando ao mundo a verdadeira luz, que ilumina todos os homens. Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.

a. Estava chegando ao mundo a verdadeira luz, que ilumina todos os homens: João não quis dizer que a Palavra dá esta luz para todos no sentido final de salvação. Ele quis dizer que a razão pela qual qualquer um nasce para o mundo com qualquer amor ou carinho ou bondade é por causa da verdadeira luz e a Luz que Ele dá ao mundo.

b. O mundo não o reconheceu: Isso é estranho. Deus veio ao mesmo mundo que Ele criou, para as criaturas feitas à Sua imagem, e ainda assim, o mundo não o reconheceu. Isso mostra o quão profundamente caída a natureza humana rejeita Deus, e que muitos rejeitam (não o receberam) Deus palavra e Luz.

i. Veio para o que era seu: “Poderíamos traduzir as palavras de abertura: ‘ele veio para casa’. É a exata expressão usada sobre o amado discípulo quando, em resposta à palavra de Jesus da cruz, ele tomou Maria e ‘a recebeu em sua família’ (João 19:27; cf. 16:32). Quando a Palavra veio a este mundo Ele não veio como um estrangeiro. Ele veio para casa”. (Morris)

ii. “É dito de ‘sua família’ que eles não O ‘reconheceram’, mas que eles não O receberam. E na Parábola dos Lavradores Maus nosso Senhor os representa como matando o herdeiro não em ignorância, mas porque eles o conheciam”. (Dods)

iii. “Este pequeno mundo não conhecia Cristo, pois Deus o havia escondido debaixo do filho do carpinteiro; sua glória era interior, seu reino não veio por observação”. (Trapp)

5. (12-13) O recebimento da Palavra.

Ela porém, deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que a receberam, isto é, àqueles que acreditam no seu nome. Estes não nasceram do sangue, nem do impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus.

a. Ela porém, deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que a receberam, isto é, àqueles que acreditam no seu nome: Embora alguns rejeitaram esta revelação, outros O receberam e assim sendo se tornaram filhos de Deus. Eles se tornaram filhos de Deus por meio de um novo nascimento, nasceram de Deus.

i. “O fim da história não é a tragédia da rejeição, mas a graça da aceitação”. (Morris)

ii. Aqueles que a receberam: A ideia de “receber Jesus” é Biblicamente válida. Nós precisamos abraçá-Lo e recebê-Lo dentro de nós. Aqueles que a receberam é apenas outra forma de dizer àqueles que acreditam em seu nome. “A fé é descrita como o ‘recebimento’ de Jesus. É o copo vazio colocado debaixo do rio fluente; a mão sem nenhum tostão estendida para esmolas celestiais”. (Spurgeon)

iii. Deu o poder de se tornarem filhos de Deus: “A palavra filhos (tekna) é paralela a bairns em Escocês – ‘os nascidos’. Ela enfatiza origem vital e é usada como um termo carinhoso (cf. Lucas 15:31). Crentes são os ‘pequeninos’ de Deus, relacionados a ele pelo nascimento”. (Tenney)

b. Estes não nasceram do sangue, nem do impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus: João nos lembra da natureza do nascimento. Aqueles que O receberam são nascidos de Deus, mas não do esforço ou realização humana.

i. “Eles são ‘não dos sangues’. O plural é curioso…o plural aqui pode apontar para a ação de ambos os pais, ou pode se referir ao sangue como feito de muitas gotas”. (Morris)

ii. Este novo nascimento é algo que traz mudança à vida. “O homem é como um relógio de pulso que tem uma nova mola principal, não um mero rosto e ponteiros consertados, mas novo maquinário interno, com engrenagens recém-ajustadas, que atuam em um tempo e tom diferentes; e mesmo que ele tenha rodado errado antes, agora ele roda certo, porque está certo por dentro”. (Spurgeon)

6. (14) A Palavra se torna carne.

E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade.

a. E a Palavra se fez homem e habitou entre nós: Esta é a declaração mais surpreendente de João até agora. Teria maravilhado ambos os pensadores em ambos os mundos judeu e grego ouvir que a Palavra se fez homem.

i. “A expressão mais genérica da grande verdade que Ele se tornou homem. Ele se tornou aquilo, de que o homem é no corpo composto…A simplicidade desta expressão é sem dúvida direcionada contra o Docetismo do tempo do Apóstolo, que mantinha que a Palavra apenas aparentemente tomou natureza humana”. (Alford)

ii. Os gregos geralmente consideravam Deus muito baixo. Para eles João escreveu: a Palavra se fez homem. Para os povos antigos, deuses como Zeus e Hermes eram simplesmente super-homens; eles não eram equivalentes à ordem e razão da Logos. João disse aos pensadores gregos, “A Logos que você conhece que fez e ordenou o universo, na verdade se fez homem”.

iii. Os judeus geralmente consideravam Deus muito alto. Para eles João escreveu: a Palavra se fez homem e habitou entre nós. Judeus antigos tinham dificuldade em aceitar que o grande Deus revelado no Antigo Testamento poderia tomar forma humana. João disse aos pensadores judeus: “A Palavra de Deus se fez homem”.

