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Bible Commentaries
1 Coríntios 7

Comentário Bíblico Enduring WordEnduring Word

versos 1-40

1 Coríntios 7 – Princípios Sobre Casamento e Solteirice

A. Resposta para uma pergunta sobre relações sexuais no matrimônio.

1. (1-2) Paulo amplia o princípio da pureza.

Quanto aos assuntos sobre os quais vocês escreveram, é bom que o homem não toque em mulher, mas, por causa da imoralidade, cada um deve ter sua esposa, e cada mulher o seu próprio marido.

a. Quanto aos assuntos sobre os quais vocês escreveram: 1 Coríntios 7 começa uma seção onde Paulo lida com questões específicas perguntadas a ele em uma carta pelos cristãos coríntios.

b. É bom que o homem não toque em mulher: Aqui “toque” é usado no sentido de ter relações sexuais. Isso foi provavelmente uma afirmação feita pelos cristãos coríntios em que eles pediam a Paulo para concordar. Paulo concordará com a afirmação, mas com reserva – o “mas” do versículo 2.

i. Por que os cristãos coríntios sugeririam celibato completo – que é o que eles querem dizer com que o homem não toque em mulher? Eles provavelmente entenderam que se a imoralidade sexual era um perigo tão grande, então você poderia ser mais puro se abstendo do sexo totalmente, até mesmo no matrimônio.

ii. “A ideia de que o matrimônio era um estado menos santo do que o celibato naturalmente levou à conclusão de que as pessoas casadas deveriam se separar, e logo passou a ser considerado uma evidência de espiritualidade eminente quando tal separação era definitiva.” (Hodge)

c. Mas, por causa da imoralidade, cada um deve ter sua esposa, e cada mulher o seu próprio marido: À luz do perigo da imoralidade sexual (sempre presente na cultura coríntia e na nossa), é apropriado para o marido e a esposa ter um ao outro em um sentido sexual.

i. Paulo não está comandando aos cristãos coríntios a se casarem (um assunto que ele lida mais tarde no capítulo), mas um comando a viver como uma pessoa casada, especialmente no sentido sexual. Paulo quer dizer que maridos e esposas deveriam continuar tendo relações sexuais.

ii. “Que trabalho miserável tem sido feito na paz das famílias por uma esposa ou marido fingindo ser mais sábio do que o apóstolo, e muito santo e espiritual para obedecer aos mandamentos de Deus!” (Clarke)

d. Mas, por causa da imoralidade: Paulo não está dizendo que o sexo é a única razão para o matrimônio, ou a razão mais importante para o matrimônio. Paulo está simplesmente respondendo suas perguntas específicas sobre matrimônio, não tentando dar uma teologia completa sobre casamento.

i. Para mais sobre uma teologia completa sobre matrimônio, veja Efésios 5:21-33 e Colossenses 3:18-19.

2. (3-6) O princípio da responsabilidade sexual mútua no matrimônio.

O marido deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher, e da mesma forma a mulher para com o seu marido. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido. Da mesma forma, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher. Não se recusem um ao outro, exceto por mútuo consentimento e durante certo tempo, para se dedicarem à oração. Depois, unam-se de novo, para que Satanás não os tente por não terem domínio próprio. Digo isso como concessão, e não como mandamento.

a. O marido deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher: Ao invés de um homem não toca uma mulher, dentro do matrimônio um marido deve cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher. É errado que ele não cumpra seus deveres conjugais para com ela.

i. Deveres conjugais para com a sua mulher é uma frase importante. Como Paulo disse que isso se aplica a todo o casamento cristão, mostra que todas as esposas possuem deveres conjugais a serem cumpridos para com elas. Paulo não acha que apenas esposas jovens, bonitas ou submissas tenham seus deveres conjugais cumpridos; toda esposa merece ter deveres conjugais cumpridos porque ela é uma esposa de um homem cristão.

ii. Paulo também enfatiza o que uma mulher precisa; não simplesmente relações sexuais, mas de deveres conjugais cumpridos para com elas. Se um marido tem relações sexuais com sua esposa, mas sem afeição verdadeira por ela, ele não está cumprindo os seus deveres conjugais para com ela.

iii. Deveres conjugais também nos lembra que quando um casal não é capaz – por razões físicas ou outras – de ter um relacionamento sexual completo, eles ainda podem ter um relacionamento afetivo, e assim cumprir o plano de Deus para estes mandamentos.

b. E da mesma forma a mulher para com o seu marido: Na mesma ideia, da mesma forma a mulher para com o seu marido: A esposa não deve deixar de cumprir seus deveres conjugais perante seu marido. Paulo deixa fortemente claro a ideia de que existe uma responsabilidade sexual mútua no matrimônio. O marido possui obrigações perante sua esposa e a esposa possui obrigações perante seu marido.

i. Deve cumprir…para…sua mulher: A ênfase está em dar, em “eu te devo” em vez de “você me deve.” No coração de Deus, o sexo é colocado em um nível muito mais alto do que meramente o privilégio do marido e o dever da esposa.

c. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo: Na verdade, estas obrigações são tão concretas que poderia ser dito que o corpo da mulher nem mesmo pertence a ela, mas sim ao marido. O mesmo princípio é verdade sobre o corpo do marido com relação à sua esposa.

i. Isso não justifica o marido abusando ou coagindo sua esposa sexualmente ou de outra forma. O ponto de Paulo é que temos uma obrigação vinculada de servir nosso(a) cônjuge com afeição física.

