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Bible Commentaries
João 14

Comentário Bíblico Enduring WordEnduring Word

versos 1-31

João 14 – O Jesus Que Parte

A. Acalmando corações perturbados com confiança e esperança em Jesus.

1. (1) Um comando para acalmar o coração perturbado.

“Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim.”

a. Não se perturbe o coração de vocês: Os discípulos tinham razão para estarem perturbados. Jesus acabou de falar para eles que um deles era um traidor, que todos eles iriam negá-Lo, e que ele os deixaria aquela noite. Tudo isso legitimamente perturbaria os discípulos, contudo Jesus lhes disse: não se perturbe o coração de vocês.

i. Jesus nunca quis que tivéssemos vida sem perturbação, mas Ele prometeu que nós podíamos ter um coração sem perturbação até mesmo em uma vida perturbada.

ii. Isso de certo modo foi um comando. “A forma do imperativo me tarassestho implica que eles deveriam ‘parar de ficar perturbados’. ‘Acalme o seu coração’ seria uma boa tradução.” (Tenney)

iii. Jesus não disse: “Estou feliz que vocês homens estão perturbados e cheios de dúvidas. Suas dúvidas são maravilhosas.” “Ele não se deleita na dúvida e inquietude do seu povo. Quando Ele viu que por causa do que havia dito a eles, tristeza havia preenchido os corações de seus apóstolos, suplico-lhes com grande amor rogou-lhes que ficassem consolados.” (Spurgeon)

iv. “Seus discípulos sentiram Sua partida como uma tortura. E foi então que Ele os consolou com um discurso tão simples e glorioso que toda a cristandade é devedora de sua agonia.” (Morrison)

b. Creiam em Deus, creiam também em mim: Em vez de ceder para um coração perturbado, Jesus lhes disse para colocarem firmemente sua confiança em Deus e no próprio Jesus. Isso foi um chamado radical a confiar em Jesus apenas como alguém confiaria em Deus Pai, e uma promessa radical de que ao fazer isso traria conforto e paz para um coração perturbado.

i. “O que O sinalizou e o separou de todos os outros mestres religiosos não é a clareza ou a ternura com o que ele reiterava as verdades sobre o amor do Pai ou sobre moralidade, justiça, verdade e bondade; mas sim a peculiaridade do Seu chamado para o mundo que é ‘Creiam em mim’.” (Maclaren)

ii. “Alguém que parece um homem pede a todos os homens para ter por Ele precisamente a mesma fé e confiança que eles têm em Deus.” (Meyer)

iii. Existe algum debate sobre como os tempos verbais deste versículo deveriam ser considerados. É possível que Jesus quis dizer: você deve crer em Deus, você deve também crer em mim (imperativo) ou é possível que Ele quis dizer: tu crês em Deus, crês também em mim (indicativo). Na suma, a melhor evidência parece ser que Jesus quis dizer isso como uma ordem ou uma instrução aos discípulos.

·“O verbo crer nas duas vezes está no imperativo.” (Alford)

·“Em vista do imperativo anterior é melhor no meu julgamento considerar as duas formas como imperativo. Jesus está urgindo a Seus seguidores a continuarem a crer no Pai e continuarem a crer também Nele.” (Morris)

iv. “A solução de Jesus para a perplexidade não é uma receita; é um relacionamento com ele.” (Tenney)

2. (2-4) Razões para acalmar o coração perturbado: uma reunião futura na casa do Pai.

“Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver. Vocês conhecem o caminho para onde vou.”

a. Na casa de meu pai há muitos aposentos: Jesus falou com confiança completa sobre o céu, aqui descrito como a casa de seu Pai. Jesus não imaginava sobre a vida além dessa terra; Ele a conhecia e contou aos Seus discípulos que havia espaço para todos no céu (muitos aposentos).

i. “Platão conta sobre as últimas horas de Sócrates na prisão antes dele beber o veneno…Como Cristo, Sócrates vai morrer. Como Cristo, seus pensamentos correm na imortalidade. Ele a discute com seus amigos que vem visitá-lo; ele especula, argumenta e imagina. Que contraste perfeito e estupendo entre isso e a atitude de Cristo.” (Morrison)

b. Muitos aposentos: À luz do grego antigo, aposentos é traduzida melhor para “moradias.” O substantivo mone (conectado ao verbo meno, “ficar” ou “permanecer”) significa “um lugar para ficar.” À luz da natureza de Deus, é melhor traduzi-la para aposentos. Qualquer moradia que Deus tenha para nós no céu, será tão gloriosa quanto uma mansão.

i. Haverá muitas moradias como esta. Jesus podia ver o que os discípulos nunca puderam – milhões e milhões, até mesmo bilhões de cada tribo, língua e nação na casa de Seu Pai. Ele pode até mesmo ter sorrido quando disse: muitos aposentos muitos de fato!

ii. “Aposentos, monai, vieram para a AV e RV através da influência da vulgata aposentos, que pode significar ‘estações’ ou ‘moradias temporárias’ onde viajantes podem descansar em diferentes estágios de sua jornada. À luz disso, muitos estudiosos, especialmente Westcott e Temple, seguindo Orígenes, presumem que a concepção do céu nesta passagem fala de um estado de progresso de um estágio para outro até que o objetivo final seja alcançado. No entanto, essa não foi a interpretação geralmente dada à palavra pelos Padres antigos, e por derivação parece denotar muito mais a ideia de permanência. Ela é encontrada uma vez mais no Novo Testamento, em João 14:23, onde é enfatizada a morada permanente do Pai e do Filho nos corações dos discípulos amorosos.” (Tasker)

c. Vou preparar-lhes lugar: O amor prepara as boas-vindas. Com amor, pais expectantes preparam um quarto para o bebê. Com amor, a anfitriã se prepara para seus convidados. Jesus prepara um lugar para Seu povo porque Ele os ama e está confiante em sua chegada.

