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Bible Commentaries
Mateus 8

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versos 1-34

Mateus 8 – Cura, Ensino e Milagres

A. Jesus purifica um leproso.

1. (1-2) O leproso faz seu pedido a Jesus.

Quando ele desceu do monte, grandes multidões o seguiram. Um leproso, aproximando-se, adorou-o de joelhos e disse: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me!”

a. Quando ele desceu do monte, grandes multidões o seguiram: Os milagres de Jesus atraíram muita atenção, mas o mesmo aconteceu com Seu ministério de ensino. Mateus demonstrou isso ao mencionar as grandes multidões que O seguiram depois de descer do Monte das Bem-Aventuranças.

i. Quando comparamos os eventos desse capítulo com o registro de Marcos ou Lucas, encontramos uma ordem e uma cronologia diferentes. Carson, juntamente com outros, afirma que Mateus organizou seu material aqui de acordo com tópicos e temas, não de acordo com a cronologia. “Mateus não pretende seguir nada além de uma organização tópica, e a maioria de seus indicadores de ‘tempo’ são muito vagos.” (Carson)

ii. Lembramos de um importante versículo fundamental para o Evangelho de Mateus: “Jesus foi por toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas deles, pregando as boas novas do Reino e curando todas as enfermidades e doenças entre o povo” (Mateus 4:23). Mateus continuou a nos contar sobre o ministério de ensino de Jesus (Mateus 5-7); agora ele nos conta mais sobre o ministério de cura de Jesus e como Suas obras confirmaram Suas palavras.

b. Um leproso, aproximando-se, adorou-o: No mundo antigo, a lepra era uma doença terrível e destrutiva – e ainda é em algumas partes do mundo. O leproso antigo não tinha esperança de melhora, portanto, esse leprosose aproximou de Jesus com um grande senso de necessidade e desespero.

i. “A lepra pode começar com a perda de todas as sensações em alguma parte do corpo; os troncos nervosos são afetados; os músculos se desgastam; os tendões se contraem até que as mãos fiquem como garras. Segue-se a ulceração das mãos e dos pés. Em seguida, ocorre a perda progressiva dos dedos das mãos e dos pés, até que, no final, uma mão inteira ou um pé inteiro pode cair. A duração desse tipo de lepra é de vinte a trinta anos. É um tipo de morte progressiva terrível em que o homem morre por centímetros”. (Barclay)

ii. De acordo com a lei e os costumes judaicos, era preciso manter 2 metros de distância de um leproso. Se o vento soprasse na direção de uma pessoa leprosa, ela tinha de se manter a 45 metros de distância. A única coisa mais contaminante do que o contato com um leproso era o contato com um corpo morto.

iii. “Na Idade Média, se um homem se tornasse leproso, o sacerdote vestia sua estola e pegava seu crucifixo, levava o homem para a igreja e lia o serviço funerário sobre ele. Para todos os fins humanos, o homem estava morto”. (Barclay)

iv. Por todas essas razões, a condição da lepra é um modelo do pecado e de seus efeitos. Trata-se de uma doença contagiosa e debilitante que corrompe a vítima e a torna essencialmente morta enquanto viva; por isso, quase universalmente, a sociedade e as pessoas religiosas desprezavam os leprosos. Os rabinos desprezavam especialmente os leprosos e os viam como pessoas sob o julgamento especial de Deus, que não mereciam piedade ou misericórdia.

v. Na época de Jesus, os rabinos às vezes se gabavam de como tratavam mal os leprosos. Um deles se gabava de que se recusava a comprar até mesmo um ovo em uma rua onde visse um leproso; outro se gabava de que jogava pedras nos leprosos quando os via.

vi. No entanto, o leproso veio a Jesus por si mesmo e apesar de muitos desânimos.

·Ele sabia quão terrível era o seu problema.

·Ele sabia que as outras pessoas haviam desistido dele por considerá-lo uma pessoa sem esperança.

·Ele não tinha ninguém que quisesse ou pudesse levá-lo a Jesus.

·Ele não tinha nenhum exemplo anterior de Jesus curando um leproso para lhe dar esperança.

·Ele não tinha nenhuma promessa de que Jesus o curaria.

·Ele não recebeu nenhum convite de Jesus ou dos discípulos.

·Ele deve ter se sentido envergonhado e sozinho no meio da multidão.

c. Um leproso, aproximando-se, adorou-o: Apesar de sua condição desesperadora, esse homem não apenas implorou a Jesus – ele também o adorou.

i. “O verbo grego é proskenein, e essa palavra nunca é usada para nada além de adoração aos deuses; ela sempre descreve o sentimento e a ação de um homem na presença do divino.” (Barclay)

ii. Como o leproso adorou Jesus?

·Ele adorou a Jesus indo até Ele, honrando-O como Aquele que poderia atender à sua necessidade, que de outra forma seria impossível.

·Ele adorou Jesus com sua postura, provavelmente curvando-se ou ajoelhando-se diante de Jesus.

·Ele adorou Jesus com a palavra “Senhor”, honrando-O como mestre e Deus.

·Ele adorou a Jesus com sua humildade, não exigindo, mas deixando o pedido para a vontade de Jesus.

·Ele adorou Jesus com seu respeito pelo poder de Jesus, dizendo que tudo o que era necessário era a vontade de Jesus, e ele seria curado.

