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Sunday, November 24th, 2024
the Week of Christ the King / Proper 29 / Ordinary 34
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Bible Commentaries
Comentário Bíblico Enduring Word Enduring Word
Declaração de Direitos Autorais
Esses arquivos devem ser considerados domínio público e são derivados de uma edição eletrônica disponível no site "Enduring Word".
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Informação Bibliográfica
Guzik, David. "Comentário sobre John 6". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/commentaries/por/tew/john-6.html. 2024.
Guzik, David. "Comentário sobre John 6". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/
New Testament (2)
versos 1-71
João 6 – O Pão do Céu
A. Preparação para o milagre.
1. (1-4) Uma multidão se junta em Jesus perto do Mar da Galiléia.
Algum tempo depois, Jesus partiu para a outra margem do mar da Galiléia (ou seja, do mar de Tiberíades), e grande multidão continuava a segui-lo, porque vira os sinais miraculosos que ele tinha realizado nos doentes. Então Jesus subiu ao monte e sentou-se com os seus discípulos. Estava próxima a festa judaica da Páscoa.
a. Algum tempo depois, Jesus partiu para a outra margem do mar da Galiléia: João agora registra alguns dos atos e palavras de Jesus na região da Galiléia, norte da Judeia. João registrou principalmente coisas que Jesus fez e disse na Judeia e em Jerusalém, mas às vezes incluiu material que os outros escritores do evangelho também escreveram, principalmente na região da Galiléia.
b. Grande multidão continuava a segui-lo: Este milagre também está registrado nos relatos de outros três Evangelhos. Lucas mencionou que nesta ocasião Jesus foi para um lugar deserto para ficar sozinho (Lucas 9:10), contudo as multidões seguiram-no para lá. Apesar desta imposição, Jesus ainda serviu à multidão com grande compaixão.
c. Vira os sinais miraculosos que ele tinha realizado nos doentes: Lucas 9:11 nos conta que Jesus também ensinou para esta multidão, algo que João não menciona especificamente.
i. Morris passa o sentido dos verbos gregos de João 6:2: “A multidão ‘continuou seguindo’ Jesus porque eles ‘viam continuamente’ os sinais que Ele ‘habitualmente fazia’ nos doentes”. (Morris)
d. Estava próxima a festa judaica da Páscoa: João é o único dos quatro escritores do Evangelho que nos contou que isso aconteceu perto da época da Páscoa. Talvez esta grande multidão era composta por peregrinos galileus em seu caminho para Jerusalém.
i. A Páscoa está associada ao Êxodo e ao sustento de Deus de Israel no deserto. Jesus logo sustentaria esta multidão em seu pequeno “deserto” com pão do céu – tanto literalmente quanto espiritualmente.
ii. Subiu ao monte: “O ‘solo elevado’ é o terreno íngreme elevado a leste do lago, bem conhecido hoje como Colinas de Golã. Dali você avista a planície plana a leste do rio e do lago”. (Bruce)
2. (5-7) Jesus faz uma pergunta a Filipe.
Levantando os olhos e vendo uma grande multidão que se aproximava, Jesus disse a Filipe: “Onde compraremos pão para esse povo comer?” Fez essa pergunta apenas para pô-lo à prova, pois já tinha em mente o que ia fazer. Filipe lhe respondeu: “Duzentos denários não comprariam pão suficiente para que cada um recebesse um pedaço!”
a. Onde compraremos pão para esse povo comer? Talvez Jesus fez esta pergunta a Filipe porque ele era de Betsaida (João 1:44) e ela ficava perto de onde este milagre aconteceu (Lucas 9:10).
i. “João não diz assim como Marcos (Marcos 6:34 f.), que a multidão estava escutando ao ensino de Jesus o dia todo, mas isso explica sua preocupação em alimentá-los”. (Bruce)
b. Fez essa pergunta apenas para pô-lo à prova, pois já tinha em mente o que ia fazer: Jesus sabia qual o milagre ele estava para realizar, mas queria usar a oportunidade para ensinar Seus discípulos. Para Jesus isso não era apenas uma questão de realizar um trabalho (alimentar a multidão), mas também de ensinar Seus discípulos ao longo do caminho.
i. Filipe já havia visto Jesus realizar muitos milagres; não deveria haver nenhuma dúvida nele sobre os recursos divinos que Jesus possuía.
c. Duzentos denários não comprariam pão suficiente: O problema deles tinha pelo menos duas partes. Primeiro, não tinham os recursos para comprar pão e alimentar a multidão. Segundo, mesmo que tivessem o dinheiro seria impossível comprar pão suficiente para alimentar a todos.
i. Com maior fé e conhecimento, Filipe poderia ter dito: “Mestre, eu não sei onde está a comida para alimentar esta multidão, mas Você é maior do que Moisés a quem Deus usou para alimentar uma multidão todos os dias no deserto, e Deus certamente pode fazer um trabalho menor por meio de um Servo Maior. Você é maior do que Eliseu, a quem Deus usou para alimentar muitos filhos dos profetas com pouca comida. Ainda mais, as Escrituras dizem que o homem não vive só de pão, e Você é grande o suficiente para encher esta multidão com as palavras de sua boca”.
d. Duzentos denários não comprariam pão suficiente para…cada um: O conhecimento da situação de Filipe era preciso e impressionante (Duzentos denários é mais do que o salário de seis meses), mas seu conhecimento foi inútil para conseguir resolver o problema.
i. Filipe pensou em termos de dinheiro; e quanto dinheiro levaria para realizar a obra de Deus de uma maneira pequena (para que cada um recebesse um pedaço). Nós frequentemente limitamos Deus do mesmo jeito, procurando como a obra de Deus pode ser realizada da menor maneira. Jesus queria usar uma abordagem completamente diferente e prover de uma maneira grande.
ii. “Ele era um homem de números; ele acreditava no que poderia ser colocado em tabelas e estatísticas. Sim; e como um grande homem outras pessoas de sua espécie, ele deixou de fora do seu cálculo um pequeno elemento, e esse foi Jesus Cristo, e, assim sua resposta foi rastejando pelos níveis mais baixos”. (Maclaren)
iii. “Filipe era aparentemente uma pessoa prática (João 14:8), um calculista rápido e bom homem de negócios, e, portanto, mais propenso a confiar em seus próprios cálculos astutos do que em recursos invisíveis”. (Dods)
3. (8-9) A ajuda de André.
Outro discípulo, André, irmão de Simão Pedro, tomou a palavra: “Aqui está um rapaz com cinco pães de cevada e dois peixinhos, mas o que é isto para tanta gente?”
a. André, irmão de Simão Pedro, tomou a palavra: “Aqui está um rapaz”: André mais uma vez introduziu alguém a Jesus. Primeiro foi seu irmãoPedro (João 1:40-42). Agora foi um rapaz com alguns pães de cevada e dois peixinhos.
i. “A palavra para ‘rapaz’ é um duplo diminutivo, provavelmente significando ‘pequeno menino”. (Morris)
b. Cinco pães de cevada: Cevada sempre foi considerada como comida simples, mais frequentemente adequada para animais do que para pessoas. Isso significa que é provável que o jovem menino veio de uma família pobre.
i. No Talmude, há uma passagem onde um homem diz: “Há uma ótima plantação de cevada” e outro homem respondeu: “Conte para os cavalos e burros”.
ii. “A cevada mal tinha 1/3 do valor de trigo no Oriente: veja Apocalipse 6:6. Que era uma tarifa muito má aparece de Ezequiel 13:19, onde os falsos profetas são ditos poluir o nome de Deus por punhados de cevada, ou seja, pela menor recompensa”. (Clarke)
iii. Dois peixinhos: “Enquanto os outros Evangelistas usam a palavra comum para peixe (ichthys), João os chama de osparia, indicando que eles eram dois peixes (talvez salgados) pequenos para serem comidos como um aperitivo com os bolos de cevada”. (Bruce)
c. Mas o que é isto para tanta gente? Não havia muito com o que se trabalhar, mas Deus não precisa de muito. Na verdade, Deus não precisa de nenhuma ajuda – mas Ele muitas vezes restringe de propósito Sua obra até que tenha a nossa participação.
i. “Coisas pequenas nem sempre são desprezíveis. Tudo depende das mãos de quem elas estão”. (Taylor)
B. Os cinco mil são alimentados.
1. (10) Jesus comanda o grupo a se sentar.