iv. Deus veio para perto de você em Jesus Cristo. Você não tem que se esforçar para encontrá-Lo; Ele veio a você. Alguns pensam que vão de lugar a lugar para tentar e encontrar Deus, e continuam sua busca. Mais comumente eles ficam em um lugar até que Deus vem para perto deles – então, eles rapidamente seguem em frente.

v. “Cristo entrou em uma nova dimensão de existência por meio do portal do nascimento humano e tomou sua residência dentre os homens”. (Tenney)

vi. “Agostino mais tarde disse que em seus dias antes de Cristo ele havia lido e estudado os grandes filósofos pagãos e havia lido muitas coisas, mas ele nunca havia lida que a palavra se tornou carne”. (Barclay)

b. E habitou entre nós: A ideia por trás desta frase é mais literalmente, morou em uma tenda entre nós. Vindo do sentido e contexto, João conectou a vinda de Jesus à humanidade com a vinda de Deus e morada com Israel na tenda do tabernáculo. Poderia ser afirmado: e tabernaculou entre nós.

i. “E tabernaculou entre nós: a natureza humana que ele tomou da virgem, sendo como o santuário, casa ou templo, no qual sua Divindade imaculada condescendeu em habitar. A palavra é provavelmente uma alusão ao Divino Shechiná no templo judeu”. (Clarke)

ii. “Apropriadamente o verbo significa ‘armar sua tenda’”. (Morris) “A associação na mente de João era…com o tabernáculo Divino no deserto, quando Jeová armou Sua tenda dentre as tendas móveis do Seu povo”. (Dods)

iii. O tabernáculo era muitas coisas que Jesus é entre Seu povo:

·O centro do acampamento de Israel.

·O lugar onde a Lei de Moisés era preservada.

·A morada de Deus.

·O lugar da revelação.

·O lugar onde sacrifícios são feitos.

·O centro da adoração de Israel.

iv. “Se Deus veio para morar entre os homens pela Palavra tornada carne nos deixe armar nossas tendas em volta: este tabernáculo central; não nos deixe viver como se Deus estivesse longe de nós”. (Spurgeon)

v. “O Shechiná significa aquele que habita; e é a palavra usada para a presença visível de Deus entre os homens”. (Barclay)

c. Nós contemplamos a sua glória: João deu testemunho disso como testemunha ocular, assim como João Batista deu testemunho. João podia dizer: “Eu vi Sua glória, a glória pertencente ao Filho único do Pai”.

i. A palavra contemplamos é mais forte do que a palavra “vimos” ou “olhamos”. João nos conta que ele e os outros discípulos estudaram cuidadosamente a glória da Palavra que se tornou carne.

ii. “O verbo ‘contemplar’ é invariavelmente usado em João (como, para este propósito, em todo o Novo Testamento) como ver com o olho corporal. Não é usado como visões. João está falando daquela glória que foi vista no Jesus de Nazaré literal e físico”. (Morris)

d. Cheia de amor e fidelidade: A glória de Jesus não foi primariamente uma descarga de adrenalina e certamente não foi um show à parte. Foi cheia de amor e fidelidade.

i. “Amados, notem aqui que ambas estas qualidades em nosso Senhor estão na plenitude. Ele está ‘cheio de amor’. Quem poderia ser mais assim? Na pessoa de Jesus Cristo o amor incomensurável de Deus é entesourado”. (Spurgeon)

ii. “Estas duas ideias deveriam ocupar nossas mentes e direcionar nossas vidas. Deus é amor e fidelidade. Não um sem o outro. Não um separado do outro. Em Seu governo não pode haver rebaixamento do simples e severo padrão da Fidelidade; e não há desvio do propósito e paixão do Amor”. (Morgan)

7. (15-18) Sendo testemunha da nova ordem de Deus.

João dá testemunho dele. Ele exclama: “Este é aquele de quem eu falei: aquele que vem depois de mim é superior a mim, porque já existia antes de mim”. Todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça. Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo. Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido.

a. Aquele que vem depois de mim é superior a mim, porque já existia antes de mim: O testemunho de João Batista estava enraizado em seu entendimento da pré-existência de Jesus. Ele sabia que Jesus estava antes dele em todo o sentido.

i. “Na antiguidade era amplamente aceito que a prioridade cronológica significava superioridade. Homens eram humildes sobre suas próprias gerações, e realmente pensavam que seus antepassados eram mais sábios do que eles – tão incrível quanto isso possa soar para nossa geração!” (Morris)

b. Todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça: Esta nova ordem tem um suprimento inesgotável de graça (graça sobre graça, a figura de linguagem similar a tristeza sobre tristeza) e verdade, contrastando com uma ordem de leis e regulamentos rígidos dados por intermédio de Moisés.

