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Thursday, November 21st, 2024
the Week of Proper 28 / Ordinary 33
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Bible Commentaries
Comentário Bíblico Enduring Word Enduring Word
Declaração de Direitos Autorais
Esses arquivos devem ser considerados domínio público e são derivados de uma edição eletrônica disponível no site "Enduring Word".
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Informação Bibliográfica
Guzik, David. "Comentário sobre Luke 4". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/commentaries/por/tew/luke-4.html. 2024.
Guzik, David. "Comentário sobre Luke 4". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/
Whole Bible (1)New Testament (2)
versos 1-44
Lucas 4 – A Tentação de Jesus e o Primeiro Ministério Galileu
A. A tentação de Jesus.
1. (1-2a) Jesus é conduzido pelo Espírito para o deserto.
Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde, durante quarenta dias, foi tentado pelo Diabo.
a. Cheio do Espírito Santo: Em Lucas 3:21-22 lemos sobre como o Espírito Santo veio sobre Jesus de uma maneira incomum na ocasião do Seu batismo. Não devemos inferir que Ele não esteve cheio do Espírito Santo antes, apenas que Ele agora estava cheio do Espírito Santo de uma maneira incomum e pública.
i. Podemos dizer que na maior parte das vezes, ou talvez quase sempre, que Jesus viveu Sua vida e realizou Seu ministério como um homem cheio do Espírito, escolhendo não confiar nos recursos de Sua natureza divina, mas limitando-se voluntariamente ao que poderia ser feito pela orientação de Deus Pai e o fortalecimento de Deus Espírito Santo.
b. Foi levado pelo Espírito ao deserto… foi tentado: Depois de identificar-se com pecadores no batismo (Lucas 3:21-22), Ele então identificou-se com eles na tentação. Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. ( Hebreus 4:15).
i. As vezes pensamos que as tentações de Jesus não eram reais porque não eram exatamente como as nossas. Nunca houve uma atração pecaminosa ou uma memória pecaminosa dentro de Jesus, como em nós. Mas, em muitos aspectos, as tentações de Jesus eram mais reais e mais severas. Para nós, muitas vezes, a pressão da tentação só se alivia quando cedemos – e Jesus nunca cedeu. Ele teve que resistir a uma pressão de tentação muito maior do que você ou eu talvez jamais suportemos.
ii. A palavra ou ideia de tentação é usada em três maneiras diferentes na Bíblia.
·Satanás, operando por meio de nossas próprias luxúrias, nos tenta a realizar atos malignos – uma solicitação ou sedução ao mal ( 1 Coríntios 7:5 e Tiago 1:13-14).
·Podemos tentar a Deus no sentido de colocá-lo erroneamente à prova ( Atos 5:9 e 1 Coríntios 10:9).
·Deus pode nos testar, mas nunca com uma solicitação ou aliciamento ao mal ( Hebreus 11:17).
iii. “Esta é a mais sagrada das histórias, pois não pode ter vindo de nenhuma outra fonte a não ser de seus próprios lábios. Em algum momento ele mesmo deve ter contado a seus discípulos sobre esta experiência mais íntima de sua alma.” (Barclay)
c. Cheio do Espírito Santo…levado pelo Espírito ao deserto: Caminhando no Espírito, Jesus ainda foi conduzido ao deserto onde foi tentado. O Espírito Santo nos permite passar períodos no deserto, mas também nos proporciona períodos de pastagens verdes.
i. Há paralelos com a forma como Jesus foi testado e a forma como Adão foi testado; mas Adão enfrentou sua tentação nas circunstâncias mais favoráveis imagináveis, e Jesus enfrentou Suas tentações em circunstâncias ruins e severas.
d. Durante quarenta dias, foi tentado: Jesus foi tentado por quarenta dias inteiros. O que segue são os destaques desse período de tentação.
2. (2b-4) A primeira tentação: transformar pedra em pão para necessidades pessoais.
