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Bible Commentaries
Lucas 1

Comentário Bíblico Enduring WordEnduring Word

versos 1-80

Lucas 1 – O Nascimento de João Batista

A. Introdução ao Evangelho de Lucas.

Os primeiros quatro versículos do evangelho de Lucas são uma frase no Grego original. Eles são escritos em estilo refinado, acadêmico, clássico. Mas depois, pelo resto do evangelho, Lucas não usou a linguagem dos eruditos, mas do homem comum, a linguagem do vilarejo e das ruas. Através disso, Lucas nos disse, “Esse relato tem todas as devidas credenciais acadêmicas e eruditas, mas é escrito para o homem na rua”. Lucas escreveu para que as pessoas pudessem entender Jesus, não para que admirassem seu cérebro e habilidades literárias.

1. (1-2) Menção dos relatos anteriores da vida de Jesus.

Muitos já se dedicaram a elaborar um relato dos fatos que se cumpriram entre nós, conforme nos foram transmitidos por aqueles que desde o início foram testemunhas oculares e servos da palavra.

a. Muitos já se dedicaram: Lucas escreveu esse evangelho sabendo que muitos já haviam escrito histórias da vida de Jesus. Isto pode ser uma referência aos trabalhos de Marcos e Mateus (a maioria das pessoas acham que João foi escrito depois de Lucas), e pode também fazer referência a outras biografias de Jesus não diretamente inspiradas pelo Espírito Santo.

i. Alguns pesquisadores reivindicam que os escritos sobre Jesus não apareceram até duas ou talvez três gerações após a morte Dele na cruz. Porém, o trabalho do alemão expert em papiro Carsten Thiede (em Dezembro de 1994) sugere que na verdade, nós possuímos cópias de Mateus que datam perto da própria época de Jesus. As descobertas de Thiede são baseadas em uma análise cuidadosa da caligrafia usada nos fragmentos descobertos recentemente.

b. Dos fatos que se cumpriram entre nós: Os trabalhos mencionados anteriormente contém coisas já comumente conhecidas e acreditadas entre Cristãos da época de Lucas. Quando Lucas escreveu, a maioria dos Cristãos já sabiam tudo sobre a vida de Jesus, tanto de relatos orais passados pelos discípulos originais quanto de biografias que já haviam sido escritas.

i. Com a palavra nós, Lucas se colocou dentro da comunidade de Cristãos que acreditavam e recebiam os relatos da vida de Jesus. Lucas foi companheiro de Paulo ( Atos 16:10-11; 2 Timóteo 4:11; Filemom 1:24) e Paulo o chamou de médico amado ( Colossenses 4:14). Lucas era um médico e, portanto, um homem da ciência e pesquisa, e isso está refletido em na sua história da vida de Jesus.

ii. Ao que tudo indica, Lucas era um gentio. Colossenses 4:10-11 e 4:14 mostram que ele não era judeu, porque ele não era incluso no grupo dos que eram circuncidados. Isso faz de Lucas único no sentido que ele é o único escritor do Novo testamento que era gentio.

iii. Deus deu a este solitário gentio escritor um grande privilégio. Por que ele também escreveu o livro dos Atos (que compõe o segundo volume desse Evangelho), Lucas escreveu mais do Novo Testamento do que qualquer outro escritor humano (presumindo que Paulo não foi o autor da carta aos Hebreus).

c. Conforme nos foram transmitidos por aqueles que desde o início foram testemunhas oculares e servos da palavra: Lucas nos conta que os relatos anteriores da vida de Jesus eram baseados nas palavras de testemunhas oculares.

i. Aqueles que desde o início eram sem dúvida os apóstolos que estavam com Jesus desde o princípio. Porém, aqueles que desde o início também incluiriam pessoas como a própria Maria, quem Lucas provavelmente entrevistou em sua pesquisa para sua história da vida de Jesus.

ii. Lucas escreveu para um mundo do primeiro século que era baseado num modo de viver do tipo “se parece bom, faça”, todavia, era um mundo que se ofendia pelos supersticiosos insanos da maioria das religiões. O mundo daquela época, assim como hoje, anseia pelo que o Cristianismo oferece: baseada em fato.

2. (3-4) Lucas explica a razão por escrever o seu relato.

Eu mesmo investiguei tudo cuidadosamente, desde o começo, e decidi escrever-te um relato ordenado, ó excelentíssimo Teófilo, para que tenhas a certeza das coisas que te foram ensinadas.

a. Eu mesmo investiguei tudo: Lucas não era um daqueles que tinham sido testemunhas oculares dos eventos desde o começo do ministério de Jesus. Mesmo assim, ele se coloca no mesmo lugar de outros que escreveram seus relatos da vida de Jesus de uma experiência em primeira mão (tais como Mateus e Marcos), por que seu relato era baseado em pesquisa diligente e cuidadosa dos eventos.

b. Escrever-te um relato ordenado: Tendo já lido os relatos de Mateus e Marcos, Lucas queria dar um terceiro relato com ênfase na compreensão e ordem. Portanto, Lucas é o evangelho mais compreensivo. Ele documenta a toda estória de Jesus desde a anunciação de João Batista até a ascensão de Jesus.

·Lucas é o evangelho mais universal. Em Lucas, os gentios eram geralmente colocados em uma luz favorável.

·O evangelho de Lucas é o mais interessado nos papéis das mulheres, crianças e dos socialmente excluídos.

·O evangelho de Lucas é o mais interessado em oração. Ele possui sete referências diferentes a Jesus orando que são encontradas somente nesse evangelho.

·O evangelho de Lucas é o que enfatiza mais no Espírito Santo e na alegria.

·O evangelho de Lucas é o que mais enfatiza na pregação da boa nova (o evangelho). Esse termo é usado dez vezes em seu Evangelho (e apenas uma vez em qualquer outro Evangelho) assim como mais quinze vezes no livro de Atos.

c. Ó excelentíssimo Teófilo: Lucas endereçou seu evangelho à um homem chamado Teófilo, mas foi também escrito com um público maior em mente.

i. Pelo seu título (excelentíssimo), nós entendemos que Teófilo era provavelmente um oficial do governo Romano. É muito provável que os livros de Lucas e Atos constituem a defesa de Paulo para seu julgamento perante César, já que em Atos Paulo se encontra aguardando esse julgamento.

ii. Quem quer que tenha sido Teófilo, ele já havia tido alguma instrução na fé (das coisas que te foram ensinadas).

