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Bible Commentaries
2 Pedro 1

Comentário Bíblico Enduring WordEnduring Word

versos 1-21

2 Pedro 1 – A Vida Cristã Segura

A. Um encorajamento para conhecer a Deus e o que Ele fez por nós.

1. (1) Apresentando uma carta de Pedro aos crentes.

Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, àqueles que, mediante a justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, receberam conosco uma fé igualmente valiosa:

a. Simão Pedro: O apóstolo aqui se chamava Simão Pedro. Talvez, por ter escrito esta carta mais tarde na vida, não quisesse esquecer de onde vinha e que às vezes ainda se parecia mais com o velho Simão do que com o novo Pedro.

i. Lembramos que Simão era seu nome de nascimento; Pedro foi o nome especial dado a ele por Jesus, para chamar esse homem de pensamento e comportamento “semelhante à rocha”.

ii. Alguns disseram que Pedro não escreveu esta carta porque o assunto e o estilo são um pouco diferentes de 1 Pedro. No entanto, o propósito das duas cartas é bem diferente. 1 Pedro foi escrito para encorajar os cristãos sob a ameaça de perseguição violenta; 2 Pedro foi escrito para alertar esses mesmos crentes sobre o perigo de falsos mestres e influências nocivas.

iii. “Convencido de que o melhor antídoto para a heresia é um conhecimento maduro da verdade, Pedro exorta seus leitores a terem uma apreciação adequada pela profecia, a viver uma vida santa e piedosa enquanto aguardam a vinda de Cristo e a crescer na graça e no conhecimento do Senhor.” (Kirby)

b. Servo e apóstolo de Jesus Cristo: A ordem desses títulos é importante. Pedro se considerava primeiro um servo e depois um apóstolo. Sua condição de servo era mais importante para ele do que sua condição de apóstolo.

c. Àqueles que receberam conosco uma fé igualmente valiosa: Pedro escreveu para aqueles que tiveram a mesma salvação que ele experimentou, que ele chamou de “uma fé igualmente preciosa”. Essa fé que receberam, e não pelos esforços do homem, mediante a justiça de nosso Deus.

i. “Ele nos diz também que a fé é ‘preciosa’; e não é preciosa? Pois trata de coisas preciosas, com promessas preciosas, com sangue precioso, com uma redenção preciosa, com toda a preciosidade da pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”. (Spurgeon)

ii. Uma fé igualmente preciosa provavelmente fala do fato de que judeus e gentios desfrutavam da mesma fé e, portanto, dos mesmos benefícios em Jesus. “Deus tendo dado a vocêsgentios crentes, a mesma fé e salvação que ele deu a nósjudeus crentes.” (Clarke)

d. Nosso Deus e Salvador Jesus Cristo: A gramática do grego antigo demonstra que Pedro disse que Jesus Cristo é nosso Deus e Salvador. Pedro claramente pensou que Jesus era e é nosso Deus e Salvador.

i. “A expressão Deus e nosso Salvador está em uma construção no texto grego que exige que traduzamos, nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, a expressão mostrando assim que Jesus Cristo é o Deus do cristão.” (Wuest)

ii. “A gramática deixa poucas dúvidas de que, nessas palavras, Pedro está chamando Jesus Cristo de Deus e Salvador.” (Blum)

2. (2-4) Uma saudação expandida em uma compreensão do valor do conhecimento de Deus.

Graça e paz lhes sejam multiplicadas, pelo pleno conhecimento de Deus e de Jesus, o nosso Senhor. Seu divino poder nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude. Por intermédio destas coisas, ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina e fugissem da corrupção que há no mundo, causada pela cobiça.

a. Graça e paz lhes sejam multiplicadas: Pedro indicou que a graça e a paz– os dois dons mais preciosos – são nossos no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, o nosso Senhor. À medida que conhecemos a Deus, ganhamos esses fundamentos essenciais para a salvação e a vida.

b. Seu divino poder nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade: No entanto, não apenas a graça e a paz – mas também todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade são nossas por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou. Conhecer a Deus é a chave para todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade.