Não comeu nada durante esses dias e, ao fim deles, teve fome. O Diabo lhe disse: “Se és o Filho de Deus, manda esta pedra transformar-se em pão”. Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra de Deus’”.
a. Não comeu nada… teve fome: Tentar um homem com comida, que havia jejuado por quarenta dias, parece quase injusto; no entanto, o Pai o permitiu porque sabia que Jesus poderia suportar.Deus nunca nos permitirá ser tentados além de nossa capacidade de resistir ( 1 Coríntios 10:13).
i. O fato de que Lucas, o médico, observou que ao fim deles, teve fome, é importante. Depois de um jejum tão longo, a fome muitas vezes aponta para uma necessidade crítica de alimentos. Jesus estava começando a morrer de fome.
ii. Jesus estava com fome, mas cheio do Espírito. Às vezes somos exatamente o oposto – estômagos cheios e espíritos vazios.
b. E o diabo lhe disse: A Bíblia ensina claramente a existência e a atividade de um ser maligno de grande poder e astúcia, que se coloca contra Deus e o povo de Deus. Ele é às vezes chamado de Diabo, às vezes Satanás (Lucas 4:8), e muitos outros nomes ou títulos.
c. Se és o Filho de Deus: Isto poderia ser traduzido com mais precisão, visto que Tu és o Filho de Deus. Satanás não sugeriu dúvida sobre a identidade de Jesus. Em vez disso, Ele desafiou Jesus a mostrar Sua identidade.
i. A tentação foi basicamente esta: “Visto que Tu és o Messias, por que estás tão desprovido? Faça um pouco por Você mesmo”. A mesma tentação vem a nós: “Se você é um filho deDeus, por que as coisas são tão difíceis? Faça alguma coisa por você mesmo”.
d. Manda esta pedra transformar-se em pão: Satanás tentou seduzir Jesus ausar o poder de Deus para fins egoístas. A tentação de comer algo impróprio funcionou bem com o primeiro homem sem pecado ( Gênesis 3:6), então o Diabo pensou em experimentá-lo no segundo homem sem pecado.
i. “Este deserto não era um deserto de areia. Era coberto por pequenos pedaços de calcário exatamente como pães.”(Barclay)
ii. Com isso, vemos também como a tentação muitas vezes funciona. Muitas vezes, este é o padrão da tentação.
·Satanás apelou para um desejo legítimo dentro de Jesus (o desejo de comer e sobreviver).
·Satanás sugeriu que Jesus cumprisse este desejo legítimo de uma forma ilegítima.
e. Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra de Deus’”. Jesus contrariou a sugestão de Satanás com a Escritura ( Deuteronômio 8:3). O que Satanás disse fazia sentido– “Por que morrer de fome?”Mas o que está escrito faz ainda mais sentido. Jesus lembrou a Satanás da verdade bíblica, que toda palavra de Deus é mais importante do que o próprio pão que comemos.
i. Jesus usou a Escritura para combater a tentação de Satanás, não algum poder espiritual elaborado inacessível para nós. Jesus travou esta batalha como um homem cheio do Espírito e cheio da palavra de Deus. Ele não recorreu a nenhum recurso divino que não esteja disponível para nós.
ii. Resistimos efetivamente à tentação da mesma forma queJesus: cheios do Espírito Santo, respondemos às mentiras sedutoras de Satanás fazendo brilhar a luz da verdade de Deus sobre elas. Quando somos ignorantes sobre a verdade de Deus, estamos mal armados na luta contra a tentação.
3. (5-8) A segunda tentação: todos os reinos deste mundo em troca de um momento de adoração.
O Diabo o levou a um lugar alto e mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo. E lhe disse: “Eu te darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser. Então, se me adorares, tudo será teu”. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te, Satanás: “Está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto’”.
a. O levou a um lugar alto e mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo: Parece melhor entender isto como uma visão mental ou espiritual. A experiência e a tentação eram reais, mas não parece existir uma montanha suficientemente alta para que se possa literalmente ver num relance todos os reinos do mundo.
b. Todos os reinos do mundo… Eu te darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor: O diabo sabia que Jesus tinha vindo para conquistar os reinos do mundo. Este foi um convite para reconquistar o mundo sem ir para a cruz. Satanás simplesmente o daria a Jesus, se Jesus o adorasse.
i. Porque me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser:Satanás alegou que a autoridade sobre os reinos da Terra foi dado a ele, e Jesus nunca contestou essa afirmação. Poderíamos dizer que Adão e todos os seus descendentes coletivos deram a Satanás quando Deus deu ao homem o domínio sobre a Terra, e Adão e seus descendentes a perderam paraSatanás(Gênesis 1).
ii. Satanás é o príncipe deste mundo (João 12:31) e o príncipe das potestades do ar ( Efésios 2:2) pela eleição popular da humanidade desde os dias de Adão.
iii. Como Satanás possui a glória dos reinos deste mundo, e pode dá-los a quem eu quiser, não deve nos surpreender ver os ímpios em posições de poder e prestígio.