B. O anúncio do nascimento de João Batista.

1. (5-7) O tempo e as pessoas que começam a história da vida de Jesus.

No tempo de Herodes, rei da Judéia, havia um sacerdote chamado Zacarias, que pertencia ao grupo sacerdotal de Abias; Isabel, sua mulher, também era descendente de Arão. Ambos eram justos aos olhos de Deus, obedecendo de modo irrepreensível a todos os mandamentos e preceitos do Senhor. Mas eles não tinham filhos, porque Isabel era estéril; e ambos eram de idade avançada.

a. No tempo de Herodes: Esses eventos aconteceram em um tempo determinado. Esse foi o homem conhecido como Herodes o Grande, que estava no final de um longo e terrível reinado. Etnicamente, ele não era um descendente de Israel, mas de Esaú, irmão de Jacó – portanto um edomita, ou um idumeu. Ele era conhecido pelos seus espetaculares programas de construções, mas ainda mais por sua crueldade paranoica, que o levou a executar muitos, incluindo membros de sua própria família.

b. Um sacerdote chamado Zacarias…Isabel…sua mulher: Esses eventos aconteceram a pessoas distintas. Zacarias e Isabel eram virtuosos e obedientes, e também estigmatizados por sua infertilidade (Mas eles não tinham filhos, porque Isabel era estéril).

c. Que pertencia ao grupo sacerdotal Abias: Grupos sacerdotais (incluindo o grupo de Abias) são notados em 1 Crônicas 23-24.

2. (8-10) O serviço do templo de Zacarias.

Certa vez, estando de serviço o seu grupo, Zacarias estava servindo como sacerdote diante de Deus. Ele foi escolhido por sorteio, de acordo com o costume do sacerdócio, para entrar no santuário do Senhor e oferecer incenso. Chegando a hora de oferecer incenso, o povo todo estava orando do lado de fora.

a. Ele foi escolhido por sorteio, de acordo com o costume do sacerdócio, para entrar no santuário do Senhor e oferecer incenso: Apenas sacerdotes de uma linhagem particular podiam servir no templo. Com o passar dos anos o número de sacerdotes se multiplicou, (foi dito haver até 20,000 sacerdotes no tempo de Jesus) então eles usavam o sorteio para determinar quando quais padres serviriam. O sorteio para servir podia cair sob um sacerdote somente uma vez em sua vida.

i. Para um homem de Deus como Zacarias, isso era provavelmente o maior evento de sua vida, um tremendo privilégio, uma oportunidade única na vida. Certamente ele deve ter imaginado como seria entrar no lugar santo, e se Deus tinha algo especial a lhe dizer nesse evento especial de sua vida.

ii. Também é fácil imaginar que Zacarias tenha perguntado aos outros sacerdotes que já haviam realizado o serviço como era exatamente; perguntando a eles se eles haviam tido alguma experiência espiritual única quando ministraram diante do Senhor. Todo o evento era repleto de grande antecipação.

b. Oferecer incenso: De acordo com a lei de Moisés, o incenso era oferecido a Deus no altar dourado toda manhã e toda noite ( Êxodo 30:7-8). A essa altura, havia já um ritual estabelecido para a prática.

i. Havia muitos sorteios que eram feitos para determinar quem fazia o que no sacrifício matinal. O primeiro sorteio determinava quem limparia o altar e prepararia seu fogo; o segundo sorteio determinava quem mataria o sacrifício matinal e aspergiria o altar, o candelabro dourado, e o altar do incenso. O terceiro sorteio determinava quem viria e ofereceria incenso. Este era o dever mais privilegiado; aqueles que eram sorteados por primeiro e segundo repetiam a tarefa no sacrífico noturno, mas o terceiro não. Oferecer o incenso era uma oportunidade única na vida.

ii. Antes do amanhecer, centenas de adoradores se juntavam no templo. O sacrifício matinal começava quando o sacerdote do incenso caminhava em direção ao templo, pelas cortes exteriores, e batia um instrumento parecido com um gongo conhecido como Magrefa. A este som, os Levitas se juntavam e se preparavam para liderar as pessoas reunidas com músicas de adoração a Deus.

iii. Os outros dois sacerdotes escolhidos no sorteio daquela manhã iam até o templo, um de cada lado do sacerdote escolhido para oferecer o incenso. Todos os três entravam juntos no lugar santo. Um sacerdote acendia a brasa no altar dourado; o outro sacerdote posicionava o incenso, para que ficasse pronto para ser usado. Então os outros dois sacerdotes saiam do templo, e o sacerdote do incenso era deixado sozinho no local sagrado.

iv. À frente dele estava o altar dourado do incenso, que tinha 45 centímetros de cada lado e 90 centímetros de altura. Naquela mesa pequena estavam as brasas, com pequenos fios de fumaça que subiam, pronto para o incenso. Atrás do altar dourado estava uma cortina grande e grossa, e atrás da cortina estava o Lugar Santíssimo, O Lugar Mais Sagrado, onde nenhum homem podia entrar, exceto o sumo sacerdote, e isso apenas no Dia da Expiação. Olhando de frente para o altar do incenso, à sua direita estaria a mesa do Pão da proposição, e à sua esquerda estaria o candeeiro dourado, que provia a única luz para o local sagrado.

c. Chegando a hora de oferecer incenso, o povo todo estava orando do lado de fora: Quando as pessoas do lado de fora viam os dois homens saindo do templo, eles sabiam que havia chegado a hora de oferecer o incenso. Aquelas centenas de pessoas se curvavam ou ajoelhavam diante do Senhor e estendiam suas mãos em oração silenciosa. Eles sabiam que naquele momento o sacerdote do incenso orava no local sagrado, na própria presença de Deus, pela nação inteira.

i. Vários minutos de silêncio total se passavam em todos os recintos do templo, enquanto Zacarias continuava em oração no lugar santíssimo durante essa, que era a mais solene experiência de sua vida.

ii. A conexão entre a queima do incenso e a oração pode parecer estranha para alguns, porém na Bíblia a queima do incenso é uma figura forte de oração (Salmo 14:2; Apocalipse 5:8).

iii. Pelo que Zacarias orou? Ele deve ter pensado bem sobre isso anteriormente. Ele pode ter pego uma lista de oração, apesar de que é mais provável que ele a tenha memorizado. Ele também sabia quanto tempo orar, porque ele havia frequentado o sacrifício matinal como adorador muitas vezes antes, e ele sabia quanto o sacerdote do incenso ficava no templo. Ele deve ter orado pelas duas necessidades da nação de Israel, que estava ocupada e oprimida pelos odiados Romanos. Ele deve ter orado a Deus para mandar o Messias. Ele provavelmente teria pensado ser errado pedir por suas necessidades pessoais em um momento tão sagrado!