·Ele adorou Jesus com sua confiança de que Jesus poderia torná-lo mais do que saudável; Jesus poderia purificá-lo.

iii. “O leproso prestou homenagem divina a Cristo; e se Jesus tivesse sido apenas um homem bom, e nada mais, ele teria recusado a adoração com santa indignação.” (Spurgeon)

iv. “Aqueles que chamam Jesus de ‘Senhor’, e não o adoram, estão mais doentes do que o leproso estava.” (Spurgeon)

d. Senhor, se quiseres: O leproso não tinha dúvida alguma sobre a capacidade de Jesus de curar. Sua única pergunta era se Jesus queria curá-lo.

i. Ele acreditava no poder de Jesus. Quando um comandante sírio chamado Naamã foi acometido de lepra, ele procurou Jeorão, o rei de Israel, porque ouviu dizer que havia um profeta em Israel que Deus usava para fazer milagres. Quando Naamã foi até Jeorão, este sabia que não tinha poder para ajudá-lo, e disse: “Por acaso sou Deus, capaz de conceder vida ou morte? Por que este homem me envia alguém para que eu o cure da lepra?” ( 2 Reis 5:7). A lepra era tão sem esperança no mundo antigo que curar um leproso era comparado a ressuscitar os mortos; no entanto, esse leproso sabia que tudo o que Jesus precisava era querer.

ii. No entanto, esse leproso tinha certeza de que Jesus queria usar Seu poder para o benefício do leproso. “Os homens acreditam mais facilmente em um poder milagroso do que em um amor milagroso.” (Bruce)

e. Senhor, se quiseres, podes purificar-me! Esse leproso buscava mais do que a cura. Ele queria ser purificado, não apenas da lepra, mas também de todos os seus terríveis efeitos em sua vida e em sua alma.

i. Além disso, esse é o primeiro lugar no evangelho em que Jesus é chamado de Senhor. Esse título era particularmente significativo à luz do fato de que a palavra Senhor era usada para traduzir a palavra hebraica Yahweh, e Mateus escreveu seu evangelho para aqueles que estavam familiarizados com o contexto judaico dessa palavra.

2. (3) Jesus toca o leproso e ele fica limpo.

Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Quero. Seja purificado!” Imediatamente ele foi purificado da lepra.

a. Jesus estendeu a mão, tocou nele: Esse foi um toque ousado e compassivo de Jesus. A ideia é que o leproso manteve distância de Jesus, mas Ele estendeu a mão, tocou nele. Era contra a lei cerimonial tocar um leproso, o que tornou o toque ainda mais significativo para o homem aflito. É claro que, assim que Jesus o tocou, ele deixou de ser leproso!

i. Tocou nele: Jesus não precisou tocar o leproso para curá-lo. Ele poderia tê-lo curado com um toque. Ele poderia tê-lo curado com uma palavra ou até mesmo com um pensamento. No entanto, Ele curou o leproso com um toque, porque era disso que o leproso precisava.

ii. Jesus frequentemente variava a maneira de curar e, geralmente, escolhia uma maneira específica que fosse significativa para o indivíduo aflito.

iii. Marcos 1:41 diz que, quando Jesus olhou, ficou cheio de compaixão. Fazia muito tempo que esse leproso não via um rosto de compaixão.

b. Quero: A garantia de que Jesus queria simplesmente respondeu à pergunta do homem e nos dá um ponto de partida para as vezes em que nos perguntamos se Jesus está disposto a curar. Devemos presumir que Jesus está disposto a curar, a menos que Ele nos mostre o contrário.

i. Como podemos saber se Jesus está disposto a nos curar? Presumindo que Ele está disposto, mas ouvindo-O se Ele nos disser que não está. Foi assim que aconteceu com o Apóstolo Paulo em 2 Coríntios 12:7-10; parece que Paulo presumiu que Jesus curaria seu espinho na carne até que lhe foi dito que Ele não curaria.

c. Imediatamente ele foi purificado da lepra: A vida do ex-leproso mudou para sempre. Ele não foi apenas curado, mas, conforme pediu, foi purificado. Jesus havia dito recentemente: “Peçam, e lhes será dado” (Mateus 7:7). Isso certamente era verdade para o ex-leproso agora purificado.

i. Essa é a primeira cura individual descrita por Mateus. Anteriormente, fomos informados sobre o ministério de cura de Jesus em um sentido geral (Mateus 4:23-24), mas aqui em um caso específico.

3. (4) Jesus ordena que o homem curado dê testemunho de sua cura somente aos sacerdotes.

Em seguida Jesus lhe disse: “Olhe, não conte isso a ninguém. Mas vá mostrar-se ao sacerdote e apresente a oferta que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho.”

a. Olhe, não conte isso a ninguém: Jesus muitas vezes ordenava que as pessoas ficassem caladas a respeito de suas curas ou de alguma obra milagrosa que Ele havia feito por elas. Ele fazia isso porque queria conter a agitação das multidões até o momento adequado para Sua revelação formal a Israel, que era uma data exata, conforme profetizado em Daniel 9.

i. Além disso, os milagres de Jesus não tinham como objetivo principal torná-Lo famoso ou uma celebridade (embora eles certamente dessem testemunho de Seu ministério). Mais ainda, Jesus curava para atender às necessidades de indivíduos específicos e para demonstrar o poder evidente do Messias no contexto do amor e do cuidado com as necessidades pessoais de pessoas humildes.

ii. Portanto, Jesus foi cauteloso com relação a como as multidões O viam e por que O seguiam. “Esse motivo de sigilo… é mais bem entendido como reflexo de um perigo real de que Jesus pudesse alcançar uma popularidade indesejada meramente como um operador de maravilhas ou, pior ainda, como um libertador nacionalista, e assim promover um sério mal-entendido sobre a verdadeira natureza de sua missão.” (França)

iii. Marcos nos diz que o leproso não obedeceu a Jesus e, em vez disso, “…saiu e começou a tornar público o fato, espalhando a notícia” (Marcos 1:44-45).