Disse Jesus: “Mandem o povo assentar-se”. Havia muita grama naquele lugar, e todos se assentaram. Eram cerca de cinco mil homens.
a. Mandem o povo assentar-se: Jesus não estava em pânico ou com pressa. Ele tinha um grande trabalho de servir comida a realizar, mas fez o Seu trabalho de maneira ordenada, fazendo-os assentar-se em cima da grama.
i. Alguém poderia dizer que Jesus aqui cumpriu o papel do amável Pastor no Salmo 23:1-2. Em verdes pastagens me faz repousar. Esse Salmo também dava a figura do Senhor como um anfitrião servindo uma refeição ao Seu servo como um convidado: preparas um banquete para mim… ungindo a minha cabeça com óleo e fazendo transbordar o meu cálice… voltarei à casa do Senhor enquanto eu viver (Salmo 23:5-6).
b. Todos se assentaram. Eram cerca de cinco mil homens: Jesus administrou tudo de maneira ordenada. Contudo, eles deveriam acatar à ordem de Jesus para receber a provisão miraculosa de Jesus. Aqueles que acataram à ordem de Jesus logo estariam totalmente satisfeitos.
i. “Nosso abençoado Mestre possui lazer glorioso, porque ele é sempre pontual. Pessoas atrasadas ficam com pressa; mas ele, nunca estando atrasado, nunca se apressa”. (Spurgeon)
2. (11) Os cinco mil são alimentados.
E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, e os discípulos, pelos que estavam assentados; e igualmente também os peixes, quanto eles queriam.
a. Havendo dado graças: Jesus possuía apenas alguns pedaços de pão e alguns peixes, porém Ele estava determinado a dar graças ao Seu Pai pelo que tinha.
i. “Por cinco bolos pequenos e dois peixinhos Cristo deu graças ao Pai; aparentemente, uma causa fraca para louvor, no entanto Jesus sabia o que conseguiria fazer com eles e, portanto, deu graças pelo que ele realizaria naquele momento. ‘Deus nos ama’, diz Agostino, ‘pelo que estamos nos tornando’. Cristo deu graças por essas ninharias porque Ele viu no que elas cresceriam”. (Spurgeon)
b. Jesus tomou os pães…repartiu-os pelos discípulos: O milagre residiu nas mãos de Jesus, não na distribuição. pouco é muito em Suas mãos.
i. “Um momento atrás, eles pertenciam a esse rapaz, porém agora eles pertenciam a Cristo. ‘Jesus pegou os pães’. Ele tomou posse deles; eles são sua propriedade”. (Spurgeon)
ii. “A multiplicação da comida não foi obviamente feita com grande alarde”. (Tenney) Isso é tão verdadeiro que não nos contam especificamente onde a multiplicação aconteceu. Parece ter acontecido enquanto Jesus partia o pão e o peixe e repartiu-os pelos discípulos. “Não foram os pães inteiros ou os peixes inteiros que foram multiplicados, mas suas porções repartidas”. (Trench)
·A maioria das pessoas comeu e ficou satisfeita, mas não faziam ideia de que um milagre estava acontecendo.
·Os discípulos não realizaram o milagre; eles simplesmente distribuíram a obra milagrosa de Jesus.
iii. Pão vem do grão, que tem o poder da multiplicação e reprodução dentro dele mesmo. Mas quando é transformado em pão, o grão é esmagado, tornando-o “morto” – ninguém nunca multiplicou o trigo plantando farinha. Ainda assim Jesus pode trazer vida da morte; Ele multiplicou os pedaços de pão feitos do grão morto e esmagado e do peixe morto.
iv. “Esses cinco pedaços de pão (por um tipo estranho de aritmética) foram multiplicados pela divisão e aumentados pela subtração”. (Trapp)
c. Repartiu-os pelos discípulos: Jesus contou com o trabalho dos discípulos neste grande milagre. Ele poderia ter criado pão e peixe no bolso ou sacola de cada pessoa, mas Ele não fez isso. Jesus escolheu deliberadamente um método que fez os discípulos participarem da obra.
i. Jesus recusou a fazer milagrosamente pão e alimentar a Si mesmo nas tentações do deserto; mas Ele fez por outros e com outros o que ele não faria por Si mesmo.
d. Quanto eles queriam: A provisão de Deus foi extravagante, tanto quanto qualquer um deles quis. todos comeram até que todos estivessem completamente satisfeitos.
i. “Pelo significado desta história devemos ter em mente que a imagem de comer e beber é amplamente usada no Antigo Testamento. É uma imagem de prosperidade… e é frequentemente usada das bençãos que o povo de Deus desfrutaria na Terra Prometida”. (Morris)
ii. Quanto eles queriam também incluiu o pequeno menino que deu os cinco pedaços de pão e os dois peixes. O menino em si acabou com mais do que ele começou. Certamente era um almoço adequado para si; mas ele o deu a Jesus e Ele o transformou em um banquete à vontade para o menino também.
3. (12-13) Juntando os pedaços do banquete.
Depois que todos receberam o suficiente para comer, disse aos seus discípulos: “Ajuntem os pedaços que sobraram. Que nada seja desperdiçado”. Então eles os ajuntaram e encheram doze cestos com os pedaços dos cinco pães de cevada deixados por aqueles que tinham comido.
a. Depois que todos receberam o suficiente para comer: Jesus foi generoso, dando a cada um tanto quanto eles quiseram. Este foi um milagre extraordinário e alguns pensam que os discípulos deveriam (ou poderiam) ter antecipado que Jesus faria algo como isso.
i. Passagens do Antigo Testamento alertam contra duvidar da provisão de Deus: Duvidaram de Deus, dizendo: “poderá Deus preparar uma mesa no deserto?” (Salmo 78:19). 2 Reis 4:34-38 é um exemplo de Deus multiplicando pedaços de pão, embora este milagre de Jesus foi em uma escala muito maior.
ii. Embora os discípulos não entenderam ou anteciparam o milagre, Jesus os convidou a participar dele. Eles distribuíram o pão e o peixe milagrosamente multiplicados. Sem o trabalho deles ninguém teria sido alimentado.
iii. Jesus demonstrou a eles o caráter doador de Deus – o mesmo caráter que Deus deseja construir dentro de nós. Provérbios 11:24 diz: Há quem dê generosamente, e vê aumentar suas riquezas; outros retêm o que deveriam dar, e caem na pobreza. Este pão foi multiplicado à medida que foi “espalhado”.
b. Ajuntem os pedaços que sobraram. Que nada seja desperdiçado: Jesus foi generoso, mas nunca desperdiçou. Jesus queria fazer bom uso de tudo.
i. “Os pedaços não são as partes ou migalhas meio-comidas que poderiam muito bem ser deixadas para pássaros ou animais, mas as porções quebradas que Ele havia entregado para distribuição”. (Trench)
ii. “O termo usado para ‘cestos’ (kophinos) geralmente denota uma cesta grande, como poderia ser usada para peixe ou objetos volumosos”. (Tenney)
C. A reação ao milagre.
1. (14) Jesus como o Profeta predito por Moisés.
Depois de ver o sinal miraculoso que Jesus tinha realizado, o povo começou a dizer: “Sem dúvida este é o Profeta que devia vir ao mundo”.
a. Depois de ver o sinal miraculoso que Jesus tinha realizado: A maneira com que Jesus proveu pão para a multidão ao ar livre (algo como o deserto) lembrou o povo de como Deus trabalhou por meio de Moisés para alimentar Israel com o maná do deserto.
b. Sem dúvida este é o Profeta: Moisés predisse a vinda do Profeta que eles esperavam: O Senhor, o seu Deus, levantará do meio de seus próprios irmãos um profeta como eu; ouçam-no. ( Deuteronômio 18:15) Se o futuro Profeta seria como Moisés, fazia sentido que ele também alimentaria o povo miraculosamente como Moisés.
i. Esta multidão estava disposta apoiar Jesus contanto que Ele desse a eles o que queriam – pão. É fácil criticar como a multidão amou Jesus pelo pão que Ele lhes deu, mas nós muitas vezes somente amamos Jesus pelo que Ele nos dá. Devemos também amá-Lo e obedecê-Lo simplesmente por quem Ele é – Senhor e Deus.
ii. “Um rabino de uma data posterior é creditado com a observação de que ‘como o primeiro redentor fez o maná descer, … o último redentor também fará o maná descer’, e a ideia geral parece ter sido atual no primeiro século”. (Bruce)
2. (15) As pessoas tentam fazer de Jesus seu rei terreno.