i. Graça sobre graça: “Isso literalmente significa ‘graça em vez de graça’. Claramente, João pretende colocar alguma ênfase no pensamento da graça. Provavelmente ele também quer dizer que à medida que um pedaço da graça divina (por assim dizer) retrocede, é substituído por um outro. A graça de Deus para com Seu povo é contínua e nunca se esgota. A graça não conhece interrupção ou limite”. (Morris)

c. Pois a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo: Isto descreve e demonstra a plenitude da graça anunciada por João Batista e trazida por Jesus Cristo. Deus Palavra, Jesus Cristo, trouxeram uma ordem diferente daquela instituída por Moisés.

i. A graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo: “Aqui, então, como nos escritos de Paulo, Cristo desloca a Lei de Moisés como o foco da revelação divina e o modo de vida”. (Bruce)

d. Ninguém jamais viu a Deus: Jesus, a Palavra, é a declaração perfeita do Deus invisível. O Pai e o Filho pertencem à mesma família, e Jesus tornou conhecida a natureza do Deus invisível ao homem. Não precisamos imaginar sobre a natureza e personalidade de Deus. Jesus o tornou conhecido tanto com Seus ensinamentos quanto com Sua vida.

i. “O substantivo Deus (theon) não possui artigo no texto em grego, o que indica que o autor está apresentando Deus em seu estado natural ao invés de como uma pessoa. ‘Divindade’ poderia ser uma representação mais precisa. O significado é que nenhum humano jamais viu a essência da Divindade”. (Tenney)

ii. “A visão de Deus aqui citada, não é apenas visão corporal (apesar de que isso é verdade, veja Êxodo 33:20; 1 Tessalonicenses 6:16), mas conhecimento intuitivo e infalível, que permite a ele quem a tem, declarar a natureza e vontade de Deus”. (Alford)

iii. Que está junto com o Pai: “A expressão significa, como Crisóstomo observa, essência de parentesco e unidade: – e é derivada da união querida e íntima de pais e filhos”. (Alford)

C. O testemunho de João Batista.

1. (19-22) Líderes religiosos de Jerusalém questionam João Batista.

Este foi o testemunho de João, quando os judeus de Jerusalém enviaram sacerdotes e levitas para lhe perguntarem quem ele era. Ele confessou e não negou; declarou abertamente: “Não sou o Cristo”. Perguntaram-lhe: “E então, quem é você? É Elias?” Ele disse: “Não sou”. “É o Profeta?” Ele respondeu: “Não”. Finalmente perguntaram: “Quem é você? Dê-nos uma resposta, para que a levemos àqueles que nos enviaram. Que diz você acerca de si próprio?”

a. Este foi o testemunho de João: Nós já aprendemos que João Batista veio para dar testemunho (João 1:7 e 1:15). Agora aprendemos o que era seu testemunho com relação à Jesus.

i. Os judeus: “Aqui pela primeira vez nos deparamos com o uso do termo ‘os judeus’ neste Evangelho para denotar não as pessoas como um todo, mas um grupo particular – aqui, a instituição religiosa em Jerusalém”. (Bruce)

ii. “Embora os pais do homem nascido cego fossem certamente membros da nação judaica, porém, são ditos temer ‘os judeus’ (João 9:22)”. (Morris)

b. Não sou o Cristo: Com ênfase, João contou aos líderes judeus quem ele não era. Ele não chegou a focar atenção em si mesmo, porque ele não era o Messias. Seu trabalho era apontar para o Messias.

i. “João rejeitou completamente aquela reivindicação; porém ele a rejeitou com uma certa dica. No grego, a palavra eu é destacada pela sua posição. É como se João tivesse dito: “Eu não sou o Messias, mas, se vocês ao menos soubessem, o Messias está aqui”. (Barclay)

ii. Ele confessou e não negou: “Sincera e estudiosamente; ele guardou aquela honra com ambas as mãos seriamente, sabendo do perigo de ofender o Deus zeloso”. (Trapp)

iii. Era importante para João, o escritor do Evangelho, deixar claro para seus leitores de que João Batista não reivindicou ser mais do ele era. “Tão tarde quanto 250 d.C. os Reconhecimentos Clementinos nos contam que ‘havia alguns dos discípulos de João que pregavam sobre ele como se seu mestre fosse o Messias”. (Barclay)

c. É Elias? Poderia ser fácil para os padres e Levitas de Jerusalém associar João com Elias por causa de sua personalidade e por causa da promessa de que Elias viria antes do Dia do Senhor ( Malaquias 4:5-6).

i. João foi cuidadoso para nunca dizer sobre si mesmo que ele era Elias. Ainda assim, Jesus observou que em certo sentido, João era Elias, ministrando em seu cargo e espírito (Mateus 11:13-14 e Marcos 9:11-13).

d. É o profeta? Em Deuteronômio 18:15-19 Deus prometeu que outro profeta viria no tempo certo. Baseado nessa passagem, eles esperavam outro profeta vir, e imaginavam se João não fosse ele.

2. (23-28) João explica sua identidade aos líderes religiosos.