b. Vá mostrar-se ao sacerdote: Jesus ordenou que o homem desse um testemunho aos sacerdotes, e que testemunho foi esse! A Lei Mosaica prescrevia sacrifícios específicos a serem realizados na cura de um leproso e, quando o homem relatou isso aos sacerdotes, eles sem dúvida tiveram que realizar cerimônias que raramente (ou nunca) eram feitas (Levítico 14).

i. Ir ao sacerdote também traria o ex-leproso de volta à sociedade. Jesus queria que a cura da doença do homem trouxesse o máximo de benefícios possível.

ii. “A oferta era de duas aves puras, vivas, um pedaço de madeira de cedro, um pano vermelho e um ramo de hissopo”, Levítico 14:4, que deveriam ser trazidas para a purificação do leproso; e, quando estivesse purificado, dois cordeiros sem defeito e uma cordeira de um ano sem defeito, juntamente com três jarros da melhor farinha amassada com óleo, como oferta de cereal, e uma caneca de óleo, Levítico 14:10; mas, se a pessoa fosse pobre, deveria trazer um cordeiro, um jarro da melhor farinha, amassada com óleo, uma caneca de óleo e duas rolinhas ou dois pombinhos, Levítico 14:21-22.” (Clarke)

B. Jesus cura o servo de um centurião.

1. (5-6) Jesus é abordado por um centurião romano.

Entrando Jesus em Cafarnaum, dirigiu-se a ele um centurião, pedindo-lhe ajuda. E disse: “Senhor, meu servo está em casa, paralítico, em terrível sofrimento.”

a. Entrando Jesus em Cafarnaum: Mateus 4:13 nos diz que foi aqui que Jesus viveu; “…foi viver em Cafarnaum.”

b. Dirigiu-se a ele um centurião: O centurião era obviamente um gentio, porque um centurião era um oficial do exército romano. Quase todo judeu sob ocupação romana tinha motivos para odiar esse centurião, mas ele foi pedir ajuda a um mestre judeu. É significativo o fato de que ele não veio por um motivo egoísta, mas em favor de seu servo.

i. Sempre que o Novo Testamento menciona um centurião (há pelo menos sete), ele os apresenta como homens honrados e bons.

ii. Esse centurião tinha uma atitude incomum em relação ao seu escravo. De acordo com a lei romana, um senhor tinha o direito de matar seu escravo, e esperava-se que ele o fizesse se o escravo ficasse doente ou ferido a ponto de não poder mais trabalhar.

c. Pedindo-lhe ajuda: Isso mostra que o centurião não fez um pedido casual. Mateus o descreve como pedindo ajuda a Jesus em favor de seu servo.

i. “Ele busca uma cura, mas não prescreve ao Senhor como ou onde ele deve operá-la; de fato, ele não coloca seu pedido em palavras, mas pleiteia o caso e deixa a tristeza falar.” (Spurgeon)

2. (7-9) O entendimento do centurião sobre a autoridade espiritual de Jesus.

Jesus lhe disse: “Eu irei curá-lo”. Respondeu o centurião: “Senhor, não mereço receber-te debaixo do meu teto. Mas dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado. Pois eu também sou homem sujeito à autoridade e com soldados sob o meu comando. Digo a um: Vá, e ele vai; e a outro: Venha, e ele vem. Digo a meu servo: Faça isto, e ele faz.”

a. Eu irei curá-lo: Jesus não hesitou em ir até a casa do centurião, e nós meio que gostaríamos que o centurião tivesse permitido. Era totalmente contra os costumes judaicos um judeu entrar na casa de um gentio; no entanto, não era contra a lei de Deus.

i. O centurião percebeu isso quando disse: “Senhor, não mereço receber-te debaixo do meu teto”; a maioria dos judeus acreditava que uma casa gentia não era digna deles, e o centurião supôs que um grande rabino e mestre como Jesus consideraria sua casa indigna.

ii. O centurião também demonstrou grande sensibilidade em relação a Jesus, pois queria poupá-lo do desafio incômodo de entrar ou não na casa de um gentio, bem como do tempo e do trabalho da viagem. Ele não conhecia Jesus bem o suficiente para saber que Ele não se sentiria nem um pouco constrangido, mas sua consideração por Jesus nessa situação foi impressionante. Em sua preocupação tanto com seu servo quanto com Jesus, esse centurião era uma pessoa centrada nos outros.

b. Mas dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado: O centurião entendeu perfeitamente que o poder de cura de Jesus não era uma espécie de truque de mágica que exigia a presença do mágico. Em vez disso, ele sabia que Jesus tinha verdadeira autoridade e podia ordenar que as coisas fossem feitas e concluídas fora de Sua presença imediata.

i. O centurião demonstrou grande fé na palavra de Jesus. Ele entendeu que Jesus pode curar com Sua palavra tão facilmente quanto com um toque.

ii. “Isso significa que as palavras do centurião pressupõem uma compreensão do sistema militar romano… Um soldado de infantaria que desobedecesse não estaria desafiando um mero centurião, mas o imperador, a própria Roma, com toda a sua majestade e poder imperial.” (Carson)

c. Pois eu também sou homem sujeito à autoridade e com soldados sob o meu comando: O centurião também conhecia a cadeia de comando militar e como as ordens de alguém com autoridade eram obedecidas sem questionar. Ele viu que Jesus tinha pelo menos essa mesma autoridade.

i. “Assim como a autoridade dos Césares fluía por meio de sua própria vida, a autoridade de Deus sobre as doenças, os demônios e tudo o mais fluiria por meio da de Cristo.” (Meyer)