3. (11-17) O anúncio do anjo a Zacarias.

Então um anjo do Senhor apareceu a Zacarias, à direita do altar do incenso. Quando Zacarias o viu, perturbou-se e foi dominado pelo medo. Mas o anjo lhe disse: “Não tenha medo, Zacarias; sua oração foi ouvida. Isabel, sua mulher, lhe dará um filho, e você lhe dará o nome de João. Ele será motivo de prazer e de alegria para você, e muitos se alegrarão por causa do nascimento dele, pois será grande aos olhos do Senhor. Ele nunca tomará vinho nem bebida fermentada, e será cheio do Espírito Santo desde antes do seu nascimento. Fará retornar muitos dentre o povo de Israel ao Senhor, o seu Deus. E irá adiante do Senhor, no espírito e no poder de Elias, para fazer voltar o coração dos pais a seus filhos e os desobedientes à sabedoria dos justos, para deixar um povo preparado para o Senhor”.

a. Então um anjo do Senhor apareceu: O anjo simplesmente se posicionou à direita do altar do incenso. Zacarias provavelmente estava com seus olhos bem fechados em intensa oração, e quando ele os abriu ele viu esse anjo.

b. Quando Zacarias o viu, perturbou-se e foi dominado pelo medo: O anjo que apareceu a Zacarias não era uma figura romântica, ou um bebê pelado com asas. Este anjo era uma criatura gloriosa, temerosa e impressionante. Como muitos anjos na Bíblia, a primeira coisa que esse anjo tinha a dizer a este contato humano dele é “Não tenha medo”.

i. Zacarias deve ter pensado, “Será que isso acontece com todos que fazem isso? Os outros caras não me disseram nada sobre isso!”

c. Sua oração foi ouvida. Isabel, sua mulher, lhe dará um filho: É duvidoso que Zacarias tenha orado por um filho quando estava no altar do incenso. Primeiro porque isso pareceria como uma necessidade muito egoísta. Segundo, como ele e Isabel ambos eram de idade avançada (Lucas 1:7), eles provavelmente haviam desistido dessa oração já há muito tempo.

i. Às vezes nós oramos por algo por muito, muito tempo. Nós oramos pela salvação de um cônjuge ou filho. Nós oramos por um chamado ou um ministério. Oramos para que Deus traga aquela pessoa especial para nós. Mas após anos de oração sincera do coração, nós nos desencorajamos e desistimos. Zacarias e Isabel provavelmente oraram intensamente por anos por um filho, mas desistiram depois de muita insistência, e pararam de acreditar tanto em Deus.

ii. Quando nós estamos nesta situação, às vezes começamos – da menor maneira possível – a duvidar do amor e cuidado de Deus por nós. Mas Deus sempre ama, e Seu cuidado nunca cessa.

iii. A reação de Zacarias ao anjo provavelmente foi pesar: “Eu não sei do que você está falando. Eu não orei por um filho. Nós somos velhos, sabe… Eu desisti dessa oração muito tempo atrás. Eu estou orando pela salvação de Israel. Eu estou orando para que Deus mande o Messias prometido”. Zacarias não sabia que Deus responderia às duas orações ao mesmo tempo, e usaria o bebê milagroso dele para ser parte do envio do Messias!

d. E você lhe dará o nome de João: Ao menino foi dado um nome antes mesmo de ser concebido. Foi um comando do Senhor nomear o menino João.

e. Pois será grande aos olhos do Senhor. Ele nunca tomará vinho nem bebida fermentada: Esta é provavelmente uma referência ao voto de um Nazireu encontrado em Números 6. O filho deles João seria especialmente consagrado a Deus todos os dias de sua vida, como Sansão deveria ter sido.

i. Apesar de João ser grande aos olhos do Senhor, pela graça de deus, o menor no reino dos céus é maior do que ele (Mateus 11:11).

f. E será cheio do Espírito Santo desde antes do seu nascimento: Seu filho João teria um preenchimento único do Espírito Santo, sendo cheio do Espírito Santo até mesmo enquanto dentro do útero.

i. Calvin, falando de João sendo cheio de Espírito Santo desde dentro do útero: “Vamos aprender por este exemplo que desde o início da infância até a idade mais avançada, a operação do Espírito nos homens é livre”.

g. Fará retornar muitos dentro o povo de Israel ao Senhor, o seu Deus: O grande trabalho de João seria preparar a vinda do Messias apontando corações a Deus antes que o Messias viesse. O padrão para seu ministério seria o grande profeta Elias – no espírito e no poder de Elias. Jesus mais tarde disse que isso foi cumprido em João (Mateus 11:14 e 17:12).

h. Para fazer voltar o coração dos pais aos seus filhos: Essa citação de Malaquias 4:5-6 é mais importante do que sua referência a Elias. Estas eram essencialmente as últimas palavras do Velho Testamento, e agora a revelação Deus continua de onde havia parado.

i. Elias foi um homem que chamou Israel a um radical arrependimento ( 1 Reis 18:20-40).

4. (18-20) A dúvida e mudez de Zacarias.

