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Sunday, November 24th, 2024
the Week of Christ the King / Proper 29 / Ordinary 34
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Bible Commentaries
Lucas 2

Comentário Bíblico Enduring WordEnduring Word

versos 1-52

Lucas 2 – O Nascimento e a Infância de Jesus

A. O mundo em que Jesus nasceu.

1. (1) Um decreto de Roma chega a todo o mundo mediterrânico.

Naqueles dias César Augusto publicou um decreto ordenando o recenseamento de todo o império romano.

a. Naqueles dias: Lucas nos diz claramente que ele registrou a história real e os acontecimentos reais. Então não se tratava de algo do tipo “era uma vez”. Estas não são histórias fantasiosas de Zeus e Apolo no Monte Olimpo. Isto é real.

b. César Augusto publicou um decreto: A história do nascimento de Jesus começou durante o reinado de um dos homens mais notáveis da história antiga.

i. Ele nasceu com o nome de Otávio, que era o mesmo nome do seu pai. A sua avó era a irmã de Júlio César e, sendo um jovem talentoso, Otávio chamou a atenção do seu tio-avô. Júlio César acabou por adotar Otávio como seu filho, e foi nomeado seu herdeiro oficial em 45 a.C. No espaço de um ano César foi assassinado, e Otávio juntou-se a outros dois – Marco Antônio e Lépido, na divisão do domínio de Roma de três maneiras. Durante décadas, todo o mundo mediterrânico esteve repleto de guerras e violência. Agora, sob o Triunvirato, tornou-se muito pior. Houve anos de lutas sangrentas e brutais pelo poder e pelo dinheiro em Roma e nas províncias.

ii. Otávio e Antônio logo tiraram Lépido fora de cena. Apesar de a sua irmã ter se casado com Antônio, durante treze anos Otávio e Antônio existiram juntos como rivais, até 31 a.C. Durante um ano, os seus grandes exércitos se reuniram e se posicionaram. Antônio, com a ajuda de Cleópatra, trouxe 500 navios de guerra, 100.000 soldados a pé, e 12.000 cavaleiros. Otávio respondeu com 400 navios de guerra, 80.000 soldados de infantaria e 12.000 cavaleiros. Otávio tinha a melhor estratégia e os navios mais móveis; ele derrotou as forças combinadas de Antônio e da rainha Cleópatra do Egito na batalha de Áccio. Agora Otávio era o único governante do mundo romano e tomou o título de CésarAugusto.

c. De todo o império: Durante décadas, o império em que Augusto viveu e em que Jesus nasceria, o império da bacia do Mediterrâneo, foi arruinado pela guerra, destruição, brutalidade, e imoralidade.

i. “A península robusta estava desgastada por vinte anos de guerra civil. As suas quintas tinham sido negligenciadas; as suas cidades tinham sido saqueadas ou sitiadas; grande parte da sua riqueza tinha sido roubada ou destruída. A administração e a proteção haviam sido quebradas; os ladrões tornavam todas as ruas inseguras à noite; os vendedores ambulantes percorriam as estradas, sequestravam os viajantes e os vendiam como escravos. O comércio diminuiu, os investimentos pararam, as taxas de juros subiram, os valores das propriedades caíram. Os valores morais, que haviam sido afrouxados pela riqueza e pelo luxo, não haviam melhorado com a miséria e o caos, pois poucas condições são mais desmoralizantes do que a pobreza que vem depois da riqueza. Roma estava cheia de homens que haviam perdido sua base econômica e depois sua estabilidade moral: soldados que haviam provado a aventura e haviam aprendido a matar; cidadãos que haviam visto suas economias serem consumidas nos impostos e na inflação da guerra, que esperavam vagamente por algum retorno da maré para levá-los de volta à riqueza; mulheres tontas de liberdade, multiplicando divórcios, abortos e adultérios”. (Durant)

d. César Augusto publicou um decreto: Parecia que a autoridade deste homem havia mudado o caos daquela época de uma forma dramática. Ele trouxe três coisas que mudaram a maré miraculosamente. Primeiro, ele trouxe a paz porque havia derrotado todos os seus rivais. Segundo ele trouxe habilidade política e administrativa, talvez até mesmo brilhantismo. Terceiro, ele trouxe vastas somas de dinheiro do Egito para pagar os soldados e para ajudar a economia romana.

i. “Jesus nasceu no reinado de Augusto. Depois de um longo período de guerras que assolaram o Mediterrâneo e suas orlas, a unidade política havia sido alcançada e o Império Romano havia se tornado mais ou menos coincidente com a Bacia do Mediterrâneo. Aqui e ali, logo se espalharia para além dela. Augusto foi o primeiro Imperador. Construído sobre os alicerces lançados por seu tio, Júlio César, ele trouxe a paz e sob o manto do principal cidadão de uma república restaurada, governou o reino que durante várias gerações Roma vinha construindo. A paz interna e a ordem que Augusto conseguiu suportar, com interrupções ocasionais, por cerca de dois séculos. Antes disso, as orlas do Mediterrâneo nunca haviam estado sob uma única liderança e nunca haviam desfrutado de tanta prosperidade. A Pax Romana, criada para a propagação de ideias e religiões sobre a área onde prevalecia”. (Latourette)

ii. Porém, independentemente da grandeza de César Augusto, ele era apenas um homem. E o homem que trouxe as respostas também custou um caro preço. Ele exigiu poder absoluto sobre o Império Romano. Por centenas e centenas de anos, Roma se orgulhava de ser uma república – uma nação governada por leis, não por nenhum homem. A ideia de que nenhum homem estava acima da lei, e o Senado romano e o exército e vários líderes políticos viviam juntos em um contexto às vezes difícil. Agora, Otávio mudaria tudo isso. Em 27 a.C. ele conseguiu que o Senado romano lhe desse o título de Augusto, que significa “exaltado” e “sagrado”. Agora Roma não era mais uma república, governada por leis; era um império governado por um imperador. O primeiro Imperador de Roma foi este mesmo César Augusto.