3. (10-13) Jesus elogia a fé do centurião e cura seu servo

Ao ouvir isso, Jesus admirou-se e disse aos que o seguiam: “Digo-lhes a verdade: Não encontrei em Israel ninguém com tamanha fé. Eu lhes digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e se sentarão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no Reino dos céus. Mas os súditos do Reino serão lançados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes”. Então Jesus disse ao centurião: “Vá! Como você creu, assim lhe acontecerá!” Na mesma hora o seu servo foi curado.

a. Ao ouvir isso, Jesus admirou-se: A compreensão que o homem tinha da autoridade espiritual de Jesus fez com que Jesus se maravilhasse. Sua simples confiança na capacidade da mera palavra de Jesus para curar demonstrou uma fé livre de qualquer confiança supersticiosa em coisas meramente externas. Essa era realmente tamanha fé, digna de louvor.

b. Digo-lhes a verdade: Não encontrei em Israel ninguém com tamanha fé: Jesus considerou a fé desse centurião gentio – um símbolo vivo da opressão judaica – e a considerou maior do que qualquer fé que Ele tivesse visto entre o povo de Israel.

i. Como entidade política, não havia Israel; havia apenas um povo da aliança descendente de Abraão, Isaque e Jacó. No entanto, Jesus ainda os chamava de Israel.

c. Muitos virão do oriente e do ocidente, e se sentarão à mesa com Abraão: O fato de tal fé estar presente em um gentio fez com que Jesus anunciasse que haveria gentios no Reino dos céus. Eles até se sentarão para jantar com Abraão, Isaque e Jacó!

i. Essa era uma ideia radical para muitos judeus da época de Jesus; eles presumiam que esse grande banquete messiânico não teria gentios e que todos os judeus estariam lá. Jesus corrigiu essas duas ideias errôneas.

ii. Essas poucas palavras de Jesus nos dizem um pouco sobre como é o céu.

·É um lugar de descanso; nós nos sentamos no céu.

·É um lugar com boas companhias; desfrutamos da amizade de Abraão, Isaque e Jacó no céu.

·É um lugar com muitas pessoas; Jesus disse que muitos entrarão no céu.

·É um lugar com pessoas de toda a Terra; do oriente e do ocidente, elas virão para o céu.

·É um lugar certo; Jesus disse que muitos virão, e quando Jesus diz que isso haverá, quer dizer que isso realmente acontecerá.

iii. “Mas vocês ouvirão aquelas vozes amadas novamente; vocês ouvirão aquelas doces vozes mais uma vez, vocês ainda saberão que aqueles que vocês amaram foram amados por Deus. Não seria esse um céu triste para habitarmos, onde deveríamos ser igualmente incógnitos e desconhecidos? Eu não gostaria de ir para um céu como esse. Acredito que o céu é uma comunhão dos santos e que lá nos conheceremos uns aos outros.” (Spurgeon)

d. Mas os súditos do Reino serão lançados para fora, nas trevas: Da mesma forma, Jesus lembrou aos seus ouvintes judeus que, assim como a identidade racial dos gentios não era uma barreira automática para o reino, a identidade racial deles não era garantia do reino. Embora os judeus fossem os súditos do Reino, eles poderiam acabar no inferno.

i. “Dificilmente poderia haver uma declaração mais radical da mudança no plano de salvação de Deus inaugurada pela missão de Jesus.” (France)

ii. Trapp sobre nas trevas: “Em uma escuridão além da escuridão; em uma masmorra além e abaixo da prisão.”

iii. “Os artigos definidos com ‘choro’ e ‘ranger’ (cf. grego) enfatizam o horror da cena: o choro e o ranger… O choro sugere sofrimento e o ranger de dentes desespero.” (Carson)

iv. “O que é que os perdidos estão fazendo? Eles estão ‘chorando e rangendo os dentes’. Você está rangendo os dentes agora? Você não faria isso se não estivesse sentindo dor e agonia. Bem, no inferno sempre há ranger de dentes.” (Spurgeon)

v. Vemos que Jesus não tinha medo de falar do inferno e, de fato, fez isso mais do que qualquer outro na Bíblia. “Há alguns ministros que nunca mencionam nada sobre o inferno. Ouvi falar de um ministro que certa vez disse à sua congregação: ‘Se vocês não amarem o Senhor Jesus Cristo, serão enviados para aquele lugar que não é educado mencionar’. Tenho certeza de que ele não deveria ter sido autorizado a pregar novamente, se não pudesse usar palavras claras.” (Spurgeon)

C. Mais pessoas que sofrem são curadas.

1. (14-15) Jesus cura a sogra de Pedro.

Entrando Jesus na casa de Pedro, viu a sogra deste de cama, com febre. Tomando-a pela mão, a febre a deixou, e ela se levantou e começou a servi-lo.

a. Viu a sogra deste de cama, com febre: Isso estabelece claramente o fato de que Pedro era casado. A Igreja Católica Romana ensina que todos os sacerdotes devem ser celibatários e solteiros, mas o homem que eles chamariam de primeiro e maior Papa certamente era casado.

i. “Santo Ambrósio diz que todos os apóstolos eram casados, com exceção de João e Paulo. E aqueles papas hipócritas, que não querem ouvir falar de casamento de padres, mas consideram muito melhor para eles ter e manter em casa muitas prostitutas do que uma esposa”. (Trapp)

ii. “Aprenda, portanto, diz Teofilacto, que o casamento não é um obstáculo à virtude, uma vez que o chefe dos apóstolos tinha sua esposa. O casamento é uma das primeiras instituições divinas, e é um mandamento positivo de Deus.” (Clarke)

iii. “Essa sogra era uma mulher especialmente boa, pois lhe foi permitido viver com seu genro, e ele estava ansioso para que ela recuperasse a saúde.” (Spurgeon)

b. Tomando-a pela mão, a febre a deixou: Jesus curou essa mulher com um leve toque de Sua mão. Sua doença era muito menos grave do que a do leproso, mas mesmo assim Jesus se preocupou com ela. Jesus também cuida de problemas menores.