ii. É uma obrigação incrível: dos bilhões de pessoas na terra, Deus escolheu uma e apenas uma, para atender às nossas necessidades sexuais. Não deve haver mais ninguém.

d. Não se recusem um ao outro: Paulo rejeita a ideia deles de que o marido e a esposa poderiam ser mais santos pela abstinência sexual. Na verdade, pode haver prejuízo quando eles se recusem um ao outro, ao abrirem a porta para o tentador (para que Satanás não os tente).

i. A palavra para recusaré a mesma que prejuízo em 1 Coríntios 6:8. Quando nós negamos afeição física e intimidade sexual ao nosso cônjuge, nós o prejudicamos.

ii. Não se recusem: Falta de sexo no matrimônio não tem a ver apenas com a frequência, mas também com romance. É por isso que Paulo diz aos maridos para cumprir os seus deveres conjugais para com a sua mulher. Recusa em qualquer desses sentidos dá razão para o recusado procurar satisfação em outro lugar – e destruir o matrimônio.

iii. Por não terem domínio próprio: Pode ser fácil achar que autocontrole é expresso pela abstenção de relações sexuais no casamento, mas Paulo diz que se recusar um ao outro é mostrar uma falta de ter domínio próprio, e uma falta de autocontrole que facilmente se deixará ser tentado por Satanás.

e. Digo isso como concessão: Deus permitirá (relutantemente, como concessão) um casal em matrimônio abster-se de relações sexuais por um curto período, em favor do jejum e da oração. Mas se esta concessão for usada, é para ser apenas durante certo tempo, e em seguida o marido e mulher devem unir-se de novo em um sentido sexual.

i. E não como mandamento: Deus não comanda e nem mesmo recomenda se abster do sexo dentro do matrimônio, mas isso pode ser feito por um breve período por uma razão espiritual específica.

f. O princípio nessa passagem é importante. Deus deixa claro que não há nada errado, e tudo certo, com relação ao sexo no matrimônio. A grande estratégia de Satanás quanto ao sexo, é fazer tudo o que ele pode para encorajar o sexo fora do matrimônio e desencorajar o sexo dentro do matrimônio. É uma vitória igual para Satanás se ele realiza um desses planos.

i. Isso pode ser visto no modo como alguns cristãos coríntios achavam que estava certo contratar os serviços de uma prostituta (como em 1 Coríntios 6:12-20), e que outros cristãos coríntios achavam ser mais espiritual para o marido e esposa nunca terem relações sexuais.

ii. Um marido e esposa cristãos não devem aceitar um relacionamento sexual pobre. Os problemas podem não ser facilmente superados ou rapidamente resolvidos, porém Deus quer que todo matrimônio cristão desfrute de um relacionamento sexual que é uma bênção genuína, em vez de um fardo ou uma maldição.

3. (7-9) Paulo reconhece os benefícios do estado de solteiro, mas também matrimonial; tudo é de acordo com o que Deus dá.

Gostaria que todos os homens fossem como eu; mas cada um tem o seu próprio dom da parte de Deus; um de um modo, outro de outro. Digo, porém, aos solteiros e às viúvas: É bom que permaneçam como eu. Mas, se não conseguem controlar-se, devem casar-se, pois é melhor casar-se do que ficar ardendo de desejo.

a. Gostaria que todos os homens fossem como eu: Paulo, na época que isso foi escrito, estava solteiro (colocando a si mesmo entre os solteiros e as viúvas). Aqui ele reconhece o benefício de ser solteiro, do qual ele vai falar mais, mais tarde na carta.

i. Embora Paulo estivesse solteiro quando escreveu essa carta, ele provavelmente foi casado em algum momento. Podemos dizer isso porque sabemos que Paulo era um judeu extremamente obediente e um exemplo entre seu povo ( Filipenses 3:4-6). Nos dias de Paulo, judeus consideravam o matrimônio uma obrigação, ao ponto que um homem chegando aos 20 anos de idade sem casar-se era considerado um pecador. Homens solteiros frequentemente eram considerados excluídos do céu e não eram considerados homens de verdade.

ii. Também, pelas próprias palavras de Paulo, é provável que Paulo fosse um membro do Sinédrio. Em Atos 26:10, Paulo diz eu dava o meu voto contra eles, falando dos cristãos primitivos, e do lado lógico em que ele colocaria seu voto como um membro daquele grande congresso do povo judeu. Um homem solteiro não poderia ser um membro do Sinédrio, por isso Paulo foi provavelmente casado em algum momento.

iii. Então o que aconteceu com a esposa de Paulo? As escrituras fazem silêncio. Talvez ela o tenha deixado quando ele se tornou um cristão, ou talvez ela tenha falecido algum tempo depois ou antes de ele se tornar um cristão. Mas sabemos que é provável que ele foi casado antes, e sabemos que ele não estava casado enquanto escreveu essa carta, e o Livro de Atos nunca mostra a esposa de Paulo. Paulo era provavelmente bem qualificado para falar sobre os dons e responsabilidades relativos tanto do casamento quanto da vida de solteiro, porque ele conhecia ambos a partir de sua experiência de vida.

b. Cada um tem o seu próprio dom da parte de Deus: Embora Paulo soubesse que o estado de solteiro era bom para ele, ele não iria a impor sobre ninguém. O importante é qual dom se recebe da parte de Deus, sendo o dom para a solteirice ou o matrimônio.