c. Se me adorares, tudo será teu: O plano do Pai para Jesus era que Ele sofresse primeiro, depois entrasse em Sua glória (Lucas 24:25-26). Satanás ofereceu a Jesus uma saída para o sofrimento.
i. Um dia, será dito que Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre. ( Apocalipse 11:15). Satanás ofereceu isto a Jesus agora, antes da agoniada cruz.
ii. Se Jesus aceitasse isto, nossa salvação seria impossível. Ele poderia ter ganho algum tipo de autoridade para governar, delegada por Satanás, mas nunca iria poder redimir pecadores individualmente através de Seu sacrifício.
d. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te, Satanás. Satanás veio com uma poderosa tentação a Jesus, e Jesus resistiu à influência de Satanás, primeiro dizendo, Vai-te, Satanás.Nisto, Jesus cumpriu a exortação expressa mais tarde emTiago4:7:Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês.
e. “Está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto’”. Pela segunda vez, Jesus contra-atacou o engano de Satanás com a verdade bíblica, citando Deuteronômio 6:13. Pode até ter parecido haver alguma vantagem em Jesus evitar a cruz, mas Jesus afirmou a si mesmo e lembrou a Satanás que a ordem de adorar oSenhor, o seu Deus, e só a ele preste culto está muito acima de qualquer suposta vantagem em se curvar a Satanás.
i. Novamente, Jesus respondeu a Satanás com o mesmo recurso disponível para cada crente: A Palavra de Deus usada por um crente cheio do Espírito. Ao resistir a estas tentações como homem, Jesus provou que Adão não tinha que pecar; não havia algo de falho em sua constituição. Jesus teve que enfrentar algo pior doqueAdão, e mesmo assim nunca pecou.
4. (9-13) A terceira tentação: testar Deus através de sinais e maravilhas.
O Diabo o levou a Jerusalém, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: “Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito:
‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito,
para o guardarem’;
‘Com as mãos eles o segurarão,
Para que você não tropece em alguma pedra’”.
Jesus respondeu: “Dito está: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’”. Tendo terminado todas essas tentações, o Diabo o deixou até ocasião oportuna.
a. Colocou-o na parte mais alta do templo: Satanás levou Jesus a um lugarproeminente e alto. Desta parede ao redor do monte do templo, até o fundo do vale rochoso abaixo, haviam centenas de metros. Se Jesus tivesse obedecido a ordem de Satanás para se jogar para baixo, seria um evento realmente espetacular.
i. Segundo Geldenhuys, o antigo escrito judaico Pesiqta Rabbati (162a) registra uma crença tradicional de que o Messias se mostraria a Israel de pé no telhado do templo. Se Jesus tivesse feito o que Satanás havia sugerido, ele teria cumprido a expectativa messiânica de sua época.
b. Joga-te daqui para baixo: Satanás não poderia ele mesmo atirar Jesus do pináculo do templo; tudo o que conseguia fazer era sugerir. Então ele teve que pedir a Jesus que se jogasse no chão.
c. Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, para o guardarem’: Desta vez, o Diabo conhecia e citou a Escritura em sua tentação (Salmo 91:11-12). “Vai em frente, Jesus; se o fizeres, a Bíblia promete que os anjos te salvarão, e será uma autopromoção espetacular”.
i. Quando Satanás diz: “Pois está escrito”, ele nos lembra que Satanás é um especialista bíblico e sabe como distorcer passagens bíblicas e tirá-las fora de contexto. Infelizmente, muitas pessoas aceitarão qualquer pessoa que cite um versículo bíblico como se ensinassem a verdade de Deus, mas o simples uso de palavras bíblicas não transmite necessariamente a vontade de Deus.
ii. Alguns sugerem que Satanás é tão um especialista bíblico porque passou séculos procurando falhas.
d. Jesus respondeu: “Dito está: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’”.Jesus respondeu ao mau uso da Escritura por Satanás com o uso adequado da Bíblia, citando Deuteronômio 6:16. Como Jesus rejeitou a tentativa de Satanás de distorcer a Escritura, Ele dividiu corretamente a palavra da verdade, interpretando-a em seu contexto.
i. Jesus compreendeu de Seu conhecimento de toda a vontade de Deus (At 20:27) que Satanás estava distorcendo esta passagem do Salmo 91. Jesus sabia como manejar corretamente a palavra da verdade ( 2 Timóteo 2:15).