i. “O milagre aqui não estava na cura de uma doença incurável, mas na forma de cura, por meio de um toque de sua mão.” (Poole)

c. E ela se levantou e começou a servi-lo: A sogra de Pedro mostrou uma resposta adequada para aqueles que foram tocados pelo poder de Jesus – ela imediatamente começou a servir. Servir a Jesus é uma evidência maravilhosa de que a saúde espiritual foi restaurada.

i. “Com o rosto cheio de gratidão, pôs cada prato sobre a mesa e trouxe água para que os convidados lavassem os pés. No momento em que o Senhor Jesus Cristo salva uma alma, ele lhe dá força para o serviço que lhe foi designado.” (Spurgeon)

2. (16-17) Jesus, em cumprimento à profecia, livra muitos de doenças e possessão demoníaca.

Ao anoitecer foram trazidos a ele muitos endemoninhados, e ele expulsou os espíritos com uma palavra e curou todos os doentes. E assim se cumpriu o que fora dito pelo profeta Isaías:

“Ele tomou sobre si as nossas enfermidades
E sobre si levou as nossas doenças.”

a. Foram trazidos a ele muitos: O cuidado de Jesus com o indivíduo é demonstrado pela implicação de que Jesus lidava com cada pessoa individualmente, não em um procedimento frio de “linha de montagem”.

i. Muitos endemoninhados: “O Dr. Lightfoot apresenta duas boas razões pelas quais a Judéia, na época de nosso Senhor, era repleta de endemoninhados. Primeiro, porque eles estavam então no auge da impiedade. Veja o que Josefo, seu próprio historiador, diz sobre eles: Não havia (disse ele) uma nação debaixo do céu mais perversa do que eles. Em segundo lugar, porque eles eram fortemente viciados em magia e, por assim dizer, convidavam os espíritos malignos a se familiarizarem com eles.” (Clarke)

b. E assim se cumpriu o que fora dito pelo profeta Isaías: Mateus entendeu corretamente esse fato como um cumprimento parcial da profecia de Isaías em Isaías 53, que se refere principalmente à cura espiritual, mas também inclui definitivamente a cura física. Com isso, Mateus mostrou Jesus como o verdadeiro Messias, libertando as pessoas da escravidão do pecado e dos efeitos de um mundo decaído.

c. Ele tomou sobre si as nossas enfermidades: A provisão para nossa cura (tanto física quanto espiritualmente) foi feita pelos sofrimentos (os açoites) de Jesus. A dimensão física de nossa cura é parcialmente realizada agora, mas, finalmente, somente na ressurreição.

i. Essa obra de cura de nosso Salvador custou algo a Jesus; não foi como se Ele tivesse uma bolsa mágica de poder de cura que Ele retirou e lançou sobre os necessitados. Foi à custa de Sua própria agonia. “Se Sua palavra e Seu toque trouxeram libertação instantânea aos homens, foi porque, em um grande mistério de graça, Ele sofreu para salvar.” (Morgan)

ii. “O profeta fala de enfermidades espirituais, o evangelista as aplica às corporais. E não de forma inadequada, pois estes são os efeitos próprios daqueles.” (Trapp)

d. E sobre si levou as nossas doenças: Essa seção do Evangelho de Mateus mostra quatro pessoas diferentes sendo curadas, cada uma diferente da outra.

i. Pessoas diferentes foram curadas.

·Um judeu sem privilégios sociais ou religiosos.

·Um oficial gentio do exército que ocupava e oprimia Israel.

·Uma mulher parente de um dos seguidores devotos de Jesus.

·Multidões sem nome.

ii. Seus pedidos foram feitos de diferentes maneiras.

·Um pedido direto do sofredor, feito em sua própria fé.

·Um pedido de um homem para outro, feito com fé em favor de um homem que estava sofrendo.

·Nenhum pedido foi feito porque Jesus veio até o sofredor, portanto, não havia evidência de fé por parte do curado.

·Sofredores que foram trazidos a Jesus, com diferentes tipos de fé.

iii. Jesus usou métodos diferentes para curar.

·Jesus usou um toque que era proibido.

·Jesus usou uma palavra dita de longe.

·Jesus usou um toque carinhoso.

·Jesus usou uma variedade de métodos não nomeados.

iv. De tudo isso, entendemos que a cura física é uma área em que Deus mostra especialmente Sua soberania, e Ele faz as coisas como Lhe agrada, não necessariamente como os homens esperam.

E. Jesus ensina sobre discipulado.

1. (18-20) Jesus fala a um seguidor excessivamente entusiasmado sobre a necessidade de avaliar o custo de seguir Jesus.