i. James Barrie Foi o homem que escreveu Peter Pan, entre outras obras. Um de seus livros foi sobre sua mãe, Margaret Ogilvy, e sobre como ele cresceu na Escócia. Sua mãe sofreu muita miséria na vida incluindo a morte trágica de um de seus filhos. De acordo com Morrison, Barrie escreveu que o capítulo favorito da Bíblia de sua mãe era João 14. Ela ô lia tanto que quando sua Bíblia era aberta e apoiada, as páginas naturalmente caíam abertas neste lugar. Barrie disse que quando ela estava idosa e não podia mais ler estas palavras, ela se inclinava em sua Bíblia e beijava a página onde as palavras estavam impressas.

ii. Vou fala sobre o próprio plano e iniciativa de Jesus. Ele não foi levado para a cruz; Ele foi lá. “Eles pensaram que Sua morte foi uma calamidade inesperada. Cristo os ensinou que ela era o caminho do seu próprio plano.” (Morrison)

d. Voltarei e os levarei para mim: Jesus prometeu vir novamente aos discípulos. Isso não foi somente no sentido de sua ressurreição em breve ou na vinda do Espírito Santo. Jesus também tinha em mente a grande reunião do Seu povo no fim da era.

i. “Eles não deviam pensar Nele como deixando de existir quando não pudessem mais vê-Lo. Ele apenas foi para outra morada para preparar a vinda deles; e, além disso, Ele voltaria para recebê-los.” (Morgan)

ii. “A referência ao segundo advento não deve ser esquecida. É verdade que João não se refere a ele tão frequentemente quanto à maioria dos outros escritores do Novo Testamento, mas não é verdade que ele está faltando em suas páginas.” (Morris)

iii. “Essa foi uma promessa muito preciosa a primeira Igreja e Paulo pode muito bem, estar ecoando-a quando ele informa os Tessalonicenses ‘pela palavra do Senhor’ que Jesus descerá do céu e reunirá crentes para Si mesmo para estarem com Ele para sempre (veja 1 Tessalonicenses 4:15-17).” (Tasker)

f. Para que vocês estejam onde eu estiver: O foco inteiro do céu está sendo unificado com Jesus. O céu é o céu não por causa das ruas de ouro ou dos portões de pérolas, ou mesmo da presença de anjos. O céu é o céu porque Jesus está lá.

i. Ficamos confortados ao saber que enquanto Ele prepara um lugar para nós, Jesus também nos prepara para esse lugar.

3. (5-6) Jesus é o caminho exclusivo para o Pai.

Disse-lhe Tomé: “Senhor, não sabemos para onde vais; como então podemos saber o caminho?” Respondeu Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.”

a. Senhor, não sabemos para onde vais: Tomé deveria ser elogiado por explicar sua confusão de maneira honesta e clara. Ele pensou que Jesus estava simplesmente indo para outro lugar, como se fosse para outra cidade.

i. “Embora uma necessidade da linguagem humana compele Jesus a falar sobre ‘ir embora’ e sobre ‘um caminho para o Pai’, estes termos não têm significado espacial ou material.” (Tasker)

ii. “Por isso notamos como eles falam com ele com uma familiaridade natural e fácil; e ele conversa com eles com uma total simpatia pela sua fraqueza, ensinando-os pouco a pouco ao estarem aptos a aprender. Eles apenas fazem essas perguntas como um menino poderia perguntar ao seu pai. Frequentemente eles mostram sua ignorância, porém nunca parecem tímidos na presença dele, ou envergonhados por deixá-lo ver como são superficiais e difíceis de entender.” (Spurgeon)

b. Eu sou o caminho, a verdade e a vida: Jesus não disse que nos mostraria um caminho; Ele disse que Ele é o caminho. Ele não prometeu nos ensinar uma verdade; Ele disse que Ele é a verdade. Jesus não nos ofereceu os segredos da vida; Ele disse que Ele é a vida.

·Eu estou vagando; não sei para onde estou indo. Jesus é o caminho.

·Eu estou confuso; não sei o que pensar. Jesus é a verdade.

·Estou morto por dentro e não sei se consigo continuar. Jesus é a vida.

i. À luz dos acontecimentos em breve, esta declaração foi um paradoxo. O caminho de Jesus seria a cruz; Ele seria condenado por mentirosos descarados; Seu corpo em breve estaria deitado sem vida em um sepulcro. Porque Ele tomou esse caminho, Ele é o caminho para Deus; porque Ele não contestou as mentiras nós podemos crer que Ele é a verdade; porque Ele estava disposto a morrer Ele se tornou o canal da ressurreição – a vida para nós.

ii. “Sem o caminho não há uma ida; sem a verdade não há conhecimento; sem a vida não tem como se viver. Eu sou o caminho que tu deves seguir; a verdade que tu deves crer; a vida pela qual tu deves ter esperança.” (a’ Kempis, citado por Bruce)

c. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim: Jesus fez essa declaração extraordinária, afirmando que Ele era o único caminho para Deus. Com isso ele deixou de lado o templo e seus rituais, assim como outras religiões. Foi uma reivindicação de ter um caminho, verdade e vida exclusivos – o único caminho para Deus Pai, o verdadeiro Deus no céu.

i. Compreendido de maneira clara, essa foi uma das coisas mais controversas que Jesus disse e os escritores do Evangelho registraram. Muitas pessoas não se importam de dizer que Jesus é o único caminho legítimo para Deus, no entanto outras religiões e até indivíduos possuem seus próprios caminhos legítimos para Deus. Muitos pensam que não é justo para Deus criar apenas um caminho.

ii. No entanto, este é um tema consistente na Bíblia. Os Dez Mandamentos começam, eu sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, da Terra da escravidão. não terás outros deuses além de mim ( Êxodo 20:2-3). Por todo o Antigo Testamento Deus denunciou e zombou dos supostos deuses que os outros adoravam ( Isaías 41:21-29; 1 Reis 18:19-40). A Bíblia consistentemente apresenta Um Deus Verdadeiro e Jesus é consistentemente apresentado como o único caminho para o Um Deus Verdadeiro.

d. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim: Simplificando, se Jesus não é o único caminho para Deus, então ele não é nenhum caminho para Deus. Se existem muitas estradas para Deus, Jesus então não é uma delas, porque Ele reivindicou absolutamente que era a única estrada para Deus, e Ele mesmo era essa estrada. Se Jesus não é o único caminho para Deus, então Ele não foi um homem honesto; Ele certamente não foi um profeta verdadeiro. Ele então seria ou um louco ou um diabo mentiroso. Não há um meio-termo disponível.

