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Thursday, November 21st, 2024
the Week of Proper 28 / Ordinary 33
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Bible Commentaries
Comentário Bíblico Enduring Word Enduring Word
Declaração de Direitos Autorais
Esses arquivos devem ser considerados domínio público e são derivados de uma edição eletrônica disponível no site "Enduring Word".
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Informação Bibliográfica
Guzik, David. "Comentário sobre Galatians 4". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/commentaries/por/tew/galatians-4.html. 2024.
Guzik, David. "Comentário sobre Galatians 4". "Comentário Bíblico Enduring Word". https://www.studylight.org/
New Testament (2)
versos 1-31
Gálatas 4 – Herdeiros e Escravos, Graça e Lei
A. Não mais sob a escravidão dos princípios elementares, nós somos filhos de Deus.
1. (1-3) Uma ilustração e aplicação comparando uma criança e um escravo.
Digo porém que, enquanto o herdeiro é menor de idade, em nada difere de um escravo, embora seja dono de tudo. No entanto, ele está sujeito a guardiães e administradores até o tempo determinado por seu pai. Assim também nós, quando éramos menores, estávamos escravizados aos princípios elementares do mundo.
a. Enquanto o herdeiro é menor de idade: O termo menor de idade não sugere uma idade específica, mas sim alguém que ainda não é legalmente reconhecido como um adulto.
i. Em ambas as culturas Judaica e Grega, havia cerimônias definitivas de “maioridade” onde um garoto parava de ser um menor de idade e começava a ser um homem, com direitos legais como um herdeiro.
ii. Dentro do costume romano, não havia uma idade especifica em que o filho se tornava um homem. Acontecia quando o pai achava que o garoto estava pronto. Quando Paulo usou a frase até o tempo determinado por seu pai, ele mostra que tinha mais em mente o costume de “maioridade” romano do que o costume judaico.
iii. “Uma criança romana se tornava um adulto no festival familiar sagrado conhecido como Liberalia, realizado anualmente no dia dezessete de Março. Nesta ocasião a criança era formalmente adotada pelo pai como seu filho reconhecido e herdeiro, e recebia a togavirilis no lugar da toga praetexta que ele vestia anteriormente”. (Boice)
iv. “Havia um costume romano em que no dia em que um garoto ou uma garota crescia, o garoto oferecia sua bola e a garota oferecia sua boneca a Apolo, para mostrar que eles tinham colocado de lado as coisas de crianças”. (Barclay)
b. Enquanto o herdeiro é menor de idade, em nada difere de um escravo, embora seja dono de tudo: Pense em uma família rica antiga, com um garoto jovem que está destinado a herdar tudo que seu pai possui. Quando o garoto é apenas uma criança, ele tem na verdade menos liberdade e autoridade no dia-a-dia do que um escravo de nível alto na família. Contudo, ele está destinado a herdar tudo e o escravo não.
i. Na verdade, o herdeiro está sob os cuidados estritos de guardiães e administradores até o tempo determinado por seu pai.
c. Assim também: Agora vem a comparação com a nossa condição espiritual. Nós somos filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus ( Gálatas 3:26), e nós somos herdeiros segundo a promessa ( Gálatas 3:29). A lei foi nossa guardiã ( Gálatas 3:24-25), para cuidar de nós enquanto nós ainda éramos “crianças”. O efeito da lei em nossa natureza corrupta foi para nos manter escravizados aos princípios elementares do mundo.
d. Princípios elementares do mundo: Paulo usa uma frase interessante aqui. “Para descrevê-la Paulo usa a palavra stoicheia. Uma stoicheion era originalmente uma linha de coisas; por exemplo, ela pode significar uma fila de soldados. Mas ela veio a significar o ABC, e então qualquer conhecimento elementar”. (Barclay)
i. Cole traduz a ideia: “Então, nós também, quando éramos ‘crianças’, éramos mantidos em escravidão ao ABC do universo.”
ii. A ideia do “ABC do universo” é importante. Se existe algum “ABC do universo” (princípio elementar) do qual nós devemos nos libertar, e que é estressado na religião pagã tanto quanto na lei judaica, é o princípio de causa e efeito. Alguém pode chamá-lo de carma ou de “você tem o que merece” ou alguma outra coisa; ainda assim, ele governa a natureza e as mentes dos homens. Nós vivemos sob a ideia de que nós temos o que merecemos; quando somos bons merecemos receber algo bom, e quando somos ruins, merecemos receber algo ruim.
iii. Paulo disse aos Gálatas para irem além desse “ABC do universo” a um entendimento da graça de Deus. A Graça contradiz este “ABC do universo” porque, sob a graça, Deus não lida conosco baseado no que merecemos. Nosso bem não pode nos justificar sob a graça; nosso mal não pode nos condenar. A bênção e o favor de Deus são dados sob um princípio completamente à parte do “ABC do universo”. Sua bênção e favor são dados por razões que estão completamente Nele e não tem nada a ver conosco.