iii. Comentário de Durant sobre o título Augusto: “Até então a palavra era aplicada apenas a objetos e lugares sagrados, e a certas divindades criativas ou aumentadas. Atribuída a Otávio, revestia-o com uma auréola de santidade, e a proteção da religião e dos deuses”.

iv. Um de seus primeiros títulos era imperador, o comandante-chefe de todas as forças armadas do estado. Mas ele fez com que o título significasse imperador.

v. Isto diz algo importante sobre o mundo em que Jesus nasceu. Era um mundo faminto por um salvador, e um mundo que vivia no reinado de um salvador políticoCésar Augusto; mas isso não era suficiente.

vi. “No século anterior ao nascimento de Cristo, as evidências da desintegração eram tão palpáveis nas guerras, na passagem da velha ordem e na corrupção moral, que o pensativo temia o colapso precoce. Deste desastre, a Bacia do Mediterrâneo foi salva por Júlio César e Augusto César…[mas] devemos observar que o principado elaborado por Augusto não curou, apenas interrompeu temporariamente o curso da doença da qual a cultura greco-romana sofria”. (Latourette)

vii. “Augusto e seus sucessores não haviam resolvido os problemas básicos do mundo mediterrâneo. Eles os haviam obscurecido. Pelo que parecia ser um fracasso no governo, eles tinham substituído por mais governo, e o governo não era a resposta”. (Latourette)

2. (2) O governador da região administrativa romana perto da Galiléia.

Este foi o primeiro recenseamento feito quando Quirino era governador da Síria.

a. Este foi o primeiro recenseamento: O registro e recenseamento descrito não era para simples manutenção de registros ou estatísticas. Era para tributar de maneira eficiente e efetivamente a todos no Império Romano.

i. De acordo com Leon Morris, Justino Mártir, escrevendo em meados do segundo século, disse que em seus próprios dias (mais de cem anos após o tempo de Jesus) era possível consultar o registro do mesmo recenseamento que Lucas mencionou.

b. Foi o primeiro recenseamento feito: A ideia na língua original é que esta foi “o primeiro registro”. O uso de um recenseamento para tributação era comum na Roma antiga, então Lucas chamou este de “o primeiro registro” para distingui-lo do conhecido registro em 6 d.C. que ele mencionou mais tarde em Atos 5:37.

c. Quando Quirino era governador da Síria: Esta é uma outra âncora histórica que assegura o relato de Lucas com o reinado de pessoas históricas conhecidas e verificáveis.

3. (3) O mundo responde ao comando de César Augusto.

E todos iam para a sua cidade natal, a fim de alistar-se.

a. E todos iam…a fim de alistar-se: É um pensamento impressionante; um homem, nos palácios de marfim de Roma, deu um comando, e o mundo inteiro respondeu. É bem possível que até aquele momento nunca tivesse havido um homem com poder sobre mais vidas do que César Augusto.

i. No geral, César Augusto era um bom governante. Ele expandiu o território do Império Romano e fez muito por seu povo. As maiores tristezas de sua vida vieram de sua casa, porque ele tinha uma filha descontrolada, nenhum filho, e todos os seus sobrinhos, netos e seu enteado favorito morreram jovens. Mas, como a maioria dos homens de tal ambição e autoridade, ele tinha muita estima por si mesmo. É fácil imaginar como ele se sentiu invencível quando publicou um decreto… que todo o mundo deveria ser registrado para tributação. É inebriante pensar: “Eu faço o comando e todo o império romano tem que obedecê-lo”.

ii. Mas Augusto não era realmente poderoso de modo algum. Em João 19:10-11, Jesus confrontou um outro romano que acreditava ser poderoso. “Você se nega a falar comigo?”, disse Pilatos. “Não sabe que eu tenho autoridade para libertá-lo e para crucificá-lo?”. Jesus respondeu: “Não terias nenhuma autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima. O mesmo princípio se aplicava a César Augusto; qualquer que fosse o poder que ele tivesse, era poder dado, dado por Deus.

iii. Ao sentar-se em seu palácio e fazer seu decreto, ele achou que era o exercício supremo de sua vontade, o derradeiro flexionamento de seus músculos. Mas ele era apenas uma ferramenta na mão de Deus. Deus havia prometido que o Messias nasceria em Belém ( Miquéias 5:2), e que essa promessa seria cumprida. Então, como se leva um jovem casal de Nazaré para Belém, quando não estão realmente considerando a hipótese de viajar? Simples. Basta operar por meio do “salvador do mundo” político, usando-o como um peão em seu plano.

iv. Vemos também que Augusto, por todas as suas realizações, não poderia realmente ser a resposta. Deus permitiu que César Augusto subisse ao poder humano por muitas razões. De certa forma, ele era como um João Batista Romano preparando o caminho para Jesus. No final da história, o que é importante é Jesus. Quem o mundo conhece mais hoje – Jesus ou César Augusto? Quem tem um legado mais duradouro?

b. E todos iam para a sua cidade natal: Não há registro na história secular que Augusto decretou este recenseamento e o ordenou que fosse realizado desta maneira, mas é coerente com o que sabemos dele pela história. Augusto era conhecido por ser muito sensível aos sentimentos nacionalistas de seus súditos, e assim ele ordenou que retornassem às suas cidades de origem familiar para o recenseamento.

i. Barclay e outros citam um decreto governamental de um recenseamento romano ordenado no Egito na mesma época, que cada pessoa tinha que ir à sua própria cidade para a inscrição no recenseamento.

ii. Desta forma, Augusto suavizou o golpe para muitos. Eles tinham que viajar, tinham que pagar impostos, mas eles também se reuniam com a família e viam parentes que talvez não vissem há muito tempo.

