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Bible Commentaries
Romanos 5

Matheus Henry - Comentário do Novo testamentoHenry Comentário NT

versos 1-21

Uma mudança bendita acontece no estado do pecador quando chega a ser um crente verdadeiro, tenha sido o que for. Sendo justificado pela fé tem paz com Deus. o Deus santo e justo não pode estar em paz com um pecador enquanto está embaixo da culpa do pecado. a justificação elimina a culpa e, assim, abre o caminho para a paz. Esta é por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por meio dEle como grande Pacificador, o Mediador entre Deus e o homem.
O feliz estado dos santos é o estado de graça. Somos levados a esta graça. Isso nos ensina que não nascemos neste estado. Não poderíamos chegar a esse estado por nós mesmos, senão que somos conduzidos a ele como ofensores perdoados. Ali estamos firmes, postura que denota perseverança; estamos firmes e seguros, sustentados pelo poder de Deus; estamos ali como homens que mantêm seu terreno, sem sermos derrubados pelo poder do inimigo. E os que têm a esperança da glória de Deus no mundo vindouro, têm suficiente para regozijar-se no presente.
A tribulação produz paciência, não em si mesma nem de por sim, mas pela poderosa graça de Deus opera na tribulação e com ela. Os que sofrem com paciência têm a maioria das consolações divinas que abundam quando abundam as aflições. Opera uma experiência necessária para nós.
Esta esperança não desilude, porque está selada com o Espírito Santo como Espírito de amor. Derramar o amor de Deus nos corações de todos os santos não nos envergonhará em nossa esperança nem por nossos sofrimentos por Ele.



Cristo morreu pelos pecadores; não só pelos que eram inúteis, senão pelos que eram culpáveis e aborrecíveis; por estes cuja destruição eterna seria a glória da justiça de Deus. Cristo morreu para salvar-nos, não em nossos pecados, senão de nossos pecados, e ainda éramos culpáveis quando Ele morreu por nós. Sim, a mente carnal não só é inimiga de Deus, senão que é a inimizade mesma (capítulo 8.7; Cl 1.21). Porém Deus determinou liberar do pecado e operar uma grande mudança. Enquanto continuar o estado pecaminoso, Deus aborrece ao pecador e o pecador aborrece a Deus (Zc 11.8). é um mistério que Cristo morresse pelos tais; não se conhece outro exemplo de amor, para que bem possa dedicar-se a eternidade a adorar e maravilhar-se nEle.
Além disso, que idéia tinha o apóstolo quando supõe o caso de um que morre por um justo? e ainda bem que somente o colocou na frase como algo que poderia dizer. Não era que depois de passar por este sofrimento, a pessoa a qual se desejava beneficiar poderia ser libertada? Mas, de que são libertados os crentes em Cristo por sua morte? Não da morte corporal, porque todos devem suportá-la. O mal, do qual podia efetuar-se a libertação somente deste modo assombroso, deve ter sido muito mais terrível que a morte natural. Não há mal ao qual não posa aplicar-se o argumento, salvo o que o apóstolo assevera concretamente, o pecado e a ira, o castigo do pecado determinado pela justiça infalível de Deus.
E se, pela graça divina, assim foram levados a arrepender-se e a crer em Cristo, e assim eram justificados pelo preço de seu sangue derramado e pela fé nessa expiação, muito mais por meio dAquele que morreu por eles e ressuscitou serão livrados de cair no poder do pecado e de Satanás, ou de afastar-se definitivamente dEle. O Senhor vivente de todos concretizará o propósito de seu amor ao morrer salvando até o último de todos os crentes verdadeiros.
Tendo tal sinal de salvação no amor de Deus por meio de Cristo, o apóstolo declara que os crentes não somente se regozijam na esperança do céu, e até em suas tribulações por amor de Cristo, senão que também se gloriam em Deus como o Amigo seguro e Porção absolutamente suficiente deles, por meio de Cristo unicamente.



A interesse do que se segue é clara. É a exaltação de nosso ponto de vista acerca das bênçãos que Cristo nos tem procurado, comparando-as com o mal que se seguiu à queda de nosso primeiro pai; e mostrando que estas bênçãos não só se estendem para eliminar estes males, senão muito além. Adão peca, sua natureza vira culpável e corrupta e assim passa a seus filhos. Assim, todos pecamos nele. A morte é pelo pecado, porque a morte é o salário do pecado. Então entrou toda essa miséria que é a sorte devida ao pecado: a morte temporal, espiritual, e eterna. Se Adão não tiver pecado, não teria morrido, mas a sentença de morte foi ditada como sobre um criminoso; passou a todos os homens como uma doença infecciosa da qual ninguém escapa. Como prova de nossa união com Adão, e de nossa parte naquela primeira transgressão, observa que o pecado prevaleceu no mundo durante muito tempo antes de ser dada a lei a Moisés. A morte reinou esse longo tempo, não somente sobre os adultos que pecavam voluntariamente, senão também sobre multidão de infantes, coisa que mostra que eles tinham caído sob a condenação em Adão, e que o pecado de Adão se espalhou a toda sua posteridade. Era uma figura ou tipo do que viria como Garantia da nova aliança para todos os que são feitos irmãos dEle.



Por meio da ofensa de um só homem, toda a humanidade fica exposta a condena eterna. Mas a graça e a misericórdia de Deus e o dom livre da justiça e salvação são por meio de justiça como homem: contudo, o Senhor do céu tem levado a multidão de crentes a um estado mais seguro e enaltecido que aquele desde o qual caíram em Adão. Este dom livre não os tornou a deixar em estado de prova; os fixou num estado de justificação, como teria sido colocado Adão se tivesse resistido. Existe uma semelhança assombrosa pese às diferenças. Como pelo pecado de um prevaleceram o pecado e a morte para condenação de todos os homens, assim, pela justiça de um prevaleceu a graça por justificação de todos os relacionados com Cristo pela fé. Por meio da graça de Deus tem abundado para muitos o dom de graça por meio de Cristo; contudo, as multidões optam por continuar sob o domínio do pecado e da morte em vez de pedir as bênçãos do reino da graça. Todavia, Cristo não lançará fora a ninguém que estiver disposto a ir a Ele.



Por Cristo e sua justiça temos mais privilégios, e maiores que os que perdemos pela ofensa de Adão. A lei moral mostrava que eram pecaminosos muitos pensamentos, temperamentos, palavras e ações, de modo que assim se multiplicavam as transgressões. Não foi que se fizer abundar mais o pecado, senão deixando ao descoberto sua devassidão, como ao deixar que entrasse uma luz mais clara numa habitação deixa ao descoberto o pó e a sujeira que havia ali desde antes, porém não eram vistos. O pecado de Adão, e o efeito da corrupção em nós são a abundância daquela ofensa que se tornou evidente ao entrar a lei. Os terrores da lei dulcificam mais ainda os consolos do evangelho. Assim, pois, Deus Espírito Santo nos entregou, por meio do bendito apóstolo, uma verdade mais importante, cheia de consolo, apta para nossa necessidade de pecadores. Por mais coisas que alguém possa ter por acima de outrem, cada homem é um pecador contra Deus, está condenado pela lei e necessita perdão. Não pode fazer-se de uma mistura de pecado e santidade essa justiça que é para justificar. Não pode existir direito à recompensa eterna sem a justiça pura e imaculada: esperemo-la nem mais nem menos que da justiça de Cristo.




Informação Bibliográfica
Henry, Matthew. "Comentário sobre Romans 5". "Matheus Henry - Comentário do Novo testamento". https://www.studylight.org/commentaries/por/mhn/romans-5.html. 1706.
 
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