iv. O “ABC do universo” em si não é ruim. Nós o fazemos e o usamos na vida, e Deus tem um lugar apropriado para ele. Mas não devemos basear nosso relacionamento com Deus neste princípio. Como agora nós estamos sob a graça, Ele não lida conosco no princípio de receber e merecer. Porque este é um princípio tão elementar, é muito difícil para nós nos livrarmos deste tipo de raciocínio; porém, é essencial se quisermos andar na graça. Quando vivemos dentro do princípio de receber e merecer diante de Deus, nós vivemos escravizados aos princípios elementares do mundo.
v. O ensino falso é segundo estes princípios elementares, e não segundo Jesus ( Colossenses 2:8). Em Jesus, nós morremos para os princípios elementares do mundo ( Colossenses 2:20).
2. (4-5) A libertação dos herdeiros de sua escravidão.
Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da Lei, a fim de redimir os que estavam sob a Lei, para que recebêssemos a adoção de filhos.
a. Mas, quando chegou a plenitude do tempo: A ideia por trás da frase a plenitude do tempo é “quando estivesse na hora certa”. Jesus veio na hora exata do plano redentor de Deus, quando o mundo estava perfeitamente preparado para a obra de Deus.
i. “Mas introduz um contraste. O controle dos princípios elementares foi somente por um tempo limitado”. (Morris) Para aqueles que estavam sob a escravidão da lei, pode parecer que a vinda de Jesus foi tardia. Paulo nos garante que ela veio exatamente na hora certa.
ii. “Foi na época em que a Pax Romana se estendia pela maior parte do mundo civilizado e quando a viagem e o comércio eram, portanto, possíveis de uma maneira que eram anteriormente impossíveis. Grandes estradas conectavam o império dos Césares, e suas diversas regiões eram conectadas bem mais significativamente pela língua onipresente dos gregos. Adicione o fato de que o mundo estava afundado em um abismo moral tão baixo que até mesmo o pagão clamava contra ele e que a fome espiritual era evidente em todo lugar, e então veio o momento perfeito para a vinda de Cristo e para a primeira expansão do evangelho cristão”. (Boice)
iii. O tempo também estava certo porque os 483 anos profetizados por Daniel estavam chegando ao fim ( Daniel 9:24-26).
b. Deus enviou seu Filho, nascido de mulher: Jesus veio não somente como Filho de Deus, mas também como alguém nascido de mulher, nascido debaixo da Lei. O Filho eterno de Deus no céu adicionou humanidade à Sua divindade e se tornou um homem, nascido de mulher, nascido debaixo da Lei.
i. Nascido de mulher pode ser uma referência velada ao Nascimento Virginal, porque Paulo nunca diz que Jesus nasceu do homem. “O termo mais geral ‘mulher’ indica que Cristo nasceu um homem de verdade. Paulo não diz que Cristo nasceu de ambos, do homem e da mulher, mas somente da mulher. O fato dele ter em mente a virgem é óbvio” (Luther)
c. A fim de redimir os que estavam sob a Lei: Porque Jesus é Deus, Ele tem o poder e os recursos para nos redimir. Porque Jesus é um homem, Ele tem o direito e capacidade de nos redimir. Ele veio para nos comprar do mercado de escravos, da nossa escravidão ao pecado e dos elementos do mundo.
i. John Newton, o homem que escreveu o hino mais popular e famoso nos Estados Unidos, Amazing Grace, sabia como se lembrar disso. Ele foi um filho único de quem a mãe faleceu quando ele tinha apenas sete anos de idade. Ele se tornou um marinheiro e foi para o mar aos onze anos de idade. Ao crescer, ele se tornou o capitão de um navio negreiro e teve uma participação ativa na horrível degradação e desumanidade do comércio de escravos. Mas quando ele tinha vinte e três anos, no dia 10 de Março de 1748, quando seu navio estava em perigo iminente de afundar perto da costa de Newfoundland, ele clamou a Deus por misericórdia e a encontrou. Ele nunca se esqueceu de quão maravilhoso foi que Deus o recebeu, mesmo sendo ruim do jeito que ele era. Para manter isso fresco em sua memória, ele prendeu na parede sobre o suporte da lareira de seu escritório as palavras de Deuteronômio 15:15: Lembre-se de que você foi escravo no Egito e que o Senhor, o seu Deus, o redimiu. Se mantivermos fresco em nossa mente o que já fomos, e o que nós somos agora em Jesus Cristo, nós faremos bem.
d. Para que recebêssemos a adoção de filhos: Seria suficiente que nós fossemos comprados para fora do mercado de escravos. Mas a obra de Deus por nós não acaba aqui; nós somos em seguida, elevados à posição de filhos e filhas de Deus pela adoção.