i. Às vezes as pessoas não concordam e dizem: “Eu creio que Jesus foi um homem honesto e acredito que Ele foi um profeta verdadeiro. Mas eu não acredito realmente que Ele disse aquelas coisas sobre Si mesmo nos Evangelhos. Eu acredito que cristãos adicionaram aquelas coisas mais tarde eles mesmos.” Mas não há uma razão objetiva para uma pessoa fazer uma distinção entre “Jesus realmente disse isso” ou “Jesus realmente não disse aquilo.” Não temos textos antigos nos mostrando apenas os ditos supostamente verdadeiros de Jesus. Qualquer distinção como esta é baseada puramente em razões subjetivas – “Eu pessoalmente não acho que Jesus teria dito aquilo, portanto ele não disse aquilo – os cristãos mais tarde apenas colocaram essas palavras em Sua boca.”

ii. Se tudo depender de opinião pessoal – se pudéssemos determinar o que Jesus disse ou não disse de acordo com nossas próprias vontades – então deveríamos rejeitar completamente os Evangelhos. É realmente um negócio de tudo ou nada. Ou tomamos as palavras de Jesus como registradas por estes documentos historicamente confiáveis e precisos, ou as rejeitamos completamente.

iii. Mas o cristianismo é intolerante? Certamente, existem alguns que reivindicam que são cristãos que são na verdade intolerantes. Mas o Cristianismo Bíblico é a religião mais pluralista, tolerante e abrangente de outras culturas na terra. O cristianismo é a única religião que abraça outras culturas e tem a maior urgência em traduzir as Escrituras para outras línguas. Um cristão pode manter sua língua e cultura nativa e seguir Jesus no meio disso. Uma crítica antiga do cristianismo era a observação de que eles podiam tomar qualquer um! Escravo ou livre; rico ou pobre; homem ou mulher; grego ou bárbaro. Todos eram aceitos, mas dentro do senso comum da verdade como revelada em Jesus Cristo. Sair deste senso comum em Jesus é suicídio espiritual tanto para agora quanto para a eternidade.

iv. “Se isso parece ofensivamente exclusivo, que fique em mente que aquele que faz essa afirmação é a Palavra encarnada, o revelador do Pai.” (Bruce)

v. A fé cristã receberá qualquer um que venha por meio de Jesus. Jesus disse, por mim: “Não é ‘acreditando em certas proposições a meu respeito’ nem ‘por meio de algum tipo especial de fé’, mas ‘por mim’.” (Dods)

4. (7-8) Conhecendo o Pai e conhecendo o Filho.

“Se vocês realmente me conhecessem, conheceriam também o meu Pai. Já agora vocês o conhecem e o têm visto.” Disse Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.”

a. Se vocês realmente me conhecem, conheceriam também o meu Pai: Jesus explicou por que Ele era o único caminho para Deus; por que ele foi e é a representação perfeita de Deus. Conhecer Jesus é conhecer a Deus.

b. Já agora vocês o conhecem e o têm visto: Os discípulos certamente haviam aprendido e conhecido muito sobre Deus em seus três anos de aprendizado com Jesus. Contudo Jesus compreendia que como eles ainda não tinham visto a revelação completa do amor de Deus na cruz e seu poder na ressurreição, havia um sentido no qual eles apenas agora conheceriam e veriam a Deus.

c. Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta: Filipe havia visto e experimentado muito seguindo Jesus, mas ainda não havia visto Deus Pai com seus olhos físicos. Talvez ele pensou que uma experiência como essa traria uma certeza e coragem que mudariam sua vida.

5. (9-11) Jesus novamente explica a sua unidade com e dependência no Pai.

Jesus respondeu: “Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu lhes digo não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra. Creiam em mim quando digo que estou no Pai e que o Pai está em mim; ou pelo menos creiam por causa das mesmas obras.”

a. Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo: Isso significa que Filipe esteve próximo de Jesus contudo ainda não O entendia. O mesmo é possível e verdade para muitos hoje.

b. Quem me vê, vê o Pai: Esta repreensão gentil lembrou Filipe do que Jesus disse muitas vezes; que conhecê-Lo era conhecer a Deus Pai. Ver o amor de Jesus era ver o amor de Deus Pai; ver Jesus em ação era ver o Pai em ação.

i. “É difícil interpretar isso sem ver o Pai e o Filho em algum sentido como sendo um. Estas são palavras que nenhum mero homem tem o direito de usar.” (Morris)

ii. Quem me vê, vê o Pai: “Nenhuma imagem material ou aparência pode descrever Deus adequadamente. Somente uma pessoa pode dar conhecimento dele já que a personalidade não pode ser representada por um objeto impessoal.” (Tenney) Esse para sempre acaba com a ideia de que as Escrituras Hebraicas apresentam um Deus cruel e Jesus nos mostrou um Deus mais legal. Ao invés disso, Jesus nos mostra o mesmo amor, compaixão, misericórdia e bondade que estava e está em Deus Pai. Êxodo 34:5-9, entre outras passagens, mostra essa natureza de Deus Pai no Antigo Testamento.

iii. Quem me vê, vê o Pai: “Poderia qualquer criatura dizer essas palavras? Elas não evidentemente implicam que Cristo declarou a si mesmo aos seus discípulos como sendo o Deus infinito?” (Clarke)

c. As palavras que eu lhes digo não são apenas minhas: Jesus repetiu algo enfatizado no Evangelho de João; que Jesus viveu e falou na constante dependência de Deus Pai e não fez nada fora da Sua autoridade e orientação (João 5:19, 8:28).

d. Creiam em mim… ou pelo menos creiam por causa das mesmas obras: Jesus apresentou dois fundamentos sólidos para nossa confiança Nele. Podemos crer em Jesus simplesmente por causa de Sua pessoa e palavras, ou podemos também crer Nele por causa das mesmas obras que ele milagrosamente realizou.

i. O Pai, que vive em mim, está realizando a sua obra: “Não somos únicos na natureza, mas únicos também em operação. As obras que eu fiz dão testemunho da perfeição infinita da minha natureza. Tais milagres como eu operei poderiam ser apenas realizados por poder ilimitado.” (Clarke)

ii. Creiam em mim: “Aqui Jesus chama por Filipe e os outros (note a mudança para o plural) a acreditarem Nele, não apenas a crerem Nele. A fé inclui um reconhecimento do que Jesus diz como verdade.” (Morris)

iii. “Nosso Salvador alega para si a Divindade tanto de suas palavras quanto das suas obras. Ele foi poderoso, disse Pedro, tanto na palavra quanto em obra. Ministros também devem, em sua medida, ser capazes de argumentar e a se aprovarem como homens de Deus, pela doutrina sã e boa vida.” (Trapp)

B. Três certezas para discípulos perturbados.

1. (12-14) Quando Jesus parte para o Pai, Sua obra vai continuar na terra.