Sabendo Jesus que pretendiam proclamá-lo rei à força, retirou-se novamente sozinho para o monte.
a. Pretendiam proclamá-lo rei à força: Rei era um título político. A multidão estava disposta a apoiar Jesus porque eles queriam usá-Lo para expulsar a opressão romana ou diretamente em Judeia ou indiretamente por meio de Herodes Antipas em Galiléia.
i. “De repente havia esse incomum homem Jesus. Ele tinha poder miraculoso. Então eles devem ter dito algo como isso para si mesmos: ‘Não seria maravilhoso se pudéssemos trazê-Lo para nosso lado e fazê-Lo nos ajudar a expulsar os romanos?” (Boice)
ii. “Se os galileus não viviam diretamente sob o controle romano, como seus irmãos na Judéia, seu governante Herodes Antipas era uma criatura de Roma, e eles não experimentavam sentimento de orgulho patriótico ao contemplarem a dinastia de Herodes”. (Bruce)
b. Retirou-se novamente sozinho para o monte: Jesus não ficou impressionado ou seduzido pela multidão que queria fazer Dele rei. Ele deu suas costas para a multidão e foi orar porque Jesus estava mais interessado em estar com o Seu Pai no céu do que em ouvir aplausos da multidão.
i. “Mas para Jesus a prospecção de um reino terreno não era nada mais do que uma tentação do mal, e ele decididamente a rejeitava”. (Morris)
ii. “Ele viu que as multidões estavam em grande excitação e pretendiam vir e carregá-Lo violentamente e declará-Lo seu rei e Messias em oposição ao poder civil; talvez Ele já via os Seus discípulos começarem a ser pegos por esse entusiasmo selvagem”. (Trench)
iii. “Ele que já é Rei veio para abrir o Seu reino para os homens; mas em sua cegueira os homens tentam forçá-Lo a ser o tipo de rei que eles querem; assim eles não conseguem o rei que querem, e também perdem o Reino que Ele oferece”. (Morris)
D. Jesus anda sobre as águas.
1. (16-17) Os discípulos saem para o Mar da Galiléia.
Ao anoitecer seus discípulos desceram para o mar, entraram num barco e começaram a travessia para Cafarnaum. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha ido até onde eles estavam.
a. Seus discípulos desceram para o mar, entraram num barco: Mateus e Marcos nos contam que Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barco (Marcos 6:45). Eles partiram cruzando o Mar da Galiléia porque Jesus os mandou fazer isso.
i. “De acordo com o Marcos 6:45, Jesus ‘compeliu’ (anankazo) seus discípulos a embarcar e voltar atravessando o lago; talvez ele viu que eles estavam sendo infectados com a agitação da multidão”. (Bruce)
b. Já estava escuro: Vários dos discípulos eram pescadores, todos acostumados a pescar neste mesmo lago. Quando eles entraram no barco, o pensamento de remar para o outro lado do lago à noite não os preocupou.
c. Jesus ainda não tinha ido até onde eles estavam: Essa foi na verdade a segunda vez que Jesus lidou com seus discípulos em um Mar da Galiléia tempestuoso. Na primeira tempestade (Mateus 8:24), Jesus estava presente com eles no barco e repreendeu e acalmou a tempestade. Nesta tempestade Jesus pediu aos seus discípulos que confiassem em Seu cuidado e preocupação não vistos por eles.
2. (18) O vento atrapalha seus esforços de cruzar o Mar.
Soprava um vento forte, e as águas estavam agitadas.
a. As águas estavam agitadas: Só o vento já era ruim o suficiente, mas o vento também agitava as águas deixando os mares turbulentos.
b. Soprava um vento forte: O Mar da Galiléia era e é bem conhecido por suas tempestades repentinas e violentas que rapidamente tornam o lago perigoso.
i. “O Mar da Galiléia fica a 600 pés (182m) abaixo do nível do mar, em uma depressão em forma de taça entre as colinas. Quando o Sol se põe o ar esfria; e à medida que o ar mais frio do oeste desce pela encosta, o vento resultante agita o lago. Já que os discípulos estavam remando em direção a Cafarnaum, eles estavam indo contra o vento; consequentemente, fizeram pouco progresso”. (Tenney)
3. (19) Jesus vem aos Seus discípulos andando sobre a água.
Depois de terem remado cerca de cinco ou seis quilômetros, viram Jesus aproximando-se do barco, andando sobre o mar, e ficaram aterrorizados.
a. Depois de terem remado cerca de cinco ou seis quilômetros: Na primeira tempestade no Mar da Galiléia os discípulos ficaram amedrontados (Mateus 8:25-26). No começo da segunda tempestade eles estavam mais frustrados do que com medo. Jesus disse a eles para remar para o outro lado do lago e apesar de seu trabalho duro, eles pareciam fazer pouco progresso.
i. Mateus 14:25 diz que isso aconteceu na alta madrugada, alguma hora entre três e seis da manhã. Então, eles remaram forte por talvez seis a oito horas, e avançaram só um pouco mais da metade do caminho através do lago (cinco ou seis quilômetros).
ii. Eles estavam neste lugar de frustração pela vontade de Jesus, fazendo exatamente o que Ele lhes disse para fazer. Além disso, Marcos 6:48 diz que Jesus assistia aos discípulos enquanto eles remavam para o outro lado do lago. Seu olhar estava neles o tempo todo. Eles estavam dentro da vontade de Jesus e vigiados por Jesus, contudo trabalhando duro frustrados o tempo todo.
iii. “No alto da colina Jesus havia orado e entrado em comunhão com Deus; quando ele partiu a lua prateada fazia a cena quase como a luz do dia; e abaixo no lago ele conseguia ver o barco com os remadores trabalhando nos remos… Ele não havia esquecido. Ele não estava ocupado demais com Deus para pensar neles”. (Barclay)
iv. “Ele está na montanha enquanto nós estamos no mar. A eternidade estável dos céus O mantém; nós somos lançados na incansável mutabilidade do tempo, sobre o qual trabalhamos ao Seu comando”. (Maclaren)
b. Viram Jesus… Andando sobre o mar, e ficaram aterrorizados: Marcos 6:49-50 diz que os discípulos estavam com medo porque eles pensavam que Jesus andando na água fosse um fantasma ou um espírito.
i. Marcos “adiciona o detalhe notável que Jesus ‘quis passar por eles’, ou seja, ultrapassando, como se Ele desejasse que a mera visão de Si mesmo provasse ser apoio e segurança suficientes para eles.
ii. Os discípulos não estavam prontos para nenhum tipo de ajuda sobrenatural. Eles sabiam o que Jesus os comandou a fazer e partiram para fazê-lo – mas sem nenhuma ajuda direta de Jesus. Então, eles estavam surpresos e com medo de ver uma ajuda sobrenatural vindo a eles.
iii. Jesus também lhes deu razões e lembretes para confiar em Sua ajuda sobrenatural. Sem dúvida eles trouxeram consigo pelo menos algumas das doze cestas com sobras de pão (João 6:13), contudo, ainda ficaram chocados quando à ajuda sobrenatural veio a eles no mar.
4. (20) As palavras calmantes de Jesus.
Mas ele lhes disse: “Sou eu! Não tenham medo!”
a. Sou eu: Para Jesus era suficiente anunciar Sua presença. Ele estava com Seus discípulos e os encontraria em sua frustração e medo.
i. “Há lugares neste Evangelho onde as palavras ego eimi tem a natureza de uma designação divina (como veremos em 8:24, 28), porém elas simplesmente significam “Sou eu”. (Bruce)
b. Não tenham medo: Jesus veio para trazer ajuda sobrenatural e conforto aos seus discípulos. Sua presença deu a eles o que precisavam, embora Ele veio de uma maneira inesperada.
i. Nós sabemos de Mateus 14:28-32 que depois disso Pedro perguntou a Jesus se podia sair e andar na água e Pedro de fato andou na água – por pouco tempo.
5. (21) Jesus os traz até seu destino.
Então resolveram recebê-lo no barco, e logo chegaram à praia para a qual se dirigiam.
a. Então resolveram recebê-lo no barco: A implicação foi que Jesus não viria a menos que resolvessem recebê-lo. Até mesmo andando no mar da Galiléia, Jesus esperou ser bem-vindo por Seus discípulos.
b. E logo chegaram à praia para a qual se dirigiam: Quando eles resolveram recebê-lo no barco, o milagroso aconteceu. Este foi um milagre extraordinário. O trabalho que foi tão frustrante alguns momentos anteriores de repente foi divinamente realizado.
i. “Por este detalhe dado por João é inferido que o barco pareceu se mover automaticamente, sem vela ou remo, em obediência a Sua vontade: para que sem esforço dos discípulos ou da tripulação rapidamente cruzasse a distância remanescente (mais ou menos três quilômetros) e chegasse à praia”. (Trench)
ii. Pode-se dizer que Jesus resgatou Seus discípulos da frustração e futilidade. Jesus quer que nós trabalhemos duro; mas Ele nunca quer que trabalhemos em futilidade. O trabalho deles não havia sido um desperdício, mas esperava por um toque do poder e presença divinos.
c. E logo chegaram à praia para a qual se dirigiam: Um milagre tão extraordinário foi útil para os discípulos, especialmente porque Jesus havia acabado de recusar uma oferta para ser reconhecido como um Rei Messias. Isso os garantiu que Ele era cheio de poder divino embora não reivindicasse um trono de acordo com a expectativa e a opinião popular.
i. “O quão longe eles estavam do local em que desembarcaram quando nosso Senhor veio a eles, não sabemos. Porém o Evangelista parece falar de sua súbita chegada lá como extraordinária e milagrosa”. (Clarke)
ii. “Um santo moribundo tão cedo leva a morte em seu seio, mas é imediatamente desembarcado no cais de Canaã, no reino dos céus”. (Trapp)
E. Jesus, o pão da vida.
1. (22-24) A multidão segue Jesus e Seus discípulos para Cafarnaum.