ii. Jesus entendeu que Satanás tentou seduzi-lo a dar um passo de “fé” que realmente testaria (tentaria) Deus de uma forma ímpia. “A tentação pode ter sido a de realizar um milagre espetacular, porém inútil, a fim de forçar algum tipo de maravilha e crença”. (Morris)
e. Tendo terminado todas essas tentações, o Diabo o deixou até ocasião oportuna: Quando Satanás viu que não podia chegar a lugar algum, ele saiu de cena por um tempo. O Diabo sempre procurará voltar em uma ocasião oportuna, por isso nunca devemos dar-lhe essa oportunidade.
i. “O mal não tinha mais nada a sugerir. A intransigência da tentação foi a completude da vitória”. (Morgan)
ii. Satanás não é estúpido; ele não colocará continuamente seus recursos limitados em batalhas ineficazes. Se você quer que Satanás o deixe em paz por um tempo, você deverá resisti-lo continuamente. Muitos são tão atacados porque resistem tão pouco.
iii. Jesus resistiu a estas tentações porque Ele caminha segundo a Palavra e pelo Espírito; estes dois são os recursos para a vida cristã. Muita Palavra e pouco Espírito e você se ensoberbece (no sentido de orgulho). Muito Espírito e pouca Palavra e você morre. Com a Palavra e o Espírito juntos, você cresce.
B. Jesus é rejeitado em Nazaré.
1. (14-15) O ministério primitivo na Galileia.
Jesus voltou para a Galiléia no poder do Espírito, e por toda aquela região se espalhou a sua fama. Ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam.
a. Jesus voltou para a Galiléia no poder do Espírito: Jesus voltou da Sua provação mais forte do que nunca. Embora Ele já estivesse cheio do Espírito (Lucas 4:1), Ele continuou a caminhar no poder do Espírito depois de experimentar a vitória sobre a tentação.
i. “Aquele que, pela graça de Deus, resiste e vence a tentação, é sempre melhorado por ela. Esta é uma das maravilhas da graça de Deus; que as próprias coisas que são projetadas para nossa ruína total, Ele as torna instrumentos do nosso maior bem. Assim, Satanás é sempre enganado pela sua própria estratégia, e pego pela sua própria astúcia”. (Clarke)
b. Para a Galiléia… e por toda aquela região: A região da Galiléia era uma região fértil, progressiva e altamente povoada. Segundo os números do historiador judeu Josefo, havia cerca de 3 milhões de pessoas povoando a Galiléia, uma área menor que o estado de Connecticut. Mesmo considerando qualquer possível exagero da parte de Josefo, ainda indica uma área altamente populosa.
i. Josefo, que já foi governador da Galiléia, escreveu que havia 240 vilarejos e cidades na Galiléia (Life 235), cada uma com uma população de pelo menos 15.000 pessoas.
c. Ensinava nas sinagogas: O foco de Jesus no ministério era ensinar e, neste ponto inicial de seu ministério, não havia nenhuma oposição organizada contra Ele (e todos o elogiavam).
2. (16-17) Jesus vem à Sua própria sinagoga em Nazaré.
Ele foi a Nazaré, onde havia sido criado, e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era seu costume. E levantou-se para ler. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito:
a. Ele foi a Nazaré, onde havia sido criado: Visto que aqui era ainda o início do ministério de Jesus, não havia passado muito tempo desde a época em que Ele vivia e trabalhava em Nazaré. As pessoas daquele vilarejo O conheciam, e Ele provavelmente tinha prestado serviço como carpinteiro ou construtor para muitos deles.
i. Pouco antes disso, Jesus havia se mudado de Nazaré para Cafarnaum, às margens do Mar da Galileia (Mateus 4:12-13).
b. E no dia de sábado entrou na sinagoga, como era seu costume: Era seu costume se reunir com o povo de Deus para adoração e a Palavra de Deus. Se há alguém que não precisava ir à igreja (por assim dizer), era Jesus; ainda assim, era seu costume ir.
c. E levantou-se para ler: A ordem habitual do culto em uma sinagoga começava com uma oração de abertura e louvor; depois a leitura da Lei; depois a leitura dos profetas e depois um sermão, talvez de um visitante instruído. Nesta ocasião, Jesus era o visitante instruído. Como esta sinagoga era em Nazaré, Jesus já a teria frequentado com frequência antes, e agora Ele lia e ensinava na sinagoga de sua cidade natal.