Quando Jesus viu a multidão ao seu redor, deu ordens para que atravessassem para o outro lado do mar. Então, um mestre da lei aproximou-se e disse: “Mestre, eu te seguirei por onde quer que fores”. Jesus respondeu: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça.”

a. Quando Jesus viu a multidão ao seu redor, deu ordens para que atravessassem para o outro lado do mar: Jesus cresceu em popularidade, mas não seguiu as multidões nem procurou aumentá-las. De certa forma, Ele parecia evitar a multidão ao seu redor.

b. Mestre, eu te seguirei por onde quer que fores: Com os milagres associados ao ministério de Jesus, segui-lo pode ter parecido mais glamouroso do que realmente era. Talvez Jesus tenha recebido muitas ofertas espontâneas como essa.

i. “Eu me pergunto se esse homem pensou: ‘Bem, agora eu sou um escriba. Se eu me juntar a essa companhia, serei um líder. Percebo que eles são apenas pescadores, a maioria deles; e se eu entrar no meio deles, serei uma grande aquisição para esse pequeno grupo. Sem dúvida, serei o secretário”. Talvez ele tenha pensado que havia algo a ser feito em tal posição; havia alguém que pensava assim.” (Spurgeon)

c. As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça: Jesus não disse ao homem: “Não, você não pode Me seguir”. Mas Ele lhe disse a verdade, sem pintar uma versão glamourizada de como era segui-Lo. Isso é o oposto das técnicas usadas por muitos evangelistas hoje em dia, mas Jesus queria que o homem soubesse como seria de fato.

i. “No contexto imediato do ministério de Jesus, o ditado não significa que Jesus não tinha dinheiro, mas que era um sem-teto; a natureza de sua missão o mantinha em movimento e manteria seus seguidores em movimento.” (Carson)

ii. “Muitas casas, como a de Pedro, estavam abertas para ele, mas ele não tinha nenhuma própria.” (France)

iii. A razão pela qual esse homem se afastou de Jesus foi porque Jesus viveu uma vida muito simples pela fé, confiando em Seu Pai para cada necessidade e sem reservas de recursos materiais. Esse é exatamente o tipo de coisa que tornaria Jesus mais atraente para um homem verdadeiramente espiritual. “Aqui está um homem que vive completamente pela fé e está satisfeito com poucas coisas materiais; eu deveria segui-lo e aprender com ele.”

d. O Filho do homem: A frase “Filho do Homem” é usada 81 vezes nos evangelhos; todas as vezes é algo que Jesus disse sobre si mesmo ou as palavras de alguém citando Jesus. É uma frase importante que Ele usou para descrever a Si mesmo. Ele a usou como um título que refletia tanto a glória ( Daniel 7:13-14) quanto a humildade (Salmo 8:4) do Messias.

i. Especialmente, sua conexão com a passagem de Daniel significa que era uma imagem de poder e glória, mas sem as associações indesejadas de outros títulos. Ao usá-lo com frequência, Jesus disse aos Seus ouvintes: “Eu sou o Messias de poder e glória, mas não aquele que vocês estavam esperando”.

2. (21-22) Jesus fala a um seguidor hesitante sobre a importância suprema de segui-Lo.

Outro discípulo lhe disse: “Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai”. Mas Jesus lhe disse: “Siga-me, e deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos.”

a. Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai: Na verdade, esse homem não pediu permissão para cavar uma sepultura para seu pai falecido. Ele queria permanecer na casa do pai e cuidar dele até que o pai morresse. Obviamente, esse era um período indefinido, que poderia se arrastar por muito tempo.

i. Esse homem era um outro discípulo de Jesus, mas não o seguia como deveria, nem como os 12 discípulos. Isso nos mostra que o termo discípulos tem um significado um tanto amplo no Evangelho de Mateus e deve ser entendido em seu contexto.

ii. O homem queria seguir Jesus, mas ainda não. Ele sabia que era bom e que deveria fazê-lo, mas sentia que havia uma boa razão para não poder fazê-lo agora. “Se o escriba foi muito rápido na promessa, esse ‘discípulo’ foi muito lento na execução.” (Carson)

b. Siga-me, e deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos: Jesus pressionou o homem a segui-lo agora e afirmou claramente o princípio de que as obrigações familiares – ou qualquer outra obrigação – não devem ser colocadas à frente de seguir Jesus. Jesus deve vir em primeiro lugar.

i. Jesus não tinha medo de desencorajar discípulos em potencial. Ao contrário de muitos evangelistas modernos, Ele estava mais interessado na qualidade do que na quantidade. “Nada fez mais mal ao cristianismo do que a prática de preencher as fileiras do exército de Cristo com todo voluntário que esteja disposto a fazer uma pequena profissão e a falar fluentemente sobre sua experiência.” (Ryle, citado em Carson)

ii. Além disso, Jesus estava apenas sendo honesto. Era isso que significava segui-Lo, e Ele queria que as pessoas soubessem disso desde o início.

iii. “Grande parte das preocupações com política, táticas partidárias, reuniões de comitês, reformas sociais, diversões inocentes e assim por diante, pode ser descrita como enterrar os mortos. Muito disso é um trabalho muito necessário, apropriado e louvável; mas ainda assim é apenas uma forma de negócio que os homens não regenerados podem fazer tão bem quanto os discípulos de Jesus. Deixe-os fazer isso; mas se formos chamados para pregar o Evangelho, vamos nos dedicar totalmente ao nosso chamado sagrado”. (Spurgeon)

F. Jesus mostra Seu poder sobre o vento e as ondas.

1. (23-25) Surge uma tempestade no Mar da Galileia.

Entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram. De repente, uma violenta tempestade abateu-se sobre o mar, de forma que as ondas inundavam o barco. Jesus, porém, dormia. Os discípulos foram acordá-lo, clamando: “Senhor, salva-nos! Vamos morrer!”

a. Entrando ele no barco: A aldeia de Cafarnaum ficava bem na margem do Mar da Galileia. Jesus, como muitos galileus, estava familiarizado com barcos e com a vida perto desse lago bastante grande.

b. De repente, uma violenta tempestade abateu-se sobre o mar: O Mar da Galileia é bem conhecido por suas tempestades repentinas e violentas. A gravidade dessa tempestade ficou evidente no fato de que os discípulos (muitos dos quais eram pescadores experientes nesse lago) ficaram aterrorizados, clamando: “Senhor, salva-nos! Vamos morrer!

