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Bible Commentaries
Mateus 6

Matheus Henry - Comentário do Novo testamentoHenry Comentário NT

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versos 1-34

Logo, nosso Senhor advertiu contra a hipocrisia e a simulação externas nos deveres religiosos. o que deve ser feito, devemos fazê-lo a partir de um princípio interior de sermos aprovados por Deus, não pela busca do elogio dos homens. Nestes versículos se nos adverte contra a hipocrisia de dar esmola. Atenção a isto. É pecado sutil; é a vangloria se infiltra no que fazemos, antes de percebermos. Mas o dever não é menos necessário nem menos excelente porque os hipócritas abusam dele para servirem seu orgulho. A condena que Cristo dita parece primeiro uma promessa, mas é sua recompensa; não é a recompensa que promete Deus aos que fazem o bem, senão a recompensa que os hipócritas se prometem a si mesmos, e pobre recompensa é; eles o fizeram para serem vistos pelos homens, e são vistos por eles. Quanto menos percebemos nossas boas obras, Deus as nota mais. Ele te recompensará; não como amo que dá a seu servo o que se ganha, e nada mais, senão como Pai que dá abundantemente a seu filho o que lhe serve.



Se tem como verdadeiro que todos os que são discípulos de Cristo oram. Pode que seja mais rápido achar um homem vivo que não respire que um cristão vivo que não ore. Se não há oração, então não há graça. Os escribas e fariseus eram culpáveis de duas grandes faltas na oração: a vangloria e a vã repetição. "Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena recompensa"; se em algo tão grande entre nós e Deus, quando estamos orando, podemos levar em conta uma coisa tão pobre como a adulação dos homens, justo é que isso seja toda a nossa recompensa. Mas não há um murmurar secreto e repetido em busca de Deus que Ele não veja. É chamado recompensa, mas é de graça, não por dívida; que mérito pode haver em mendigar? Se não dá a seu povo o que lhe pedem, deve-se a que sabe que não o necessitam e que não é para seu bem. Tanto dista Deus de ser convencido pela largura ou as palavras de nossas orações, que as intercessões mais fortes são as que se emitem com gemidos inexprimíveis. Estudemos bem o que mostra a atitude mental em que devemos oferecer nossas orações, e aprendamos diariamente de Cristo como orar.



Cristo viu que era necessário mostrar a seus discípulos qual deve ser correntemente o tema e o método de sua oração. Não se trata de que estejamos obrigados somente a usar a mesma oração sempre, porém, sem dúvida, é muito bom orar segundo um modelo. Diz muito em poucas palavras; se usa em forma aceitável não mais do que se usa com entendimento e sem vãs repetições.
Seis são as petições: as primeiras três se relacionam mais expressamente com Deus e sua honra; as outras três, com nossas preocupações temporárias e espirituais. Esta oração nos ensina a buscar primeiro o reino de Deus e sua justiça, e todas as outras coisas serão agregadas.
Depois das coisas da glória, do reino e da vontade de Deus, oramos pelo sustento e o consolo necessário na vida presente. Aqui cada palavra contém uma lição. Pedimos pão: isso nos ensina sobriedade e temperança; e somente pedimos pão, não o que não necessitamos. Pedimos por nosso pão: isso nos ensina honestidade e trabalho; não devemos pedir o pão de outrem nem o pão do engano (Provérbios 20.17). Nem o pão do ócio (Provérbios 31.27), senão o pão honestamente obtido. Pedimos por nosso pão diário, o que nos ensina a depender constantemente da providência divina. Rogamos a Deus que no-lo dê: não que o venda ou o empreste, senão que o dê. O maior dos homens deve dirigir-se à misericórdia de Deus para seu pão diário. Oramos: dá-nos. Isto nos ensina compaixão pelos pobres. Também que devemos orar com nossa família. Oramos para que Deus no-lo dê neste dia, o que nos ensina a renovar os desejos de nossas almas Enquanto a Deus, como são renovadas as necessidades de nossos corpos. Ao chegar o dia, devemos orar a nosso Pai celestial e reconhecer que poderíamos passar muito bem o dia sem comida, mas não sem oração.
Se nos ensina a odiar e aborrecer o pecado enquanto esperamos misericórdia, a desconfiar de nós, a confiar na providência e na graça de Deus para impedir-nos pecar, a estarmos preparados para resistir o tentador, e a não voltar-nos tentadores dos outros.
Aqui há uma promessa: se perdoar, teu Pai celestial também te perdoará. Devemos perdoar porque esperamos ser perdoados. Os que desejam achar misericórdia de Deus devem mostrar misericórdia a seus irmãos. Cristo veio ao mundo como o grande Pacificador não só para reconciliar-nos com Deus, senão também os uns com os outros.