3. (18-19) Jesus lê de Isaías 61:1-2.
“O Espírito do Senhor está sobre mim,
Porque ele me ungiu
Para pregar boas novas aos pobres.
Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos
E recuperação da vista aos cegos,
Para libertar os oprimidos
E proclamar o ano da graça do Senhor”.
a. O Espírito do Senhor está sobre Mim: Aquele que fala nesta passagem de Isaías é o Ungido; o Messias, o Cristo.
i. Ele me ungiu: A palavra “ungir” significa esfregar ou aspergir; aplicar um unguento, pomada ou líquido oleoso. No Antigo Testamento, as pessoas eram literalmente ungidas com óleo. Por exemplo, os sacerdotes eram ungidos para o serviço especial que exerciam ao Senhor ( Êxodo 28:41). Óleo literal era aplicado, mas como um sinal do Espírito Santo sobre a vida e serviço deles ao Senhor. O óleo sobre a cabeça era apenas a representação exterior da verdadeira obra espiritual que acontecia dentro deles.
b. Ele me ungiu para…: Nesta profecia, o Messias anunciou que Ele veio para curar os danos quíntuplos que o pecado traz. O pecado causa um grande dano, portanto, deve haver uma grande obra de redenção.
·Para pregar boas novas aos pobres: O pecado empobrece, e o Messias traz boas novas aos pobres.
·Para curar os corações partidos: O pecado parte o coração, e o Messias tem boas novas para os de coração partido.
·Para proclamar liberdade aos presos: O pecado torna as pessoas cativas e as escraviza, e o Messias vem para libertá-las.
·Recuperação da vista aos cegos: O pecado nos cega, e o Messias vem para curar nossa cegueira espiritual e moral.
·Para libertar os oprimidos: O pecado oprime suas vítimas, e o Messias vem para trazer a liberdade aos oprimidos.
i. Felizmente, Jesus não veio apenas para pregar a libertação ou mesmo para trazer apenas a libertação. Jesus veio para ser liberdade para nós. Cristo veio para ser a libertação para nós. “Cristo era o grande inimigo dos laços. Ele era o amante e a luz da liberdade”. (Morrison)
c. E proclamar o ano da graça do Senhor: Isto parece descrever o conceito do Antigo Testamento do ano do Jubileu ( Levítico 25:9-15 e seguintes). No ano do Jubileu, os escravos foram libertados, as dívidas canceladas e as coisas começaram de novo.
i. “Jesus veio para pregar o ano aceitável do Senhor, uma referência ao ano do Jubileu. É possível que a razão pela qual Jesus voltou à sua cidade natal tenha sido porque era o ano do Jubileu”. (Pate)
ii. Onde Jesus parou de ler de Isaías nos ajuda a entender a natureza da profecia e a sua relação com o tempo. A passagem de Isaías continua e descreve o que Jesus faria em Sua segunda vinda (e o dia da vingança do nosso Deus, Isaías 61:2). Esta é uma vírgula de 2.000 anos entre as duas frases.
4. (20-22) Jesus ensina sobre Isaías 61:1-2.
Então ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os olhos fitos nele; e ele começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir”. Todos falavam bem dele, e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios. Mas perguntavam: “Não é este o filho de José?”.
a. E assentou-se: Quando Jesus se sentou, Ele se preparou para ensinar ao invés de voltar para Seu assento em meio a congregação. Todos se perguntavam como Ele explicaria o que Ele tinha acabado de ler.
b. Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir: Com estas palavras, Jesus respondeu a duas perguntas.
·“A respeito de quem Isaías escreveu?” Jesus respondeu: “Isaías escreveu a meu respeito”.
·“Quando isso vai acontecer?” Jesus respondeu: “Isaías escreveu do agora”.
c. Estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios: Isto parece significar que Jesus continuou a falar sobre o tema que acabou de mencionar, e o fez com palavras que foram literalmente cheias de graça. Eles sentiram a bondade e a graça de Deus no anúncio de que o ministério do Messias estava agora presente.
d. Não é este o filho de José? A resposta de Jesus a seguir mostra que este não foi um comentário imparcial. Após o espanto inicial do povo, eles começaram a se ressentir de que alguém tão familiar (o filho de José) pudesse falar com tanta graça e afirmar ser o cumprimento de profecias tão notáveis.
5. (23-27) Jesus responde a suas objeções.