i. Essas coisas vêm a nós por meio de Seu divino poder. “Divino poder! Que questões estupendas são compreendidas nesse termo, divino poder! Foi isso que cavou as fundações profundas da terra e do mar! Divino Poder, é isso que guia as marchas das estrelas! Divino Poder! é isso que sustenta os pilares do universo, e que um dia os sacudirá e apressará todas as coisas de volta ao seu nada que era originalmente.” (Spurgeon)

ii. Estamos dispostos a tentar quase tudo, exceto o pleno conhecimento daquele que nos chamou. Vamos confiar nos esquemas e planos dos homens em vez do pleno conhecimento daquele que nos chamou. Tentaremos conhecer a nós mesmos em vez do pleno conhecimento daquele que nos chamou. Precisamos chegar ao mesmo lugar que o apóstolo Paulo chegou, quando disse que eu poderia conhecê-lo ( Filipenses 3:10).

iii. De acordo com Blum, a antiga palavra grega conhecimento não se refere a um conhecimento casual. Significa um conhecimento exato, completo e minucioso.

c. Por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou: Chegamos ao conhecimento daquele que nos chamou quando aprendemos Dele por meio de Sua Palavra, por meio da oração e da comunidade do povo de Deus. É verdade que nós precisamos de Deus, mas Deus não nos encontra só na nossa solidão, mas também na comunidade do seu povo.

d. Que nos chamou: Este conhecimento de Deus vem para aqueles que ele chamou. É o conhecimento, mas não é mera compreensão intelectual ou intuição. É o conhecimento que vem pela experiência – a experiência que o povo de Deus tem do próprio Deus.

e. Que nos chamou para a sua própria glória e virtude: É a glória e virtude de Jesus que O motivou a nos chamar, e é Sua glória e virtude que nos atraem a Ele.

f. Por intermédio destas coisas, ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas: Isto explica o valor da glória e virtude de Deus que nos chamou. Por isso Ele nos deu grandiosas e preciosas promessas. Isso significa que as promessas de Deus são baseadas em Sua glória e virtude e, portanto, perfeitamente confiáveis porque Deus nunca pode comprometer Sua glória e virtude.

i. O Salmo 138:2 nos lembra que Deus honra Sua palavra mesmo acima de Seu nome. Nunca devemos duvidar de nenhuma promessa de Deus. Em vez disso, devemos permitir que seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso ( Romanos 3:4).

ii. Por essas razões, as promessas de Deus são grandiosas e preciosas promessas (no sentido de serem grandes e imponentes) e preciosas, no sentido de serem valiosas. “Muitas coisas são grandes que não são preciosas, como grandes rochas, que são de pouco valor; por outro lado, muitas coisas preciosas que não são grandes – como diamantes e outras joias, que não podem ser muito grandes se forem muito preciosas. Mas aqui temos promessas que são tão grandes que não são menos que infinitas e tão preciosas que não são menos que divinas.” (Spurgeon)

iii. “Foi de considerável importância para o conforto dos gentios que essas promessas fossem feitas a eles e que a salvação não fosse exclusivamente dos judeus.” (Clarke)

g. Para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina: Isso explica o valor dessas grandiosas e preciosas promessas. Por meio dessas promessas, somos participantes da natureza divina. A ideia de Pedro é semelhante à ideia de Paulo sobre nosso glorioso status como filhos e filhas adotivos de Deus ( Gálatas 4:5-7).

i. Este é um Deus notavelmente generoso e amoroso. Ele poderia nos resgatar do inferno sem sequer nos convidar a ser participantes da natureza divina. Mostra quão profundamente Deus nos ama e deseja compartilhar Sua vida – na verdade, até mesmo a natureza divina– com Seu povo.

h. Fugissem da corrupção que há no mundo, causada pela cobiça: Deus está acima e além da corrupção deste mundo. Assim também deve ser com aqueles que são participantes da natureza divina. A corrupção que há no mundo se expressa através da cobiça – os desejos ímpios deste mundo.

3. (5-7) Como viver como participante da natureza.

Por isso mesmo, dando toda a diligência, para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor.

a. Dando toda a diligência: somos participantes da natureza divina, mas uma vez que nos tornamos filhos e filhas espirituais, o crescimento na vida cristã não acontece apenas para nós. Devemos dar toda a diligência em nossa caminhada com o Senhor.

b. Para acrescentar à sua fé a virtude: começamos nossa vida com Deus com , mas a fé progride em virtude, conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade, fraternidade, amor– o amor sendo a pedra angular de toda a obra de Deus em nós.

i. Acrescentar à sua fé: Literalmente no grego antigo, “Lidere de mãos dadas; aludindo, como muitos pensam, ao coro da dança grega, que dançava de mãos dadas.” (Clarke)

ii. O escopo da lista demonstra que Deus quer que tenhamos uma vida cristã completa, completa em todos os aspectos. Não podemos nos contentar com uma vida cristã incompleta.

iii. Sobre a palavra domínio próprio, o estudioso grego Kenneth Wuest diz que os gregos usavam essa palavra domínio próprio para descrever alguém que não era governado pelo desejo de sexo.

c. Dando toda a diligência: Essas belas qualidades não são coisas que o Senhor simplesmente derrama em nós conforme recebemos passivamente. Em vez disso, somos chamados a dar toda a diligência a essas coisas, trabalhando em parceria com Deus para acrescentar.