B. O nascimento de Jesus.

1. (4-7) José e Maria vêm a Belém; Jesus nasce.

Assim, José também foi da cidade de Nazaré da Galiléia para a Judéia, para Belém, cidade de Davi, porque pertencia à casa e à linhagem de Davi. Ele foi a fim de alistar-se, com Maria, que lhe estava prometida em casamento e esperava um filho. Enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê, e ela deu à luz o seu primogênito. Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.

a. Assim, José também foi da cidade de Nazaré da Galiléia: A viagem de Nazaré a Belém (nos arredores de Jerusalém) é de cerca de 128 quilômetros. Naquela época, não era uma distância curta. Foi um empreendimento significativo, que custou tempo e dinheiro.

b. Com Maria, que lhe estava prometida em casamento e esperava um filho: Muitas vezes pensamos que Maria estava perto do parto quando fizeram esta viagem, mas muito provavelmente não foi bem assim. José pode ter estado ansioso para tirá-la de Nazaré para evitar a pressão do escândalo. Lucas nos diz que foi enquanto eles estavam em Belém, enquanto estavam lá, chegou o tempo de nascer o bebê.

i. De acordo com a lei romana, Maria não precisava ir com José para o recenseamento fiscal; mas fazia sentido que ela fosse com José, especialmente porque ela estava nas últimas etapas de uma gravidez controversa – certamente um assunto de muita fofoca em Nazaré.

ii. “É possível que ele tenha usado a ordem do imperador como um meio de proteger Maria de possíveis fofocas e estresse emocional em seu próprio vilarejo”. Ele já a havia aceitado como esposa (Mateus 1:24), mas aparentemente continuou no noivado (Lucas 2:5) e prometeu se casar até depois do nascimento”. (Liefeld)

c. E ela deu à luz o seu primogênito: Uma das coisas impressionantes da narrativa de Lucas é como ela é simples, em contraste com a grandeza dos eventos. Em nossa era moderna, pequenos eventos são frequentemente inflados com excesso de descrição e apresentados como mais importantes do que realmente são. No entanto, sob a inspiração do Espírito Santo, Lucas apresentou este evento mais surpreendente de forma subestimada.

d. Ela deu à luz: Esta frase está repleta de maravilhas. Não nos é dito se alguém ajudou Maria no nascimento ou não, embora alguém possa realmente tê-la ajudado. De uma forma ou de outra, esta jovem mulher estava completamente separada de toda a sua família e amigos apoiadores, que viviam em Nazaré.

i. “A narrativa corre como se Maria fez ela mesma estas coisas, donde a inferência patrística de um parto sem dor”. (Bruce) “Que Maria embrulhou a própria criança aponta para um nascimento solitário”. (Morris)

ii. Quando isso aconteceu? A data de 25 de dezembro é improvável, mas não impossível; esta data foi popularizada pela primeira vez na igreja durante o quarto século.

iii. Onde isso aconteceu? Em 150 d.C., Justino Mártir disse que o lugar onde Jesus nasceu era uma caverna em Belém. Mais tarde (330) sob Constantino, o Grande, uma igreja foi construída sobre a caverna, onde muitos ainda acreditam ser o lugar mais provável onde Jesus nasceu.

e. Seu primogênito: Isto convida à conclusão lógica de que Maria teve outros filhos depois de ter dado à luz a Jesus, apesar do ensinamento católico romano da virgindade perpétua de Maria.

f. Envolveu-o em panos: Eram tiras de pano embrulhadas de forma confortável. Mais notável do que os panos é o fato de Ele ter sido colocado em uma manjedoura – um cocho de alimentação para animais.

i. Trapp assinala que a palavra panos traduzida, vem da antiga palavra grega que significa “rasgar”, significando que eram tiras rasgadas de pano enroladas ao redor de Jesus.

g. Não havia lugar para eles na hospedaria: Isto aconteceu em um lugar público, com outros viajantes e residentes. “Havia homens traficando, crianças brincando, e mulheres fofocando ao lado do poço – e eis que o reino dos céus estava entre eles”. (Morrison)

i. “Que não havia lugar na hospedaria era simbólico do que estava para acontecer a Jesus”. O único lugar onde havia lugar para ele era em uma cruz”. (Barclay)

2. (8) Os pastores cuidam de seus rebanhos.

Havia pastores que estavam nos campos próximos e durante a noite tomavam conta dos seus rebanhos.

a. Havia pastores: Os pastores de Belém eram conhecidos por cuidarem do rebanho do templo. Estes homens podem também ter protegido e cuidado dos cordeiros usados no sacrifício do templo.

b. Que estavam nos campos: Muitos dizem que uma data no final de dezembro é impossível, porque os pastores não teriam saído à noite naquela época do ano. No entanto, invernos quentes não são anormais na Judéia, que tem um clima bem semelhante ao do sul da Califórnia.

3. (9-14) O anúncio angélico.