“Digo-lhes a verdade: Aquele que crê em mim fará também as obras que tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai. E eu farei o que vocês pedirem em meu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho. O que vocês pedirem em meu nome, eu farei.”

a. Digo-lhes a verdade: Jesus começou a primeira de três certezas dadas aos seus discípulos na noite de Sua partida. A primeira certeza respondia ao medo deles de que “este é o fim. A obra está terminada e todos fomos demitidos.” Eles não foram demitidos; eles foram promovidos e promovidos a grandes coisas.

b. Aquele que crê em mim: Jesus apenas encorajou os discípulos a confiar, depender e apegar-se a Ele na fé, por quem Ele é, pelas palavras que Ele falou e milagres que realizou. Agora Jesus descreveu o benefício ou bem que vem a aquele que crê.

c. Fará também as obras que tenho realizado: Jesus esperava que aqueles que creem Nele continuem sua obra no mundo. Ele não esperava que os discípulos se separassem depois de Sua partida, mas sim continuassem com sua obra em magnitude ainda maior (Fará coisas ainda maiores do que estas).

i. “O ‘coisas ainda maiores’ do qual ele agora falou a eles ainda serão suas próprias obras; alcançadas não mais pela presença visível entre eles, mas por seu Espírito dentro deles.” (Bruce)

d. Fará coisas ainda maiores do que estas: Jesus não quis dizer maiores no sentido de mais sensacional, mas sim maiores em magnitude. Jesus deixaria para trás uma família vitoriosa e trabalhadora de seguidores que espalhariam Seu reino para mais pessoas e lugares do que Jesus jamais fez em Sua vida e ministério.

i. Essa promessa parece impossível; contudo depois do primeiro sermão de Pedro houve mais convertidos do que existem registrados no ministério inteiro de Jesus.

ii. “A tradução literal da palavra traduzida pela AV como obras maiores é ‘coisas maiores’; e provavelmente a segunda deveria ser mantida. As obras dos apóstolos depois da ressurreição não foram maiores em espécie do que aquelas de Jesus, mas maiores na esfera de suas influências.” (Tasker)

iii. “A palavra ‘obras’ na verdade não ocorre. Não há palavra naquele ponto, então nossa melhor tradução seria ‘e coisas maiore’. O ponto é que os cristãos farão algo maior até mesmo do que as obras de Jesus.” (Boice)

iv. “O que Jesus quer dizer podemos ver nas narrativas dos Atos. Lá existem alguns milagres de cura, mas a ênfase está nas obras poderosas de conversão. Só no dia de Pentecostes mais crentes foram adicionados ao pequeno bando de crentes do que por toda a vida terrena inteira de Cristo. Lá nós vemos um cumprimento literal de ‘fará coisas ainda maiores do que estas’.” (Morris)

v. William Barclay considerou a dificuldade de tomar isto como significando que Jesus pretendeu que seus seguidores fizessem mais milagres e milagres mais impressionantes do que Ele mesmo fez: “Embora possa ser dito que a primeira igreja fez as coisas que Jesus fez, certamente não pode ser dito que fez coisas maiores do que ele fez.” (Barclay)

vi. Existem alguns que acreditam que Jesus quis dizer que crentes individuais podem e deveriam fazer obras mais espetaculares do que Jesus fez nos anos de Seu ministério terreno. Nós honestamente aguardamos prova daqueles que tem feito repetidamente coisas maiores do que andar sobre a água, acalmar tempestades com uma palavra, multiplicar comida para milhares, ressuscitar pessoas da morte (mais do que três registradas na obra de Jesus). Mesmo se nos fosse provado que uma pessoa após Jesus fez tais coisas, ainda não explica por que não existem agora ou existiram milhares de pessoas que cumpriram essa errada e às vezes perigosa compreensão do que Jesus quis dizer quando disse: Fará coisas ainda maiores do que estas.

e. Porque eu estou indo para o pai: Jesus logo explicaria que quando Ele ascendesse ao céu, enviaria o Espírito Santo (João 14:16, 14:26, 15:26, 15:7-9, 15:13). Foi porque Jesus foi para o Pai que o Espírito Santo veio para seu povo, permitindo-os fazer estas coisas ainda maiores.

i. “A razão pela qual você deve fazer coisas maiores é, por causa do Espírito todo-poderoso de graça e súplica que Minha ida para o Pai trará sobre a igreja.” (Alford)

f. O que vocês pedirem em meu nome, eu farei: Jesus mais tarde explicou como as coisas maiores seriam possíveis para Seus seguidores. Seria possível porque Jesus faria a sua obra através de pessoas que oram, que pedem e agem em seu nome. Ele prometeu fazer o que seus seguidores confiantes pedissem em seu nome, ou seja, com o Seu caráter e autoridade.

i. Em meu nome não é um encantamento mágico de oração; isso fala sobre ambos, um endosso (como um cheque de banco) e uma limitação (pedidos devem estar de acordo com o caráter do nome). Vamos a Deus no nome de Jesus, não no nosso nome.

ii. “O teste de qualquer oração é: Eu consigo fazê-la no nome de Jesus? Nenhum homem, por exemplo, poderia orar por vingança pessoal, por ambição pessoal, por um objeto indigno e não cristão no nome de Jesus.” (Barclay)

iii. “Pedir ‘em Seu nome’ ou fazer qualquer coisa ‘em Seu nome’ argumenta uma unidade de mente com a Dele, uma unidade de objetivo e motivo.” (Trench)

g. Que o pai seja glorificado no filho: Estas coisas maiores que Jesus prometeu trariam glória tanto para o Pai quanto para o Filho. Orações feitas com uma paixão pela glória de Jesus e de Deus Pai serão verdadeiramente no nome de Jesus e será um tipo de oração que Deus responderá.