João respondeu com as palavras do profeta Isaías: “Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Façam um caminho reto para o Senhor’”. Alguns fariseus que tinham sido enviados interrogaram-no: “Então, por que você batiza, se não é o Cristo, nem Elias, nem o Profeta?” Respondeu João: “Eu batizo com água, mas entre vocês está alguém que vocês não conhecem. Ele é aquele que vem depois de mim, e não sou digno de desamarrar as correias de suas sandálias”. Tudo isso aconteceu em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando.

a. Eu sou a voz do que clama no deserto: Citando de Isaías 40:3, João explicou seu trabalho – preparar um caminho reto para o Senhor. Seu batismo preparou as pessoas, purificando-as para a vinda do Rei. A ideia era “Purifique-se, fique pronto para uma visita real”.

i. “A função real de João não era ensinar ética, mas direcionar os homens para Jesus. ‘Façam um caminho reto para o Senhor’ é um chamado para ficarmos prontos, pois a vinda do Messias está próxima”. (Morris)

ii. Os líderes religiosos queriam saber quem era João, e ele não estava realmente interessado em responder essa questão. Ele queria conversar sobre sua missão: preparar o caminho para o Messias.

b. Então, por que você batiza, se não é o Cristo: Os fariseus pensaram sobre a autoridade de João se ele não era de fato um dos profetizados que eles tinham em mente. Contudo, a obra de batismo de João se encaixava perfeitamente com seu chamado, como ele explicou.

i. “O batismo dele era aparentemente distinto no fato em que ele o administrava pessoalmente; não era autoadministrado como o batismo prosélito era”. (Bruce)

c. Eu batizo com água: O batismo de João demonstrou a humilde boa vontade de se arrepender, se purificar e se preparar para a vinda do Messas. Contudo, o batismo de João não dava nada a alguém para manter-se puro. A obra de Jesus e Seu batismo com o Espírito Santo representa mais do que o batismo de João.

i. O povo judeu na época de João praticava o batismo. Foi uma expansão das limpezas cerimoniais, mas apenas para gentios que queriam se tornar judeus. Ao submeter-se ao batismo de João, um judeu tinha de se identificar com gentios convertidos. Este era um sinal genuíno de arrependimento.

ii. “Não é improvável que o batismo de João seguia o padrão do batismo prosélito, não qual exigia uma renúncia de todo o mal, completa imersão na água, e então, revestir-se como membro da comunhão sagrada dos praticantes da lei”. (Tenney)

iii. “A novidade no caso de João e a picada por trás da prática era que ele aplicava aos judeus a cerimônia que era considerada apropriada no caso de gentios que recentemente entraram na fé…colocar judeus na mesma classe era horrível”. (Morris)

d. Mas entre vocês está alguém que vocês não conhecem. Ele é aquele que vem depois de mim: João explicou aos líderes religiosos que ele não era o foco de sua obra, mas alguém que já estava entre eles. A obra de João era preparar o caminho para esse alguém.

e. E não sou digno de desamarrar as correias de suas sandálias: Desamarrar as correias de uma sandália (antes da lavagem dos pés) era o dever do escravo mais baixo na casa.

i. Entre rabinos e seus discípulos, havia uma relação entre professor e aluno que tinha potencial para abuso. Era inteiramente possível que um rabino esperasse serviço irracional de seus discípulos. Uma das coisas que era considerada “muito baixa” para um rabino esperar de seus discípulos era o desamarrar das correias da sandália do rabino. João disse que não era digno nem de fazer isso.

ii. “‘Todo serviço que um escravo faz para seu mestre’, disse um rabino, ‘um discípulo fará para seu professor, exceto desamarrar as correias de suas sandálias’”. (Bruce)

iii. Tudo isso aconteceu em Betânia, do outro lado do Jordão: “A entrevista aconteceu em Betânia (Casa da balsa) na margem leste do Jordão no lugar na época de Orígenes chamado Bethabara (Casa do Senhor) – o local tradicional da passagem da Arca e da nação de Josué ( Josué 3:14-17)”. (Trench)

3. (29) O testemunho de João Batista: Jesus é o Cordeiro de Deus.

No dia seguinte João viu Jesus aproximando-se e disse: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!

a. No dia seguinte João viu Jesus aproximando-se: Pela maioria dos cálculos, isto foi antes de João batizar Jesus e depois dos 40 dias de tentação no deserto. Jesus voltou para ver João em seu trabalho de batismo.

i. “Provavelmente algumas semanas se passaram desde que Jesus recebeu o batismo nas mãos de João; ele tinha estado fora desde então, mas agora ele está de volta, e João chama a atenção da multidão para ele”. (Bruce)

ii. “Desde então o verso 29 deve ser entendido como acontecendo depois do batismo, deve ter acontecido depois da Tentação também. E nesta suposição não há a menor dificuldade”. (Alford)

b. Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! No alvorecer do Seu ministério, Jesus foi recebido com palavras declarando Seu destino – Sua agonia sacrificial e morte na cruz pelo pecado da humanidade. A sombra da cruz foi lançada sobre o ministério inteiro de Jesus.

i. João não apresentou Jesus como um grande exemplo moral ou um grande professor de santidade e amor. Ele proclamou Jesus como o sacrifício pelo pecado. Não foi “Vejam o grande exemplo” ou “Vejam o grande professor” – foi Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

ii. “Ele usou ‘o cordeiro’ como um símbolo de sacrifício em geral. Aqui, ele diz, está a realidade do qual todo sacrifício de animal era o símbolo”. (Dods)

c. Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Nesta uma sentença, João Batista resumiu a maior obra de Jesus: lidar com o problema do pecado que aflige a raça humana. Cada palavra dessa sentença é importante.

i. Vejam! João disso isso quando ele viu Jesus aproximando-se dele. Como um professor, João primeiro viu Jesus em Si e em seguida, contou a todos os seus ouvintes para olharem para Jesus, para que vejam Ele.

ii. O Cordeiro de Deus: João usou a imagem de um cordeiro sacrificial representado muitas vezes no Antigo Testamento. Jesus é a plenitude perfeita de toda vez que aquela imagem é mostrada.