E aconteceu que um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor resplandeceu ao redor deles; e ficaram aterrorizados. Mas o anjo lhes disse: “Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Isto lhes servirá de sinal: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura”. De repente, uma grande multidão do exército celestial apareceu com o anjo, louvando a Deus e dizendo:
“Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor”.

a. Um anjo do Senhor apareceu-lhes: Interrompendo esta noite calma e escura estava a presença brilhante de um anjo e a glória do Senhor. Este primeiro anjo trouxe boas novas (literalmente significa que pregaram o evangelho) a estes pastores, que eram considerados como marginalizados sociais.

i. “Como classe, os pastores tinham uma má reputação… Mais lamentável era o hábito deles de confundir ‘meu’ com ‘teu’ quando se deslocavam pelo país. Eles eram considerados pouco confiáveis e não eram autorizados a prestar depoimento nos tribunais”. (Morris)

ii. “O primeiro pregador do evangelho foi um anjo. Deus agora tomou esta honra dos anjos e a colocou sobre os ministros, que na Escritura são chamados de anjos, Apocalipse 2:1”. (Trap)

b. Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador: Eles anunciaram o nascimento de um Salvador, que era (e é) exatamente a necessidade da humanidade. Não precisamos de um outro conselheiro, de um reformador ou de um comitê, mas de um Salvador.

c. De repente, uma grande multidão do exército celestial apareceu com o anjo, louvando a Deus: Após o anúncio de um único anjo, apareceu um grupo inteiro de anjos. Este era exército celestial (um bando de soldados) que proclamou a paz. O mundo precisava então e precisa agora de paz.

i. Até mesmo os pagãos do mundo do primeiro século sentiram essa necessidade de paz e de um salvador. Epiteto, um escritor pagão do primeiro século, expressou isto: “Enquanto o imperador pode dar a paz da guerra na terra e no mar, ele é incapaz de dar a paz da paixão, da dor e da inveja; ele não pode dar a paz do coração, pela qual o homem anseia por mais do que mesmo a paz exterior”.

ii. O contraste entre a glória angélica e o humilde Jesus deve ter parecido extremo. Deus adora colocar Sua glória em pacotes improváveis, de modo que Sua glória seja mais claramente exibida ( 2 Coríntios 4:7).

iii. “Que Deus tenha toda a glória, para que possamos ter a paz”. (Trapp)

4. (15-16) Os pastores vêm e vêem o menino Jesus.

Quando os anjos os deixaram e foram para os céus, os pastores disseram uns aos outros: “Vamos a Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos deu a conhecer”. Então correram para lá e encontraram Maria e José, e o bebê deitado na manjedoura.

a. Vamos: Isto mostra uma urgência genuína. Eles não hesitaram em nada.

b. E vejamos isso que aconteceu: O anjo lhes disse para procurarem um bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura (Lucas 2:12). Não era um sinal incomum ver um bebê envolto em panos, mas era estranho ver um bebê deitado numa manjedoura – um cocho de alimentação para animais. Se o anjo não lhes tivesse dito para procurarem um sinal tão específico, eles nunca teriam acreditado.

c. E encontraram Maria e José, e o bebê deitado na manjedoura: Esta foi uma visão estranha, e o sinal específico que lhes foi dito para procurarem. Eles não mais ouviram ou viram anjos, mas tiveram um encontro duradouro com Jesus. Os anjos podem até partir, mas Jesus permanece.

i. “Esta foi uma visão revoltante, e foi suficiente por si só para produzir uma aversão a Cristo. Pois o que poderia ser mais improvável do que acreditar que ele era o Rei de todo o povo, e considerado indigno de ser classificado com o mais baixo da multidão?” (Calvino)

ii. “É maravilhoso pensar que os pastores que cuidavam dos cordeiros do Templo foram os primeiros a ver o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. (Barclay)

5. (17-20) Os pastores espalharam a notícia do nascimento de Jesus.

Depois de o verem, contaram a todos o que lhes fora dito a respeito daquele menino, e todos os que ouviram o que os pastores diziam ficaram admirados. Maria, porém, guardava todas essas coisas e sobre elas refletia em seu coração. Os pastores voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, como lhes fora dito.

a. Contaram a todos o que lhes fora dito a respeito daquele menino: A combinação do anúncio angélico e o sinal de uma criança em um comedouro inspirou os pastores a contar a tantos quanto puderam do que ouviram e experimentaram.

b. E todos os que ouviram o que os pastores diziam ficaram admirados: A boa nova dos pastores surpreendeu a todos os que a ouviram. Mesmo que não a compreendessem realmente, eles reconheceram que algo significativo havia acontecido.

i. “Deus, para mostrar que respeitava não pessoas, revelou este grande mistério aos pastores e aos sábios; um pobre, outro rico; um educado, outro não educado; um judeu, outro gentio; um próximo, outro distante”. (Trapp)

c. Maria, porém, guardava todas essas coisas e sobre elas refletia em seu coração: A reação de Maria foi diferente da dos pastores ou daqueles que os ouviram. Ela recebeu tudo calmamente e meditou em seu coração, procurando entender o profundo significado de tudo aquilo.

i. “A maravilha de muitos era uma emoção transitória (aoristo), essa lembrança e esse choro de Maria era um hábito duradouro (imperfeito)”. (Bruce)

ii. Maria tinha bons motivos para meditar. O que a trouxe para Belém? O grande decreto de um imperador romano e talvez línguas fofoqueiras em Nazaré. Deus trabalha através de todo tipo de pessoas e de todos os tipos de eventos para cumprir Seu plano.

d. Os pastores voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, como lhes fora dito: Os pastores tiveram tanta felicidade e louvor a Deus porque a palavra tinha sido cumprida exatamente como lhes fora dito.

i. “O zelo deles em glorificar e louvar a Deus é uma reprovação implícita de nossa indolência, ou melhor, de nossa ingratidão”. Se o berço de Cristo teve tal efeito sobre eles, que os fez subir do estábulo e da manjedoura para o céu, quão mais poderosa deveria ser a morte e a ressurreição de Cristo para nos elevar a Deus?”. (Calvino)

C. A circuncisão de Jesus e sua apresentação no templo.

1. (21) A circuncisão de Jesus.