2. (15-17) Quando Jesus parte, Ele vai enviar o Espírito Santo.

“Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês.”

a. Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos: Jesus havia acabado de demonstrar Seu amor extraordinário aos Seus discípulos ao lavar seus pés (João 13:15). Ele lhes disse qual deveria ser a sua resposta amorosa; obedecera Seus mandamentos.

·Ele os comandou a lavar os pés uns dos outros, seguindo o exemplo que acabou de demonstrar (João 13:14-15).

·Ele os comandou a amar uns aos outros seguindo o modelo de Seu amor por eles (João 13:34).

·Ele os comandou a colocarem sua fé em Deus Pai e no próprio Jesus (João 14:1).

i. Obedecer aos mandamentos de Jesus apela para nossa moralidade pessoal, contudo, Sua ênfase estava no amor pelos outros e na fé Nele como demonstrações de obediência aos Seus mandamentos.

ii. Esta é uma medida justa de nosso amor por Jesus. É fácil pensar em amar Jesus meramente em termos sentimentais e emocionais. É maravilhoso quando nosso amor por Jesus tem sentimento e paixão, mas deve sempre estar conectado a obedecer a Seus mandamentos ou não é amor de verdade.

iii. Para o crente, desobediência não é apenas o fracasso de desempenho ou uma falha de força. Em certo sentido, também é uma falha de amor. Aqueles que amam a Deus devem obedecê-Lo da maneira mais alegre e natural. Dizer: “Eu realmente amo Jesus. Eu só não quero que Ele me diga como viver minha vida” é um terrível mal-entendido tanto de Jesus quanto do amor a Ele.

iv. Jesus também falou sobre a origem adequada de nossa obediência. Não é medo, orgulho ou desejo de querer uma bênção. A origem adequada da obediência é o amor. “Obediência deve ter o amor como sua mãe, enfermeira e comida. A essência da obediência está no amor sincero que motiva a ação e não na ação em si.” (Spurgeon)

v. “Algumas pessoas pensam que se elas amam Jesus, devem entrar em um convento, retirar-se para uma cela, vestir-se estranhamente ou raspar suas cabeças. Tem sido o pensamento de alguns homens que ‘se amamos Cristo devemos nos livrar de tudo o que possuímos, vestir um pano de saco, amarrar cordas em volta de nossas cinturas e definhar no deserto’. Outros tem pensado que ser sábio fazer pouco caso da estranheza no vestuário e no comportamento. O Salvador não diz nada desse tipo, mas sim: ‘se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos’.” (Spurgeon)

b. Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro: Esta foi a segunda nesta série de três certezas. Os discípulos temiam, “Jesus está nos abandonando. Quando Ele for embora não saberemos o que fazer.” Eles não teriam menos ajuda; eles teriam mais ajuda porque o Pai enviaria outro Conselheiro.

i. Jesus entendia que Seus discípulos (tanto aqueles com Ele naquela noite quanto aqueles através dos séculos) precisariam da presença e poder de Deus para obedecerem aos Seus mandamentos. Deus Filho prometeu orar para Deus Pai e pedir a concessão do Deus Espírito Santo ao crente para realizar isso.

ii. Esta declaração é um exemplo maravilhoso da ideia trinitária de Deus tecida na estrutura do Novo Testamento. Jesus não pretendia dar uma palestra complicada sobre a Trindade; Ele simplesmente falou sobre como as Pessoas da Trindade interagem e trabalham para o bem do povo de Deus e a promoção de Seu plano.

iii. O sentido é de que essa oração seria feita quando Jesus ascendesse ao céu. “Eu pedirei” indica, provavelmente, uma maneira de pedir implicando presença e proximidade reais – e aqui é usado para o ofício mediador no estado ascendido de Cristo.

c. Ele lhes dará outro Conselheiro: A palavra Conselheiro traduz a antiga palavra grega parakletos. Esta palavra possui a ideia de alguém chamado para ajudar outra pessoa e pode se referir a um conselheiro, um defensor legal, um mediador ou um intercessor.

i. A versão do Rei James traduz parakletos com a palavra Consolador. A tradução fez mais sentido entendendo o significado da palavra no Inglês mais antigo. “Wycliffe, de quem temos a palavra Consolador, frequentemente usou ‘conforto’ para o Latim confortari, que significa fortalecer…Portanto a ideia de ajuda e força é passada por ela, tão bem quanto a de consolação.” (Alford)

ii. Uma maneira de entender a obra do Conselheiro é entender o oposto dessa obra. “O diabo é chamado de o acusador, katnyopoc, em total oposição a esse nome e título dado aqui ao Espírito Santo.” (Trapp)

iii. Outro Conselheiro: A palavra outro é a antiga palavra grega allen, significando “um outro do mesmo tipo” (Tenney) Em contraste a um outro de um tipo diferente. Assim como Jesus mostra a natureza de Deus Pai, o Espírito Santo também mostraria – sendo um outro do mesmo tipo – a natureza de Jesus.

iv. “Que nosso Senhor aqui chama o Espírito Santo de ‘outro consolador’ (allon paraklhtoV)’ implica que Ele em pessoa alegou ser também um paraklhtoV, como João em sua primeira epístola ( 1 João 2:1) O chama.” (Trench)

v. Seria maravilhoso viver a vida cristã com Jesus do nosso lado a cada passo do caminho. Jesus prometeu que o Espírito Santo cumpriria exatamente esse papel para nós, sendo enviado para capacitar e ajudar o crente. A obra maior descrita em João 14:12-14 é impossível sem a capacitação descrita em João 14:15-18.

d. Para estar com vocês para sempre: Jesus daria o Espírito Santo para Ele estar (indicando uma pessoa, não uma coisa) dentro de nós permanentemente e não temporariamente, como na doação do Espírito Santo no Antigo Testamento.

i. “O Advogado estará com os discípulos ‘para sempre’. O novo estado das coisas será permanente. O Espírito uma vez dado não será retirado.” (Morris)

e. O mundo não pode recebê-lo: O mundo não pode entender ou receber o Espírito, pois ele é Santo e verdadeiro. O Espírito da verdade não é popular em uma era de mentiras, e o mundo não pode perceber o Espírito e não O conhece.

i. “Se o mundo não pode receber o Espírito Santo, devemos nos perguntar que nós em nosso mundanismo coletivo vemos e mostramos coletivamente tão pouco de seu poder?” (Trench)

f. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês: Jesus falou dos três aspectos do relacionamento de um discípulo com o Espírito Santo.