4. (8-9) Como usar essas qualidades para medir nossa caminhada cristã.

Porque, se essas qualidades existirem e abundarem em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos. Todavia, se alguém não as tem, está cego, só vê o que está perto, esquecendo-se da purificação dos seus antigos pecados.

a. Se essas qualidades existirem e abundarem: Se temos estas coisas e abundamos nestas coisas, é evidente para todos que não somos inoperantes e improdutivos em nosso conhecimento de Jesus.

i. As palavras inoperantes e improdutivos caracterizam a vida de muitos cristãos, que carecem dessas qualidades porque lhes falta o conhecimento de Deus, isto é, conhecê-lo relacionalmente em um sentido cada vez mais pleno e profundo.

ii. Abundarem: Alguns podem se sentir bem que essas qualidades são vistas em nós de tempos em tempos. Mas Pedro diz que elas devem abundarem em nós.

b. Se alguém não as tem, está cego: Se carecermos dessas coisas, isso mostra que temos “problemas nos olhos”. Só conseguimos ver o que está perto, incapazes de ver a Deus, apenas a nós mesmos. Isso nos torna praticamente cegos, mostrando que nos esquecemos que obtivemos a purificação dos antigos pecados

i. “Tal homem vê as coisas do tempo e falha em discernir as da eternidade… ele vê a si mesmo e a seus semelhantes, mas não a Deus. Essa miopia é destrutiva de uma verdadeira experiência cristã e, portanto, impossibilita o avanço”. (Morgan)

ii. A razão para esta condição também é declarada; tal pessoa esquecendo-se da purificação dos seus antigos pecados. “Ou seja, ele falhou em responder a todo o alargamento de vida e visão que lhe veio quando recebeu a purificação de sua natureza no início de sua vida cristã”. (Morgan)

iii. Talvez alguém se esqueceu o quão ruim ele era e o quanto precisava dessa purificação. Talvez tenha se esquecido do grande custo dessa purificação da mancha suja do pecado. Talvez tenha se esquecido quão grande e completa é a purificação, tornando um pecador antes culpado agora tão puro e branco como a neve ( Isaías 1:18).

5. (10-11) Confirmando nosso chamado e eleição.

Portanto, irmãos, empenhem-se ainda mais para consolidar o chamado e a eleição de vocês, pois se agirem dessa forma, jamais tropeçarão, e assim a entrada será fornecida a você abundantemente no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

a. Empenhem-se ainda mais para consolidar o chamado e a eleição: Isso mostra como podemos ter certeza de que Deus nos chamou e de que somos Seus eleitos. É agindo dessa forma, mencionado em 2 Pedro 1:5-7 (fé, virtude, conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade, fraternidade, amor). Ao vermos essas coisas em nossa vida, sabemos que nossas vidas estão se tornando mais parecidas com a natureza de Jesus. Mostra que estamos sendo conformados à imagem de seu Filho ( Romanos 8:29).

i. É possível para uma pessoa não salva cumprir muitos deveres morais e religiosos. Mas enquanto ao que é mencionado aqui no texto “dessa forma”, Pedro se refere a assuntos do coração e devem ser evidentes em qualquer um nascido de novo. Simplificando, se somos chamados, se somos eleitos, então nascemos de novo – e se nascemos de novo, isso se mostra na maneira como vivemos.

ii. “Será perguntado, no entanto, por que o chamado aqui é colocado antes da eleição, visto que a eleição é eterna e o chamado ocorre no tempo? Eu respondo, porque chamado é primeiro para nós. A primeira coisa que você e eu podemos saber é nosso chamado: não podemos dizer se somos eleitos até que sintamos que fomos chamados. Devemos, antes de tudo, provar nossa vocação, e então nossa eleição é segura com toda a certeza”. (Spurgeon)

b. Se agirem dessa forma, jamais tropeçarão: Ao perseguir essas coisas, evitamos tropeçar. O crescimento e o progresso contínuos na vida cristã são o caminho certo para não tropeçar.