i. Todo ser humano é um filho de Deus no sentido de ser Sua descendência ( Atos 17:28-29). Contudo, nem todo ser humano é um filho de Deus no sentido desse relacionamento próximo, adotivo do qual Paulo escreve aqui. Neste sentido, há filhos de Deus e filhos do diabo (João 8:44).
ii. Paulo provavelmente tem em mente o costume romano de adoção, em que os filhos adotivos recebiam privilégios absolutamente iguais na família e status igual como herdeiros.
iii. Em certo sentido isto é uma bênção totalmente desnecessária que Deus deu no curso da salvação, e uma demonstração de Seu amor verdadeiro e profundo por nós. Podemos imaginar alguém ajudando ou salvando uma pessoa, mas não indo tão longe quanto fazê-las parte da família – porém isto é o que Deus fez por nós.
iv. Nós recebemos a adoção de filhos; nós não a recuperamos. Neste sentido, ganhamos algo em Jesus que é maior do que o que Adão jamais teve. Adão nunca foi adotado como um filho de Deus da maneira como os fieis são. Por isso, estamos errados quando pensamos sobre a redenção como meramente uma restauração do que foi perdido com Adão. É nos dado mais em Jesus do que Adão jamais teve.
3. (6-7) Celebrando nossa filiação.
A prova de que vocês são filhos é o fato de que Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho que chama: Abba, Pai! Portanto, você já não é escravo, mas filho, e se é filho, é também herdeiro por vontade de Deus.
a. A prova de que vocês são filhos…Abba, Pai: É apropriado que aqueles que são de fato filhos, tenham o Espírito de Filho em seus corações. Isto nos dá tanto o direito quanto a capacidade de gritar “Papai!” a Deus nosso Pai, assim como Jesus fez com Seu Pai.
i. Alguns acham que traduzir a ideia de Abba como “Papai” é muito íntimo, e até mesmo impróprio. Cole escreve sobre Abba: “Embora fosse a palavra informal usual usada por uma criança para seu pai dentro de casa, é excessivamente sentimental traduzi-la como ‘Papai’”.
ii. Mas como Boice aponta: “Os primeiros pais da igreja – Crisóstomo, Teodoro de Mopsuéstia e Teodoreto de Chipre, que vieram da Antióquia (onde era falado o Aramaico e que provavelmente tiveram enfermeiras de língua aramaica em suas infâncias) – testemunham unanimemente que Aba era o termo que uma criança pequena usava para seu pai”.
iii. “Abba é um diminutivo afetuoso aramaico para ‘pai’ usado na intimidade do círculo familiar; ele passou sem alteração para o vocabulário dos cristãos de língua grega”. (Fung)
iv. Nós temos acesso à mesma intimidade com Deus Pai que Deus Filho, Jesus Cristo teve. Jesus se dirigia a Deus Pai como “papai” quando Ele orava, aba, Pai como registrado em Marcos 14:36.
b. Chama: Abba, Pai! Nós não sussurramos “papai” como se nós estivéssemos hesitantes ao falar tão afetuosamente. Ao invés disso, nós clamamos.
i. Calvin sobre chama: “Eu considero que este tempo verbal é usado para expressar grande ousadia. Incerteza não nos deixa falar calmamente, mas mantém nossa boca meio-fechada, para que então as palavras meio-quebradas mal possam escapar de uma língua gaguejante. ‘Chamar’ pelo contrario, é um sinal de certeza e confiança inabalável”.
ii. “Deixe que a Lei, o pecado, e o diabo chamem a nós até que seu chamado encha o céu e a terra. O Espírito de Deus chama mais do que todos eles. Nossos gemidos frágeis, ‘Abba, Pai’, serão ouvidos por Deus mais cedo do que o todo o barulho combinado do inferno, do pecado e da Lei”. (Luther)
c. Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho: Sabemos que somos filhos e filhas de Deus pelo testemunho do Espírito Santos dentro de nós. Assim como Paulo escreveu em Romanos 8:16: O próprio Espírito testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus.
i. “Sendo assim, o propósito de Deus não foi somente garantir nossa filiação através de Seu Filho, mas nos garantir dela através do Seu Espírito. Ele enviou Seu Filho para que nós pudéssemos ter o status de filiação, e Ele enviou Seu Espírito para que nós pudéssemos ter uma experiência disso”. (Stott)
ii. Também não podemos perder a maneira que a verdade da Trindade é tecida no texto: Deus Pai envia Deus Espírito Santo, que é o Espírito de Deus Filho, aos nossos corações para nos dar certeza de que somos filhos e filhas de Deus.