Zacarias perguntou ao anjo: “Como posso ter certeza disso? Sou velho, e minha mulher é de idade avançada”. O anjo respondeu: “Sou Gabriel, o que está sempre na presença de Deus. Fui enviado para lhe transmitir estas boas novas. Agora você ficará mudo. Não poderá falar até o dia em que isso acontecer, porque não acreditou em minhas palavras, que se cumprirão no tempo oportuno”.

a. Como eu posso ter certeza disso? Sou velho, e minha mulher é de idade avançada: A atitude de Zacarias foi “Obrigado pela promessa anjo. Mas sabendo da minha condição e da minha mulher, essa é uma das maiores. Você pode nos enviar um sinal para prová-la?”

i. Não é que Zacarias não queria acreditar nisso; ele acreditava. É que ele simplesmente sentiu que era muito bom para ser verdade, e provavelmente se protegeu contra decepção não criando expectativas muito altas. Nós nos roubamos de muitos milagres pela mesma atitude.

ii. Zacarias olhou para as circunstâncias primeiro, e para o que Deus pode fazer por último; nós somos tentados a pensar que isso é lógica, mas se Deus existe, não há nada de lógico em colocar as circunstâncias antes de Deus.

b. Sou Gabriel, o que está sempre na presença de Deus: Gabriel relembra Zacarias de quem ele é e de onde ele vem. Há um grande contraste em sou velho e Sou Gabriel – qual carregava mais peso? Gabriel também “prega o evangelho” a Zacarias (lhe transmitir boas novas).

i. Não era nada além de boas notícias a Zacarias que ele não teria somente um filho, mas que aquele filho teria um papel fundamental no plano de redenção de Deus. Essa é a boa nova que Gabriel trouxe a Zacarias.

ii. Isso dá uma ideia melhor do que realmente significa pregar o evangelho – é trazer boas novas para pessoas que precisam delas.

c. Minhas palavras que se cumprirão no tempo oportuno: Se não há Zacarias, não há João Batista. Se não há João Batista, não há um mensageiro anunciando a vinda do Messias. Se não há um mensageiro anunciando a vinda do Messias, as profecias no Velho testamento sobre o Messias não são cumpridas. Se nenhuma das promessas no Velho Testamento sobre a primeira vinda do Messias não são cumpridas, então Jesus não cumpriu todas as coisas. Se Jesus não cumpriu todas as coisas, então Ele não completou o plano de redenção de Deus para você e eu e nós vamos morrer com nossos pecados! Essa era a boa nova!

d. Agora você ficará mudo. Não poderá falar: Zacarias pagou o preço por sua incredulidade. Sua incredulidade não fez Deus retirar sua promessa; apenas não permitiu a Zacarias desfrutá-la.

i. Quando não acreditamos na promessa de Deus para nossas vidas, não necessariamente destruímos a promessa, mas destruímos nossa capacidade de desfrutar da promessa. O que tornou esta punição tão severa foi que Zacarias tinha uma notícia muito boa para contar.

ii. Estranhamente, muitos cristãos não considerariam isto um castigo – eles não se importam de ficar calados sobre as boas novas de Jesus.

5. (21-23) Zacarias aparece para a multidão.

Enquanto isso, o povo esperava por Zacarias, estranhando sua demora no santuário. Quando saiu, não conseguia falar nada; o povo percebeu então que ele tivera uma visão no santuário. Zacarias fazia sinais para eles, mas permanecia mudo. Quando se completou seu período de serviço, ele voltou para casa.

a. Enquanto isso, o povo esperava por Zacarias, estranhando sua demora: O costume era de o sacerdote sair do templo assim que terminasse de orar, para assegurar as pessoas que ele não havia sido golpeado a morte por Deus. A demora de Zacarias começou a deixar o povo nervoso.

i. Depois que o sacerdote do incenso acabava, ele saia do local sagrado pelas grandes portas do templo e encontrava outros dois sacerdotes bem do lado de fora das portas. Então o sacerdote do incenso levantava suas mãos e abençoava as pessoas com sua bênção de Números 6:24-26. As centenas de adoradores reunidos sabiam o que fazer; eles respondiam dizendo, “Louvado seja o Senhor Deus, o Deus de Israel, por todos os séculos e séculos”.

ii. Depois de tudo isso, os Levitas faziam os cantores e músicos adoradores começarem a música. Eles começavam com um toque especial de trombetas prateadas; e então um sacerdote batia os pratos, e o coro de Levitas começava a cantar o Salmo do dia. O coral era feito de nada menos do que doze vozes, que juntava jovem e idoso para um arranjo completo de som e provavelmente algumas grandes harmonias.

b. Quando saiu, não conseguiu falar nada: Quando Zacarias saiu, ele tinha que ficar de pé nos degraus do templo, supervisionando a multidão, e pronunciar a benção do sacerdote para as pessoas (Números: 6:24-26), e os outros sacerdotes repetiriam após ele. Mas Zacarias não conseguia falar!

i. Fazendo o melhor que podia através de movimentos das mãos, ele contou a história do que tinha acontecido a ele dentro do templo. É difícil saber se todos acreditaram nele!

6. (24-25) A gravidez e alegria de Isabel.

Depois disso, Isabel, sua mulher, engravidou e durante cinco meses não saiu de casa. E ela dizia: “Isto é obra do Senhor! Agora ele olhou para mim favoravelmente, para desfazer a minha humilhação perante o povo”.

a. Isabel, sua mulher, engravidou: Zacarias tinha relações normais com sua esposa; ele fez uma parceria com Deus para cumprir a promessa. Ele não contava que essa criança fosse vir de uma concepção milagrosa.

b. Durante cinco meses não saiu de casa: Isabel não se ausentou para esconder sua gravidez; ela se ausentou pelos primeiros cinco meses, o tempo em que ela seria menos notada como grávida. Ela se retirou para passar tempo com o Senhor, e para meditar sobre o destino da criança dentro dela.

C. O anúncio do Nascimento de Jesus.

1. (26-27) Gabriel é enviado a Maria em Nazaré.