i. Significativamente, Paulo considera tanto o matrimônio quanto a vida de solteiro como dons de Deus. Muitos se encontram na armadilha do “o outro parece melhor”, com pessoas solteiras desejando que estivessem casadas e pessoas casadas desejando que estivessem solteiras. Cada estado é um dom de Deus.

ii. Ser solteiro ou casado é um dom especial de Deus. Quando Paulo escreve o seu próprio dom, ele usa a mesma palavra para dons espirituais em 1 Coríntios 12. Cada estado, casado ou solteiro, necessita do dom especial vindo de Deus para funcionar.

iii. A compreensão de Paulo de que o estado solteiro pode ser um dom é especialmente impressionante quando consideramos a origem judaica do próprio Paulo e da igreja primitiva. Era considerado um pecado para um homem judeu ser solteiro. “Entre os judeus casamento não era algo considerado indiferente, ou dentro de sua liberdade para escolher ou recusar, mas uma ordem vinculada.” (Trapp) Clarke cita de um texto judeu antigo conhecido como Guemará: “É proibido para um homem ficar sem esposa; pois está escrito: Não é bom para o homem estar sozinho. E aquele que não se entrega à geração e à multiplicação é um só com o assassino: ele é como se diminuído da imagem de Deus.”

iv. Enquanto o Paulo reconhece que alguns recebem o dom do matrimônio, e alguns recebem o dom para o estado solteiro, ninguém “recebe o dom” da imoralidade sexual! Quem é casado deve viver fielmente com seu cônjuge, e o(a) solteiro(a) deve viver em celibato.

c. Se não conseguem controlar-se, devem casar-se: A recomendação de Paulo para casar-se não é baseada no matrimônio sendo mais ou menos espiritual, mas nas próprias preocupações práticas, especialmente relevantes aos seus dias (como explicado em 1 Coríntios 7:26, 29, 32). Um relacionamento sexual piedoso dentro da aliança do matrimônio é o plano de Deus para atender às nossas necessidades sexuais.

i. Embora Paulo preferisse o estado solteiro para si, ele não quer que ninguém ache que ser casado seja menos espiritual ou mais espiritual. É tudo de acordo com o dom do indivíduo. Lembre-se que Paulo disse a Timóteo que proibir o casamento eram doutrinas de demônios ( 1 Tessalonicenses 4:1-3).

ii. Paulo “estava ciente de quão poderosamente uma falsa demonstração de pureza engana os piedosos.” (Calvin)

d. Pois é melhor casar-se do que ficar ardendo de desejo: Paulo reconhece o matrimônio como um refúgio legítimo das pressões da imoralidade sexual. Uma pessoa não deveria se sentir imatura ou não espiritual porque deseja casar-se para que não mais fique ardendo de desejo.

i. Paulo não está falando sobre o que poderíamos considerar tentação sexual “normal.” “É uma coisa arder, e outra sentir calor… o que Paulo chama de ardendo aqui não é simplesmente uma pequena sensação, mas estar tão ardente de paixão que você não consegue resistir.” (Calvin)

ii. Ao mesmo tempo, se alguém tem um problema com desejo ou pecado sexual, não deveria achar que se casando propriamente resolve seus problemas. Muitos homens cristãos ficaram entristecidos ao descobrir que seu desejo por outras mulheres não “foi embora” magicamente quando se casou.

B. Respostas para questões sobre divórcio.

1. (10-11) Divórcio e separação para casais cristãos.

Aos casados dou este mandamento, não eu, mas o Senhor: Que a esposa não se separe do seu marido. Mas, se o fizer, que permaneça sem se casar ou, então, reconcilie-se com o seu marido. E o marido não se divorcie da sua mulher.

a. Aos casados: Lembre-se que neste capítulo Paulo responde às questões escritas a ele pelos cristãos coríntios. Ele já lidou com as questões sobre os méritos relativos de estar casado ou solteiro, e se é mais espiritual se abster do sexo no relacionamento matrimonial. Aos… indica que ele está se movendo para outra questão, e essas questões e respostas tem a ver com casamento e divórcio.

b. Aos casados: Aqui, Paulo aborda casamentos onde ambos os parceiros são cristãos. Ele lidará com outras situações nos próximos versículos.

c. Que a esposa não se separe do seu marido: Os cristãos coríntios imaginavam se poderia ser mais espiritual ser solteiro, e se eles deveriam terminar casamentos existentes pela causa da santidade maior. Paulo responde sua questão diretamente do coração do Senhor: com certeza não!

d. Mas, se o fizer, que permaneça sem se casar ou, então, reconcilie-se com o seu marido: Paulo ao abordar o matrimônio onde ambos os parceiros são cristãos, diz que eles não deveriam – na verdade, não podem – separar o casamento em uma procura equivocada por maior espiritualidade. Na verdade, se alguém fosse se separar de seu cônjuge, deve ou permanecer sem se casar ou, então, reconciliar se.

i. Isso se conecta com dois fundamentos específicos nos quais Deus reconhecerá um divórcio: quando houver imoralidade sexual (Mateus 19:3-9) e quando um(a) parceiro(a) crente é desertado(a) por um cônjuge descrente ( 1 Coríntios 7:15). Em qualquer outro fundamento, Deus não reconhecerá o divórcio, mesmo que o estado reconheça. Se Deus não reconhece o divórcio, então o indivíduo não está livre para casar-se novamente – ele apenas pode se reconciliar com seu ex-cônjuge.