d. O Espírito do seu Filho: O Espírito Santo pode ser chamado de Espírito de Deus, de Espírito de Cristo, ou ser ligado a Deus Pai. Isto se dá, pois a natureza de Deus é consistente entre as pessoas da Trindade. Aqui, o Espírito Santo é chamado de o Espírito do seu Filho pela ideia de nossa filiação ser baseada na filiação de Jesus.
i. Nossa filiação é baseada em quem nós somos em Jesus, contudo, há distinções importantes entre nossa filiação e a filiação de Jesus. Ele é o Filho Unigênito (João 3:16) fazendo Dele um Filho pela essência natural. Nós somos filhos e filhas adotados de Deus, tornados filhos por um decreto legal de Deus.
e. Portanto, você já não é escravo, mas filho: Filhos nunca são escravos e escravos nunca são filhos nas casas de seus pais. Jesus ilustrou isto na parábola do filho pródigo, em que o filho estava determinado a retornar para a casa de seu pai como um escravo – porém o pai recusou, e o receberia somente como um filho.
f. E se é filho, é também herdeiro: Há uma linda progressão. Primeiro nós somos libertados da escravidão. Em seguida, somos declarados filhos e filhas adotados pela família de Deus. E então, como filhos, nos tornamos herdeiros.
i. Herdeiros herdam algo e Paulo deixou claro exatamente o que herdamos: herdeiro por vontade de Deus. Nós herdamos o Próprio Deus.
ii. Para alguns, isto poderia parecer como uma pequena herança. Contudo, para aqueles que estão realmente em Cristo e que realmente amam a Deus, ser um herdeiro…de Deus é a herança mais rica de todas.
g. Por vontade de Deus: Nossa libertação da escravidão, nossa filiação, o Espírito de Jesus em nossos corações, e nosso status como herdeiros de Deus são todos direitos de nascença dados a nós em Jesus. Nós os recebemos através de Cristo (por vontade de Deus). Estas são coisas pelas quais deveríamos estar vivendo e desfrutando todos os dias de nossa vida Cristã.
4. (8-11) Uma decisão a tomar: Uma escolha de viver sob os princípios elementares do mundo ou como um filho de Deus.
Antes, quando vocês não conheciam a Deus, eram escravos daqueles que, por natureza, não são deuses. Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez? Vocês estão observando dias especiais, meses, ocasiões específicas e anos! Temo que os meus esforços por vocês tenham sido inúteis.
a. Mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando: A escravidão é natural quando nós não conhecemos a Deus e quando nós servimos àquelas coisas que não são deuses (Antes, quando vocês não conheciam a Deus). Mesmo assim, os Gálatas agora conhecendo a Deus ainda se colocavam sob a escravidão. Isto foi o que surpreendeu Paulo.
i. Ou melhor, sendo por ele conhecidos: Paulo fez um ponto importante quando escreveu: ou melhor, sendo por ele conhecidos; é realmente mais importante que Deus nos conheça (no sentido de um relacionamento íntimo, de aceitação) do que nós conheçamos Deus. Lembre-se das terríveis palavras de julgamento em Mateus 7:21-23: Nunca os conheci.
b. Como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder: Recorrendo ao legalismo, os Gálatas não estavam cometendo um erro novo, mas retornando a um antigo – a ideia de um relacionamento com Deus baseado em obras.
i. Princípios elementares, fracos e sem poder: Paulo usou a mesma palavra para elementares usada em Gálatas 4:3. Como Cristãos, podemos nos colocar sob a escravidão de um relacionamento com Deus baseado em obras e “causa e efeito” – porém isto é como andar para trás, não para frente. Ao escrever voltando, Paulo mostra que os Gálatas não estavam cometendo um erro novo, mas retornando a um antigo; a ideia de um relacionamento baseado em obras com Deus.
ii. “Uma das tragédias do legalismo é que ele dá a aparência de maturidade espiritual quando, na realidade, leva o fiel de volta a uma ‘segunda infância’ de experiência cristã”. (Wiersbe)
c. Fracos e sem poder: Estes princípios elementares são fracos porque não oferecem força; eles são sem poder porque eles não concedem riquezas. Tudo o que podem fazer é nos trazer outra vez à escravidão.
i. Stott parafraseou o pensamento: “Se você era um escravo e agora é um filho, se você não conhecia Deus, mas agora o veio a conhecer e a ser conhecido por Ele, como você consegue voltar outra vez à antiga escravidão? Como você pode se permitir ser escravizado pelos mesmos espíritos elementares de quem Jesus Cristo te resgatou?”
d. Vocês estão observando dias especiais, meses, ocasiões específicas e anos: Os falsos mestres entre os Gálatas exigiam a observância dos dias especiais, meses, ocasiões específicas e anos e outros assuntos legalistas como estes e agiam como se isto os levaria à um plano mais alto de espiritualidade. No entanto, tudo que estes princípios elementares, fracos e sem poder de legalismo faziam era levá-los à escravidão.