c. A entrada será fornecida a você abundantemente no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo: Pedro aqui lembrou a seus leitores da grande recompensa de consolidar o chamado e a eleição. Eles entrariam no céu gloriosamente, não como quem escapa através do fogo ( 1 Coríntios 3:15).

i. “Existem duas formas de entrar em um porto. Um navio pode chegar, encharcado e inundado, basta manter-se à tona trabalhando continuamente nas bombas; ou pode entrar com cada vela lançada, sua flâmula flutuando no topo do mastro. Este último é o que o apóstolo deseja para si e para aqueles a quem se dirige. Ele desejou que uma entrada abundante fosse ministrada a eles.” (Meyer)

ii. F.B. Meyer também escreveu que a ideia de uma “entrada abundantemente” era na verdade uma entrada com coral. A ideia era de um conquistador romano entrando em sua cidade, recebido por cantores e músicos que se juntariam a ele em uma procissão gloriosa e feliz pela cidade.

iii. “Sua entrada no céu será assim? Você entrará nele, como salvo pelo fogo ou para receber uma recompensa? Você virá sem ser reconhecido, ou será recebido por dezenas e centenas para quem você tem sido o meio de bênção, e quem o esperará?” (Meyer)

B. A necessidade de ser lembrado.

1. (12) Pedro explica por que ele escreve sobre coisas que eles já ouviram antes – os fundamentos da vida cristã.

Por esta razão, não serei negligente em lembrá-los sempre dessas coisas, embora saibam e estejam estabelecidos na verdade presente.

a. Por esta razão: Pedro acabou de escrever sobre a promessa de entrada no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo( 2 Pedro 1:11). Visto que chegar a esse reino é tão importante, é útil e necessário para Pedro lembrar-lhes sempre dos fundamentos da vida cristã.

b. Não serei negligente em lembrá-los sempre dessas coisas, embora saibam: mesmo que seus leitores saibam a verdade, à luz do que estava em jogo – seu destino eterno – valeu a pena repassar essas ideias repetidamente.

i. Uma equipe esportiva que disputa o campeonato praticará os mesmos fundamentos repetidas vezes. Eles fazem isso, mesmo conhecendo as técnicas, porque querem a vitória.

ii. Por esta razão, os cristãos nunca devem se cansar de ouvir os fundamentos da vida cristã. Devemos nos alegrar toda vez que Jesus Cristo e Seu evangelho e plano para nossas vidas são pregados.

c. Estejam estabelecidos na verdade presente: Estabelecido é a mesma palavra traduzida como confirma em Lucas 22:32, quando Jesus disse a Pedro: “… quando te converteres, confirma teus irmão.” Aqui, Pedro cumpriu esse mandamento de Jesus. Ele nos estabeleceria e nos fortaleceria lembrando-nos dos fundamentos da vida cristã.

2. (13-14) A urgência no coração de Pedro.

Sim, acho que está certo, enquanto estiver no tabernáculo deste corpo, despertar a memória de vocês, porque sei que em breve deixarei este tabernáculo, como o nosso Senhor Jesus Cristo já me revelou.

a. Sim, acho que está certo: Por causa do que está em jogo, Pedro sabia que era certo lembrar constantemente as pessoas, especialmente porque ele sabia que os dias de sua vida terrena estavam terminando.

b. Em breve deixarei este tabernáculo: Pedro considerou seu corpo não mais do que um tabernáculo. Um tabernáculo é um lugar temporário para se viver. Os tabernáculos devem ser cuidados, mas você não investiria grandes recursos para consertar um tabernáculo. Você economiza seus recursos reais para um lugar mais permanente para viver. Nosso lugar mais permanente para viver é o céu, e devemos investir mais no céu do que em nosso tabernáculo – nosso corpo físico.

i. Como Pedro sabia que em breve deixarei este tabernáculo? Talvez fosse porque Pedro estava simplesmente envelhecendo. Talvez fosse porque as chamas da perseguição estavam ficando mais quentes ao seu redor. A história da igreja nos diz que Pedro morreu como mártir, assim como o nosso Senhor Jesus Cristo revelou a ele (João 21:18-19).

ii. Isso mostra que Pedro acreditava que as palavras proféticas de Jesus seriam cumpridas literalmente. Jesus revelou a Pedro que ele morreria como mártir, e ele acreditou nisso – mesmo que desejasse que fosse apenas simbólico.