No dia seguinte, a multidão que tinha ficado no outro lado do mar percebeu que apenas um barco estivera ali, e que Jesus não havia entrado nele com os seus discípulos, mas que eles tinham partido sozinhos. Então alguns barcos de Tiberíades aproximaram-se do lugar onde o povo tinha comido o pão após o Senhor ter dado graças. Quando a multidão percebeu que nem Jesus nem os discípulos estavam ali, entrou nos barcos e foi para Cafarnaum em busca de Jesus.
a. No dia seguinte: O dia seguinte da alimentação miraculosa dos 5,000 e a travessia noturna do Mar da Galiléia, muitos da multidão que foi alimentada por Jesus e pelos discípulos indagaram para onde eles foram. Eles viram os discípulos (sem Jesus) ir embora em um barco, e agora eles observaram que nem Jesus…estava ali com eles.
i. Alguns barcos de Tiberíades: “O fato introduzido entre parênteses, versículo 23, de que os barcos de Tiberíades haviam atracado na costa leste, é uma confirmação incidental da verdade de que um vendaval havia soprado na noite anterior.” (Dods)
b. Entrou nos barcos e foi para cafarnaum em busca de Jesus: Estas pessoas eram da mesma multidão que Jesus alimentou e da mesma multidão que queria forçar Jesus a ser reconhecido como um rei terreno (João 6:14-15).
i. “A multidão, então, se certificou de que Jesus não estava em nenhum lugar nas proximidades, e de que não havia nenhum sinal dos discípulos retornando para buscá-lo, então eles cruzaram para o lado oeste parar procurar por ele”. (Bruce)
ii. “Isto é, tantos deles quanto poderiam ser acomodados com barcos levou-os e então chegaram em Cafarnaum; mas muitos outros sem dúvida foram para lá a pé, pois não é nem um pouco provável que cinco ou seis mil pessoas poderiam conseguir barcos agora para transportá-los”. (Clarke)
2. (25-27) Jesus responde a sua primeira pergunta: Mestre, quando chegaste aqui?
Quando o encontraram do outro lado do mar, perguntaram-lhe: “Mestre, quando chegaste aqui?” Jesus respondeu: “A verdade é que vocês estão me procurando, não porque viram os sinais miraculosos, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos. Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem lhes dará. Deus, o Pai, nele colocou o seu selo de aprovação”.
a. Quando chegaste aqui? Jesus não respondeu essa pergunta. A resposta teria sido: “Eu andei sobre o mar da Galiléia no período da noite para ajudar Meus discípulos, e então eu transportei milagrosamente nosso barco através da distância que faltava do Mar. Isso foi quando e como eu cheguei aqui”.
i. Mais tarde neste capítulo, João nos conta que isso aconteceu na sinagoga em Cafarnaum em uma missa de Sábado (João 6:59). Também, de acordo com Mateus 15, os líderes religiosos de Jerusalém vieram para Cafarnaum para questionar Jesus. Eles também faziam parte dessa multidão.
b. A verdade é que vocês estão me procurando, não porque viram os sinais miraculosos, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos: Em vez de contar a eles quando e por que Ele veio, Jesus lhes contou por que eles vieram – porque eles queriam mais comida milagrosa providenciada por Jesus.
i. Muitas vezes conseguimos aprender mais ao compreender a razão pela qual nós fazemos uma pergunta a Deus do que pela resposta para a pergunta em si. Esse era o caso com aqueles que seguiam Jesus ao redor da Galiléia e faziam a pergunta.
ii. Eles queriam o pão, porém mais do que apenas o pão; eles também queriam uma demonstração do miraculoso em um rei milagroso para liderá-los contra seus opressores romanos.
iii. “Eles não estavam muito afetados pela sabedoria de Suas palavras e pela beleza de Seus feitos, mas o milagre que produziu a comida saciava precisamente seus desejos, e então houve um entusiasmo agitado, mas impuro, muito indesejável para Jesus”. (Maclaren)
c. Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna: Aqueles fazendo essa pergunta para Jesus tiveram muito trabalho para segui-Lo e encontrá-Lo. Contudo, seu trabalho foi pela comida que se estraga – coisas que enchem um estômago, governam reinos terrenos. Jesus quer que eles trabalhem pela comida que permanece para a vida eterna.
i. Jesus fez um contraste entre coisas materiais e coisas espirituais. É quase universalmente verdadeiro que as pessoas ficam mais atraídas por coisas materiais do que por coisas espirituais. Uma placa que diz dinheiro e comida grátis atrairá uma multidão maior do que uma que diz realização espiritual e vida eterna.
ii. “Ele atingiu na raiz das aspirações materialistas desses galileus de mente carnal”. (Tasker)
d. A qual o Filho do homem lhes dará: Eles estavam corretamente impressionados pelo milagre do pão realizado por Jesus; porém Ele queria que eles ficassem mais impressionados pela comida espiritual que Ele traz por meio de um milagre.
i. Filho do homem: “Ele evita usar o termo ‘Messias’ ou qualquer outro que poderia ter apelado para as aspirações militantes de seus ouvintes. A designação ‘o Filho do Homem’ se adequou bem o suficiente ao propósito dele; não era moeda atual em seu vocabulário religioso ou político e podia, portanto, carregar qualquer significado que ele escolhesse colocar nela”. (Bruce)
e. Deus, o Pai, nele colocou o seu selo de aprovação: Um selo era uma marca de propriedade e uma garantia dos conteúdos. Eles deveriam ter confiança em Jesus porque Deus Pai O “garantiu”.
i. “Se o tempo aoristo do termo ‘selou’ (em grego esphragisen) sugere que nós identificamos a colocação do selo com um evento particular, deveríamos provavelmente pensar sobre o batismo de nosso Senhor (cf. João 1:32-34)”. (Bruce)
ii. “Selou, por testemunho indubitável, como em Seu batismo; e desde então, por Seus milagres”. (Alford)
iii. “Assim como uma pessoa que deseja comunicar sua opinião a outro que está à distância escreve uma carta, sela-a com seu próprio selo, e a envia dirigida à pessoa para quem foi escrita, assim Cristo, que está no seio do Pai, veio para interpretar a intenção Divina para o homem, trazendo a imagem, inscrição e selo de Deus, na santidade imaculada de sua natureza, na verdade imaculada de sua doutrina e na evidência surpreendente de seus milagres”. (Clarke)
3. (28-29) Jesus responde a sua segunda pergunta: O que precisamos fazer para realizar as obras que Deus requer?
Então lhe perguntaram: “O que precisamos fazer para realizar as obras que Deus requer?” Jesus respondeu: “A obra de Deus é esta: crer naquele que ele enviou”.
a. O que precisamos fazer para realizar as obras que Deus requer? Jesus lhes disse não trabalhem pela comida que se estraga (João 6:27). Em resposta eles usaram a mesma palavra que Jesus usou e perguntaram: “como podemos trabalhar por isso?”
i. O sentido por trás da pergunta deles parecia ser: “Apenas conte-nos o que fazer para que possamos conseguir o que queremos de Você. Nós queremos o Seu pão milagroso e que Você seja nosso Rei Milagroso; diga-nos o que fazer para conseguirmos isso”.
ii. Aqueles que questionaram Jesus pareciam certos de que se Jesus apenas lhes dissesse o que fazer, eles poderiam agradar a Deus por suas obras de Deus. Para estas pessoas, assim como para muitas pessoas hoje em dia, agradar a Deus encontra-se na fórmula certa de realizar obras que agradarão a Deus.
b. A obra de Deus é esta: crer naquele que ele enviou: Jesus em primeiro lugar comandou-os (e a nós) a não fazer, mas a confiar. Se quisermos fazer a obra de Deus, ela começa confiando em Jesus.
i. Pais não querem apenas obediência de seus filhos; um relacionamento de confiança e amor é ainda mais importante para pais. A esperança é que a obediência cresça com esse relacionamento de confiança e amor. Deus quer o mesmo padrão em nosso relacionamento com Ele.
ii. A primeira obra é crer naquele que ele enviou, contudo Deus também está preocupado com nossa obediência. Nesse sentido nossa fé Nele não é um substituto por obras; nossa fé é o fundamento para as obras que realmente agradam a Deus.
iii. Maclaren sobre o contraste entre obrase obra: “Eles pensaram em uma grande variedade de observâncias e feitos. Ele junta todas elas em uma só”.
iv. “O padre diz: ‘ritos e cerimônias’. O pensador diz: ‘cultura, educação’. O moralista diz: ‘faça isso, aquilo e a outra coisa’ e enumera toda uma série de atos separados. Jesus Cristo diz: ‘uma coisa é necessária… Essa é a obra de Deus’”. (Maclaren)
v. “Este é o ditado mais importante de nosso Senhor, pois contém o germe daquele ensinamento posterior tão amplamente expandido nos escritos de São Paulo”. (Alford)
4. (30-33) Jesus responde a sua terceira pergunta: Que sinal miraculoso mostrarás para que o vejamos e creiamos em ti? Que farás?