O jejum religioso é um dever requerido aos discípulos de Cristo, mas não é tanto um dever em si mesmo, senão como meio para dispor-nos para outros deveres. Jejuar é humilhar a alma (Salmo 35.13); esta é a face interna do dever; portanto, que seja teu principal interesse, e Enquanto à externa, não permitas que se veja cobiça. Deus vê no secreto, e te recompensará em público.



A mentalidade mundana é sintoma fatal e corriqueiro da hipocrisia, porque por nenhum pecado pode Satanás ter um suporte mais seguro e mais firme na alma que sob o manto de uma profissão de fé. Algo terá a alma que olhar como o melhor, aquilo no qual se compraz e confia acima de todas as demais coisas. Há tesouros no céu. Sabedoria nossa é realizar toda diligência para assegurar nosso direito à vida eterna por meio de Jesus Cristo, e olharmos para todas as coisas daqui embaixo como indignas de serem comparadas com aquelas, e não ficarmos contentes com nada inferior a elas. É felicidade superior e além das mudanças e azares do tempo, é herança incorruptível.
O homem mundano erra em seu primeiro princípio; portanto, todos seus arrazoamentos e ações que daí surgem devem ser maus. Isto se aplica por igual à falsa religião; o que é considerado luz é a escuridão mais densa. Este é um exemplo espantoso, mas comum; portanto, devemos examinar cuidadosamente nossos princípios diretrizes à luz da palavra de Deus, pedindo com oração fervorosa o ensino de seu Espírito.
Um homem pode servir um pouco a dois amos, mas pode consagrar-se ao serviço de não mais que um. Deus requer todo o coração e não o dividirá com o mundo. Quando dois amos se opõem entre si, nenhum homem pode servir ambos. Ele se aferra e ama o mundo, e deve desprezar a Deus; o que ama a Deus deve deixar a amizade do mundo.



Escassamente há um outro pecado contra o qual mais advirta nosso Senhor Jesus a seus discípulos que as preocupações inquietantes, que distraem e fazem desconfiar pelas coisas desta vida. Amiúde isto enreda tanto o pobre como o amor pela riqueza ao rico. Mas há uma despreocupação pelas coisas temporárias que é dever, embora não devamos levar a um extremo estas preocupações licitas.
Não se preocupem por sua vida. Nem pela extensão dela, senão refiram-na a Deus para que a alongue ou encurte segundo lhe apraz; nossos tempos estão em sua mão e estão em boa mão. nem pelas comodidades desta vida, deixem que Deus a amargue ou adoce segundo lhe pareça. Deus tem prometido a comida e o vestido, portanto podemos esperá-los.
Não pensem no amanhã, no tempo vindouro. Não se preocupem pelo futuro, como viverão no ano próximo, ou quando sejam velhos, ou que vão deixar trás de si. Como não devemos jactar-nos do amanhã, assim tampouco devemos preocupar-nos pelo amanhã ou seus acontecimentos. Deus nos tem dado vida e nos tem dado o corpo. E que não pode fazer por nós quem fez isso? Se nos preocuparmos de nossas almas e da eternidade, que são mais importantes que o corpo e que esta vida, podemos deixar em mãos de Deus que nos proveja comida e vestido, que são o menos importante.
Melhorem isto como exortação a confiar em Deus. devemos reconciliar-nos com nosso patrimônio no mundo como o fazemos com nossa estatura. Não podemos alterar as disposições da providência, portanto devemos submeter-nos e resignar-nos a elas. O cuidado considerado por nossas almas é a melhor cura da consideração cuidado pelo mundo. Busquem primeiro o reino de Deus, e façam da religião a sua ocupação: não digam que este é o modo de passar fome; não é o jeito de estar bem provido, ainda neste mundo.
A conclusão de todo o assunto é que é a vontade e o mandamento do Senhor Jesus, que pelas orações diárias possamos obter força para sustentar-nos sob nossos problemas cotidianos, e armar-nos contra as tentações que os acompanham e não deixar que nenhuma dessas coisas nos comovam.
Bem-aventurados os que tomam o Senhor como seu Deus, e dão plena prova disso confiando-se totalmente a sua sabia disposição. Que teu Espírito nos dê convicção do pecado na necessidade desta disposição e tire o mundano de nossos corações.




Informação Bibliográfica
Henry, Matthew. "Comentário sobre Matthew 6". "Matheus Henry - Comentário do Novo testamento". https://www.studylight.org/commentaries/por/mhn/matthew-6.html. 1706.
 
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