No sexto mês Deus enviou o anjo Gabriel a Nazaré, cidade da Galiléia, a uma virgem prometida em casamento a certo homem chamado José, descendente de Davi. O nome da virgem era Maria.

a. No sexto mês Deus enviou o anjo Gabriel: O trabalho de Gabriel não havia acabado com o anúncio a Zacarias no templo. No sexto mês da gravidez de Isabel, ele veio até um vilarejo na Galiléia.

b. A Nazaré, cidade da Galiléia: Cronologicamente, esta é a primeira menção de Nazaré no Antigo ou Novo Testamentos. Nazaré é talvez notável por sua natureza normal; não foi mencionada no Antigo Testamento, no Apócrifo, e nas escrituras de Josefo.

i. Apesar de Nazaré ser na região geral da Galiléia, ela fica a 24 quilômetros do Mar da Galiléia. Isto é a 9,6 quilômetros da estrada principal mais próxima. Nazaré não possuía uma boa fonte de água; apenas um poço bem fraco no centro do vilarejo.

ii. Jesus seria para sempre identificado com esse local, sendo repetidamente chamado de Jesus de Nazaré (Marcos 1:24, João 18:7, João 19:19, Atos 2:22). Seus seguidores também eram chamados de “Nazarenos”.

c. A uma virgem prometida: Maria era a prometida de José. Havia três estágios em um casamento Judeu naquela época.

·Compromisso (um acordo formal feito pelos pais).

·Noivado (a cerimônia onde promessas mútuas eram feitas).

·Casamento (aproximadamente um ano depois, quando o noivo vinha até sua noiva em um momento inesperado).

i. Quando um casal estava prometido, eles estavam sob as obrigações da fidelidade, e um divórcio era requerido para quebrar o compromisso. Isso não era uma promessa casual.

d. O nome da virgem era Maria: Maria é sem dúvidas dita ser virgem. Não há ambiguidade sobre a ideia aqui – Maria nunca havia tido relações sexuais com nenhum homem.

i. A concepção de João Batista, o precursor, foi milagrosa; nós deveríamos esperar uma concepção ainda mais notável do Messias.

ii. “O nome ‘Maria’ é a forma grega do nome hebreu Miriam, a irmã de Moisés. Significa ‘a exaltada’, uma descrição apropriada daquela que em breve seria mãe do Messias”. (Pate)

2. (28-29) Gabriel cumprimenta Maria.

E, entrando o anjo onde ela estava, disse: “Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres.” Maria ficou perturbada com essas palavras, pensando no que poderia significar esta saudação. 

a. O anjo, aproximando-se dela, disse: Gabriel disse três coisas a Maria. Cada uma delas certamente era verdade sobre Maria, que tinha um privilégio único entre qualquer pessoa que já viveu.

·Ela foi agraciada.

·Que o Senhor estava com ela.

·Ela era bendita.

i. Contudo, todas essas coisas são verdadeiras naquele que crê em Jesus. Nós somos agraciados como Maria foi ( Efésios 1:6), o Senhor está conosco (Mateus 28:20), e nós somos abençoados ( Efésios 1:3).

ii. A oração Católica Romana que começa “Ave Maria, cheia de graça” é precisa. Maria era cheia de graça, e assim também o crente. Mas a graça de Maria foi uma graça recebida, não graça para dar aos outros.

b. Maria ficou perturbada com essas palavras: O fato de Maria estar perturbada com essas palavras mostra sua humildade. Maria ficou surpresa ao ouvir palavras tão extravagantes ditas a seu respeito.

3. (30-33) Gabriel anuncia o nascimento do Messias, nascido de Maria.

Mas o anjo lhe disse: “Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim”.

a. Você foi agraciada por Deus…você ficará grávida e dará à luz um filho: O foco não estava em Maria, mas no Filho, que sereia nomeado Jesus (um nome comum). Esse Filho foi indubitavelmente identificado como o Messias predito no Antigo Testamento.

i. Ele será grande: Ninguém influenciou mais a história do que Jesus Cristo. “Não é provado que ele é grande? Conquistadores são grandes, e ele é o maior de todos. Liberadores são grandes, e ele é o maior de todos. Libertadores são grandes, e ele é o maior de todos eles. Salvadores são grandes, e ele é o maior de todos eles”. (Spurgeon)

·Jesus é grande na perfeição de Sua natureza.

·Jesus é grande na grandeza de Seus ofícios.

·Jesus é grande no esplendor de Suas realizações.

·Jesus é grande no número daqueles que Ele salvou.

·Jesus é grande na estima de Seu povo.

ii. Ele será chamado Filho do Altíssimo: Jesus seria o filho de Maria, mas não apenas seu filho; Ele seria também conhecido como o Filho de Deus.

iii. O trono de Seu pai Davi: Ele será o Messias profetizado a Davi ( 2 Samuel 7:12-16), que tem a autoridade de direito de governar Israel, Seu Reino jamais terá fim.

b. Você ficará grávida e dará à luz um filho: Maria sabia exatamente sobre o que Gabriel estava falando por que ela era uma mulher da palavra de Deus. Quando Gabriel disse isso, Maria sabia que ele citava Isaías 7:14: a virgem ficará grávida e dará luz à um filho.

4. (34-37) A pergunta de Maria e a resposta de Gabriel.

Perguntou Maria ao anjo: “Como acontecerá isso, se sou virgem?” O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado Santo, Filho de Deus. Também Isabel, sua parenta, terá um filho na velhice; aquela que diziam ser estéril já está em seu sexto mês de gestação. Pois nada é impossível para Deus”.

a. Como acontecerá isso, se sou virgem? A pergunta de Maria foi lógica. Ela fez a mesma pergunta que Zacarias fez (Lucas 1:18), mas a pergunta dele foi feita em descrença cética e a pergunta dela foi feita em fé cheia de maravilha.

b. O poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra: Gabriel respondeu que o poder do Altíssimo, na Pessoa do Espírito Santo, cobriria Maria com sua sombra.

i. A expressão cobrirá com sua sombra significa “cobrir com uma nuvem” como na nuvem da glória do Senhor – Shekhinah ( Êxodo 16:10, 19:9, 24:16, 34:5, 40:34) ou a nuvem de transfiguração (Mateus 17:5, Marcos 9:7, Lucas 9:34).

ii. Esta nuvem era uma manifestação visível da glória e presença de Deus; isso significa que o mesmo poder de Deus que estava com Moisés e outros no Antigo Testamento, estava agora para fazer uma obra única na vida de Maria.