i. Bruce sobre as ondas inundavam o barco: “Estava coberto, escondido, as ondas subindo bem acima do barco, quebrando nele e gradualmente se enchendo de água”.

c. Jesus, porém, dormia: Embora os discípulos estivessem desesperados, Jesus dormia. Deve ter parecido estranho para eles que Ele pudesse dormir em meio a uma violenta tempestade.

i. Bruce diz que a gramática da frase “Jesus, porém, dormia” transmite um “contraste dramático”; a tempestade se enfureceu, os discípulos entraram em pânico, Jesus, porém, dormia.

ii. Ficamos impressionados com o fato de que Ele precisava dormir, mostrando Sua verdadeira humanidade. Ele ficou cansado e, às vezes, precisava dormir onde quer que pudesse, mesmo em lugares improváveis. “Era o sono de alguém desgastado por uma vida intensa, que envolvia tensão constante no corpo e na mente.” (Bruce)

iii. Ficamos impressionados com o fato de que Ele conseguia dormir. Sua mente e seu coração estavam suficientemente tranquilos, confiando no amor e no cuidado de Seu Pai no céu, para que Ele pudesse dormir durante a tempestade.

2. (26-27) Jesus demonstra autoridade sobre a criação.

Ele perguntou: “Por que vocês estão com tanto medo, homens de pequena fé?” Então ele se levantou e repreendeu os ventos e o mar, e fez-se completa bonança. Os homens ficaram perplexos e perguntaram: “Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?”

a. Por que vocês estão com tanto medo, homens de pequena fé? Jesus repreendeu o medo e a incredulidade deles, e não o pedido deles ou o fato de terem acordado. Não devemos pensar que Jesus estava de mau humor por ter sido acordado. Ele estava aborrecido com o medo deles, porque o medo e a incredulidade andam juntos. Quando confiamos em Deus como deveríamos confiar Nele, há pouco espaço para o medo.

i. “Ele falou primeiro com os homens, pois eram os mais difíceis de lidar: o vento e o mar poderiam ser repreendidos depois.” (Spurgeon)

ii. “Ele não os repreende por perturbá-lo com suas orações, mas por perturbarem a si mesmos com seus medos.” (Henry, citado em Carson)

iii. Na verdade, eles tinham muitos motivos para ter fé, até mesmo uma grande fé.

·Tinham acabado de ver Jesus fazer milagres significativos, demonstrando grande poder e autoridade.

·Tinham visto um exemplo de grande fé com o centurião que confiou em Jesus para curar seu servo.

·Eles tinham Jesus com eles no barco. E viram Jesus dormir; Sua paz deveria ter lhes dado paz.

b. Então ele se levantou e repreendeu os ventos e o mar: Jesus não se limitou a acalmar o vento e o mar; Ele repreendeu os ventos e o mar. Isso, juntamente com o grande medo dos discípulos e o que Jesus encontraria em Seu destino, leva alguns a acreditar que houve algum tipo de ataque espiritual na tempestade.

i. Adam Clarke supôs que a tempestade foi “provavelmente provocada por Satanás, o príncipe das potestades do ar, que, tendo reunido o autor e todos os pregadores do Evangelho em um pequeno navio, pensou em afogá-lo para derrotar os propósitos de Deus e, assim, impedir a salvação de um mundo arruinado. Que oportunidade nobre isso deve ter parecido para o inimigo da raça humana!”

c. Os homens ficaram perplexos: Os discípulos ficaram maravilhados. Uma exibição tão poderosa sobre a criação os levou a perguntar: “Quem é este” Só poderia ser o SENHOR, Jeová, que só tem esse poder e autoridade: “Ó Senhor, Deus dos Exércitos, quem é semelhante a ti? És poderoso, Senhor, envolto em tua fidelidade. Tu dominas o revolto mar; quando se agigantam as suas ondas, tu as acalmas.” (Salmo 89:8-9)

i. Em poucos instantes, os discípulos viram tanto a humanidade completa de Jesus (em Seu sono cansado) quanto a plenitude de Sua divindade. Eles viram Jesus como Ele é: verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus.

G. O poder de Jesus sobre os espíritos demoníacos.

1. (28-29) Jesus encontra dois homens possuídos por demônios.

Quando ele chegou ao outro lado, à região dos gadarenos, foram ao seu encontro dois endemoninhados, que vinham dos sepulcros. Eles eram tão violentos que ninguém podia passar por aquele caminho. Então eles gritaram: “Que queres conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do devido tempo?”

a. Foram ao seu encontro dois endemoninhados: Os outros relatos do evangelho mencionam apenas um desses homens. Isso deve ser porque havia um que era muito mais severo em seu estado de possessão demoníaca, tendo muitos demônios.

b. Que vinham dos sepulcros. Eles eram tão violentos: Esses dois infelizes eram impuros por causa de seu contato com os mortos e apresentavam um comportamento violento e incontrolável. Os demônios levaram esses homens a viverem entre os sepulcros.

·Porque os cemitérios e os mortos eram terrivelmente impuros e ofensivos para o povo judeu.

·Porque os demônios amam a morte.

·Porque esse não era um lugar apropriado para os homens viverem.

·Porque isso tornava os homens mais assustadores para os outros.