ii. Jesus disse que aquele que se divorcia por razões inválidas e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério (Mateus 19:9). Quando os discípulos de Jesus compreenderam quão obrigatória era a aliança do casamento, e como não podia ser quebrada (na visão de Deus) por apenas qualquer razão, eles responderam se esta é a situação entre o homem e sua mulher, é melhor não casar (Mateus 19:10). Eles entenderam Jesus perfeitamente, e muitas pessoas hoje também deveriam, antes de entrarem na aliança do casamento.

iii. Portanto, se uma pessoa diz: “Deus apenas não me quer mais casado com esta pessoa” ou “Deus trouxe alguém melhor para mim”, eles estão errados e não estão falando a partir de Deus. Deus nunca reconhece um divórcio por essas razões.

e. Mas, se o fizer: Um casal cristão pode de fato se separar por razões que não justificam um divórcio Bíblico. Pode ser por causa de um senso equivocado de espiritualidade, pode ser por causa de uma infelicidade geral, ou conflito, ou abuso, ou miséria, vício ou pobreza. Paulo reconhece (sem encorajar) que alguém poderia se divorciar em tais circunstâncias, mas não pode considerar a si mesmo divorciado(a), com o direito de casar-se novamente, porque o casamento não acabou por razões que justificam um divórcio Bíblico.

i. Estes problemas podem – talvez – justificar uma separação (separe), mas espera-se que os cônjuges honrem seus votos matrimoniais mesmo em sua separação, porque no que diz respeito a Deus, ainda estão casados – sua aliança matrimonial não foi quebrada pelo que Deus considera razões Bíblicas. Eles podem viver como separados, mas não como solteiros.

f. E o marido não se divorcie da sua mulher: Paulo aplica o mesmo princípio dos maridos assim como às esposas, e faz a importante distinção entre aquele que poderia se separar(separação enquanto ainda honrando a aliança matrimonial) e aquele que poderia se divorciar. Exceto por imoralidade sexual (como Jesus descreveu em Mateus 19:3-9), dois cristãos nunca têm uma razão válida para o divórcio.

i. Tão importante quanto, Jesus nunca ordena o divórcio no caso de imoralidade sexual. Ele cuidadosamente diz que é permitido, e que a permissão foi dada por causa da dureza de coração de vocês (Mateus 19:8).

2. (12-16) Divorciar-se e casar-se novamente quando um(a) cristão(ã) é casado(a) com um cônjuge descrente.

Aos outros, eu mesmo digo isto, não o Senhor: Se um irmão tem mulher descrente, e ela se dispõe a viver com ele, não se divorcie dela. E, se uma mulher tem marido descrente, e ele se dispõe a viver com ela, não se divorcie dele. Pois o marido descrente é santificado por meio da mulher, e a mulher descrente é santificada por meio do marido. Se assim não fosse, seus filhos seriam impuros, mas agora são santos. Todavia, se o descrente separar-se, que se separe. Em tais casos, o irmão ou a irmã não fica debaixo de servidão; Deus nos chamou para vivermos em paz. Você, mulher, como sabe se salvará seu marido? Ou você, marido, como sabe se salvará sua mulher?

a. Aos outros indica que Paulo está mudando o foco do grupo anteriormente abordado – casais onde ambos os parceiros eram cristãos. Agora ele fala com qualquer irmão que tem mulher descrente e a mulher que tem marido descrente.

b. Eu mesmo digo isto, não o Senhor: Não deveríamos pensar que Paulo está menos inspirado pelo Espírito Santo neste ponto. Quando ele diz não o Senhor, ele simplesmente quer dizer que Jesus não ensinou sobre esse ponto específico, como fez na situação anterior em Mateus 19:3-9. Então, se Jesus não falou sobre esse ponto específico, o apóstolo inspirado por Jesus falará!

i. Isso é uma pista de que Paulo poderia não estar consciente do grau de inspiração sob o qual trabalhou quando escreveu 1 Coríntios e talvez outras cartas. Ele simplesmente sabe que embora baseou seus comentários em 1 Coríntios 7:10-11 sobre o que Jesus ensinou em Mateus 19:3-9 (não eu, mas o Senhor), ele não possui nenhum mandamento específico registrado de Jesus no caso de um(a) cristão(ã) casado(a) com um cônjuge descrente. Ele sabia que escrevia com a autoridade de Deus aos coríntios, mas talvez não soubesse que falava com autoridade para toda a igreja em todas as eras, e costumava pôr em escrito a Palavra eterna de Deus. Mas se Paulo não estava ciente de quão inspiradas eram suas palavras, elas não são menos inspiradas por causa disso.

c. Não se divorcie dela: Se havia alguns casais cristãos na igreja coríntia que achavam que seriam mais espirituais se eles se divorciassem (abordado em 1 Coríntios 7:10-11), e cristãos coríntios casados com descrentes? “Certamente”, pensaram os coríntios, “Deus não pode ser glorificado se eu estiver casado com um descrente; pelo bem da espiritualidade, devo me divorciar dele(a).” A estes, Paulo diz: Não se divorcie dela.

i. Essa preocupação espiritual é uma razão válida – e urgente – para não se casar com um descrente ( 2 Coríntios 6:14), mas não é uma razão para terminar um matrimônio existente com um descrente.