Completando-se os oito dias para a circuncisão do menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, o qual lhe tinha sido dado pelo anjo antes de ele nascer.

a. Para a circuncisão do menino: Isto foi feito por obediência à ordem de Deus, que volta lá atrás no pacto que Deus fez com Abraão. A circuncisão era o sinal e o selo ( Romanos 4:11) do pacto que Deus fez com Abraão, Isaac, e os descendentes do pacto de Israel.

b. Completando-se os oito dias: Eles fizeram isso exatamente no oitavo dia porque era o que a lei ordenava ( Levítico 12:3). Isto significa que José e Maria eram pais verdadeiramente devotos e obedientes. Significa também que Jesus obedeceu e cumpriu perfeitamente a lei de Deus.

2. (22-24) A apresentação de Jesus.

Completando-se o tempo da purificação deles, de acordo com a Lei de Moisés, José e Maria o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor (como está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”) e para oferecer um sacrifício, de acordo com o que diz a Lei do Senhor: “duas rolinhas ou dois pombinhos”.

a. O tempo da purificação: A cerimônia de purificação após o parto foi descrita em Levítico 12. Lá dizia que quando uma mulher dava à luz um menino, ela ficaria cerimoniosamente impura por um total de 40 dias. Este era um período em que ela podia ficar em casa, descansar e criar laços com seu bebê, algo como uma versão antiga da licença-maternidade. No final daquele período, ela faria as oferendas para sua purificação cerimonial.

i. Este era um lembrete sutil e poderoso que, por mais maravilhoso que seja o nascimento de um bebê, ele traz outro pecador para o mundo. Quando Davi escreveu no Salmo 51:5, Eis que fui criado na iniquidade, e em pecado minha mãe me concebeu, ele reconheceu que todos nós nascemos pecadores”.

b. O tempo da purificação deles: Esta tradução “deles”, como também nas versões da bíblia em inglês (NASB e ESV), são traduções bem exatas, pois se tratava da purificação de Maria e de Jesus. Jesus poderia ter sido dispensado porque Ele não nasceu em pecado. No entanto, nós O vemos até mesmo como um bebê, identificando-se com os pecadores, como Ele também o fez mais tarde em Seu batismo e na cruz.

ii. “Falemos agora primeiro da purificação. Lucas faz com que se aplique tanto a Maria quanto a Cristo: pois o pronome deles, não pode ter nenhuma referência a José”. (Calvino)

iii. “Porque Aquele que não conhecia o pecado, e que nunca viria a conhecer o pecado, já estava em Sua circuncisão como pecador por nós. Ele não esteve nem oito dias neste mundo até que começou a ser contado com os transgressores. O primogênito de Maria era um cordeiro sem mancha nem ruga, mas antes de completar uma semana de vida, Ele começou a tomar sobre si os pecados de muitos… E como Ele começou no templo naquele dia, assim Ele continuou todos os dias a levar uma vida de dor, vergonha e derramamento de sangue, por nós, por nossos filhos, até que Ele terminou na cruz a obra de expiação do pecado que Seu Pai lhe havia dado para cumprir. E sempre depois daquele primeiro dia de Seu ferimento por nossas transgressões, aquela Coisa Santa carregou em Seu corpo as marcas de nossa redenção”. (Whyte)

c. Duas rolinhas ou dois pombinhos: Em Levítico 12 foi ordenado que ao nascimento de uma criança fosse oferecido um cordeiro como parte da cerimônia de purificação e dedicação. No entanto, era também permitido que duas aves fossem oferecidas se a família não pudesse se dar ao luxo de apresentar um cordeiro.

i. “A oferta dos dois pombinhos ao invés do cordeiro e do pombo foi tecnicamente chamada A Oferta dos Pobres… vemos que foi em um lar comum que Jesus nasceu”. (Barclay)

ii. Esta é uma boa evidência de que tudo isso aconteceu antes dos magos vindos do oriente (Mateus 2:1-12). Quando eles receberam os presentes dos magos (ouro, incenso e mirra) eles podiam ter pagado pela oferta normal de um cordeiro.

3. (25-27) Uma promessa cumprida a Simeão.

Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão, que era justo e piedoso, e que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor. Movido pelo Espírito, ele foi ao templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para lhe fazerem o que requeria o costume da Lei,

a. Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão: Aqui encontramos um homem chamado Simeão. Ele é uma das pessoas fascinantes do Evangelho de Lucas.

·Conhecemos o seu nome: Simeão.

·Conhecemos o seu caráter: que era justo e piedoso. Ele era justo perante Deus e os homens, e honrava a Deus em sua vida quotidiana.

·Conhecemos a sua esperança: que esperava a consolação de Israel. Este não é um título messiânico encontrado nas Escrituras hebraicas, mas certamente é uma verdade sobre Jesus, o Messias. Ele é o parakletos, “Aquele que caminha junto para ajudar”.

·Sabemos que ele conhecia a revelação de Deus: fora-lhe revelado pelo Espírito Santo.

·Conhecemos a sua saúde espiritual: e o Espírito Santo estava sobre ele… revelado pelo Espírito Santo… movido pelo Espírito, ele foi ao templo. Ele era cheio do Espírito e caminhava no Espírito.