·Ele é o cordeiro sacrificado antes da fundação do mundo.

·Ele é o animal sacrificado no Jardim do Éden para cobrir a nudez dos primeiros pecadores.

·Ele é o cordeiro que o próprio Deus proveria para Abraão como um substituto para Isaque.

·Ele é o cordeiro Pascal para Israel.

·Ele é o cordeiro para a oferta de culpa em sacrifícios Levíticos.

·Ele é o cordeiro de Isaías para o matadouro, pronto para ser tosquiado.

·Cada um desses cordeiros cumpriu seu papel em suas mortes; isto foi um anúncio de que Jesus morreria, e como um sacrifício pelo pecado do mundo.

iii. Que tira: O sentido do original combina as palavras suportar e tirar. Jesus suporta o pecado, mas no sentido de suportá-lo acima de Si mesmo e levá-lo embora. “O verbo ‘tira’ transmite a noção de arrancar”. (Morris)

·“João não diz ‘os pecados’, como a Litania, seguindo uma tradução imperfeita, o faz dizer. Porém ele diz ‘o pecado do mundo’, como se toda a massa de transgressão humana fosse unida em um pacote negro e terrível, e colocada sobre os ombros firmes desse Atlas melhor que consegue suportar tudo, e levar tudo embora”. (Maclaren)

iv. O pecado: Não o plural pecados, mas o singular pecado – com o sentido de que a culpa inteira da humanidade foi coletada em um e colocada sobre Jesus. “Somente mais tarde o Evangelista poderia, ao olhar para trás, captar o significado completo de Batista”. (Trench)

v. Do mundo: O sacrifício desse cordeiro de Deus tem toda a capacidade de perdoar cada pecado e purificar cada pecador. Ele é grande o suficiente para o mundo inteiro. “Ele dará a Si mesmo como o Sacrifício expiatório não apenas dos pecados de Seu povo, mas do germe de todo pecado nos descendentes de Adão, o pecado do mundo, a apostasia no Éden: assim, ampla e profunda é a visão de Batista”. (Trench)

4. (30-34) O testemunho de João Batista: Jesus é o Filho de Deus.

Este é aquele a quem eu me referi, quando disse: Vem depois de mim um homem que é superior a mim, porque já existia antes de mim. Eu mesmo não o conhecia, mas por isso é que vim batizando com água: para que ele viesse a ser revelado a Israel”. Então João deu o seguinte testemunho: “Eu vi o Espírito descer dos céus como pomba e permanecer sobre ele. Eu não o teria reconhecido, se aquele que me enviou para batizar com água não me tivesse dito: ‘Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e permanecer, esse é o que batiza com o Espírito Santo’. Eu vi e testifico que este é o Filho de Deus”.

a. Porque já existia antes de mim: João Batista nasceu, na verdade antes de Jesus – e João sabia disso (Lucas 1). Quando João disse já existia antes de mim, ele falou da pré-existência eterna de Jesus. João sabia que Jesus era eterno e que Jesus era Deus.

i. Vem depois de mim um homem: “O termo grego aner é introduzido aqui; ele significa ‘homem’ com ênfase na masculinidade – uma ênfase que é perdida no mais genérico anthropos. O uso de aner indica a liderança de Cristo sobre seus seguidores no sentido da relação homem-mulher”. (Tenney)

b. Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e permanecer, esse é o que batiza com o Espírito Santo: Deus concedeu a João Batista o sinal certo para conhecer o Messias. Ele seria aquele sobre Quem o Espírito Santo desceria do céu. João era uma testemunha confiável com relação a Jesus, porque ele tinha prova confirmada de Deus.

i. “Jesus não recebeu nada em Seu Batismo que Ele já não tinha antes: o Batista meramente viu aquele dia em um símbolo visível o que havia acontecido de maneira real e invisível [na concepção de Jesus]”. (Trench)

ii. “Se a purificação com água estava associada com o ministério de João, a concessão do Espírito estava reservada para aquele que é maior do que João”. (Bruce)

c. Eu vi e testifico que este é o Filho de Deus: O testemunho solene de João Batista foi de que Jesus é o Filho de Deus. Ele é o Filho de Deus no sentido mostrado em João 1:18 – Aquele que perfeitamente declara a natureza e personalidade do Deus Pai.

i. O evangelho de João enfatiza o papel de João como uma testemunha, não como um que batiza. Testemunhas dão testemunho sobre o que eles viram e experienciaram, em um esforço para estabelecer a verdade. Além disso, elas não são confiáveis e operam por boatos – não evidência direta.

ii. “Ao chamá-lo de ‘o Filho de Deus’, o Batista fala com visão clara: ele não quer dizer nada menos do que a completa doutrina cristã de que o Homem Jesus é também o Filho eterno do Pai eterno, co-igual, co-eterno”. (Trench)

iii. Testemunhas não são neutras – elas são comprometidas com a verdade de seu testemunho, ou elas não são testemunhas confiáveis. João era uma testemunha confiável, e sabia quem Jesus era por causa do que viu com seus próprios olhos.