i. Paulo parece surpreendido que alguém pudesse abandonar a liberdade em Jesus para ir para este tipo de escravidão. No entanto, o legalismo atende e reconhece a nossa carne ao colocar o foco no que nós realizamos para Deus, não no que Jesus fez por nós. A liberdade de Jesus nos dá status de filhos e uma herança rica, contudo, não satisfaz a nossa carne.
ii. “Observe como tal versículo está em desacordo com toda e qualquer teoria de um sábado cristão, cortando na raiz, como corta, de TODA a obrigatória observância de tempos como estes”. (Alford)
iii. “Quando certos dias são representados como sagrados em si, quando um dia é distinguido de outro com base na religião, quando dias sagrados são reconhecidos como parte da adoração divina, os dias são impropriamente observados”. (Calvin)
e. Temo que os meus esforços por vocês tenham sido inúteis: O medo de Paulo era de que esta atração ao legalismo poderia significar que seu trabalho entre os Gálatas não realizou nada e acabaria sendo inútil.
i. Esforços significa “trabalhar até a exaustão”. Paulo trabalhou duro entre os Gálatas, como ele sempre fez ( 1 Coríntios 15:10). Paulo nunca pensou que o evangelho da graça gratuita significava preguiça ao servir a Deus.
f. Inútil: No final desta parte, Paulo coloca uma escolha à frente dos Gálatas e diante de nós. Podemos ter um relacionamento vivo e livre com Deus como um Pai amável baseado no que Jesus fez por nós e quem nós somos Nele. Ou podemos tentar agradar a Deus através de nossos melhores esforços de respeitar as regras, vivendo na escravidão, como escravos e não filhos. Viver desta maneira torna o evangelho inteiro inútil.
i. Um bom exemplo disto é John Wesley. Antes de sua conversão:
·Ele era filho de um homem do clero e era ele mesmo, um homem do clero.
·Ele era um ortodoxo na crença, fiel na moralidade, e repleto de boas obras.
·Ele ministrou em prisões, fábricas exploradoras e favelas.
·Ele doava comida, roupas e educação às crianças faveladas.
·Ele observava a ambos, o Sábado e o Domingo como o Sabá.
·Ele navegou da Inglaterra às colônias Americanas como um missionário.
·Ele estudava sua Bíblia, orava, jejuava, e dava regularmente.
ii. No entanto, o tempo todo, ele estava preso pelas correntes de seus próprios esforços religiosos, porque ele confiava no que ele podia fazer para se tornar justo diante de Deus ao invés de confiar no que Jesus havia feito. Mais tarde, ele veio a “confiar em Cristo, somente em Cristo para a salvação”, e chegou a uma garantia interior de que agora ele estava perdoado, salvo e era um filho de Deus. Olhando para o passado e para toda sua atividade religiosa antes de estar verdadeiramente salvo, ele disse: “Eu tinha até então a fé de um servo, e não a de um filho”.
B. Um apelo pessoal do Apóstolo Paulo.
1. (12) Paulo apela: “Tornem-se como eu”.
Eu lhes suplico, irmãos, que se tornem como eu, pois eu me tornei como vocês. Em nada vocês me ofenderam.
a. Eu lhes suplico…que se tornem como eu: Para muitos de nós hoje, estas palavras de Paulo são estranhas. Como ele poderia jamais suplicar aos Gálatas para que se tornem como ele? Ele não deveria direcioná-los somente a Jesus? De que maneira exatamente, os cristãos Gálatas deveriam se tornar como Paulo?
i. Paulo sabia muito bem que não era perfeito e sem pecados. Ele não estava na frente dos cristãos Gálatas dizendo: “Olhem como eu sou perfeito. Não se preocupe em seguir Jesus, apenas sigam a mim”. Ele simplesmente queria que eles o seguissem como ele seguia a Jesus.
ii. Em vez disso, Paulo sabia que os cristãos Gálatas deviam imitar sua consistência. Os Gálatas começaram com o entendimento correto do evangelho, pois Paulo os guiou ao entendimento correto. Porém, alguns deles não permaneceram assim como Paulo permaneceu e, neste sentido, eles deveriam se tornar como Paulo.
iii. Paulo sabia que os cristãos Gálatas deveriam imitar sua liberdade. Paulo era livre em Jesus, e queria que eles conhecessem a mesma liberdade. Assim, eles deveriam se tornar como Paulo. “Sejam como eu sou é uma exortação aos Gálatas para se tornarem cristãos no mesmo sentido que Paulo é um cristão, um que não está sujeito à lei judaica”. (Morris)
iv. De alguma maneira todo cristão deveria ser capaz de dizer aos outros: “se tornem como eu”. “Todos os cristãos deveriam ser capazes de dizer algo assim, especialmente aos incrédulos, ou seja, que estamos tão satisfeitos com Jesus Cristo, com Sua liberdade, alegria e salvação que queremos que outras pessoas se tornem como nós”. (Stott)
b. Pois eu me tornei como vocês: Paulo podia dizer aos cristãos Gálatas: “Quando se trata de legalismo, eu entendo vocês. Eu vivia a minha vida inteira tentando ser aceito por Deus com base no que eu fazia. Nesse sentido, eu me tornei como vocês e vi que era um beco sem saída. Acreditem em alguém que sabe como vocês se sentem”.