·Sabemos que Deus fez a Simeão uma promessa: ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor. Que promessa!

·Não sabemos quantos anos ele tinha quando isso aconteceu. Presumimos que Simeão era velho; mas os jovens podem e devem ter estas mesmas qualidades.

b. Movido pelo Espírito, ele foi ao templo: Enquanto Simeão esperava para ver o Messias, um dia, o Espírito o levou a ir ao templo. Isto foi provavelmente muito mais do que um sentido espiritual ou um sentimento.

·Simeão pôde conhecer as profecias de Daniel 9 a respeito da vinda do Messias, e saber que o tempo estava se aproximando.

·Simeão pôde ouvir a notícia do nascimento de João Batista e que o bebê João seria o precursor do Messias (Lucas 1:65 diz, por toda a região montanhosa da Judéia se falava sobre essas coisas).

·Simeão pôde ouvir os relatos dos pastores que ouviram o anúncio angélico (Lucas 2:8-20).

i. Isto mostra que ser guiado pelo Espírito não significa que ignoramos a palavra escrita de Deus. Simeão foi guiado por mais do que um sentimento; o Espírito Santo operou dentro e por meio da Palavra de Deus.

c. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para lhe fazerem o que requeria o costume da Lei: Isto parece ser para a purificação, não para a circuncisão, porque aconteceu quando o tempo da purificação dela já havia terminado (2:22).

4. (28-32) Uma promessa cumprida a Simeão.

Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo:

“Ó Soberano, como prometeste, agora podes despedir em paz o teu servo. Pois os meus olhos já viram a tua salvação,
Que preparaste à vista de todos os povos:
Luz para revelação aos gentios
E para a glória de Israel, teu povo”.

a. O tomou nos braços: Como isto era estranho! Nas multidões do templo, um estranho veio a José e Maria enquanto eles levavam Jesus, antes ou depois de fazerem o sacrifício ordenado em Levítico 12. Este homem que eles não conheciam os viu, viu Jesus, e o tomou em seus braços.

i. Geralmente é estranho quando um estranho quer segurar seu bebê. Talvez no início isto parecesse estranho para José e Maria, mas, mesmo se assim foi, não durou muito.

b. E louvou a Deus: Isto significa que Simeão deu graças e louvor a Deus. Há um sentido real no qual é impossível para nós abençoar a Deus; mas há outro sentido no qual podemos, deveríamos e devemos abençoar a Deus.

c. Como prometeste, agora podes despedir em paz o teu servo. Pois os meus olhos já viram a tua salvação: Era como se Simeão tivesse sido ordenado por Deus a ser um vigia solitário durante toda a noite até ver o sol nascer. Isto agora era, para ele, o nascer do sol de Deus; porque Jesus tinha vindo, Simeão podia ser aliviado de sua vigia.

i. Tudo isso foi como prometeste. Simeão agora tinha a paz de ver cumprida a promessa de Deus em sua vida.

d. Meus olhos já viram a tua salvação: O nome Jesus significa: “Yahweh é Salvação”. Este não era apenas o nome de Jesus, era quem Ele era e é.

e. Luz para revelação aos gentios: Simeão entendeu algo radical – que a luzde Jesus havia sido preparada para todos os povosnão apenas para o povo judeu!

f. E para a glória de Israel, teu povo: Embora esta luz fosse também para os gentios, ela nunca ignorou o povode Deus Israel. A salvação de Jesus começou com Israel, mas foi sempre para ser estendida além de Israel.

i. John Trapp citou a expressão de um poeta sobre o coração de Simeão:

“Não temo nenhum pecado, não temo a morte;
Já vivi tempo suficiente, tenho minha vida;
Já esperei o suficiente, tenho meu amor;
Já vi o suficiente, tenho a minha luz;
Já servi o suficiente, tenho meu santo;
Já sofri o suficiente, tenho minha alegria;
Doce menina, que este salmo sirva de canção de ninar para ti e para um funeral para mim. Oh, dorme em meus braços, e deixa-me dormir em tua paz”.

5. (33-35) Uma promessa e um aviso de Simeão.

O pai e a mãe do menino estavam admirados com o que fora dito a respeito dele. E Simeão os abençoou e disse a Maria, mãe de Jesus: “Este menino está destinado a causar a queda e o soerguimento de muitos em Israel, e a ser um sinal de contradição, de modo que o pensamento de muitos corações será revelado. Quanto a você, uma espada atravessará a sua alma”.

a. José e a mãe do menino estavam admirados: Podemos imaginar a combinação de alegria e surpresa dos dois ao ver como Deus tocou os corações dos outros com a compreensão de seu Filho. Não importa quão bem você conheça Jesus, há algo especial em ver outra pessoa vir a conhecê-lo.

b. E Simeão os abençoou: As palavras desta bênção seguem nos versículos 34 e 35. Ele pode ter dito mais do que isto, mas Simeão realmente disse isto.

c. Este menino está destinado: Todo pai pensa no destino traçado para uma criança. Quando Maria e José ouviram este início da bênção de Simeão, seus corações incharam em antecipação – especialmente, porque eles sabiam o destino do bebê a partir dos anúncios angélicos que envolviam seu nascimento.

d. A causar a queda e o soerguimento de muitos: José e Maria se perguntaram: “O que isso significa? Como causará nosso Filho, o Messias, a queda de muitos”? O soerguimento de muitos podia-se compreender; a queda de muitos era difícil de entender e aceitar.

i. Pode-se dizer que nunca houve uma pessoa mais divisória a andar nesta terra do que Jesus Cristo. As pessoas O aceitam ou O rejeitam; Ele é para a queda ou soerguimento de cada um.