Jesus lhes disse: “É claro que vocês me citarão este provérbio: ‘Médico, cura-te a ti mesmo! Faze aqui em tua terra o que ouvimos que fizeste em Cafarnaum’”. Continuou ele: “Digo-lhes a verdade: Nenhum profeta é aceito em sua terra. Asseguro-lhes que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu foi fechado por três anos e meio, e houve uma grande fome em toda a terra. Contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, senão a uma viúva de Sarepta, na região de Sidom. Também havia muitos leprosos em Israel no tempo de Eliseu, o profeta; todavia, nenhum deles foi purificado — somente Naamã, o sírio”.
a. Faze aqui em tua terra o que ouvimos que fizeste em Cafarnaum: Lucas não nos diz diretamente que o povo disse isto; talvez o tenham feito e Jesus citou suas palavras de volta para eles. Ou, é também provável que Jesus tenha entendido e explicado a objeção deles. Eles queriam que Jesus provasse Suas afirmações com sinais milagrosos.
i. Aparentemente, Jesus já havia feito milagres em Cafarnaum, não registrados em Lucas (mas em passagens como João 1-4). O povo de Nazaré queria ver o mesmo tipo de coisa, exigindo milagres como um espetáculo ou um sinal.
ii. “Eles sem dúvida argumentaram: ‘Ele é um nazareno, e é claro que ele está no dever de ajudar Nazaré’. Eles se consideravam como sendo de certa forma, seus donos, que podiam comandar seus poderes a seus próprios critérios”. (Spurgeon)
b. Nenhum profeta é aceito em sua terra: Jesus entendeu que é fácil duvidar do poder e da obra de Deus entre aqueles que nos são mais familiares. Era mais fácil para aqueles de Nazaré duvidar ou rejeitar Jesus porque Ele parecia tão normal e familiar a eles.
i. “Aprendi, com este incidente na vida de nosso Senhor, que não é tarefa do pregador procurar agradar a sua congregação. Se ele trabalha para esse fim, com toda a probabilidade ele não o alcançará; mas, se ele conseguisse ganhar isso, que sucesso miserável seria esse”! (Spurgeon)
c. Contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, senão a uma viúva de Sarepta, na região de Sidom… nenhum deles foi purificado — somente Naamã, o sírio: O público de Jesus queria favores especiais porque Ele estava em sua cidade natal. Jesus ressaltou que isso não importa para Deus, usando como exemplos a obra de Deus entre os gentios nos dias de Elias e Eliseu.
i. Jesus fez pelo menos dois pontos. Primeiro, o fato de eles não terem recebido Jesus não tinha nada a ver com Jesus, mas tudo a ver com eles. Ele era verdadeiramente de Deus, mas eles não O receberiam. A rejeição deles dizia mais sobre eles do que sobre Jesus.
ii. Segundo, mostrou que o poder milagroso de Deus opera de forma inesperada e soberana. Pessoas que muitas vezes consideramos imerecidas e talvez estranhas, são muitas vezes recipientes do poder miraculoso de Deus.
iii. Spurgeon ressalta que era verdade que a cura de Naamã foi um exemplo de graça soberana e de eleição em ação; mas também poderia ser interpretado para dizer: “Todo leproso estrangeiro, pagão, que viesse a Eliseu e fizesse o que ele pedisse ao buscar o Senhor, era curado e recebia uma bênção”. Isto também era verdade, e pode ser colocado ao lado do primeiro aspecto.
iv. Naamã foi curado pela graça soberana, mas observe como isso aconteceu. Primeiro, ele ouviu uma palavra que ele poderia ser curado. Em seguida, ele respondeu a essa palavra com fé que estava ligada à ação (o ato de viajar para Israel). Então, Naamã obedeceu à palavra do profeta para lavar-se no Jordão sete vezes, e o fez com humildade, entregando seu orgulho à palavra de Deus através do profeta.
6. (28-30) Jesus se afasta de uma multidão assassina.