3. (15) Pedro se prepara para o futuro.

Eu me empenharei para que, também depois da minha partida, vocês sejam sempre capazes de lembrar-se destas coisas.

a. Eu me empenharei para que… vocês sejam sempre capazes de lembrar-se: Pedro colocou esse lembrete em uma carta, para que o povo de Deus tivesse um lembrete constante, mesmo depois de sua partida.

b. Depois da minha partida: Pedro parecia ciente do significado da morte dos apóstolos e da necessidade de preservar o ensinamento autorizado dos apóstolos e profetas. Este, o ensino escrito dos apóstolos e seus associados, é o fundamento da igreja ( Efésios 2:20) preservado por Deus por todas as gerações.

C. A certeza do testemunho apostólico.

1. (16-18) A evidência da transfiguração.

De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade. Ele recebeu honra e glória da parte de Deus Pai, quando da suprema glória lhe foi dirigida a voz que disse: “Este é o meu filho amado, em quem me agrado”. Nós mesmos ouvimos essa voz vinda do céu, quando estávamos com ele no monte santo.

a. Não seguimos fábulas engenhosamente inventadas: Pedro declarou solenemente que o testemunho dos apóstolos – testemunho pelo qual eles suportaram a tortura e pelo qual deram a vida– não era baseado em fábulas engenhosamente inventadas ou mesmo meias verdades, mas em testemunhos oculares; que eles foram testemunhas oculares da Sua majestade.

i. Fábulas traduzem a antiga palavra grega mythos. Algumas pessoas pensam que o Evangelho e o registro bíblico são apenas mitos antigos. Eles podem admirar seu poder como mitos, mas Pedro insistiu com razão que sua mensagem não era um mito. Era história, visto por testemunhas oculares.

ii. Podemos reconstruir com segurança eventos históricos a partir do depoimento de testemunhas oculares, que devem ser verificadas quanto à veracidade. Os apóstolos e escritores do Novo Testamento foram verificados por séculos e foram considerados verdadeiros.

b. Testemunhas oculares da Sua majestade: Quando Pedro testemunhou a majestade de Jesus? Houve muitas ocasiões, mas uma provavelmente ficou em sua mente: a transfiguração de Jesus, registrada em Mateus 17:1-8, Marcos 9:1-9 e Lucas 9:28-36. Sabemos disso porque Pedro citou aqui o que Deus Pai disse a Jesus na Transfiguração: “Este é o meu filho amado, em quem me agrado”.

i. Na transfiguração, Jesus foi transformado em glória diante dos apóstolos, não apenas mudado na aparência externa. O efeito foi extremamente impressionante; Jesus tornou-se tão brilhante na aparência que era difícil olhar para Jesus. Ele brilhou como o sol (Mateus 17:2).

ii. Pode-se dizer que essa glória brilhante não foi um novo milagre, mas uma pausa em um milagre contínuo. O verdadeiro milagre foi que Jesus, na maioria das vezes, conseguia deixar de exibir Sua glória.

c. Este é o meu filho amado, em quem me agrado: Na transfiguração, o Pai falou do céu para declarar Sua aprovação e alegria em Deus Filho. Enquanto Pedro escrevia isso, sentimos que as palavras ainda soavam em seus ouvidos porque na transfiguração ele cometeu o erro de igualar Jesus a Moisés e a Elias, que apareceram junto com Ele.

i. Essas palavras do céu foram importantes porque Jesus acabara de dizer aos Seus discípulos que Ele teria que ser crucificado e Seus seguidores também teriam que tomar a sua cruz para segui-Lo (Marcos 8:31-38). Seus discípulos precisavam dessa palavra de segurança para manter sua confiança em Jesus e precisavam ouvir que Jesus ainda agradava ao Pai, embora Ele dissesse que seria crucificado.

ii. As palavras do céu também colocam claramente Jesus acima da Lei e dos Profetas. Jesus não era apenas outro ou mesmo um legislador ou profeta melhor. Jesus foi e é o Filho amado.

iii. Essencialmente, a voz do céu foi uma repreensão a Pedro (Marcos 9:7). No entanto, o que antes era uma repreensão tornou-se uma doce lembrança.