·Porque incentivava a superstição nos outros, temendo que os homens estivessem de fato possuídos pelos espíritos dos mortos no cemitério.

c. Que queres conosco: Os demônios que atormentavam esses pobres homens queriam ser deixados em paz. Eles não queriam que Jesus interferisse em seu terrível trabalho.

i. “Este é o velho grito: ‘Cuide da sua vida! Não interfira em nosso trabalho! Deixe-nos em paz e vá para outro lugar! Os demônios nunca gostam de interferência. Mas se os demônios não têm nada a ver com Jesus, Ele tem algo a ver com eles.” (Spurgeon)

d. Que queres conosco, Filho de Deus? Os demônios sabiam quem era Jesus, mesmo que os discípulos não soubessem. Podemos contrastar as duas declarações:

·Quem é este? (Mateus 8:27)

·Filho de Deus (Mateus 8:29)

e. Vieste aqui para nos atormentar antes do devido tempo? Esses demônios também sabiam tanto do seu destino imediato (serem expulsos) quanto do seu destino final (serem atormentados eternamente). Eles queriam ter a liberdade de causar o máximo de dano possível antes do devido tempo, seu destino de tormento.

i. Eles também entendiam que tinham um tempo limitado e, portanto, trabalhavam o máximo que podiam até não poderem mais trabalhar. Essa é uma das poucas coisas admiráveis que podemos dizer sobre Satanás e seus demônios.

2. (30-32) Jesus lança os demônios em uma manada de porcos.

A certa distância deles estava pastando uma grande manada de porcos. Os demônios imploravam a Jesus: “Se nos expulsas, manda-nos entrar naquela manada de porcos”. Ele lhes disse: “Vão!” Eles saíram e entraram nos porcos, e toda a manada atirou-se precipício abaixo, em direção ao mar, e morreu afogada.

a. Estava pastando uma grande manada de porcos: A região da Galileia era habitada por judeus e gentios, portanto, pode ter sido uma manada de porcos de propriedade de gentios. Mas a maioria dos comentaristas acredita que, como os porcos eram impuros para os judeus, eles não deveriam estar ali, mesmo que um gentio fosse o dono deles.

b. Se nos expulsas, manda-nos entrar naquela manada de porcos: Os demônios queriam entrar na manada de porcos porque esses espíritos malignos estão empenhados na destruição e detestam ficar ociosos. “O demônio gosta tanto de fazer maldades que prefere jogar um joguinho a se destacar.” (Poole)

i. No entanto, também notamos que os demônios não podem nem mesmo afligir os porcos sem a permissão de Deus. “E se uma legião de demônios não tinha poder sobre uma manada de porcos, muito menos têm sobre o rebanho de ovelhas de Cristo, diz Tertuliano.” (Trapp)

c. Eles saíram e entraram nos porcos… toda a manada atirou-se precipício abaixo… e morreu afogada: Não há nada realmente comparável a isso na Bíblia, a expulsão de demônios de um ser humano para animais. No entanto, Jesus tinha um bom motivo para permitir isso.

i. O fato de os demônios terem imediatamente levado os porcos à destruição ajuda a explicar o porquê Jesus permitiu que os demônios entrassem nos porcos – porque Ele queria que todos soubessem qual era a verdadeira intenção desses demônios. Eles queriam destruir os homens assim como destruíram os porcos. Pelo fato de os homens serem feitos à imagem de Deus, eles não conseguiriam se livrar tão facilmente dos homens, mas sua intenção era a mesma – matar e destruir.

ii. Outra razão pela qual os demônios foram enviados para os porcos foi para mostrar de forma conclusiva que eles haviam sido realmente expulsos dos homens.

iii. Alguns protestam que isso foi injusto com o dono dos porcos. “Mas os donos dos porcos perderam sua propriedade”. Sim, e aprenda com isso como as riquezas temporais têm pouco valor na avaliação de Deus. Ele permite que elas se percam, às vezes para nos livrar delas por misericórdia; às vezes por justiça, para nos punir por tê-las adquirido ou preservado por cobiça ou injustiça.” (Clarke)

iv. Spurgeon fez vários comentários sábios sobre a maneira como os demônios afetaram os porcos:

·“Os porcos preferem a morte à diabrura; e se os homens não fossem piores do que os porcos, eles seriam da mesma opinião.”

·“Eles correm muito quando o demônio os conduz.”

·“O diabo leva seus porcos para um mercado ruim.”

3. (33-34) As pessoas pedem a Jesus para deixar a região.

Os que cuidavam dos porcos fugiram, foram à cidade e contaram tudo, inclusive o que acontecera aos endemoninhados. Toda a cidade saiu ao encontro de Jesus, e, quando o viram, suplicaram-lhe que saísse do território deles.

a. Contaram tudo… Toda a cidade saiu ao encontro de Jesus: Como Jesus conhecia a natureza humana, Ele sabia o que esperar dessa multidão vinda da cidade. No entanto, Seus discípulos provavelmente pensaram que essas pessoas ficariam satisfeitas com o fato de Jesus ter libertado esses homens que antes eram endemoninhados.

i. A obra de Jesus havia unificado toda a cidade, e todos haviam saído para encontrar e conversar com Jesus, mas não de uma forma positiva. “Aqui estava uma cidade inteira em uma reunião de oração, orando contra sua própria bênção… Horrível foi a oração deles; mas foi ouvida, e Jesus se retirou dos seus litorais.” (Spurgeon)

b. Suplicaram-lhe que saísse do território deles: Poderíamos pensar que as pessoas da região ficariam felizes com a libertação desses dois homens possuídos por demônios. Talvez eles estivessem mais interessados em seus porcos do que nas pessoas. Certamente, o poder libertador de Jesus não fez com que todos os homens se sentissem confortáveis.

i. Isso pode explicar outra razão pela qual os demônios queriam entrar nos porcos. A ideia é que os demônios queriam incitar o ódio e a rejeição a Jesus, por isso levaram os porcos à destruição, esperando que a culpa fosse de Jesus e que Ele não fosse bem-vindo ali.

Informação Bibliográfica
Guzik, David. "Comentário sobre Matthew 8". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/commentaries/por/tew/matthew-8.html. 2024.
 
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