iii. “Esta expressão delicada exclui ideias rudes de um ‘acasalamento’ do Espírito Santo com Maria”. (Morris)

iv. “Tecnicamente falando, contudo, o anjo previu uma concepção virgem, e não um nascimento virgem. Ao que tudo indica, o nascimento real de Jesus foi normal; a sua concepção não”. (Pate)

c. Aquele que há de nascer será chamado Santo: Por que essa será a maneira de Sua concepção, Ele seria o Santo (diferente de todos os outros), e Ele será chamado Filho de Deus.

i. Isso não tem o mesmo impacto em nós hoje por causa de nossa falta de familiaridade com a ideia de ser um Filho de Deus. Mas Maria (e todos os outros Judeus da cultura dela) sabia o que isto significava: esta criança seria igual à Deus (João 5:18).

ii. Jesus não se tornou o Filho de Deus; Ele foi chamado Filho de Deus, reconhecendo Sua natureza por toda a eternidade.

d. Também Isabel, sua parenta, terá um filho na velhice: Com tamanha promessa, Gabriel também trouxe prova, explicando que Isabel estava grávida. Se Deus podia fazer aquilo, Ele podia fazer o que prometeu a Maria.

i. “Mesmo que crentes estejam satisfeitos com a palavra pura de Deus, mesmo assim eles não desconsideram nenhum de seus feitos, o que eles acham ser conducente ao fortalecimento de sua fé”. (Calvin)

e. Pois nada é impossível para Deus: O ponto é claro. Mais literalmente, poderia se traduzir isto – pois nenhuma palavra de Deus será impotente. Deus realizará absolutamente o que Ele disse.

i. As palavras, ‘por nada’ (literalmente, ‘nenhuma palavra’) ‘será impossível para Deus’, lembram a promessa divina de um filho dirigida a Sara ( Gênesis 18:14 [Septuaginta]) que, ao fazê-lo, fornecem outro exemplo confirmando a capacidade de Deus de cumprir Sua promessa a Maria”. (Pate)

5. (38) A resposta de fé de Maria.

Respondeu Maria: “Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra”. Então o anjo a deixou.

a. Sou serva do Senhor! Maria respondeu em primeiro lugar, concordando com o que Gabriel disse sobre ela. Ela era serva do Senhor e não lhe cabia discutir com seu Mestre, mas aceitar o que Ele disse.

i. “Era inevitável que nuvens se juntariam em volta de sua pessoa, o que deixaria altamente perplexo o bom homem de quem ela estava noiva. Mas assim que ela percebesse que esse sorteio tinha sido ordenado a ela por Deus, ela humildemente aceitaria, com esses modelos de palavras de fé paciente” (Meyer)

b. Que aconteça comigo conforme a tua palavra: Maria então respondeu com uma afirmação de fé. “Que aconteça comigo conforme a Tua palavra” é a resposta apropriada de qualquer crente a qualquer promessa de Deus.

i. Tudo isso levou mais confiança em Deus do que podemos imaginar. Maria concordou em receber uma gravidez que seria vista como suspeita e isso numa cultura que praticava uma possível pena de morte para o adultério. Maria se identificou com os pecadores para que o propósito de Deus fosse cumprido.

ii. Espiritualmente falando, há algumas similaridades entre a obra de Deus em Maria e a Sua obra em todo crente.

·Jesus vive dentro do crente espiritualmente, assim como Ele o fez em Maria fisicamente.

·Jesus vive dentro de nós espiritualmente por Sua palavra, assim como Ele o fez em Maria fisicamente.

·Jesus se torna visível ao mundo através de nós, assim como Ele se tornou através de Maria fisicamente.

iii. “Verdadeiramente nosso Senhor falou claro quando ele disse aos seus discípulos, ‘Esses são minha mãe, minha irmã e irmão’. Nós temos uma relação tão próxima a Cristo quanto a que a mãe Virgem tinha e, nós, de algum modo, espiritualmente tomamos a mesma posição que ela tomou corporalmente em referência a ele”. (Spurgeon)

c. Então o anjo a deixou: Nós não sabemos o momento exato em que Jesus foi concebido no ventre de Maria. Pode ter sido quando Gabriel falou com ela ou logo após. Independentemente de quando foi, a nuvem da glória de Deus cobriu Maria(Lucas 1:35) e Jesus foi concebido milagrosamente no ventre de Maria. O nascimento de Jesus vindo desta concepção é o que nós chamamos de Nascimento Virginal.

i. Quando nós abordamos o evento que chamamos de Nascimento Virginal, temos que concordar com a análise de Paulo: é grande o mistério da piedade ( 1 Tessalonicenses 3:16). Mas a mensagem das Escrituras é clara com relação ao Nascimento Virginal. Não pode haver questionamento algum sobre o Nascimento Virginal, somente perguntas no que diz respeito à autoridade da Escritura.

ii. O Nascimento Virginal é único. Muitas mitologias possuem lendas sobre um deus que tem relações sexuais com uma mulher mortal e produziu prole, mas a ideia de um nascimento virginal é única ao Cristianismo.

D. O cântico de Maria.

1. (39-41) Maria visita Isabel.

Naqueles dias, Maria preparou-se e foi depressa para uma cidade da região montanhosa da Judéia, onde entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o bebê agitou-se em seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.

a. Maria preparou-se e foi depressa para uma cidade da região montanhosa: Maria ouviu de Gabriel que sua parenta Isabel estava grávida (Lucas 1:36). Então ela percorreu a distância considerável (algo entre 128 e 160 quilômetros) da região da Galiléia à região montanhosa da Judéia para uma visita.

i. Maria entendia que provavelmente nem todos entenderiam sua experiência com Gabriel e a concepção milagrosa. Se alguém podia entender, seria Isabel.

b. O bebê agitou-se em seu ventre: Quando Isabel viu Maria, seu bebê ainda não nascido – João Batista – agitou-se por que estava cheio de alegria. Embora João ainda não tivesse nascido, ele teve uma consciência espiritual e pôde responder ao Espírito de Deus.

i. “Há tanto conforto na presença de Cristo (apesar de ainda dentro do ventre) que fez João agitar-se. O que então será no paraíso, pensamos nós?” (Trapp)

2. (42-45) A bênção de Isabel a Maria.