i. Ou Paulo talvez tivesse em mente a ideia de que se tornou um gentio quando estava entre eles, de acordo com a filosofia expressa em 1 Coríntios 9:19-23. Pensando assim, ele se tornou “aquele que vive livre das restrições impostas pela lei. Isto significa que ele jogou fora suas algemas judaicas e acabou se tornando como um gentio; ele súplica aos seus convertidos a não se tornarem como judeus”. (Morris)
c. Em nada vocês me ofenderam: Paulo usou palavras bem fortes com os Gálatas. Seria fácil para eles pensarem que ele falava apenas do ponto de vista de uma mágoa pessoal. Paulo os garantiu que este não era de maneira alguma o caso. Paulo queria que eles entendessem isto, mas para o próprio bem deles e não dele.
i. Podemos sentir a emoção sincera de Paulo nestes versículos. Como Stott observou: “Em Gálatas 1-3 nós vínhamos escutando Paulo o apóstolo, Paulo o teólogo, Paulo o defensor da fé; porém agora nós estamos escutando Paulo o homem, Paulo o pastor, Paulo o amante apaixonado por almas”.
2. (13-16) Paulo apela: “Lembrem-se de como era a atitude de vocês.”
Como sabem, foi por causa de uma doença que lhes preguei o evangelho pela primeira vez. Embora a minha doença lhes tenha sido uma provação, vocês não me trataram com desprezo ou desdém; ao contrário, receberam-me como se eu fosse um anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus. Que aconteceu com a alegria de vocês? Tenho certeza que, se fosse possível, vocês teriam arrancado os próprios olhos para dá-los a mim. Tornei-me inimigo de vocês por lhes dizer a verdade?
a. Como sabem, foi por causa de uma doença que lhes preguei o evangelho pela primeira vez: Aparentemente, Paulo foi compelido a viajar para a região da Galácia por causa de algum tipo de doença que ele sofreu em sua primeira jornada missionária. O livro dos Atos não nos conta tanto quanto gostaríamos de saber sobre isso, mas podemos juntar alguns fatos.
i. Sabemos que quando Paulo estava na região sul da Galácia, perseguidores tentaram matá-lo por apedrejamento na cidade de Listra ( Atos 14:19-20). Seus agressores pensavam que estava morto, mas ele sobreviveu milagrosamente. Alguns acham que esta foi a causa da doença que ele menciona. Mas Paulo já estava na região da Galácia quando aquilo aconteceu; sua redação em Gálatas 4 sugere que ele entrou na região por causa de uma doença.
ii. “A posição empática da frase sugere que o plano original de Paulo tinha sido ir para outro lugar (talvez para o oeste na direção de Éfeso) e que sua visita missionária aos Gálatas aconteceu somente por causa de sua doença e necessidade de recuperação”. (Fung)
iii. Qual era exatamente a doença de Paulo? Alguns acreditam que o problema dele foi depressão, ou epilepsia, ou que a doença dele estava conectada com um espinho na carne mencionada em 2 Coríntios 12. Nenhuma delas pode ser afirmada com certeza.
iv. De acordo com Atos 13, Paulo veio à região da Galácia – especificamente, a cidade da Antióquia da Pisídia – da cidade de Perga na região da Panfília. Sabemos algumas coisas sobre Perga; primeiro, que foi o local onde João Marcos abandonou Paulo e Barnabé ( Atos 13:13), e as provações relacionadas a doença podem ter tido alguma coisa a ver com isso. Segundo que, Perga ficava em uma área pantanosa na planície. A cidade Gálata Antióquia da Pisídia ficava a mais ou menos 1,000 metros mais elevada do que Perga. Foi sugerido que a doença de Paulo foi um tipo de malária comum das planícies de Perga. William Barclay descreveu esta malária como algo que gerava uma dor terrível que era como “uma barra em brasa enfiada na testa”.
v. Contudo, temos que nos lembrar do que Morris citou de Stamm: “A dificuldade de diagnosticar o caso de um paciente vivo deveria nos alertar da futilidade de tentar fazer isso com um que está morto há quase dezenove séculos”.
b. A minha doença lhes tenha sido uma provação, vocês não me trataram com desprezo ou desdém: Embora Paulo não fosse um grande exemplo de força e poder por causa de sua doença, os Gálatas ainda o receberam e o receberam de maneira honrosa. Eles aceitaram Paulo tão generosamente que eles teriam arrancado os próprios olhos para dá-los a Paulo se aquilo fosse de alguma maneira atender a necessidade dele.