·Em contraste com o mundo, o discípulo de Jesus deveria conhecer o Espírito Santo.

·Em contraste com o mundo, o discípulo de Jesus deveria ter o Espírito Santo com ele.

·Em contraste com o mundo, o discípulo de Jesus deveria ter Espírito Santo em si.

i. Para aqueles 11 discípulos o Espírito Santo já estava com eles, e logo estaria neles. Isso foi cumprido quando Jesus soprou neles e eles receberam o Espírito Santo, quando eles foram regenerados e nasceram de novo (João 20:22).

ii. Além do come em, Jesus usou uma terceira preposição para descrever o relacionamento do discípulo com o Espírito Santo: receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês ( Atos 1:8). Esta experiencia de sobre é o batismo do Espírito Santo, o derramamento do Espírito.

iii. “Que distância havia entre Cristo na terra e seus discípulos! Em sua condescendência, ele se aproximou muito deles; mas ainda assim você sempre percebe um abismo entre o sábio Mestre e os discípulos tolos. Agora o Espírito Santo aniquila essa distância habitando em nós.” (Spurgeon)

3. (18-21) Quando Jesus parte, Ele vai se dar a conhecer aos Seus discípulos.

“Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês. Dentro de pouco tempo o mundo não me verá mais; vocês, porém, me verão. Porque eu vivo, vocês também viverão. Naquele dia compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês. Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele.”

a. Eu não os deixarei órfãos; voltarei para vocês: Jesus começou Sua terceira certeza. Os discípulos temiam: “Quando Jesus for embora, nosso programa de discipulado está acabado e ele mal começou.” O programa de discipulado deles não estava terminado; estava apenas acabando de começar.

i. “Os discípulos de um mestre em particular entre os Hebreus o chamavam de pai; seus estudiosos eram chamados de seus filhos, e em sua morte, foram considerados como órfãos.” (Clarke)

ii. Spurgeon considerou vários caminhos nos quais os seguidores de Jesus não são como órfãos.

·Um órfão tem pais que estão mortos; o Espírito nos mostra que Jesus está vivo.

·Um órfão é deixado sozinho; o Espírito nos aproxima da presença de Deus.

·Um órfão perdeu seu provedor; o Espírito provê todas as coisas.

·Um órfão não tem nenhum defensor; o Espírito é protetor.

b. Voltarei para vocês: Jesus novamente prometeu voltar para os discípulos (anteriormente em João 14:3). Esta foi uma promessa grande cumprida pela Sua ressurreição, pelo envio do Espírito e pela promessa de seu retorno corporal a esta terra.

i. “Toda a fase de sua vinda prometida está abraçada nesta certeza: ‘Eu voltarei para você’.” (Bruce)

c. O mundo não me verá mais; vocês, porém, me verão: Isso foi verdade em um sentido quando Jesus ressuscitou dos mortos. Contudo, foi verdade até mesmo quando Ele ascendeu ao céu. Jesus se revelaria aos discípulos de uma maneira real e poderosa depois de Sua partida. Eles O verão de um modo ainda maior do que O vendo com a visão física.

i. O Apóstolo Paulo mais tarde escreveu: Ainda que antes tenhamos considerado Cristo dessa forma, agora já não o consideramos assim ( 2 Coríntios 5:16). Havia algo mais convincente em conhecer Jesus pelo Espírito do que até mesmo conhecendo-O na carne.

d. Porque eu vivo, vocês também viverão: Os discípulos não somente veriam Jesus pelo Espírito, eles também continuariam a viver em Jesus por meio da obra do Espírito Santo. A dependência deles na vida de Jesus não acabaria quando Ele partisse; continuaria em maior medida por meio do Espírito Santo.

i. “Um homem é salvo porque Cristo morreu por ele, ele continua salvo porque Cristo vive por ele. A única razão pela qual a vida espiritual habita é porque Jesus vive.” (Spurgeon)

e. Compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês: Através do Espírito Santo eles conheceriam uma vida de relacionamento, vida compartilhada e união com Deus Pai, Deus Filho e no discípulo.

·Esta união é marcada pelo conhecimento da vontade de Deus (tem os meus mandamentos).

·Esta união é marcada pela obediência a vontade de Deus (e lhes obedece).

·Esta união é marcada pelo amor (esse é o que me ama).

·Esta união é marcada pelo relacionamento e recepção do amor com Deus Pai (será amado por meu Pai).

·Esta união é marcada por uma revelação do próprio Jesus (e me revelarei a ele).

·Tudo isso flui da união com Deus no discípulo por meio do Espírito Santo.

i. Este relacionamento é para a experiência do discípulo agora, não apenas na era que virá. “Pois ele não reserva a todos para a vida que está por vir, mas dá uma uva de Canaã neste deserto, tal qual o mundo nunca provou antes.” (Trapp)

ii. Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama: “O amor ao qual Cristo promete uma manifestação de Si mesmo não é um sentimento ocioso ou uma fantasia superficial, mas sim um princípio que induz à obediência.” (Dods)

iii. Quem tem os meus mandamentos: “O homem que ama a Cristo é aquele que ‘tem’ Seus mandamentos e os obedece. ‘Ter’ mandamentos é uma expressão incomum e não parece ter exatamente paralelo (embora cf. 1 João 4:21). O significado aparenta ser fazer dos mandamentos seus próprios, levá-los para o seu ser interior.” (Morris)

4. (22-24) Respondendo à pergunta de Judas (não o Iscariotes).