·Judas caiu; Pedro soergueu.

·Um ladrão na cruz caiu; o ladrão do outro lado soergueu.

·O jovem rico governante caiu; Zaqueu soergueu.

·Muitos líderes religiosos caíram; José de Arimatéia e Nicodemos soergueram.

ii. Se uma pessoa cai ou se levanta, remete-se a ela, não realmente ao próprio Jesus. Como a obra de um grande artista, é aquele que vê a arte que está “em julgamento”, não o próprio artista.

e. E a ser um sinal de contradição: Segundo Adam Clarke, a palavra sinal aqui é literalmente “um alvo ao qual as pessoas atiram”. Jesus seria o alvo de um grande mal. Não é estranho pensar que o rosto de Maria começou a parecer confuso e seus olhos começaram a lacrimejar.

f. Uma espada atravessará a sua alma: Era importante que Maria soubesse que ser mãe do Messias não seria um mar de rosas. Era tanto um grande privilégio quanto um grande fardo.

i. Possivelmente nenhum outro humano agonizou tanto pela rejeição e o sofrimento de Jesus como sua mãe. Isto não era apenas por causa do amor natural de uma mãe, mas também porque a Sua rejeição era a rejeição dela. Imagine tudo o que Maria sentiu ao ver seu Filho crucificado.

·Nós sentimos o mesmo: quando Jesus é rejeitado, nós também somos. Quando Jesus é ridicularizado, nós também somos. Quando se fala contra Jesus, nós também somos atingidos. Não queremos que leis sejam aprovadas contra nada disso, e que Deus proíba que haja violência ou retaliação – somos cristãos e amamos nossos inimigos; mas uma espada atravessa nossa alma.

ii. Maravilhosamente, a vindicação de Jesus foi também a vindicação de Maria. Sua ressurreição foi também a dela. A espada através de sua alma foi uma espada de vitória sobre o pecado e a morte. Nós a conhecemos da mesma forma – ou podemos conhecê-la em Jesus Cristo.

6. (36-38) O testemunho de Ana ao Redentor.

Estava ali a profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era muito idosa; tinha vivido com seu marido sete anos depois de se casar e então permanecera viúva até a idade de oitenta e quatro anos. Nunca deixava o templo: adorava a Deus jejuando e orando dia e noite. Tendo chegado ali naquele exato momento, deu graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.

a. A profetisa Ana: Não sabemos de que maneira Ana era uma profetisa. Talvez tenha sido no modo como ela trouxe à tona esta palavra específica sobre Jesus.

b. Nunca deixava o templo: adorava a Deus jejuando e orando dia e noite: Esta mulher piedosa serviu a Deus com total devoção. A caminhada próxima de Ana com Deus foi demonstrada por seu amor por Jesus, e seu desejo de contar aos outros sobre Jesus (falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção).

i. Ana era uma mulher notável. Como viúva, ela conhecia a dor e a perda, mas não tinha se tornado amarga. Como mulher idosa, ela não tinha perdido a esperança. Talvez porque ela era uma mulher adoradora e uma mulher de oração.

7. (39-40) O retorno a Nazaré.

Depois de terem feito tudo o que era exigido pela Lei do Senhor, voltaram para a sua própria cidade, Nazaré, na Galiléia. O menino crescia e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.

a. Depois de terem feito tudo o que era exigido pela Lei do Senhor: Lucas enfatiza que Jesus era perfeitamente obediente a Deus, mesmo quando criança.

b. O menino crescia e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria: Jesus cresceu e se desenvolveu como outras crianças; no entanto, seu desenvolvimento espiritual é aqui notado pela primeira vez. Poderíamos dizer que Jesus estava consciente de sua identidade e de sua vocação, conforme apropriado ao seu desenvolvimento etário. Aos 5 anos Ele não tinha a compreensão de uma pessoa de 30 anos; mas tinha a maior capacidade de compreensão apropriada para uma criança de 5 anos.

i. O desenvolvimento de Jesus dá inspiração para os pais que crentes de hoje. Eles também oram para que os filhos se fortaleçam no espírito, encham-sede sabedoria, e guiam seus filhos por esses caminhos.

c. E a graça de Deus estava sobre ele: A bondade e o favor de Deus era evidente em Sua vida, mesmo quando criança. As lendas de milagres bizarros ligados à infância de Jesus nada mais são do que contos supersticiosos; mas a graça de Deus estava sobre ele.

i. Sabemos pouco sobre a vida de Jesus desde a época em que Ele tinha um mês até a época em que tinha doze anos, exceto pela declaração geral em Lucas 2:40. Podemos ser curiosos sobre os detalhes de Sua infância, mas não há nada que precisemos saber, exceto o que o Espírito Santo nos diz na Palavra.

ii. Para satisfazer esta curiosidade, homens escreveram seus próprios chamados “Evangelhos da Infância”. Eles contêm milagres espetaculares e bobos como Jesus falando da manjedoura; curando um homem transformado em mula por um feitiço; dando vida a pássaros de barro com uma batida de Suas mãos; curando pessoas com uma aspersão da sua água do banho, e assim por diante. No entanto, “Onde a Escritura não tem língua, não devemos ter ouvidos”. (Trapp)

D. Jesus na casa de Seu Pai.

1. (41-45) Jesus se perde em uma peregrinação de Páscoa.