D. O testemunho dos primeiros discípulos.

1. (35-39) Dois dos discípulos de João começam a seguir Jesus.

No dia seguinte João estava ali novamente com dois dos seus discípulos. Quando viu Jesus passando, disse: “Vejam! É o Cordeiro de Deus!” Ouvindo-o dizer isso, os dois discípulos seguiram Jesus. Voltando-se e vendo Jesus que os dois o seguiam, perguntou-lhes: “O que vocês querem?” Eles disseram: “Rabi” (que significa “Mestre”), “onde estás hospedado?” Respondeu ele: “Venham e verão”. Então foram, por volta das quatro horas da tarde, viram onde ele estava hospedado e passaram com ele aquele dia.

a. João estava ali novamente com dois dos seus discípulos: O escritor do Evangelho nos conta que um desses dois era André (João 1:40). O outro dos dois não é identificado, mas por várias razões é razoável pensar que era João o próprio escritor do evangelho, que aparece várias vezes em seu Evangelho, mas nunca é especificamente nomeado.

i. “Quem era o outro discípulo não é certo: mas considerando (1) que o Evangelista nunca nomeia a si mesmo em seu Evangelho, e (2) que este relato é tão minuciosamente preciso que especifica até mesmo a hora do dia, e a respeito de tudo carrega marcas de uma testemunha ocular, e mais uma vez (3) que este outro discípulo, a partir desta última circunstância, certamente teria sido nomeado, a não ser que o nome tivesse sido suprimido por algumas razões especiais, temos justificativa para inferir que era o próprio Evangelista”. (Alford)

ii. Quando viu Jesus: “Contemplando atentamente, emblegav, de en, dentro, e blepw, olhar para – ver com firmeza e atenção”. (Clarke) “Um olhar caracteristicamente procurador voltado para um indivíduo”. (Morris)

b. Vejam! É o Cordeiro de Deus! João já disse isso de Jesus em João 1:29. Talvez neste momento – depois que Jesus retornou de Suas tentações no deserto – João dizia isso toda vez que via Jesus. Para ele, era a coisa mais importante sobre Jesus.

c. Os dois discípulos seguiram Jesus: O texto não diz especificamente, mas a implicação é de que estes dois discípulos fizeram isto com a permissão e direção de João. João Batista não se importava com os discípulos reunidos buscando a ele em si. Ele estava perfeitamente satisfeito de ter estes discípulos indo embora de seu círculo e seguindo Jesus. Isso cumpriu seu ministério; não removeu nada dele.

d. O que vocês querem? … “Venham e verão”: Jesus perguntou a estes dois discípulos uma questão importante e lógica – e uma questão que Ele continua a fazer para toda a humanidade hoje. Para a resposta, Jesus os direcionou para Si mesmo, a viver com Ele, não para João ou qualquer outro (Venham e verão).

i. O que vocês querem? “Não foi um acidente que as primeiras palavras que o Mestre falou em Seu cargo Messiânico foram esta pergunta profundamente significativa: ‘O que vocês querem?’ Ele pergunta para todos nós, Ele pergunta isso para nós até hoje”. (Maclaren)

ii. “Ele os sondou para descobrir se eles estavam motivados por pura curiosidade ou por um desejo real de conhecê-Lo”. (Tenney)

iii. Jesus não os mandou de volta para João Batista, embora ele soubesse muito sobre Jesus. Para ser discípulo de Jesus, eles devem lidar com Jesus diretamente. Então, Jesus convidou João e André para ser uma parte de Sua vida. Jesus não viveu uma vida enclausurada e ultra privada. Jesus ensinou e treinou Seus doze discípulos permitindo a eles viverem com Ele.

e. Então foram, por volta das quatro horas da tarde: Esta foi uma ocasião tão memorável para o escritor que ele se lembrou da hora exata que conheceu Jesus. Esta é uma pista sutil de que um dos dois discípulos que vieram até Jesus vindos de João era o apóstolo João em pessoa.

2. (40-42) André traz seu irmão, Simão Pedro à Jesus.