d. Pois o marido descrente é santificado por meio da mulher: Por que um cristão deveria tentar manter unido seu casamento com alguém não-cristão? Porque Deus pode ser glorificado nesse tipo de casamento, e Ele pode realizar uma obra por meio do cônjuge crente para atrair o cônjuge descrente para Jesus Cristo.

i. Santificado, nesse contexto, não significa que o cônjuge descrente é salvo apenas por estar casado com um(a) cristão(ã). Significa simplesmente que eles são separados para uma obra especial em suas vidas pelo Espírito Santo, pela virtude de estarem tão próximos de alguém que é um cristão.

e. Se assim não fosse, seus filhos seriam impuros, mas agora são santos: A presença de um cônjuge crente não apenas faz bem para um cônjuge descrente como também faz bem para as crianças – e um bem grande, porque pode ser dito que agora são santos.

i. “Até que esteja com idade suficiente para tomar responsabilidade sobre si mesma, a criança de um pai ou mãe crente deve ser considerada cristã. A ‘santidade’ dos pais se estende à criança.” (Morris)

ii. É uma garantia linda que as crianças de um pai ou mãe cristão estão salvas, pelo menos até que cheguem a uma idade de responsabilidade pessoal (que pode ser diferente para cada criança). No entanto, não temos uma garantia similar para as crianças de pais que não são cristãos. Inclusive o sentido do texto argumenta contra isso. Como Paulo podia reivindicar como um benefício para um pai ou mãe cristão estar em casa, se o mesmo benefício se aplica automaticamente também aos filhos de não-cristãos? Paulo também diz: Se assim não fosse, seus filhos seriam impuros – claramente dando sentido de que separada da presença de um pai ou mãe cristão, a criança não é considerada santa, mas sim impura.

iii. Se as crianças de pais não-cristãos estão salvas e vão para o céu – mesmo algumas delas – é importante entender que não é porque elas são inocentes. Como filhos e filhas do Adão culpado, cada um de nós nasce culpado. Se essas crianças forem para o céu não é porque elas são inocentes merecedoras, mas porque a rica misericórdia de Deus foi estendida a elas também.

f. Todavia, se o descrente separar-se, que se separe: Paulo aconselhou que o cônjuge cristão deveria fazer o que puder para manter o casamento unido. Mas se o cônjuge descrente se recusar a ficar casado, então o casamento pode ser desfeito; mas isso não deve ser iniciado ou buscado pelo crente.

i. Se o cônjuge descrente partir, o cristão não fica debaixo de servidão da aliança matrimonial. Isso significa que eles são de fato livres para casar-se novamente porque Deus reconheceu seu divórcio como um divórcio válido.

g. Como sabe: Paulo termina esta parte com bastante esperança, porque muitos cristãos que estão casados com descrentes estão desanimados. Eles deveriam saber que com fé e paciência, podem pedir a Deus para trabalhar em suas circunstâncias atuais, por mais difíceis que sejam.

i. Cristãos casados com descrentes também deveriam saber que Pedro diz em 1 Pedro 3:1-6: que o seu cônjuge descrente provavelmente não será levado a Jesus por suas palavras, mas por sua conduta piedosa e amorosa.

ii. Tragicamente, muito da igreja primitiva não prestou atenção a palavra de Deus para manter casamentos unidos o quanto possível, quando casados com descrentes. Uma das grandes reclamações pagãs contra os cristãos primitivos foi que o cristianismo quebrou famílias. Uma das primeiras acusações trazidas contra cristãos foi “mexer com relacionamentos domésticos.” (Barclay)

C. Um princípio abrangente: viva como você é chamado.

1. (17) O princípio: você pode viver para Deus onde está agora mesmo.

Entretanto, cada um continue vivendo na condição que o Senhor lhe designou e de acordo com o chamado de Deus. Esta é a minha ordem para todas as igrejas.

a. Cada um continue vivendo na condição que o Senhor lhe designou: Não importa a sua condição – casado, solteiro, divorciado, viúvo, casado novamente ou qualquer outra – Deus pode trabalhar em sua vida. Em vez de pensar que você pode caminhar ou caminhará para o Senhor quando sua condição mudar, caminhe para o Senhor como você está agora mesmo.

i. Isso também é um aviso sobre tentar desfazer o passado com relação a relacionamentos. Deus nos diz para nos arrependermos de qualquer pecado que está lá e então seguir em frente. Se você estiver casado com sua segunda esposa, depois de se divorciar de forma errada de sua primeira esposa, e tornou-se um cristão, não pense que você deve agora deixar sua segunda esposa e voltar para a sua primeira, tentando desfazer o passado. Como o Senhor te chamou, caminhe nessa condição agora mesmo.

b. Continue vivendo também é um aviso para tomar cuidado com o perigo de pensar que outras pessoas estão melhores do que você por causa de sua condição diferente na vida. Não importa tanto se você é casado, solteiro, divorciado ou casado novamente; o que mais importa é continuar vivendo ardentemente com Jesus agora mesmo.

2. (18-20) Um exemplo desse princípio a partir da prática da circuncisão.