Então lhe perguntaram: “Que sinal miraculoso mostrarás para que o vejamos e creiamos em ti? Que farás? Os nossos antepassados comeram o maná no deserto; como está escrito: ‘Ele lhes deu a comer pão dos céus’”. Declarou-lhes Jesus: “Digo-lhes a verdade: Não foi Moisés quem lhes deu pão do céu, mas é meu Pai quem lhes dá o verdadeiro pão do céu. Pois o pão de Deus é aquele que desceu do céu e dá vida ao mundo”.
a. Que sinal miraculoso mostrarás: A multidão que ouviu Jesus na sinagoga em Cafarnaum seguiu-O desde a alimentação dos 5,000. Contudo, também havia dentre eles líderes religiosos de Jerusalém (Mateus 15:1, João 6:41). Estes escutaram a conversa animada da alimentação miraculosa, mas queriam vê-la novamente. Assim também, aqueles que comeram queriam comer de novo!
i. “Eles novamente ficaram sob a influência dos escribas de Jerusalém que subiram (Mateus 15:1, Marcos 7:1) a Cafarnaum para contrariá-Lo e expulsá-Lo”. (Trench)
b. Os nossos antepassados comeram o maná no deserto: Os questionadores de Jesus tinham esperança de manipulá-Lo a prover diariamente pão para eles, assim como Israel fez com Deus durante o Êxodo. Eles até sabiam como citar a Escritura na tentativa (“Ele lhes deu a comer pão dos céus”, Salmo 105:40).
c. É meu Pai quem lhes dá o verdadeiro pão do céu: Podemos parafrasear a resposta de Jesus assim: “Que outra obra Eu farei? Esta é a obra: dar a vocês a palavra de Deus e vida eterna em Mim e através de Mim. Este é o pão espiritual que você deve comer para ter vida”.
i. “Nosso Senhor não nega aqui, mas afirma o caráter milagroso do maná”. (Alford)
d. Pois o pão de Deus é aquele que desceu do céu: Jesus tentou elevar a mente deles acima das coisas terrenas e para as realidades celestiais; para uma compreensão que Ele é necessário para a vida espiritual assim como o pão é necessário para a sobrevivência física.
i. “O pão de Deus era ele que desceu do céu e deu aos homens não simplesmente a satisfação da fome física, mas da vida. Jesus estava afirmando que a única satisfação real estava nele”. (Barclay)
5. (34-40) Jesus responde a sua quarta pergunta: Senhor, dá-nos sempre deste pão!
Disseram eles: “Senhor, dá-nos sempre desse pão!” Então Jesus declarou: “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede. Mas, como eu lhes disse, vocês me viram, mas ainda não crêem. Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei. Pois desci dos céus, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Porque a vontade de meu Pai é que todo aquele que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”.
a. Dá-nos sempre deste pão: Imaginamos se aqueles que viajaram atravessando o Mar da Galiléia para encontrar e conhecer Jesus estavam com fome quando tiveram essa conversa com Jesus. Eles queriam o pão material que Jesus proveu milagrosamente, e o queriam sempre.
i. Quando estamos com fome sentimos como se a comida fosse resolver todos os nossos problemas. É da mesma forma com quase todas as outras dificuldades práticas em que nos encontramos. Assim como Jesus tentou elevar a compreensão deles acima de suas necessidades materiais e físicas, nós também precisamos ter nossas mentes elevadas.
ii. “O que queriam, ele não daria; o que ele ofereceu, eles não receberiam”. (Bruce)
iii. Senhor, dá-nos sempre deste pão: “Kurie deveria provavelmente ser traduzida para Sir neste versículo ao invés de Senhor, como está claro pelo versículo 36 que estes galileus não creram em Jesus”. (Tasker)
b. Eu sou o pão da vida: Na resposta de Jesus, Ele esperava elevar os olhos deles do pão material e dos reinos terrenos para as realidades espirituais. Eles precisavam colocar sua confiança em Jesus em vez de no pão material.
i. “Este é o primeiro dos distintos ditados ‘Eu sou’ deste Evangelho (onde Jesus usa ego eimi com um predicado)”. (Bruce)
c. Aquele que vem a mim nunca terá fome: Jesus explicou que aquele que vem a Ele – ou seja, O recebe, crê Nele – terá a sua fome espiritual saciada em Jesus.
i. “A vinda que quiseram dizer aqui que é realizada pelo desejo, oração, consentimento, consenso, confiança, obediência”. (Spurgeon)
ii. “Este versículo não deveria ser considerado como uma afirmação abstrata. Ele constitui um apelo. Como Jesus é o pão da vida, os homens estão convidados a vir até Ele e crer Nele”. (Morris)
iii. “A fé em Cristo é simples e verdadeiramente descrita como vindo a Ele. Não é um feito acrobático; é simplesmente uma vinda a Cristo. Não é um exercício de profundas faculdades mentais; é vir a Cristo. Uma criança vem a sua mãe, um homem cego vem para a sua casa, até um animal vem para seu mestre. Vir, de fato, é uma ação simples; parece haver apenas duas coisas sobre isso, uma é, sair de alguma coisa, e a outra é, vir para alguma coisa”. (Spurgeon)
d. Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei: Jesus deixou claro que vir a Jesus começa com a obra do Pai, e Ele receberá todos os que vierem a Ele.
i. Todo aquele que o Pai me der: “‘Todo’ é neutro, que faz isso muito geral, ‘tudo’, embora queira dizer certamente pessoas”. (Morris)
ii. Eu jamais rejeitarei: “Nosso abençoado Senhor alude ao caso de uma pessoa em grande perigo e pobreza, que vem à casa do nobre, para que possa ter alívio: a pessoa aparece; e o dono, longe de tratar o pobre homem com aspereza, dá boas-vindas, o recebe gentilmente e supri seus desejos. Jesus também faz isso”. (Clarke)
iii. “Eu jamais rejeitarei. Um discurso poderoso e uma consideração muito confortável. Quem não viria a Jesus Cristo por tão doce encorajamento?” (Trapp)
e. Não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou: Como Jesus os convidou a vir a Ele, Ele também os lembrou de que Ele era seguro de se vir. Ele não estava interessado em Sua própria agenda, mas na vontade de Seu Pai.
f. Que eu não perca nenhum dos que ele me deu: Esta foi outra razão convincente para vir ao Filho – todos aqueles que são dados pelo Pai e vem para Ele, Ele mantém a salvo.
g. Todo aquele que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna: Este é o destino maravilhoso de todos aqueles que são dados pelo Pai e vem a Jesus.
i. Em tudo isso, Jesus tinha em mente tanto a ampla comunidade de crentes (Todo aquele que o Pai me der virá a mim… Eu o ressuscitarei) quanto o crente individual (a quem vier a mim… eu o ressuscitarei).
ii. Todo aquele que olhar para o Filho: “Neste ‘olhar para’ o Filho há certamente uma referência à serpente de bronze que foi construída por Moisés no deserto em cima de um poste (na forma de uma cruz, como diz a tradição rabínica), e todo aquele que olhou para ela foi curado”. (Trench)
6. (41-46) Jesus explica por que eles O rejeitaram.