Em alta voz exclamou: “Bendita é você entre as mulheres, e bendito é o filho que você dará à luz! Mas por que sou tão agraciada, ao ponto de me visitar a mãe do meu Senhor? Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, o bebê que está em meu ventre agitou-se de alegria. Feliz é aquela que creu que se cumprirá aquilo que o Senhor lhe disse!”

a. Bendita é você entre as mulheres, e bendito é o filho que você dará a luz! João Batista ainda não havia nascido e Zacarias ainda estava mudo. Mesmo assim, Isabel acreditou na palavra de Deus dada ao seu marido Zacarias quando ele estava no templo. No templo Gabriel lhe disse que seu filho prometido iria deixar um povo preparado para o Senhor (Lucas 1:17).

i. Isabel acreditava naquilo e também acreditava que o bebê no ventre de Maria era o Senhor para quem o filho de Isabel prepararia o caminho (a mãe do meu Senhor). Essa fé estava em Isabel porque ela estava cheia do Espírito Santo.

b. Feliz é aquela que creu que se cumprirá aquilo que o Senhor lhe disse: Isabel reconheceu que a fé de Maria desempenhou um papel ativo em receber a promessa. As promessas de Deus nunca devem nos tornar passivos; elas devem nos levar a aproveita-las pela fé. Isabel queria encorajar a fé de Maria, então ela declarou: “se cumprirá aquilo que o Senhor lhe disse”.

3. (46-56) O cântico de Maria em louvor ao Senhor.

Então disse Maria:

“Minha alma engrandece ao Senhor
E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador,
Pois atentou para a humildade da sua serva.
De agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
Pois o Poderoso fez grandes coisas em meu favor;
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia estende-se aos que o temem,
De geração em geração.
Ele realizou poderosos feitos com seu braço;
Dispersou os que são soberbos no mais íntimo do coração.
Derrubou governantes dos seus tronos,
Mas exaltou os humildes.
Encheu de coisas boas os famintos,
Mas despediu de mãos vazias os ricos.
Ajudou a seu servo Israel,
lembrando-se da sua misericórdia
Para com Abraão e seus descendentes para sempre,
Como dissera aos nossos antepassados”.

Maria ficou com Isabel cerca de três meses e depois voltou para casa.

a. Minha alma engrandece ao Senhor: Esse cântico (geralmente conhecido como Magnificat, depois da tradução do Latim das primeiras palavras) relembra a oração de Ana em 1 Samuel 2:1-10, mas também tem pelo menos outras 12 alusões ao Antigo Testamento. Isso significa que Maria era uma mulher que estudava e sabia sobre a Palavra de Deus. As Escrituras estavam em seu coração e vieram à tona através de seu cântico.

i. “Parece que por toda a estrutura desse cântico sagrado, a Virgem abençoada era bem versada na Escritura, do que ela aqui faz tanto uso em diversas passagens…Ela tinha consigo muita leitura que fez de seu peito a Bibliothecam Christi, a biblioteca de Cristo, como um Pai diz; e parece ter sido bem exercitada na boa palavra de Deus desde a infância”. (Trapp)

ii. Maria foi grandiosamente agraciada, altamente privilegiada. Ela fez exatamente o que pessoas tão abençoadas deveriam fazer: Maria engrandeceu ao Senhor. Isso remedia contra o orgulho e a auto-felicitação e é algo que todo crente abençoado deveria fazer.

b. Meu espírito se alegra em Deus, meu salvador: Isso significa que Maria precisava de um Salvador e ela sabia que ela precisava de um Salvador.

i. “Maria respondeu ao dogma Católico Romano da imaculada concepção, que significa que desde o momento de sua concepção Maria estava, pela graça de Deus, ‘livre de toda manja do Pecado Original’. Apenas pecadores precisam de um Salvador”. (Liefeld)

ii. “Maria era um membro da raça de pecadores…mas a honra conferida a ela era a mais alta, e nossos pensamentos sobre ela, nossa linguagem com relação a ela, não deveria faltar pelo menos a dignidade e o respeito manifestados na palavra de Gabriel. Dela eram a coroa e a glória de toda Maternidade e nós deveríamos sempre pensar e falar dela com reverência”. (Morgan)

c. O Poderoso fez grandes coisas em meu favor: Esse cântico celebra a bondade, fé e poder de Deus. O cântico de Maria mostra a futilidade da confiança no eu, da confiança no poder político ou da confiança na riqueza. A confiança de Maria estava em Deus e ela foi recompensada.

i. Comentário de Trapp sobre fez grandes coisas em meu favor: “Nada pequeno cai de uma mão tão grandiosa. Ele dá como a si mesmo”.

ii. Maria regozijou-se e glorificou-se em Deus apesar da criança ainda não ter nascido. “Irmãos, há alguns de vocês que não conseguem nem cantar sobre uma misericórdia quando ela é nascida, mas aqui está uma mulher que canta sobre uma misericórdia ainda não nascida”. (Spurgeon)

iii. “A Maria foi dada a bem-aventurança de ser a mãe do filho de Deus…Ainda assim aquela própria bem-aventurança era para ser uma espada que perfura seu coração. Significava que algum dia ela veria seu filho pendurado em uma cruz”. (Barclay)

E. O Nascimento de João Batista.

1. (57-66) O nascimento e nomeação de João Batista.

Ao se completar o tempo de Isabel dar à luz, ela teve um filho. Seus vizinhos e parentes ouviram falar da grande misericórdia que o Senhor lhe havia demonstrado e se alegraram com ela. No oitavo dia foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias; mas sua mãe tomou a palavra e disse: “Não! Ele será chamado João”. Disseram-lhe: “Você não tem nenhum parente com esse nome”. Então fizeram sinais ao pai do menino, para saber como queria que a criança se chamasse. Ele pediu uma tabuinha e, para admiração de todos, escreveu: “O nome dele é João”. Imediatamente sua boca se abriu, sua língua se soltou e ele começou a falar, louvando a Deus. Todos os vizinhos ficaram cheios de temor, e por toda a região montanhosa da Judéia se falava sobre essas coisas. Todos os que ouviam falar disso se perguntavam: “O que vai ser este menino?” Pois a mão do Senhor estava com ele.

a. Ela teve um filho: A promessa foi cumprida exatamente como Deus disse que seria. Deus sempre cumpre suas promessas.