Foi alguém chamado sendo já circunciso? Não desfaça a sua circuncisão. Foi alguém chamado sendo incircunciso? Não se circuncide. A circuncisão não significa nada, e a incircuncisão também nada é; o que importa é obedecer aos mandamentos de Deus. Cada um deve permanecer na condição em que foi chamado por Deus.

a. Foi alguém chamado sendo já circunciso? Paulo está dizendo que se você foi circuncidado quando se tornou um cristão, tudo bem. Se você não foi circuncidado quando se tornou um cristão, tudo bem também. Essas coisas não importam. O que importa é servir ao Senhor onde você estiver agora mesmo.

i. Como alguém poderia tornar-se incircunciso? “Alguns judeus, por medo a Antíoco, se tornaram incircuncisos, 1 Maccab. 1:16. Outros por vergonha depois que ganharam o conhecimento de Cristo, como aqui. Isso foi feito desenhando o prepúcio com um instrumento cirúrgico.” (Trapp) “Por alongamento frequente, a pele circuncidada podia ser esticada novamente, de modo a evitar que o antigo sinal de circuncisão aparecesse.” (Clarke)

b. A circuncisão não significa nada, e a incircuncisão também nada é: O ponto de Paulo não é exatamente sobre circuncisão; isso é apenas um exemplo. Assim como ser circuncidado ou não é irrelevante com relação a servir a Deus, o seu estado civil atual também é. Ele poderia facilmente dizer e está dizendo por analogia: casado não é nada e solteiro não é nada, contudo obedecer aos mandamentos de Deus é o que importa.

3. (21-24) Um exemplo desse princípio a partir da prática da escravidão.

Foi você chamado sendo escravo? Não se incomode com isso. Mas, se você puder conseguir a liberdade, consiga-a. Pois aquele que, sendo escravo, foi chamado pelo Senhor, é liberto e pertence ao Senhor; semelhantemente, aquele que era livre quando foi chamado, é escravo de Cristo. Vocês foram comprados por alto preço; não se tornem escravos de homens. Irmãos, cada um deve permanecer diante de Deus na condição em que foi chamado.

a. Foi você chamado sendo escravo? Não se incomode com isso: Um escravo pode agradar a Deus como um escravo. Ele não deveria viver sua vida pensando: “Eu não consigo fazer nada por Deus agora, mas com certeza poderia, se fosse um homem livre.” Ele pode e deveria servir a Deus como é capaz de fazer agora.

b. Mas, se você puder conseguir a liberdade, consiga-a: Ao dizer que um escravo pode agradar a Deus, Paulo não quer que nenhum escravo pense que Deus não quer que ele seja livre. Se tiver a oportunidade, deveria aproveitá-la.

c. Não se tornem escravos de homens: Isso é verdade não apenas com relação à escravidão literal, mas também com a espiritual. Nunca devemos nos colocar sob o controle ou influência inapropriados de outros.

i. “Não siga nem mesmo os bons homens servilmente. Não diga: ‘Eu sou de Paulo; Eu sou de Apolo; Eu sou de Calvin; Eu sou de Wesley’. Calvin redimiu você? Wesley morreu por você? Quem é Calvin e quem é Wesley senão ministros por quem crestes como o Senhor vos deu? Não se renda a nenhuma liderança a ponto de preferir seguir o homem ao seu Mestre. Eu seguirei qualquer um se ele seguir o caminho de Cristo, mas não seguirei ninguém, pela graça de Deus, se não seguir nessa direção.” (Spurgeon)

d. Irmãos, cada um deve permanecer diante de Deus na condição em que foi chamado: Este princípio se aplica em um amplo espectro – casado ou solteiro, circunciso ou incircunciso, escravo ou livre. Podemos procurar o melhor de Deus e sermos usados por Ele exatamente onde estamos.

i. “O casamento pode ser uma distração. A tristeza pode se tornar uma distração. A alegria pode se tornar uma distração, ou o comércio ou o mundo. Então devemos virar as costas para todas essas coisas.” (Morgan)

e. Cada um deve permanecer diante de Deus na condição em que foi chamado: É claro que isso não significa que devemos continuar em um curso ou ocupação pecaminosos quando formos salvos.

i. “Isto é, supondo que ele estivesse em um curso de vida honesto; pois lemos em Atos que os conjuradores queimaram seus livros, e cursos de vida ilegais não devem ser seguidos depois que os homens uma vez entregaram seus nomes a Cristo.” (Trapp)

D. Respondendo questões sobre matrimônio entre cristãos.

1. (25-28) O conselho de Paulo: matrimônio não é ruim na visão de Deus, e o estado de solteiro tem suas vantagens.

Quanto às pessoas virgens, não tenho mandamento do Senhor, mas dou meu parecer como alguém que, pela misericórdia de Deus, é digno de confiança. Por causa dos problemas atuais, penso que é melhor o homem permanecer como está. Você está casado? Não procure separar-se. Está solteiro? Não procure esposa. Mas, se vier a casar-se, não comete pecado; e, se uma virgem se casar, também não comete pecado. Mas aqueles que se casarem enfrentarão muitas dificuldades na vida, e eu gostaria de poupá-los disso.

a. Quanto às pessoas virgens: Paulo agora vai lidar com os solteiros, a quem ele se refere como virgens, mesmo que todos eles possam não ter sido tecnicamente virgens – embora em lares cristãos, eles certamente deveriam ser.

b. Não tenho mandamento do Senhor, mas dou meu parecer: Novamente, não devemos achar que Paulo está menos inspirado aqui, porém porque ele lida com situações de vida que diferem de pessoa a pessoa, ele não pode dar e não dará um mandamento. Contudo, ele dará conselho e princípios inspirados.

c. É melhor o homem permanecer como está: Paulo, ao falar com o homem que nunca se casou, recomenda que a ele permanecer como está– ou seja, permanecendo solteiro ou permanecendo casado.