Com isso os judeus começaram a criticar Jesus, porque dissera: “Eu sou o pão que desceu do céu”. E diziam: “Este não é Jesus, o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como ele pode dizer: ‘Desci do céu’?” Respondeu Jesus: “Parem de me criticar. Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão ensinados por Deus’. Todos os que ouvem o Pai e dele aprendem vêm a mim. Ninguém viu o Pai, a não ser aquele que vem de Deus; somente ele viu o Pai.
a. Este não é Jesus, o filho de José? não conhecemos seu pai e sua mãe? As pessoas criticaram Jesus achando o que Ele disse sobre Si mesmo foi grande demais, exaltado demais (Como ele pode dizer: ‘Desci do céu’?).
i. “Seis vezes neste contexto imediato Jesus diz que ele ‘desceu do céu’ (6:33, 38, 41, 50, 51, 58). Sua alegação de origem celestial é inconfundível”. (Tenney)
ii. “Esta foi uma das dificuldades reais dos contemporâneos de Jesus. O Messias viria ‘nas nuvens’, aparecendo de repente, mas Jesus havia crescido quietamente entre eles”. (Dods)
iii. Os judeus começaram a criticar: “’Os judeus’, não como poderíamos esperar, ‘os galileus’, provavelmente porque João identifica essa multidão descrente com os judeus caracteristicamente descrentes”. (Dods)
b. Parem de me criticar: À medida que Jesus falava com a multidão na sinagoga, eles criticavam e comentavam entre eles.
i. “‘Criticar’ indica descontentamento. É o som confuso que corre por uma multidão quando ela está brava e em oposição”. (Morris)
c. Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair: Os judeus achavam que todos eles eram escolhidos por Deus pela virtude de seu nascimento físico e natural. Jesus deixou claro que Deus deve atraí-los antes deles virem a Deus. Todo aquele que responde ao pai responderá ao Filho.
i. “A não ser que Deus atraia dessa maneira, nenhum homem jamais virá a Cristo; porque nenhum conseguiria, sem esta atração, jamais sentir a necessidade de um Salvador”. (Clarke)
ii. Nós muitas vezes gostamos de sentir como se “lideramos” nosso relacionamento com Deus. Na verdade, Ele chama e nós vamos. Essa compreensão da iniciativa de Deus na salvação deveria nos fazer mais confiantes no evangelismo, sabendo que Deus está atraindo pessoas, e podemos esperar ver aqueles a quem o Pai atrai vir a Ele.
iii. “A palavra que João usa para atrair é helkuein. A palavra usada na tradução grega para o hebreu quando Jeremias ouve Deus falar como a Versão Autorizada é assim: ‘com amável benignidade te atraí’ ( Jeremias 31:3)”. (Barclay)
iv. “Que este ‘atrair’ não é graça irresistível, está confessado até mesmo pelo próprio Agostino, o grande defensor das doutrinas da graça. “Se um homem é atraído, diz um objetor, ele vem contra a sua vontade. (Nós respondemos) se ele vem sem vontade própria, ele não acredita: se ele não acredita, ele não vem. Pois não corremos para Cristo com nossos pés, mas sim pela fé; não com o movimento do corpo, mas com o livre arbítrio do coração… Não pense que você é atraído contra a sua vontade; a mente pode ser atraída por amor”. (Alford)
v. “Atrair ou seduzir, não arrastar é para ser entendido aqui. ‘Ele’, dizem os rabinos, ‘que deseja apegar-se ao santo e bendito Deus, Deus o agarra e não o rejeitará’. Synops. Sohar. p.87. Os melhores escritores gregos usam o verbo no mesmo sentido de seduzir, incitar etc.”. (Clarke)
vi. “Crisóstomo diz: ‘Esta expressão não remove nossa parte na vinda, mas sim mostra que queremos que a ajuda venha”. (Alford)
vii. Atrair “tem a mesma latitude de significado que ‘atrai’. É usado para rebocar um barco, arrastar um carrinho ou puxar uma corda para içar velas. Mas também é usado, João 12:32, como uma gentil, porém poderosa atração”. (Dods)
d. E eu o ressuscitarei no último dia: Todos aqueles que de fato vêm a Jesus atraídos pelo Pai receberão vida eterna e ressuscitarão no último dia.
e. Todos serão ensinados por Deus: Jesus citou de Isaías 54:13, que pode ter sido parte da leitura da sinagoga para aquele Sábado. A ideia é que todos aqueles que pertencem a Deus são ensinados por Deus, sendo atraídos para Ele (Todos os que ouvem o Pai e dele aprendem vêm a mim).
i. “Deus em pessoa ensinará seu povo, ou seja, ele ensinará lá dentro de seus corações. Somente aqueles que são ensinados dessa maneira virão a Jesus”. (Morris)
ii. “Isso é o mesmo que dizer: ‘O Pai nunca ensinou a vocês. Vocês não aprenderam nada dele, ou vocês viriam a mim; porém em sua rejeição a mim vocês provam que são estranhos à graça de Deus”. (Spurgeon)
f. Todos os que ouvem o Pai e dele aprendem vêm a mim: Aqueles que possuem a revelação de Deus Pai viram a Seu Filho e Representante Perfeito. Ouvir e aprender do Filho é ouvir e aprender do Pai.
i. “Mas se também é verdade que cada um a quem Deus ensina vem não é dito aqui; o kai maqwn introduz um elemento duvidoso”. (Dods)
ii. “Se, como alguns acreditam, Isaías 54 foi incluído nas lições na da sinagoga designadas para este período do ano, então as palavras citadas por Jesus podem ter sido frescas nas mentes de muitos dos seus ouvintes”. (Bruce)
g. Ele viu o Pai: Jesus aqui novamente insistiu em sua relação única com Deus Pai. Ele reivindicou um relacionamento e conexão com Deus Pai que ninguém mais tinha.
i. “A descrença deles não altera o fato, nem enfraquece a garantia Dele do fato”. (Dods)
ii. “Está ensinando os teólogos sobre a Divindade, como que a Unidade de Deus não é a palavra final de revelação a respeito do Deus único. Enquanto se pensar que há apenas uma Pessoa na Divindade, a Encarnação e todo o esquema da Redenção não podem ser compreendidos”. (Trench)
7. (47-51) O verdadeiro pão do céu.
Asseguro-lhes que aquele que crê tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida. Os seus antepassados comeram o maná no deserto, mas morreram. Todavia, aqui está o pão que desce do céu, para que não morra quem dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre. Este pão é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo”.
a. Aquele que crê tem a vida eterna: Nós lemos esta afirmação impressionante com dois pensamentos principais em mente. Primeiro, o que significa “crer” no sentido que Jesus quis dizer; isto é, confiar, depender e apegar-se a. É um amor confiante. Segundo, pensamos sobre a natureza surpreendente dessa afirmação. Nenhum outro profeta ou santo da Bíblia jamais disse tal coisa; “creia em mime encontre vida eterna”.
b. Eu sou o pão da vida: Jesus repetiu e continuou a usar essa metáfora. como o pão é necessário para a vida física, assim é Jesus necessário para a vida espiritual e eterna.
i. “Todo homem se alimenta de uma coisa ou outra. Veja, um homem pegando o seu jornal de Domingo; como ele vai se alimentar nele! Outro vai para divertimentos frívolos e se alimenta deles. Outro homem se alimenta de seus negócios e sobre o pensamento de suas muitas preocupações! Mas tudo isso é comida pobre; é somente pó e carcaça. Se você possuísse verdadeira vida espiritual, conheceria a necessidade profunda que há de se alimentar em Cristo”. (Spurgeon)
c. Os seus antepassados comeram maná do deserto, mas morreram: O pão espiritual que Jesus oferece é ainda maior do que o maná que Israel comeu no deserto. O que eles comeram somente lhes deu vida temporária; o que Jesus oferece traz vida eterna.
d. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer deste pão, viverá para sempre: Jesus falou em uma figura de linguagem. A metáfora de comer e beber era comum nos dias de Jesus, e apontava para trazer para dentro o ser mais íntimo de cada um.
i. “Uma vez que o homem toma (‘come’ é o tempo aoristo da ação de receber Cristo de uma vez por todas) ele não morrerá”. (Morris)
ii. Muitos cristãos ao longo da história tomaram esta passagem como se estivesse falando da prática cristã de comunhão, a Mesa do Senhor como instituída por Jesus na noite antes de Sua crucificação (Lucas 22:14-23), celebrada entre os antigos cristãos ( Atos 2:42) e ensinada nas cartas de Paulo ( 1 Coríntios 11:23-26). Muitos pensam que receber o pão e a taça da Mesa do Senhor é essencial para a salvação e que a todo aquele que o faz é garantido a salvação.