André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido o que João dissera e que haviam seguido Jesus. O primeiro que ele encontrou foi Simão, seu irmão, e lhe disse: “Achamos o Messias” (isto é, o Cristo). E o levou a Jesus. Jesus olhou para ele e disse: “Você é Simão, filho de João. Será chamado Cefas” (que traduzido é “Pedro”).

a. O primeiro que ele encontrou foi Simão, seu irmão: André conheceu Jesus e em seguida quis que seu irmão Simão Pedro conhecesse Jesus. Toda vez que André é mencionado no Evangelho de João, ele está trazendo alguém para Jesus (também em João 6:8 e 12:22).

i. Através dos séculos, é assim que a maioria das pessoas vieram para a fé em Jesus Cristo. Um Pedro tem um André que o introduz a Jesus. Isso é natural, porque é a natureza da experiência cristã que aqueles que desfrutam da experiência desejam compartilhar sua experiência com outros.

ii. “’André encontra em primeiro lugar seu próprio irmão Simão’: o que implica que mais tarde o irmão do outro dos dois discípulos também foi encontrado e trazido ao mesmo lugar e no mesmo dia”. (Trench)

b. Achamos o Messias: Este foi um simples e ainda assim grande testemunho. André sabia que Jesus era o Messias, o Salvador de Israel e do mundo, a muito tempo esperado.

c. Será chamado Cefas: Ao dar a Simão um novo nome (Cephas ou Pedro, significando Pedra), Jesus disse ao irmão de André em qual tipo de homem ele seria transformado. Antes de Jesus estar terminado com Pedro, ele seria uma pedra de estabilidade para Jesus Cristo.

3. (43-44) Jesus chama Filipe para segui-Lo.

No dia seguinte Jesus decidiu partir para a Galiléia. Quando encontrou Filipe, disse-lhe: “Siga-me”. Filipe, como André e Pedro, era da cidade de Betsaida. 

a. Quando encontrou Filipe, disse-lhe: “Siga-me”: Se só tivéssemos o Evangelho de João poderíamos pensar que esta foi a primeira vez que Jesus encontrou estes homens da Galiléia. Os relatos do outro evangelho nos informam que Jesus havia encontrado muitos deles antes; contudo, este foi Seu convite formal a Filipe.

b. “Siga-me”: Não havia nada dramático registrado sobre o chamado de Filipe. Jesus simplesmente disse a ele “Siga-me”, e Filipe o fez.

i. “O verbo ‘seguir’ será usado aqui em seu sentido total de ‘seguir como um discípulo’. O tempo presente possui força contínua, ‘continue seguindo’”. (Bruce)

ii. “Betsaida significa ‘casa do pescador’ ou ‘cidade do pescador’. Fica a uma curta distância ao leste do ponto onde o Jordão entra no Lago de Galiléia”. (Bruce)

4. (45-51) Natanael supera o preconceito para seguir Jesus.

Filipe encontrou Natanael e lhe disse: “Achamos aquele sobre quem Moisés escreveu na Lei, e a respeito de quem os profetas também escreveram: Jesus de Nazaré, filho de José”. Perguntou Natanael: “Nazaré? Pode vir alguma coisa boa de lá?” Disse Filipe: “Venha e veja”. Ao ver Natanael se aproximando, disse Jesus: “Aí está um verdadeiro israelita, em quem não há falsidade”. Perguntou Natanael: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Eu o vi quando você ainda estava debaixo da figueira, antes de Filipe o chamar”. Então Natanael declarou: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!” Jesus disse: “Você crê porque eu disse que o vi debaixo da figueira. Você verá coisas maiores do que essa!” E então acrescentou: “Digo-lhes a verdade: Vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem”.

a. Aquele sobre quem Moisés escreveu na Lei, e a respeito de quem os profetas também escreveram: Este foi o testemunho de Filipe como uma testemunha de Jesus Cristo. Ele O declarou como o Messias e o Salvador predito no Antigo Testamento.

i. “Natanael hoje é geralmente entendido ser a mesma pessoa que Bartolomeu, um dos Doze; Natanael sendo o nome pessoal, Bartolomeu (filho de Tolmai) o patronímico”. (Trench)

b. Nazaré? Pode vir alguma coisa boa de lá? Natanael respondeu ao anúncio de Filipe com preconceito. Ouvindo que Jesus veio de Nazaré, Natanael pensou que não tinha mais razão para pensar que Ele poderia ser o Messias ou alguém importante.

c. Venha e veja: Em vez de discutir contra o preconceito de Natanael, Filipe simplesmente convidou-o para conhecer Jesus em pessoa.

d. Aí está um verdadeiro israelita, em quem não há falsidade: Jesus fez a ele um elogio maravilhoso. O sentido é que não havia nenhum truque ou enganação em Natanael. Ele não tinha uma máscara.

i. Falsidade: “Esta última palavra é usada em antigos escritores gregos como uma ‘isca’ (para pegar peixe). Portanto, passa a significar ‘qualquer artifício astuto para enganar ou capturar…Por isso ela tem a noção de ‘falsidade’ ou ‘astúcia’. É usada na Bíblia de Jacó antes de sua mudança de opinião ( Gênesis 27:35), que é o motivo da tradução do Templo, ‘um israelita em quem não há Jacó!’” (Morris)

ii. “Ele é um Israelita de verdade, um tipo de homem pronunciado ‘abençoado pelo Salmista, o homem ‘em quem não há hipocrisia’ (Salmo 32:2)”. (Tasker)

e. Eu o vi quando você ainda estava debaixo da figueira: É possível que Natanael gostasse de orar e meditar sobre Deus e Sua Palavra debaixo da sombra de uma figueira de verdade. Contudo, debaixo da figueira era uma frase que rabinos usavam para descrever a meditação sobre as Escrituras. Podemos supor que Natanael passava um tempo em oração e em meditação sobre as Escrituras, e Jesus lhe disse “Eu o vi” lá.