i. “Obviamente, um olho arrancado seria um presente que ninguém conseguiria usar, mas o que Paulo quis dizer é que seus convertidos estavam prontos para fazer qualquer coisa por ele naqueles primeiros dias”. (Morris)
ii. Isto leva alguns a acreditar que a doença de Paulo tinha algo a ver com seus olhos. Estudiosos gregos conhecidos como Wuest, Rendall e Robertson acreditam que as nuances do texto grego indicam que a doença de Paulo era um problema no olho. Gálatas 6:11 – onde Paulo faz referência a cartas extensas escritas por suas próprias mãos – podem também apoiar esta ideia.
iii. Mas Cole observa corretamente: “Aqueles que veem aqui uma prova de que Paulo sofria de oftalmia ou alguma doença ocular similar, fiquem à vontade. Certamente com fogueiras fazendo fumaça, nenhuma chaminé e lâmpadas a óleo, é esperado haver uma alta incidência de problemas oculares no primeiro século do mundo Mediterrâneo. Para alguém que passou anos mergulhado dentro de tomos hebreus intricados, o risco pode ser ainda maior. Porém, mais uma vez, não temos prova”.
iv. Mas a questão real aqui é que, apesar de qualquer doença que Paulo tenha tido, os Gálatas não o trataram com desprezo ou desdém. “Como doenças físicas e enfermidades eram consideradas pelos judeus tanto quanto pelos gentios um símbolo de desagrado ou punição divina, haveria uma tentação natural para os Gálatas desprezarem Paulo e rejeitarem sua mensagem”. (Fung) E isto foi exatamente o que os Gálatas não fizeram. Mesmo que Paulo parecesse fraco e aflito, eles o abraçaram e responderam à sua mensagem de graça e amor de Deus.
c. Tornei-me inimigo de vocês por lhes dizer a verdade? À luz do grande amor e honra que os Gálatas mostraram a Paulo e à luz da grande bênção recebida de Deus quando eles mostraram isso a ele, os Gálatas não deveriam pensar que Paulo havia agora se tornado seu adversário quando ele os confrontou com a verdade. Eles precisavam da verdade mais do que precisavam se sentir bem sobre quem eles se tornaram.
i. “Não é suficiente que pastores sejam respeitados se eles não são também amados; ambos são necessários. Caso contrário, seu ensino não terá um gosto doce. E Paulo declara que ambos eram verdade sobre ele entre os Gálatas. Ele já havia falado sobre o seu respeito; agora ele fala sobre o seu amor”. (Calvin)
ii. “Na medida em que os ministros e mestres da Palavra de Deus realmente ensinam a Palavra, nesta mesma medida eles deveriam ser recebidos como os Gálatas receberam o apóstolo Paulo. Os Ministros não deveriam ser recebidos e avaliados com base na sua aparência pessoal, conquistas intelectuais, ou maneira cativante, mas se de fato eles são ou não mensageiros de Deus levando a palavra de Cristo”. (Boice)
3. (17-18) Paulo apela: “Cuidado com a afeição que os legalistas mostram a vocês”.
Os que fazem tanto esforço para agradá-los não agem bem, mas querem isolá-los a fim de que vocês também mostrem zelo por eles. É bom sempre ser zeloso pelo bem, e não apenas quando estou presente.
a. Os que fazem tanto esforço para agradá-los não agem bem: Paulo admitirá que os legalistas fazem esforço para agradar aos Gálatas; e o legalismo geralmente vem envolto em um manto de “amor”. Mas o resultado não é para o bem.
i. Muitos cultos usam a técnica conhecida informalmente como “bombardeio de amor”. Eles sobrecarregam um membro em potencial com atenção, suporte e afeição. No entanto, não é um amor realmente sincero por aquele membro; é na verdade apenas uma técnica para ganhá-lo. Cristãos podem usar a mesma técnica de um jeito ou de outro.
b. Querem isolá-los a fim de que vocês também mostrem zelo por eles: Os oponentes legalistas de Paulo queriam afastar os Gálatas para dentro de seu próprio grupo divisivo. Na verdade, eles queriam excluir os Gálatas dos outros cristãos e trazê-los para dentro do grupo “super-espiritual” dos legalistas.
i. O zelo cultivado pelo legalismo é geralmente mais um zelo pelo grupo em si do que por Jesus Cristo. Embora eles digam o nome de Jesus, na prática o grupo em si é exaltado como o foco principal, e geralmente exaltado como o último refúgio dos verdadeiros “super-cristãos”.