i. Por quê? Por causa dos problemas atuais. Aparentemente, havia algum tipo de perseguição ou problema local na cidade de Corinto, e por causa desses problemas, Paulo diz que existem vantagens definitivas em permanecer solteiro. Também, por esses problemas, um homem casado deveria também permanecer como está.

ii. Qual é a vantagem de permanecer solteiro? Podemos facilmente imaginar como em um tempo de perseguição e grande crise, quanto maior poderia ser o fardo de uma esposa e uma família para alguém comprometido a permanecer forte no Senhor. Podemos dizer: “Me torture, e eu nunca renunciarei a Jesus.” Mas e se fossemos ameaçados com o estupro de nossa esposa ou a tortura de nossos filhos? Isso pode parecer estar longe de nós, mas não estava longe dos cristãos no primeiro século.

iii. Qual é a vantagem de permanecer casado? Em uma época de grandes problemas, sua família precisa de você mais do que nunca. Não abandone sua esposa e filhos agora!

iv. “Estas perseguições e problemas estão à porta e a própria vida em breve se esgotará. Mesmo naquela época Nero estava tramando aquelas perseguições dolorosas com as quais ele não só afligiu, mas devastou a Igreja de Cristo.” (Clarke)

d. Você está casado? Não procure separar-se. Está solteiro? Não procure esposa: Paulo ecoa o mesmo princípio exposto em 1 Coríntios 7:17-24. Deus pode nos usar exatamente onde estamos e não deveríamos ser tão rápidos a mudar nossa condição de vida.

i. Com os termos casado e separado, Paulo usa o vocabulário dos escribas judeus. Quando um judeu naqueles dias não sabia se e como a lei de Deus se aplicava à sua situação, ele perguntava a um escriba, e o escriba a declararia casada a ou separada de mandamentos específicos.

e. Se vier a casar-se, não comete pecado: Paulo certamente não proibirá o casamento; ainda assim ele diz para aqueles que irão se casar que eles enfrentarão muitas dificuldades na vida, e eu gostaria de poupá-los disso. Paulo sentia (especialmente para si mesmo) que as maiores vantagens eram encontradas em estar solteiro, contudo, ele sabe que cada um tem o seu próprio dom da parte de Deus ( 1 Coríntios 7:7).

i. Mais importante, Paulo nunca insinua que ser casado ou solteiro é mais espiritual do que o outro estado. Esse foi o grande erro dos cristãos coríntios.

2. (29-31) Paulo adverte contra criar raízes muito profundas em um mundo que está passando.

O que quero dizer é que o tempo é curto. De agora em diante, aqueles que têm esposa, vivam como se não tivessem; aqueles que choram, como se não chorassem; os que estão felizes, como se não estivessem; os que compram algo, como se nada possuíssem; os que usam as coisas do mundo, como se não as usassem; porque a forma presente deste mundo está passando.

a. O tempo é curto: Alguns criticam Paulo ou até mesmo o declaram um falso profeta, porque ele diz que o tempo é curto. Mas Paulo é verdadeiro ao coração e ensino de Jesus, que disse a todos os cristãos em todas as eras para ficarem prontos e anteciparem Seu retorno.

i. Jesus nos disse em Mateus 24:44: assim, vocês também precisam estar preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam. Devemos estar preparados e considerar que o tempo é curto, não apenas porque Jesus pode retornar a qualquer momento, mas também porque isso cultiva uma caminhada mais obediente e ardente com Jesus Cristo.

ii. Mesmo sem considerar o retorno de Jesus, vale a pena e é preciso para os cristãos viver como se o tempo fosse curto. O Salmista expressou essa atitude no Salmo 39:5: Deste aos meus dias o comprimento de um palmo; a duração da minha vida é nada diante de ti. De fato, o homem não passa de um sopro.

iii. A palavra grega antiga para curto é “sustello”, significando “contraído e enrolado, como as velas costumavam ser pelos marinheiros quando o navio estava próximo do porto.” (Trapp) “O tempo (diz ele) é curto; enrolado como as velas quando o marinheiro chega perto do seu porto.” (Poole) O porto está perto e as velas estão encurtadas! Prepare o navio para o porto!

b. Aqueles que têm esposa, vivam como se não tivessem: Paulo não está encorajando a negligência dos deveres familiares apropriados, mas encorajando viver como se o tempo é curto. Significa que não viveremos como se nossa família terrena fosse tudo o que importa, mas também viveremos com os olhos voltados para a eternidade.

c. Porque a forma presente deste mundo está passando: Uma atitude de o tempo é curto também não vai ceder às emoções e coisas desse mundo. Chorar, regozijar-se e ter posses não devem impedir de seguir forte a Jesus.

i. A forma presente deste mundo está passando: “Não há nada sólido e duradouro nesse sistema de mundo; está em sua natureza passar. É tolo para crentes agirem como se os valores dele fossem permanentes.” (Morris)

3. (32-35) Os não-casados têm a oportunidade de servir e agradar a Deus com menos distração.