i. “É dito sobre o rabino Hasa no tratado de Bereshit que ele e seus discípulos tinham o hábito de estudar debaixo de uma figueira”. (Trench)

ii. “Talvez tenha sido um local onde Natanael tinha sentado recentemente em meditação e recebeu alguma impressão espiritual. É impossível ter certeza. Certamente, a sombra da folhagem da figueira a tornava uma árvore apropriada para se sentar debaixo no calor do dia”. (Bruce)

f. Tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel: Este foi o testemunho de Natanael com relação a Jesus. Filho de Deus descrevia a relação única de Jesus para com Deus Pai, e Rei de Israel descrevia Seu status como Messias e Rei.

i. O Filho de Deus: “Aqui, como lá, o artigo é importante. Ele indica que a expressão deve ser entendida como carregando um conteúdo completo, não mínimo…Aqui estava alguém que não podia ser descrito em termos humanos comuns”. (Morris)

g. Você verá coisas maiores do que essa: Natanael ficou maravilhado com o que já viu em Jesus, porém Jesus lhe disse que havia muito mais, muito mais para ver – coisas maiores do que essa.

i. A promessa de ver coisas maiores do que essa continua para o crente. “Você conheceu Cristo como a Palavra? Ele é mais; ambos: Espírito e Vida. Ele se tornou homem? Você O contemplará glorificado com a glória que Ele tinha antes dos mundos. Você O conheceu como Alfa, antes de tudo? Ele também é Ômega. Você conheceu João? Você conhecerá Alguém muito maior. Você conhece o batismo por água? Você será batizado por fogo. Você contemplou o Cordeiro na Cruz? Você O contemplará no meio do trono”. (Meyer)

h. Vocês verão o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem: Jesus prometeu a Natanael um sinal maior do que ele havia visto antes, até mesmo ver o céu aberto.

i. O anúncio de Jesus dos anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem provavelmente se conecta com o sonho de Jacó em Gênesis 28:12, onde Jacó viu uma escada da terra para o céu, e os anjos subindo e descendo dela. Jesus disse que Ele era a escada, a ligação, entre o céu e a terra. Quando Natanael veio a entender que Jesus é o mediador entre Deus e o homem, seria um sinal ainda maior (você verá coisas maiores do que essa).

ii. “Ele agora aprende que Jesus é a escada verdadeira pela qual o abismo entre a terra e o céu será transposto”. (Tasker)

iii. Isso parece uma referência um tanto obscura, mas foi extremamente significativa para Natanael. Possivelmente foi a porção da Escritura sobre a qual Natanael meditou debaixo da figueira.

i. O Filho do homem: A ideia por trás dessa frase não é “o homem perfeito” ou “o homem ideal” ou mesmo “o homem comum”. Em vez disso, foi uma referência à Daniel 7:13-14, onde o Rei da Glória que vem para julgar o mundo foi chamado de Filho do Homem.

i. Jesus usou este título frequentemente porque nos Seus dias, era um título Messiânico livre de sentimento político e nacionalista. Quando uma pessoa judia daquele tempo ouvia “Rei” ou “Cristo” eles frequentemente pensavam em um salvador político ou militar. Jesus enfatizou outro termo, frequentemente chamando a Si mesmo de Filho do Homem.

ii. “O termo ‘o Filho do Homem’ então, nos aponta para a concepção de Cristo sobre Si mesmo como de origem celestial e como possuidor da glória celestial. Ao mesmo tempo nos direciona para Sua humildade e Seus sofrimentos pelos homens. Os dois são o mesmo”. (Morris)

iii. Esta seção de João mostra quatro maneiras de vir a Jesus:

·André veio a Jesus por causa da pregação de João.

·Pedro veio a Jesus por causa do testemunho de seu irmão.

·Filipe veio a Jesus como resultado do chamado direto de Jesus.

·Natanael veio a Jesus ao superar preconceitos pessoais por meio de um encontro pessoal com Jesus.

iv. Esta seção nos mostra quatro testemunhas diferentes testificando à identidade de Jesus. De quanto mais testemunho alguém precisa?

·João Batista deu testemunho de que Jesus é eterno, que Ele é o homem exclusivamente ungido com o Espírito Santo, que Ele é o Cordeiro de Deus, e que Jesus é o Filho Unigênito de Deus.

·André deu testemunho de que Jesus é o Messias, o Cristo.

·Filipe deu testemunho de que Jesus é Aquele profetizado no Antigo Testamento.

·Natanael deu testemunho de que Jesus é o Filho de Deus e o Rei de Israel.

Informação Bibliográfica
Guzik, David. "Comentário sobre John 1". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/commentaries/por/tew/john-1.html. 2024.
 
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