iv. Moisés e Elias apareceram com Jesus porque representavam os arrebatados para Deus (Judas 9 e 2 Reis 2:11). Eles representavam a Lei (Moisés) e os Profetas (Elias). Moisés e Elias também estão ligados à profecia, tendo uma forte ligação com as testemunhas de Apocalipse 11:3-13.

d. Nós mesmos ouvimos essa voz vinda do céu: Foi terrível para Pedro e os discípulos verem Jesus transfigurado e glorificado. Foi incrível para eles ouvir essa voz… do céu. No entanto, a experiência em si não transformou suas vidas. Somente o nascer de novo pelo Espírito de Deus fez isso, dando-lhes ousadia além da medida. A transfiguração foi incrível, mas foi uma experiência passageira até que eles nascessem de novo.

2. (19) A evidência da profecia cumprida.

E assim temos a palavra profética confirmada, que você faz bem em prestar atenção, como a uma candeia que brilha em lugar escuro, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em seus corações.

a. E assim temos a palavra profética confirmada: a experiência de Pedro na transfiguração foi incrível. Mas o testemunho da palavra de Deus sobre Jesus era ainda mais seguro do que a experiência pessoal de Pedro. O cumprimento da palavra profética confirmada é um testemunho certo e confiável da verdade das Escrituras.

i. “Considerado de acordo com a tradução comum, parece dizer que a profecia é uma evidência mais segura de revelação divina do que de milagres; e assim foi entendido.” (Clarke)

b. Que você faz bem em prestar atenção: Quando consideramos o testemunho profético de Jesus, fazemos bem em prestar atenção. Existem pelo menos 332 previsões distintas do Antigo Testamento sobre o Messias que Jesus cumpriu perfeitamente. A combinação dessas evidências, de uma perspectiva estatística simples, é absolutamente esmagadora.

i. O professor Pedro Stoner calculou que a probabilidade de qualquer homem cumprir oito dessas profecias é de uma em 100.000.000.000.000.000 (10 elevado à 17ª potência). Esse número de dólares de prata cobriria o estado do Texas com meio metro de profundidade. Stoner diz que se você considerar 48 das profecias, as chances se tornam uma em 10 elevado a 157ª potência.

c. Como a uma candeia que brilha em lugar escuro: Não é de admirar que Pedro pudesse dizer que a palavra profética é confirmada, e que é como uma candeia que brilha em lugar escuro, algo a que devemos nos apegar até que o dia clareie e Jesus volte.

3. (20-21) Princípios para garantia profética.

Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo.

a. Nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal: mesmo nos dias de Pedro, os inimigos de Jesus distorceram as profecias do Antigo Testamento, dando-lhes significados pessoais e bizarros tentando excluir Jesus de seu cumprimento. Mas Pedro diz que a profecia não é de nenhuma interpretação pessoal; seu significado é evidente e pode ser confirmado por outros.

i. Embora Pedro aqui tenha falado de profecia da Escritura, o mesmo princípio é verdadeiro para o dom de profecia hoje. Deve haver confirmação sóbria de qualquer palavra profética, e isso não através de outra palavra profética, mas através das Escrituras. No dom de profecia, Deus nunca fala a apenas uma pessoa e sempre fornece confirmação.

b. Jamais a profecia teve origem na vontade humana: É errado e inválido torcer a profecia para nosso próprio significado pessoal, porque a profecia não vem do homem, mas de Deus. Ela vem através de homens que falaram da parte de Deus – mas somente quando eles são impelidos pelo Espírito Santo.

i. “Longe de inventar o assunto de suas próprias previsões, os antigos profetas nem sabiam o significado do que eles mesmos escreveram. Eles foram levados além de si mesmos pela influência do Espírito Divino e, depois de séculos, ficaram sozinhos para descobrir o propósito da profecia; e o cumprimento seria a prova absoluta de que a predição era de Deus e que não era de interpretação pessoal.” (Clarke)

c. Impelidos pelo Espírito Santo: De acordo com Green, a antiga palavra grega traduzida como “Impelidos” tem o sentido de algo que élevado, como um navio sendo levado pelo vento ou pela corrente (a mesma palavra é usada para um navio em Atos 27:15,17). É como se os escritores das Escrituras “subissem suas velas” em cooperação com Deus e o Espírito Santo levou-os na direção que Ele desejava.

Informação Bibliográfica
Guzik, David. "Comentário sobre 2 Peter 1". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/commentaries/por/tew/2-peter-1.html. 2024.
 
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