Todos os que estavam na sinagoga ficaram furiosos quando ouviram isso. Levantaram-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até o topo da colina sobre a qual fora construída a cidade, a fim de atirá-lo precipício abaixo. Mas Jesus passou por entre eles e retirou-se.
a. Ficaram furiosos quando ouviram isso. Levantaram-se, expulsaram-no da cidade: Esta foi uma resposta e tanto a um sermão. Ficaram furiosos ao saber que havia algo de errado com eles, que o pedido de milagre deles tinha sido negado e que Jesus insinuou que Deus também amava os gentios.
i. Jesus não procurou principalmente agradar Sua audiência e não usou a aprovação deles para medir Seu sucesso.
b. A fim de atirá-lo precipício abaixo: Empurrar alguém de um pequeno precipício era muitas vezes o primeiro passo no processo de apedrejamento. Uma vez que a vítima caía, era atingida por pedras até morrer.
i. Lucas deu o tom para toda a história da vida de Jesus aqui em Lucas 4. Jesus veio, sem pecado e não fazendo nada além do bem para todos – e eles queriam matá-Lo.
c. Passou por entre eles: Eles queriam um milagre e Jesus fez um inesperadamente bem na frente deles, e escapou milagrosamente.
i. Nesta situação, Jesus poderia ter recuado do precipício e ter sido resgatado por anjos – como Satanás sugeriu na terceira tentação. Ao invés disso, Jesus escolheu um milagre mais normal, se é que existe tal coisa. “Como um segundo Sansão; seu próprio braço o salvou. Isto pode ter convencido seus adversários, mas eles estavam loucos com malícia”. (Trapp)
C. Mais um ministério na Galiléia.
1. (31-37) Jesus repreende um espírito impuro na sinagoga de Cafarnaum.
Então ele desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e, no sábado, começou a ensinar o povo. Todos ficavam maravilhados com o seu ensino, porque falava com autoridade. Na sinagoga havia um homem possesso de um demônio, de um espírito imundo. Ele gritou com toda a força: “Ah!, que queres conosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Sei quem tu és: o Santo de Deus!” Jesus o repreendeu, e disse: “Cale-se e saia dele!” Então o demônio jogou o homem no chão diante de todos, e saiu dele sem o ferir. Todos ficaram admirados, e diziam uns aos outros: “Que palavra é esta? Até aos espíritos imundos ele dá ordens com autoridade e poder, e eles saem!” E a sua fama se espalhava por toda a região circunvizinha.
a. E, no sábado, começou a ensinar o povo. Todos ficavam maravilhados com o seu ensino, porque falava com autoridade: Jesus assumiu Sua vocação primária como mestre, aproveitando-se da cortesia da sinagoga. Não nos é dito o que Jesus ensinou, mas é-nos dito o efeito que o ensino teve sobre Sua audiência. Eles ficavam maravilhados. Eles nunca tinham ouvido ninguém ensinar assim antes.
i. A autoridade de Jesus não era apenas evidente quando Ele ensinava, mas também em Sua vida. Isto seria demonstrado no encontro com o homem possesso por demônios.
b. Havia um homem possesso de um demônio, de um espírito imundo: Os termos espírito imundo, espírito maligno e demônio parecem ser todos iguais, referindo-se a poderes malignos das trevas que são os inimigos de Deus e do homem. Estes poderes são organizados ( Efésios 6:12) e liderados pelo próprio Satanás.
c. Ah!, que queres conosco, Jesus de Nazaré? É irônico que os demônios soubessem quem Jesus era, mas o povo escolhido, aqueles de Sua própria cidade, não apreciavam quem Jesus era.
i. Vieste para nos destruir? Esta pergunta “reflete a crença de que o advento do Reino de Deus levaria ao fim do controle demoníaco sobre o mundo”. (Pate)
d. Sei quem tu és: o Santo de Deus! O próprio demônio testemunhou que Jesus era santo e puro. Os demônios admitiram que suas tentações no deserto não corromperam Jesus.
e. Jesus o repreendeu, e disse: “Cale-se e saia dele!” A maneira de Jesus lidar com o demônio nesta passagem é uma clara demonstração de seu poder e autoridade sobre o reino espiritual. As pessoas ficaram maravilhadas com a autoridade de Sua palavra tanto no ensino quanto na vida espiritual.
i. “Isto pode ter distinguido Jesus da fanfarra ‘comum’ do exorcista de encantamentos, charme e superstições”. (Pate)
2. (38-39) A sogra de Peter está curada de uma febre.