b. Se alegraram com ela: Isso cumpre a promessa de Gabriel gravada em Lucas 1:14 (muitos se alegrarão por causa do nascimento dele).

i. William Barclay relata o costume da época: “Quando o tempo do nascimento estava perto, amigos e músicos locais juntaram-se perto da casa. Quando o nascimento foi anunciado e era um menino, os músicos começaram a cantar e havia congratulação e regozijo universal. Se fosse uma menina, os músicos iriam embora silenciosamente e arrependidos!”

c. Queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias: Ambos Zacarias e Isabel sabiam que o nome da criança tinha que ser João, de acordo com o comando do anjo (Lucas 1:13).

d. Fizeram sinais ao pai do menino: Eles trataram Zacarias como se fosse surdo, não mudo. Isso deve ter sido constantemente irritante para Zacarias.

e. O nome dele é João: Agora, Zacarias respondeu em uma fé completa. Não foi “eu acho que o nome dele deveria ser João”. Para Zacarias isso era o reconhecimento de um fato, não uma sugestão.

i. Mesmo que ele tenha falhado antes, Deus deu a Zacarias uma segunda chance na fé. Ele nos dá mesma chance hoje.

ii. “Esse foi o retorno do ponto da incredulidade e o exercício da vontade no caminho determinado”. (Morgan)

f. Imediatamente sua boca se abriu: Exatamente como Gabriel disse, Zacarias conseguia falar novamente. Ele começou a falar, louvando a Deus. Foi apropriado que as primeiras palavras de Zacarias fossem um louvor a Deus. Seu castigo por desobediência não o fez amargo. Ao contrário, o fez querer confiar em Deus ainda mais, em cada oportunidade.

2. (67-80) A Profecia de Zacarias.

Seu pai, Zacarias, foi cheio do Espírito Santo e profetizou:

“Louvado seja o Senhor, o Deus de Israel,
Porque visitou e redimiu o seu povo.
Ele promoveu poderosa salvação para nós,
Na linhagem do seu servo Davi,
(como falara pelos seus santos profetas, na antiguidade),
Salvando-nos dos nossos inimigos
E da mão de todos os que nos odeiam,
Para mostrar sua misericórdia aos nossos antepassados
E lembrar sua santa aliança,
O juramento que fez ao nosso pai Abraão:
Resgatar-nos da mão dos nossos inimigos
Para o servirmos sem medo,
Em santidade e justiça, diante dele todos os nossos dias.
E você, menino, será chamado profeta do Altíssimo,
Pois irá adiante do Senhor, para lhe preparar o caminho,
Para dar ao seu povo o conhecimento da salvação,
Mediante o perdão dos seus pecados,
Por causa das ternas misericórdias de nosso Deus,
Pelas quais do alto nos visitará o sol nascente,
Para brilhar sobre aqueles que estão vivendo nas trevas e na sombra da morte,
E guiar nossos pés no caminho da paz”.
E o menino crescia e se fortalecia em espírito;
E viveu no deserto, até aparecer publicamente a Israel.

a. Zacarias, foi cheio do Espírito Santos e profetizou: A voz profética do Senhor estava silenciosa por 400 anos. Agora, Deus falou através de Gabriel (Lucas 1:13, 1:28), através de Isabel (Lucas 1:41-42), através de Maria (Lucas 1:46-55), e agora através de Zacarias. Quando Deus falou novamente, tudo estava conectado ao tema de Jesus e a Sua obra.

i. Zacarias podia dizer verdadeiramente, “Louvado seja o Senhor, o Deus de Israel, porque visitou e redimiu seu povo”. Era como se Deus estivesse presente por Israel (visitou) de uma maneira não experimentada por muito tempo.

ii. O cântico de Zacarias foi chamado de Benedictus, pelas suas primeiras palavras vindas da tradução do Latim.

b. Promoveu poderosa salvação para nós, na linhagem do seu servo Davi: Nós sabemos que essa foi uma verdadeira profecia inspirada pelo Espírito porque o primeiro foco da profecia dele é o Jesus não nascido, não o novo filho de Zacarias.

·Jesus é poderosa salvação para nós (Lucas 1:69).

·Jesus é Aquele que nos salva de nossos inimigos (Lucas 1:71).

·Jesus é Aquele que vai mostrar sua misericórdia aos nossos antepassados (Lucas 1:72).

·Jesus é Aquele que vai lembrar sua santa aliança (Lucas 1:72).

·Jesus nos tornará aptos a O servirmos sem medo (Lucas 1:74).

i. “Era um cântico de salvação, e tem dentro dele uma verdade mais profunda do que o cantor provavelmente entenderia naquele momento”. (Morgan)

ii. Zacarias nem conhecia Jesus ainda, mas O louvava, ele O amava e era apaixonado por Jesus. Nós conhecemos tão mais sobre Jesus do que Zacarias, então o que pode explicar a frieza de nossos corações?

iii. Trapp falando sobre: falara por seus santos profetas: “Havia tantos profetas, e ainda sim, todos tinham uma só boca, tão doce é sua harmonia”.

c. E você, menino, será chamado profeta do Altíssimo: Após o foco inicial em Jesus, o Espírito Santo então levou Zacarias a falar de seu filho recém-nascido e seu lugar no grande plano de Deus.

·João era um profeta verdadeiro, profeta do Altíssimo (Lucas 1:76).

·João tinha um chamado único a ir diante do Senhor, para lhe preparar o caminho (Lucas 1:76).

·João ensinaria e daria o conhecimento da salvação ao povo de Deus (Lucas 1:77).

·João mostraria às pessoas o perdão dos seus pecados (Lucas 1:77).

·João iria brilhar sobre aqueles que estão vivendo nas trevas (Lucas 1:79).

·João iria guiar o povo de Deus no caminho da paz (Lucas 1:79).

d. E o menino crescia e se fortalecia em espírito: A promessa de Deus se realizou na vida de João. João estava no deserto, até aparecer publicamente porque lá é onde Deus treina muitos dos Seus profetas.

Informação Bibliográfica
Guzik, David. "Comentário sobre Luke 1". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/commentaries/por/tew/luke-1.html. 2024.
 
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