Disse então Judas (não o Iscariotes): “Senhor, mas por que te revelarás a nós e não ao mundo?” Respondeu Jesus: “Se alguém me ama, obedecerá à minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos morada nele. Aquele que não me ama não obedece às minhas palavras. Estas palavras que vocês estão ouvindo não são minhas; são de meu Pai que me enviou.”

a. Mas por que te revelarás a nós: Jesus fez uma excelente pergunta. A ideia de revelarás é mostrar, deixar claro. Não ficou imediatamente aparente como em Sua partida Jesus poderia se revelar aos Seus discípulos e não ao mundo todo.

i. Judas havia ouvido Jesus ensinar que toda a terra veria o Messias em Sua glória (Mateus 24:30). Foi difícil para ele entender Jesus quando Ele agora falou sobre uma revelação de Si mesmo que o mundo não veria.

ii. “Judas se chama ‘Judas filho de Tiago’ em Lucas 6:16 e Atos 1:13; e em cada ocasião a AV traduz como ‘o irmão de Tiago’ e a RV e RSV, mais naturalmente como ‘o filho de Tiago’. Ele parece ser idêntico ao Tadeu de Mateus 10:3 e Marcos 3:18.

iii. “As palavras não o Iscariotes são na realidade supérfluas depois de João 13:30, são adicionadas por São João vindas de seu terror profundo do traidor que possuía o mesmo nome.” (Alford)

b. Se alguém me ama, obedecerá à minha palavra: Respondendo a Judas, Jesus repetiu os temas dos versículos anteriores. Jesus seria revelado para e entre os discípulos por meio do amor, da obediência e união com o Pai e o Filho. Estas não foram e não são primeiramente experiências místicas ou extáticas, mas vida real vivida na presença e obra do Espírito Santo.

·O amor é pessoal; Jesus disse: Se alguém me ama.

·O amor tem uma consideração reverente pelos ensinamentos de Jesus; Jesus disse: obedecerá à minha palavra.

i. Obedecerá à minha palavra: “Isso é mais do que um ‘mandamento’, não é? A ‘palavra’ de Cristo é mais do que preceito. Inclui todas as Suas palavras, e inclui todas elas como em uma unidade vital e um todo orgânico. Não devemos selecionar e escolher entre elas; elas são uma.” (Maclaren)

ii. Nós viremos a ele e faremos morada nele: “Onde amor e obediência são mostrados, a presença de Deus e de Cristo está realizada; o Pai e o Filho juntos fazem sua morada com cada um dos filhos.” (Bruce)

c. Estas palavras que vocês estão ouvindo não são minhas; são de meu Pai que me enviou: Jesus novamente enfatizou sua dependência total e submissão ao Deus Pai. Jesus abertamente declarou Sua igualdade com o Pai (João 14:1, 14:3, 14:7, 14:9).

C. Jesus, ao partir concede o dom do Espírito Santo e Sua paz.

1. (25-27) A partida de Jesus deixa os dons do Espírito Santo e de Sua paz.

“Tudo isso lhes tenho dito enquanto ainda estou com vocês. Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse. Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo.

a. O Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome: Jesus mencionou o Conselheiro pela primeira vez em João 14:16. Ele retornou à promessa maravilhosa de que ao ir embora com sua presença física, Jesus pediria ao Pai para enviar o Espírito Santo para aconselhar seus discípulos.

i. Enviará em meu nome: O Espírito Santo é enviado aos discípulos pelos méritos de Jesus e pela natureza e caráter de Jesus. “O Espírito seria o representante oficialmente designado de Jesus para agir em seu nome.” (Tenney)

·O discípulo não tem que pedir pelo Espírito por mérito próprio dele ou dela; Eles podem recebê-Lo pelo mérito de Jesus.

·O discípulo deveria esperar que a obra do Espírito se pareça com a natureza e caráter de Jesus como revelado na palavra de Deus.

ii. Este é outro maravilhoso exemplo da verdade sobre a Trindade tecida na estrutura do Novo Testamento. Deus Pai envia Deus Espírito Santo a pedido de Deus Filho.

iii. O Espírito Santo: “Esta designação característica encontrada por todo o Novo Testamento não chama atenção para o poder do Espírito, Sua grandeza ou algo do gênero. Para os primeiros cristãos o importante era que Ele é santo.” (Morris)

b. Lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse: Em Sua partida, Jesus terminou Sua obra direta de ensinar aos discípulos como um rabino ensinava discípulos. O treinamento deles não estava acabado, mas continuaria com o Conselheiro, o Espírito Santo.

i. O Espírito Santo ensinaria os discípulos o que mais eles precisavam saber, e traria também de maneira sobrenatural a lembrança das palavras de Jesus, tanto para o próprio benefício deles quanto para escreverem os Evangelhos.

ii. Isso significa que a obra do espírito seria uma obra de continuação. Seu ensinamento continuaria o que Jesus já ensinou. O Espírito não apaga totalmente o ensinamento anterior de Jesus e começa de novo. “O espírito não dispensará os ensinamentos de Jesus. O ensinamento a ser relembrado é Dele.” (Morris)

iii. Existe algo geral nesta promessa para cada crente. O Espírito Santo nos ensina e traz a palavra de Deus a nossa memória (se formos cuidadosos ao recebê-la). Contudo, a plenitude dessa promessa foi reservada para aqueles discípulos e apóstolos da primeira geração, sobre quem Jesus estabeleceu a igreja ( Efésios 2:20).

iv. “É no cumprimento dessa promessa aos Apóstolos que a suficiência deles como Testemunhas de tudo o que o Senhor fez e ensinou, e consequentemente A AUTENTICIDADE DA NARRATIVA DO EVANGELHO, está fundamentada.” (ALford)

c. Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou: De certa maneira isso foi algo comum a se dizer em uma despedida naquela cultura, desejar paz (shalom) aos outros quando você os deixa. Jesus pegou esta despedida normal e a encheu de força e significado profundos.