Jesus saiu da sinagoga e foi à casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta, e pediram a Jesus que fizesse algo por ela. Estando ele em pé junto dela, inclinou-se e repreendeu a febre, que a deixou. Ela se levantou imediatamente e passou a servi-los.
a. Foi à casa de Simão: Jesus fez um milagre público na sinagoga. Agora Ele exibiria seu poder em um ambiente privado. Jesus não era um simples animador das multidões.
b. A sogra de Simão: Simão será mais tarde identificado como Pedro, o líder entre os discípulos de Jesus. Isto mostra que Simão Pedro era casado. Clemente de Alexandria, um escritor cristão primitivo, disse que a esposa de Pedro o ajudou no ministério, atendendo às necessidades de outras mulheres.
c. Estando ele em pé junto dela, inclinou-se e repreendeu a febre: Nesta situação, Jesus viu a febre em si como algo a ser repreendido. Talvez Ele tenha percebido que havia alguma dinâmica espiritual por trás desta doença aparentemente natural.
i. Comentário de Barclay sobre a frase, estava com febre alta, “cada palavra é uma palavra médica… o termo grego médico para alguém totalmente acamado com uma doença…Lucas sabia exatamente como descrever esta doença”.
d. Que a deixou. Ela se levantou imediatamente e passou a servi-los: Isto não foi apenas a cura de uma doença, mas também a concessão imediata de força. Normalmente, uma pessoa não passa de uma febre alta para servir aos outros logo em seguida.
i. “Aquele que a curou da febre não precisava dela para ministrar a ele; aquele que tinha poder para curar doenças tinha certamente poder para subsistir sem o ministério humano. Se Cristo pôde levantá-la, ele devia ser onipotente e divino. Que necessidade então tinha Ele de um serviço feminino”? (Spurgeon)
3. (40-41) Jesus cura muitos doentes e possessos de demônios.
Ao pôr-do-sol, o povo trouxe a Jesus todos os que tinham vários tipos de doenças; e ele os curou, impondo as mãos sobre cada um deles. Além disso, de muitas pessoas saíam demônios gritando: “Tu és o Filho de Deus!” Ele, porém, os repreendia e não permitia que falassem, porque sabiam que ele era o Cristo.
a. Ao pôr-do-sol: Isto marcava o início de um novo dia, o dia depois do sábado (Lucas 4:31). Livres das restrições do Sábado às viagens e atividades, as pessoas vêm a Ele livremente para serem curadas.
b. E ele os curou, impondo as mãos sobre cada um deles: Jesus trabalhava duro para servir as necessidades dos outros, e colocava a necessidade do povo à frente das Dele.
c. Não permitia que falassem: Jesus impediu que os demônios falassem sobre Ele porque não queria que o testemunho deles fosse confiável.
i. Por causa do fato que os relatos bíblicos do ministério de Jesus são comprimidos, com ênfase principalmente nos eventos importantes e excepcionais, é fácil pensar que Jesus encontrou mais pessoas possuídas por demônios do que Ele realmente encontrou. Na verdade, as Escrituras registram menos de dez indivíduos específicos libertados da possessão demoníaca no ministério de Jesus, mais duas ocasiões gerais em que se descreve pessoas sendo libertadas. Isto não parece ser tão fora do comum, durante um período de três anos entre uma densa população pré-cristã.
4. (42-44) Jesus continua seu ministério de pregação na Galiléia.
Ao romper do dia, Jesus foi para um lugar solitário. As multidões o procuravam, e, quando chegaram até onde ele estava, insistiram que não as deixasse. Mas ele disse: “É necessário que eu pregue as boas novas do Reino de Deus noutras cidades também, porque para isso fui enviado”. E continuava pregando nas sinagogas da Judéia.
a. Foi para um lugar solitário: Jesus sabia o valor da solidão com Deus, o Pai. Ele passava a maior parte de seu tempo ministrando entre o povo, mas precisava de tais momentos em um lugar solitário.
i. A grande obra que Jesus fez em seu ministério não se baseou no recurso de sua natureza divina, mas em sua constante comunhão com Deus Pai e em seu poder dado por Deus pelo Espírito Santo. O tempo em um lugar solitário era essencial para isso.
b. É necessário que eu pregue as boas novas do Reino de Deus noutras cidades também: Ele ensinava sobre o Reino de Deus, no sentido de que Ele anunciava a presença do Rei e corrigia as concepções errôneas do povo sobre o Reino.
c. Porque para isso fui enviado: Jesus via o Seu ministério principal neste ponto pregando o reino. Os milagres faziam parte dessa obra, mas não eram o Seu foco principal.
d. E continuava pregando nas sinagogas da Judéia: Esta era a ênfase clara da obra de Jesus antes da grande obra de expiação na cruz – Ele era um mestre e um pregador, tanto ao ar livre como em casas de culto. Sua obra de milagres e curas era impressionante, mas nunca foi sua ênfase.