Gostaria de vê-los livres de preocupações. O homem que não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, em como agradar ao Senhor. Mas o homem casado preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar sua mulher, e está dividido. Tanto a mulher não casada como a virgem preocupam-se com as coisas do Senhor, para serem santas no corpo e no espírito. Mas a casada preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar seu marido. Estou dizendo isso para o próprio bem de vocês; não para lhes impor restrições, mas para que vocês possam viver de maneira correta, em plena consagração ao Senhor.

a. O homem que não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor: Aqui Paulo simplesmente reconhece que quando uma pessoa não tem responsabilidades familiares, ela é mais “livre” para servir a Deus. Esta era a principal razão pela qual Paulo considerava o estado solteiro preferível para si mesmo.

b. O homem casado preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar sua mulher: Paulo não diz isso para condenar a pessoa casada; na verdade, Paulo está dizendo que isso é como deveria ser para a pessoa casada. Há algo de errado se um homem casado não se importa em como agradar sua mulher, e algo está errado se uma mulher casada não se importa em como agradar seu marido.

c. Não para lhes impor restrições, mas para que vocês possam viver de maneira correta: Novamente, a razão para Paulo explicar essas coisas não é proibir o casamento, mas colocá-lo na perspectiva eterna. Ele não está colocando restrições em ninguém; ele simplesmente compartilha do seu próprio coração e experiência.

i. Significativamente, para Paulo, a coisa mais importante na vida não era o amor romântico, mas sim agradar a Deus. Para ele, ele conseguia agradar a Deus melhor como solteiro, mas outro talvez agrade a Deus melhor como casado, tudo de acordo com o nosso chamado.

ii. Embora Paulo insista que ele não quer que seu ensino aqui seja considerado como uma corda em volta do pescoço de ninguém, isso tem acontecido na igreja. Católicos Romanos insistem no celibato para todo o seu clero, mesmo que eles não tenham recebido o dom de ser assim. Muitos grupos Protestantes não ordenam ou confiam no solteiro.

d. Para que vocês possam viver de maneira correta, em plena consagração ao Senhor: Para Paulo, ser solteiro significava menos distrações servindo a Deus. Tragicamente, para muitos cristãos solteiros modernos, a vida de solteiro é uma terrível distração! Ao invés disso, eles deveriam considerar o seu estado solteiro presente (temporário ou permanente) como uma oportunidade especial de agradar a Deus.

4. (36-38) Paulo lida com outra questão dos coríntios: eu deveria arranjar um casamento para minha filha?

Se alguém acha que está agindo de forma indevida diante da virgem de quem está noivo, que ela está passando da idade, achando que deve se casar, faça como achar melhor. Com isso não peca. Casem-se. Contudo, o homem que decidiu firmemente em seu coração que não se sente obrigado, mas tem controle sobre sua própria vontade e decidiu não se casar com a virgem — este também faz bem. Assim, aquele que se casa com a virgem faz bem, mas aquele que não se casa faz melhor.

a. Se alguém acha que está agindo de forma indevida diante da virgem de quem está noivo: O homem a que Paulo se refere é o pai de uma jovem mulher ou homem em idade para se casar (da virgem). O agindo de forma indevida não tem nada a ver com qualquer tipo de comportamento moral impróprio, mas com negar a sua filha ou filho o direito de se casar, baseado na forma em que Paulo valoriza a vida de solteiro.

i. Lembre-se de que nesta cultura antiga, os pais de uma pessoa jovem tinham a responsabilidade primária de arranjar o casamento dela. Então, baseado no que Paulo já havia ensinado, deveria um pai cristão recomendar celibato ao seu filho?

ii. O termo virgem inclui jovens de ambos os sexos.

b. Faça como achar melhor. Com isso não peca. Casem-se: Paulo diz que não é errado para um pai permitir que sua filha jovem se case, mesmo permitindo o desejo da solteirice no momento presente.

c. Em seu coração…decidiu não se casar com a virgem – este homem faz bem: Porque a vida de solteiro tem os seus benefícios, Paulo a recomendará não apenas a indivíduos, mas também aos pais com relação ao arranjar o casamento de suas filhas.

d. Aquele que se casa com a virgem faz bem, mas aquele que não se casa faz melhor: Para Paulo, a escolha entre casado e solteiro não era a escolha entre o bem e o mal, mas sim entre o bom e o melhor. E para Paulo, à luz das circunstâncias atuais, ele considerava o estado de solteiro o melhor.

5. (39-40) Um lembrete final com relação às viúvas que se casam novamente.

A mulher está ligada a seu marido enquanto ele viver. Mas, se o seu marido morrer, ela estará livre para se casar com quem quiser, contanto que ele pertença ao Senhor. Em meu parecer, ela será mais feliz se permanecer como está; e penso que também tenho o Espírito de Deus.

a. Se o seu marido morrer, ela estará livre para se casar: É claro que uma viúva tem o direito de casar-se novamente. Mas uma viúva cristã, como qualquer cristão, só está realmente livre para casar-se novamente com outro cristão (contanto que ele pertença o Senhor).

b. Em meu parecer, ela será mais feliz se permanecer como está: Ao mesmo tempo, Paulo acredita que tal viúva será mais feliz se permanecer como está – ou seja, se permanecer solteira. Essencialmente, Paulo quer que a viúva não se case novamente sem considerar cuidadosamente que Deus pode estar lhe chamando ao celibato.

i. Novamente, Paulo afirmará o celibato, mas não porque o sexo em si é mau (como alguns dos cristãos coríntios pensavam). Em vez disso, o estado solteiro pode ser superior porque oferece a uma pessoa (caso recebam esse dom) mais oportunidade de servir a Deus.

Informação Bibliográfica
Guzik, David. "Comentário sobre 1 Corinthians 7". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/commentaries/por/tew/1-corinthians-7.html. 2024.
 
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