iii. Uma opinião diferente tem sido sugerida por vários outros comentaristas, que o que Jesus falou aqui não é comunhão, a Mesa do Senhor – ainda que o conceito está relacionado àquele de comunhão. “Nosso Senhor neste discurso não está realmente falando diretamente da Ceia do Senhor, mas ele expõe a verdade que a Ceia do Senhor transmite”. (Bruce)
iv. “Muitos comentaristas falam como se a palavra ‘carne’ marcasse uma referência à Sagrada Comunhão. Ela, é claro, não faz nada do tipo. Ela não é encontrada nas narrativas da instituição nem em 1 Coríntios 10, nem em 1 Coríntios 11, em conexão com o sacramento. Nem é comum nos padres neste sentido”. (Morris)
v. “Os padres comumente explicavam esta parte do sermão de nosso Salvador como falando do sacramento da ceia do Senhor; e assim caiu naquele erro, de que ninguém exceto os comungantes poderia ser salvo; por isso também davam o sacramento para crianças, e colocavam-no na boca de homens mortos”. (Trapp)
vi. “Ele está dizendo: ‘Você deve parar de pensar em mim como um sujeito para debate teológico; você deve me levar para dentro de você, e você deve vir para dentro de mim; e então você terá vida verdadeira”. (Barclay)
vii. “Crede et manducasti disse Agostino, ‘creia’ – ou melhor, confie – ‘e tu terás comido”. (Maclaren)
e. Este pão é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo: Jesus de maneira simples explicou o que ele quis dizer por pão neste contexto. Aquele pão era a sua carne, dada pela vida do mundo. Era sua obra que viria em breve na cruz quando Ele desse a Sua vida como um sacrifício agradável a Deus Pai e como um substituto pelos pecadores culpados.
i. Morris sobre o uso de carne: “É uma palavra forte e destinada a chamar a atenção. Sua força quase bruta chama a atenção para o fato histórico de que Cristo deu a Si mesmo pelo homem”.
ii. Dar a própria carne dificilmente pode significar outra coisa senão a morte, e o texto aqui aponta para uma morte que é tanto voluntária (‘eu darei’) quanto vicária (‘pela vida do mundo’)”. (Bruce)
iii. “As palavras, então, são uma alusão enigmática à morte expiatória que Cristo morreria, juntamente com um desafio para entrar na relação mais próxima e íntima com Ele”. (Morris)
iv. “Agora, irmãos e irmãs, a comida de nossa fé é para ser encontrada na morte do senhor Jesus por você; e, oh, que comida abençoada ela é!” (Spurgeon)
v. “Aqui nosso Senhor declara de maneira simples que sua morte deve ser um sacrifício vicariante e expiatório pelo pecado do mundo; e que, como nenhuma vida humana poderia ser preservada a não ser que houvesse pão (nutrição adequada) recebido, para que então nenhuma alma pudesse ser salva exceto pelo mérito de sua morte”. (Clarke)
vi. Jesus explicou que recebendo-O como pão não era recebendo-O como um grande professor, exemplo ou profeta moral. Não era recebendo-O como um bom ou grande homem, ou mártir nobre. Era recebendo-O à luz do que Ele fez na cruz, Seu ato final de amor pela humanidade perdida.
8. (52-59) Recebendo a Jesus no sentido mais completo.
Então os judeus começaram a discutir exaltadamente entre si: “Como pode este homem nos oferecer a sua carne para comermos?” Jesus lhes disse: “Eu lhes digo a verdade: Se vocês não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em si mesmos. Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Da mesma forma como o Pai que vive me enviou e eu vivo por causa do Pai, assim aquele que se alimenta de mim viverá por minha causa. Este é o pão que desceu dos céus. Os antepassados de vocês comeram o maná e morreram, mas aquele que se alimenta deste pão viverá para sempre”. Ele disse isso quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum.
a. Como pode este homem nos oferecer a sua carne para comermos? É provável que os líderes judeus propositadamente entenderam Jesus errado neste ponto. Ele apenas explicou que o pão era seu corpo que seria dado como um sacrifício pela vida do mundo (João 6:51). Eles distorceram de propósito Suas palavras para implicar um canibalismo bizarro.
i. Isso foi o resultado de sua discussão (os judeus começaram a discutir exaltadamente entre si). “Eles diferiam em seu julgamento Dele. Alguns O denunciavam impacientemente como louco; outros sugerindo que havia verdade em Suas palavras”. (Dods)
ii. “Nosso Salvador foi, no entanto, levado a fazer destes comentários do fato de que os judeus ignorantes, quando conversaram sobre comer sua carne e beber seu sangue, realmente pensaram que ele quis dizer que deveriam tornar-se canibais e comê-lo. Você pode até sorrir para uma ideia tão ridícula; contudo você sabe que a ideia ainda está prevalente na Igreja de Roma. O padre romano solenemente nos garante que as pessoas que comem o pão e bebem o vinho, ou as coisas que ele chama de pão e vinho, de fato encenam a parte dos canibais, e come o corpo de Cristo e bebe seu sangue”. (Spurgeon)
b. Se vocês não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em si mesmos: Jesus respondeu ao mal-entendido proposital deles falando com mais ousadia ainda, ampliando o ponto apresentado em João 6:51 – Sua ‘carne’ era Sua vida entregue.
i. Pão da vida é uma metáfora. Pão do céu é uma metáfora. Pão vivo é uma metáfora. Pão de Deus é uma metáfora. Não surpreende que Jesus estenda a metáfora do pão ao Seu sacrifício real e iminente na cruz.
ii. “Ele lhes deu mais uma afirmação que eles, doutores da lei bem versados na teoria de Sacrifícios, não falhariam em entender. O ‘comer da carne e beber do vinho’ foi uma simples alusão à ideia Sacrificial”. (Trench)
iii. O Jesus crucificado e ressuscitado deve ser recebido e internalizado – comendo metaforicamente – ou não há verdadeira vida espiritual nem vida eterna.
iv. “Comer a carne de Cristo e beber Seu sangue aponta para um ato de salvação central descrito de outra maneira em João 3:16. A morte de Cristo abre o caminho para a vida. Os homens entram nesse caminho pela fé…Comer a carne e beber o sangue representa uma maneira marcante de dizer isso”. (Morris)
v. “Nosso Senhor foi ainda além, e falou em linguagem mística da necessidade por beber Seu sangue. A figura foi sugestiva de um caminho para a vida através da morte e sacrifício”. (Morgan)
vi. “No versículo 54 está a pessoa que come a carne do Filho do Homem e bebe o Seu sangue que será ressuscitada por ele no último dia; no versículo 40 a mesma promessa é feita para ‘todo aquele que vê o Filho e crê nele’”. (Bruce)
c. Minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida: A vida sacrificada de Cristo é comida e bebida para a alma com fome e com sede. Quando recebemos internalizamos Jesus Cristo e Ele crucificado por nós, nós verdadeiramente habitamos em Jesus e Ele em nós (Permanece em mim e eu nele).
i. Declarações tão radicais ofendem muitos; em parte, essa foi a intenção de Jesus. Em resposta para aqueles que distorceram Suas palavras e significados, ele deixou a metáfora mais forte, não mais fraca. Ele se recusou a recuar da verdade: Eu sou o pão da vida, e a substância daquele pão está em Seu sacrifício na cruz, a entrega de Sua carne e sangue. O que Ele deu na cruz, devemos receber.
ii. “A carne e sangue de verdade, a vida humana de Cristo foi dada pelos homens; e homens comem Sua carne e bebem Seu sangue, quando eles usam para a sua própria vantagem Seu sacrifício, quando eles assimilam ao seu próprio ser toda a virtude que estava Nele”. (Dods)
iii. Permanece em mim e eu nele: “Ele vive neles, e eles nele; pois foram feitos participantes da natureza Divina: 2 Pedro 1:4”. (Clarke)
d. Aquele que se alimenta de mim viverá por minha causa: Aqueles que realmente vêm a Jesus, creem Nele, se alimentam Nele encontraram vida. Eles viverão, porém não porque encontraram ou mereceram a resposta, mas porque Jesus deu livremente o que Ele ganhou na cruz – por minha causa.
i. Aquele que se alimenta de mim: “Isto é, que participa da minha pessoa, méritos, paixões, privilégios; aquele que me recebe em todos os meus ofícios e eficácias”. (Trapp)
ii. “Ao comer e beber um homem não é um produtor, mas um consumidor; ele não é um fazedor ou doador; ele apenas consome. Se uma rainha deveria comer, se uma imperadora deveria comer, ela se tornaria tão completamente receptora quanto o indigente no asilo. Comer é um ato de recepção em todo o caso. Também é assim com a fé: você não tem que fazer, ser ou sentir, mas apenas receber”. (Spurgeon)
e. Aquele que se alimenta deste pão viverá para sempre: Jesus nos oferece pão celestial para a vida eterna, mas nós devemos comê-lo. A fé em Jesus não se compara com experimentar ou admirar, mas como comer. Jesus diz que devemos ter Ele conosco e devemos participar Dele.
·Ver uma fatia de pão em um prato não vai saciar nossa fome.
·Conhecer os ingredientes do pão não vai saciar nossa fome.
·Tirar fotos do pão não vai saciar nossa fome.
·Contar a outras pessoas sobre o pão não vai saciar a nossa fome.
·Vender o pão não vai saciar nossa fome.
·Brincar com o pão não vai satisfazer nossa fome.