i. “Era costumeiro ir embora com desejos de paz: – então 1 Samuel 1:17; Lucas 7:50; Atos 16:36; 1 Pedro 5:14; 3 João 15.” (Alford) “’A paz (shalom) esteja com você’ era (e é) a saudação judaica usual de quando amigos se encontravam e partiam.” (Bruce)

ii. Não a dou como o mundo a dá: Quando alguém naquela cultura antiga dizia paz ao se despedir, eles o diziam sem nenhum significado especial. Era como quando nós dizemos tchau. Literalmente aquilo significa: Que Deus esteja com você – mas nós não queremos dizer isso dessa maneira. Jesus queria que eles soubessem que quando ele disse deixo-lhes a paz, não era da maneira casual e vazia que a maioria das pessoas diziam.

iii. A paz deste mundo é muitas vezes baseada em distração ou cegueira proposital e mentiras. Jesus oferece uma paz melhor, uma paz real.

iv. Jesus não possuía herança ou fortuna para deixar para Seus seguidores em um testamento. Contudo, Jesus lhes deu duas coisas maiores do que qualquer fortuna: a presença e o poder do Espírito Santo e a paz do próprio Jesus. Esta é a paz do Deus Filho com Seu completo amor confiante em Deus Pai.

v. “Ele descreveu cuidadosamente a paz como ‘minha paz’. A paz Dele era um coração imperturbável e destemido em vez de todo o sofrimento e conflito à frente dele.” (Morgan)

vi. “Na Bíblia a palavra para a paz, shalom, nunca significa simplesmente a ausência de perturbações. Ela significa tudo o que contribui para nosso bem maior. A paz que o mundo nos oferece é a paz da fuga, a paz que vem de evitar perturbações e de se recusar a enfrentar as coisas.” (Barclay)

d. Não se perturbe o seu coração: Jesus retornou ao tema registrado no primeiro versículo de João 14. Com fé em Deus e em Seu Filho, com o recebimento do Seu Espírito e da Sua paz, podemos ter um coração imperturbável em uma vida bem perturbadora.

2. (28-29) A bondade da partida de Jesus para o Pai.

“Vocês me ouviram dizer: Vou, mas volto para vocês. Se vocês me amassem, ficariam contentes porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. Isso eu lhes digo agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vocês creiam.”

a. Se vocês me amassem, ficariam contentes: Os discípulos estavam perturbados com a notícia da partida de Jesus. Na fé, eles deveriam ao invés disso ficar contentes, pelo bem de Jesus, por seu próprio bem e pelo bem do mundo. A obra de Jesus por meio do Espírito Santo enviado seria maior do que Sua obra durante os anos de Seu ministério terreno.

·Jesus, quando eu penso em tudo o que Você deixou para trás, tudo que Você tomou para Si mesmo quando você veio do céu para a terra – me deixa feliz que você vai para o Pai para ter tudo isso restaurado para Você.

·Jesus, quando eu penso em tudo o que Você me dará e a todo o Seu povo quando Você acende a glória e de lá em via o Espírito Santo, ora por Sua igreja e prepara um lugar para nós – me deixa feliz que você vai para o Pai, também pelo meu bem.

b. Porque vou para o Pai: Nós sentimos uma antecipação alegre em Jesus, feliz em Seu retorno em breve ao companheirismo do céu entre Pai e Filho.

c. Pois o Pai é maior do que eu: O Pai é maior do que o Filho em posição, especialmente a respeito da encarnação. Contudo, o Pai não é maior do que o Filho em essência ou ser; Eles são ambos igualmente Deus.

i. É notável que Jesus até mesmo dissesse isso. “Que deveria ser explicitamente afirmado, como aqui, é a evidência mais forte de que Ele era Divino.” (Dods)

3. (30-31) Jesus segue adiante por vontade própria, não como alguém que está sendo oprimido por Satanás.

“Já não lhes falarei muito, pois o príncipe deste mundo está vindo. Ele não tem nenhum direito sobre mim. Todavia é preciso que o mundo saiba que eu amo o Pai e que faço o que meu Pai me ordenou. Levantem-se, vamo-nos daqui!”

a. O príncipe deste mundo está vindo: Jesus sabia que Satanás estava vindo para Ele. Naquele momento Judas Iscariotes estava arranjando a prisão de Jesus no Jardim de Getsêmani. A calma amorosa e centrada nos outros de Jesus em tais circunstâncias é notável.

b. Ele não tem nenhum direito sobre mim: Jesus podia dizer com confiança e verdade que Satanás não tinha absolutamente nenhum gancho, nenhum ponto de apoio para enganação Nele. Satanás não podia empurrar Jesus para a cruz; Jesus foi em obediência amorosa a Deus pai e por amor ao mundo (Que o mundo saiba que eu amo o Pai e que faço o que meu Pai me ordenou).

i. “Ele não tem nenhum direito sobre mim – nenhum ponto de aplicação para fazer o seu ataque.” (Alford)

ii. “Jesus vai para a morte não derrotado pelas maquinações de Satanás, ‘mas para que o mundo saiba que eu amo o Pai e que faço o que meu Pai me ordenou’.” (Dods)

c. Levantam-se, vamo-nos daqui! Neste ponto, Jesus e seus discípulos deixaram a mesa e fizeram o seu caminho vagarosamente em direção ao Jardim de Getsêmani. Está claro que eles não foram embora imediatamente (João 18:1), mas começaram aqui.

i. “Qualquer um que tentou fazer um grupo de doze ou mais ir embora de um lugar em particular em uma hora específica saberá que geralmente leva mais do que uma breve exortação para se realizar isso.” (Morris)

ii. “Provavelmente o resto do discurso e oração, capítulo 17, foi feito quando agora todos estavam de pé prontos para partir.” (Alford)

iii. “Se os capítulos 15 a 17 foram conversados na rota para Getsêmani ou se ele os discípulos perduraram enquanto ele acabava a discussão não está claro.” (Tenney)

iv. Notavelmente, eles ficaram prontos para irem juntos. “Poderia se pensar que em uma noite como essa, o desejo mais profundo de Jesus teria sido ficar sozinho…Ele não podia deixá-los ir embora sozinhos. Ele os amava muito profundamente para isso. Eles poderiam abandoná-Lo, como estavam para fazer em breve. Era impossível para Ele abandoná-los.” (Morrison)

Informação Bibliográfica
Guzik, David. "Comentário sobre John 14". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/commentaries/por/tew/john-14.html. 2024.
 
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