Todos os anos seus pais iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos de idade, eles subiram à festa, conforme o costume. Terminada a festa, voltando seus pais para casa, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que eles percebessem. Pensando que ele estava entre os companheiros de viagem, caminharam o dia todo. Então começaram a procurá-lo entre os seus parentes e conhecidos. Não o encontrando, voltaram a Jerusalém para procurá-lo.

a. Todos os anos seus pais iam a Jerusalém para a festa da Páscoa: A participação nas grandes festas foi ordenada em Êxodo 23:17 e Deuteronômio 16:16. Era costume que os fiéis da Galiléia fizessem essas peregrinações em época de festas em grandes grupos.

i. Não seria difícil perder de vista uma criança em meio a um grupo tão grande de viajantes – não devemos acusar José e Maria de negligência infantil. Mas Maria deve ter se sentido mal o suficiente perdendo o Messias.

b. Voltaram a Jerusalém para procurá-lo: Como seria de se esperar de pais diligentes e piedosos, eles se esforçaram para encontrar seu filho Jesus.

2. (46-50) Eles encontram Jesus ensinando e aprendendo no templo.

Depois de três dias o encontraram no templo, sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Todos os que o ouviam ficavam maravilhados com o seu entendimento e com as suas respostas. Quando seus pais o viram, ficaram perplexos. Sua mãe lhe disse: “Filho, por que você nos fez isto? Seu pai e eu estávamos aflitos, à sua procura”. Ele perguntou: “Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?” Mas eles não compreenderam o que lhes dizia.

a. Sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas: Durante três dias, um Jesus de doze anos discutiu a Palavra de Deus e surpreendeu seus ouvintes com seuentendimento e com as suas respostas.

i. “Para a época da Páscoa, era costume de o Sinédrio reunir-se em público na corte do Templo para discutir na presença de todos os que escutassem, questões religiosas e teológicas”. (Barclay)

ii. Quando percebemos a impressionante percepção intelectual e análise dos rabinos judeus, isto é impressionante. Isto é algo como uma criança do ensino fundamental discutindo física com um cientista de foguetes. Jesus tinha uma vantagem única – ter um relacionamento especial com o escritor da Palavra de Deus.

b. Eu devia estar na casa de meu Pai: Naquele dia, não havia nada mais natural do que um filho assumir os negócios de seu pai. Jesus seguiu os passos de José como carpinteiro, mas Suas palavras aqui mostram que Ele estava pelo menos começando a entender sua relação única com Seu Pai.

i. É impossível dizer quando, no contexto das limitações autoimpostas de Sua humanidade, Jesus percebeu quem Ele era e o que tinha sido enviado a fazer, mas foi cedo; aqui não era o início, mas provavelmente quando tudo estava em plena floração.

c. Eu devia estar na casa de meu Pai: Estas primeiras palavras registradas de Jesus são significativas. A surpresa implicada por estas palavras de Jesus significa que Ele sabia que Maria e José sabiam de seu relacionamento especial com Deus, seu Pai. Significa que deve ter sido um item de discussão e talvez uma instrução sobre a educação de Jesus em sua casa.

d. Mas eles não compreenderam o que lhes dizia: A declaração de Jesus lhes disse algo sobre Sua identidade como um Filho único de Deus Pai, embora eles não compreenderem. No judaísmo daqueles dias, um menino começava a aprender a profissão de seu pai por volta dos 12 anos de idade. Jesus cumpriu isto instruindo os professores no templo.

3. (51-52) O crescimento e desenvolvimento de Jesus.

Então foi com eles para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, guardava todas essas coisas em seu coração. Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens.

a. Então foi com eles para Nazaré: Crescendo em Nazaré, Jesus amadureceria na infância e depois em sua juventude adulta. Ele cumpriria as responsabilidades esperadas de um filho mais velho; e então, em algum momento, José desapareceu de cena e Jesus tornou-se o “homem da família”. Ele trabalhou na Sua atividade comercial, deu suporte à Sua família, amou Seu Deus e provou ser totalmente fiel em mil pequenas coisas antes de entrar formalmente em seu nomeado ministério.

i. “Um cristão nem sempre faz coisas extraordinárias. Ele faz coisas ordinárias de maneiras extraordinárias”. (Morrison)

b. E era-lhes obediente: O conhecimento de quem Ele era não deixava Jesus orgulhoso ou altivo; Jesus era obediente a Seus pais. Jesus passou da visão para o dever, como mais tarde Ele fez do Monte da Transfiguração.

c. Sua mãe, porém, guardava todas essas coisas em seu coração: Lucas provavelmente ouviu tudo isso (e dos acontecimentos sobre o nascimento de João e de Jesus) em entrevistas pessoais com Maria enquanto ele compilava seu Evangelho.

d. Jesus ia crescendo em sabedoria: O desenvolvimento descrito primeiro em Lucas 2:40 continuou.

e. Jesus ia crescendo em… estatura. Ele não só se tornou maior fisicamente, mas também se tornou uma pessoa maior.

f. Jesus ia crescendo em… graça diante de Deus e dos homens: Ele cresceu em um relacionamento próximo e pessoal com Seu Pai celestial, e Ele também cresceu em suas amizades e relacionamentos humanos.

i. A palavra traduzida graça é a mesma palavra usada no resto do Novo Testamento, mas não é a graça salvadora no padrão de graça estendida aos pecadores. “‘O bom prazer de Deus estava sobre Ele’, essa seria a melhor maneira de render o texto”. (Whyte)

ii. Jesus não nasceu um super-homem. Ele se desenvolveu conforme cresceu. “Ele passou por um desenvolvimento espiritual e físico natural, mas perfeito. Em cada etapa Ele foi perfeito para aquela etapa”. (Geldenhuys)

Informação Bibliográfica
Guzik, David. "Comentário sobre Luke 2". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/commentaries/por/tew/luke-2.html. 2024.
 
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