·Nada vai satisfazer nossa fome e nos trazer vida exceto realmente comer o pão. Aquele que se alimenta deste pão viverá para sempre.
f. Ele disse isso quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum: Este discurso notável de Jesus começando em João 6:26 incluindo a conversa com Seus ouvintes, aconteceu durante uma missa da sinagoga. Jesus provavelmente recebeu a liberdade da sinagoga, a oportunidade de falar com a congregação.
i. “‘As coisas ele falou na sinagoga ensinando em Cafarnaum’, e sem dúvida em um Sábado, como vários manuscritos adicionam”. (Trench)
F. Reagindo às Declarações Radicais de Jesus.
1. (60-64) Muitos discípulos abandonam.
Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: “Dura é essa palavra. Quem pode suportá-la?” Sabendo em seu íntimo que os seus discípulos estavam se queixando do que ouviram, Jesus lhes disse: “Isso os escandaliza? Que acontecerá se vocês virem o Filho do homem subir para onde estava antes? O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu lhes disse são espírito e vida. Contudo, há alguns de vocês que não crêem”. Pois Jesus sabia desde o princípio quais deles não criam e quem o iria trair.
a. Dura é essa palavra: Isso se refere aquilo que é duro de aceitar, não ao que é duro de entender. Sem dúvida estes discípulos (discípulos no sentido amplo, não no sentido mais restrito) acharam as palavras de Jesus um pouco misteriosas, mas foi as partes que eles de fato entenderam que eram realmente perturbadoras.
i. “Não é de se admirar que os discípulos acharam o discurso de Jesus duro. A palavra grega é skleros, que não significa duro de entender; mais sim, duro de aceitar”. (Barclay)
b. Isso os escandaliza? Jesus compreendeu a ofensa que muitos dos Seus ouvintes sentiram em Sua lição, contudo Ele não mudou a lição ou sentiu que foi culpa Sua. Jesus não pregou apenas para agradar Seu público. Se essa fosse a Sua preocupação Ele teria instantaneamente voltado atrás no que acabou de falar, vendo que Seu público ficou ofendido. Jesus não se retratou. Ele os desafiou e confrontou mais ainda.
i. “Os eventos deste capítulo deixaram claro demais que seguir a Ele significava algo diferente de tudo o que eles tivessem antecipado. Nada é dito para fornecer-nos uma ideia clara de suas opiniões, mas a probabilidade é que eles estavam interessados em um reino messiânico dentro das suas expectativas gerais”. (Morris)
c. Que acontecerá se vocês virem o Filho do homem subir para onde estava antes? Jesus essencialmente disse: “Se tudo isso ofendeu você, o que você vai pensar quando Me ver em glória e ter que responder a Mim em julgamento?” É melhor ficar ofendido agora e superar isso do que ficar ofendido naquele dia.
d. O espírito da vida; a carne não produz nada: Isso poderia muito bem ser a declaração tema para todo este discurso de Jesus. Ele continuamente os chamou e a nós para colocarmos o coração e foco nas realidades espirituais, não nas coisas materiais.
i. “O espírito concede vida ao crente; não é transmitido pelo processo de comer fisicamente”. (Tenney)
e. Jesus sabia desde o princípio quais deles não criam e quem o iria trair: Porque Jesus é Deus, Ele tinha a prerrogativa divina de conhecer o coração do homem. Contudo, é inteiramente possível que Jesus sabia disto simplesmente como um Homem submetido ao Pai e abençoado pelo Espírito Santo. Ele nunca foi enganado por uma fé falsa, nem por quem o iria trair.
2. (65-66) A razão espiritual pela qual muitos abandonam.
E prosseguiu: “É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai”. Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo.
a. É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai: Jesus repreendeu as próprias motivações materiais e terrenas deles para segui-Lo. Se eles não O buscavam pelo Espírito em vez de buscá-Lo pela comida em um reino, então não vieram a Ele de maneira alguma.
i. Talvez eles O seguiram pela metade do caminho em volta do Mar da Galiléia, mas não vieram a Jesus verdadeiramente até que viessem no sentido de crer Nele, confiar Nele, amá-Lo (João 6:35).
b. Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo: Uma vez que Jesus desencorajou efetivamente todo o motivo material e terreno para segui-Lo, muitos pararam de seguir. Eles também ficaram desencorajados e talvez confusos pela controvérsia deliberada (João 6:52) introduzida pelos líderes religiosos visitando de Jerusalém (Mateus 15:1).
i. Daquela hora em diante: “’Daquela hora em diante’ é uma tradução possível de ek toutou. Também poderia significar ‘Por causa dessa [expressão]’. A última faz bom sentido porque não foi simplesmente a cronologia que mudou a atitude dos discípulos”. (Tenney)
ii. Quando tantos abandonaram, parecia que os inimigos de Jesus ganharam. “É a crise da primeira grande apostasia em Seu Ministério. Seus inimigos, ‘os judeus’, ao que tudo indica, levaram a melhor”. (Trench) Jesus foi deixado apenas com os 12 e talvez eles também fossem embora. No entanto, a batalha ainda não estava terminada. Muitos que abandonaram voltariam, porém, a perda daqueles que seguiam Jesus por motivos materiais ou impuros foi dolorosa – desejava-se que permanecessem para ouvir e receber a obra do Espírito.
iii. “Igrejas tem verões como nossos jardins e então todas as coisas ficam cheias; mas então vêm seus invernos e, aí, que esvaziamentos são vistos!” (Spurgeon)
iv. É importante fazer como Jesus fez e não encorajar outros a seguir Jesus por motivos materiais e temporários, promovendo Jesus simplesmente como algo a adicionar para melhorar a vida. Para aqueles que vêm dessa maneira, pode ser revelado que nunca lhe seja dado pelo Pai seguir os passos de Jesus.
3. (67-69) Os discípulos são exemplos de disposição para seguir, mesmo que não compreendam tudo.
Jesus perguntou aos Doze: “Vocês também não querem ir?”
Simão Pedro lhe respondeu: “Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus”.
a. Vocês também não querem ir? Que cena! Vários pretendentes a seguidores de Jesus abandonaram-No e ele perguntou aos doze se eles também iriam. Jesus procurou os motivos de todos que seguem Ele, incluindo os doze. Á medida que a sinagoga se esvaziou, Jesus fez esta pergunta que presumia um “Não” como resposta.
i. “Como João fraseia a pergunta de nosso Senhor em grego, ele implica que ela não foi feita em um clima de desespero; o uso da negativa grega me em uma pergunta indica que a resposta esperada é “Não”. ‘Vocês não querem ir embora também, querem?’” (Bruce)
b. Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna: Falando pelos doze Simão Pedro fez uma declaração maravilhosa de fé.
·Ele reconheceu Jesus como Senhor.
·Ele reconheceu Jesus como a alternativa preferida, apesar das dificuldades.
·Ele reconheceu o valor das coisas espirituais mais do que os desejos materiais e terrenos daqueles que abandonaram (palavras de vida eterna).
·Ele reconheceu Jesus como o Messias (és o Santo) e Deus (de Deus).
4. (70-71) O conhecimento de Jesus sobre Seus próprios discípulos.
Então Jesus respondeu: “Não fui eu que os escolhi, os Doze? Todavia, um de vocês é um diabo!” (Ele se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes, que, embora fosse um dos Doze, mais tarde haveria de traí-lo.)
a. Não fui eu que os escolhi: Jesus de fato escolheu os doze discípulos. No entanto um entre aqueles que Ele escolheu era como um diabo – e haveria de traí-lo.
i. “Um deles era um diabolos – a palavra grega significa um ‘delator’ ou ‘caluniador’ ou ‘falso acusador’, porém é provavelmente usada aqui como a contraparte do hebreu satan, ‘adversário’”. (Bruce)
ii. “No ato sombrio aqui profetizado, Judas foi imediatamente instigado e se rendeu a Satanás”. (Alford)
iii. “Há Judas entre os aparentes seguidores do Senhor em nossos dias. Eles estão em nossos bancos, até mesmo em nossos púlpitos, e às vezes não são detectados. Eles traem o Senhor e o evangelho tanto por suas palavras quanto por suas ações.
b. Ele se referia a Judas: A devoção simples e espiritual dos discípulos a Jesus fez o contraste da apostasia de Judas tão mais horrível. Embora muitos abandonem e alguns até mesmo traiam Jesus, isso não deveria mudar a fé ou o caminho do verdadeiro seguidor de Jesus Cristo.
i. Judas, filho de Simão Iscariotes: “Não apenas o pai de Judas era de Queriote, mas o próprio Judas era de Queriote, como aprendemos de todos os quatro evangelhos. Pois todos o chamam de Iscariotes, que significa ‘um homem de Queriote’”. (Trench)
ii. “Queriote era uma cidade na parte sul de Judá ( Josué 15:25), sul de Hezron no seco Neguev”. (Tenney)