c. Isolá-los: Isto significa literalmente “prender alguém”. Por hora, os legalistas estão cortejando os Gálatas, mas uma vez que eles tenham os alienado de Jesus e de Paulo, eles exigirão que os Gálatas sirvam a eles. Legalismo é quase sempre associado a algum tipo de escravidão religiosa.
i. “Os Judaizantes haviam seguido o procedimento hábil de apresentar a eles somente parte dos requerimentos da Lei Mosaica – aquelas partes que poderiam parecer menos repulsivas a eles como gentios. Conseguindo fazê-los adotar os festivais e talvez os dias de jejum, o Judaizantes agora os urgiam a adotar a circuncisão”. (Wuest)
d. É bom sempre ser zeloso pelo bem: Paulo certamente não era contra o zelo. Ele queria que os cristãos sempre fossem zelosos pelo bem. Mas é importante ter certeza que nosso zelo é pelo bem porque o zelo por algo mal é perigoso.
i. Os cristãos Gálatas sem dúvida estavam impressionados pelo zelo dos legalistas. Os legalistas eram tão sinceros, tão apaixonados por suas crenças. Paulo concordou que é bom sempre ser zeloso– porém somente sempre pelo bem. Zelo no serviço de uma mentira é uma coisa perigosa.
ii. Paulo sabia muito bem disso, porque antes de ele se tornar um cristão, ele tinha muito zelo; até mesmo de perseguir a igreja ( Atos 7:58-8:4). Mais tarde Paulo olhou para trás, para seu tempo de grande zelo a serviço de uma mentira e se arrependeu profundamente ( 1 Coríntios 15:9, 1 Tessalonicenses 1:15).
e. E não apenas quando estou presente: Paulo queria que os Gálatas fossem zelosos pelo que é bom quando ele estivesse ausente, não apenas quando estivesse presente entre eles.
4. (19-20) Paulo apela: “Eu amo vocês como um pai. Por favor, me escutem”.
Meus filhos, novamente estou sofrendo dores de parto por sua causa, até que Cristo seja formado em vocês. Eu gostaria de estar com vocês agora e mudar o meu tom de voz, pois estou perplexo quanto a vocês.
a. Meus filhos: Paulo corretamente se considerava como o pai dos Gálatas. No entanto, este desafio o fez sentir como se devesse trazê-los de volta a Jesus mais uma vez (estou sofrendo dores de parto por sua causa, até que Cristo seja formado em vocês). Paulo sabia que seu trabalho de formar Cristo neles não estaria completo até que eles permanecessem em um estado de confiança em Jesus.
i. A ideia de que Cristo seja formado em vocês é similar a ideia de Romanos 8:29: Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho.
ii. Seria errado para Paulo buscar formar a ele mesmo nos Gálatas. Isto nunca deve ser o trabalho do pastor. Ele estava correto em buscar formar Cristo neles.
b. Meus filhos: Através desta parte, Paulo com maestria misturou metáforas para criar uma poderosa imagem.
i. Paulo se assemelha a uma “mãe” que dava um “parto” espiritual aos Gálatas (Meus filhos).
ii. Algo não natural aconteceu – os Gálatas estão se afastando de Jesus e indo para a lei. Então Paulo tem novamente que sofrer dores de parto, e não é natural ter que sofrer dores de parto uma segunda vez.
iii. Paulo tem dores de parto, embora Cristo seja formado neles. Paulo continuará em trabalho de parto até que seja Natal para os Gálatas, e Jesus seja formado neles.
iv. Este é um padrão encontrado em todo ministério Bíblico. “A Palavra de Deus saindo dos lábios do apóstolo ou ministro entra no coração do ouvinte. O Espírito Santo impregna a Palavra para que então ela produza o fruto da fé. Desta maneira todo pastor cristão é um pai espiritual que forma Cristo nos corações de seus ouvintes”. (Luther)
v. “Ele compara sua dor com as dores do parto. Ele esteve em trabalho de parto por eles anteriormente na época de sua conversão, quando eles nasceram; agora o retrocesso deles o causou outro confinamento. Ele está em trabalho de parto novamente. Na primeira vez, houve um aborto; desta vez ele anseia para que Cristo seja verdadeiramente formado neles”. (Stott)
c. Eu gostaria de estar com vocês agora e mudar o meu tom de voz: Paulo desejava duas coisas. Primeiro, que ele pudesse estar presente com os Gálatas. Mas ele também desejava que ele não precisasse falar com eles com palavras tão fortes, que ele pudesse mudar seu tom de voz. No entanto, o perigo deles abandonarem o verdadeiro evangelho fez necessário o uso de palavras tão fortes e fizeram com que fosse necessário falar sobre o sentimento perplexo de Paulo.
i. Esta parte de Gálatas 4:12-20, nos mostra princípios para a atitude para pessoas na igreja com relação a seu pastor.
·A atitude delas não deve ser determinada pela aparência ou personalidade dele.
·A atitude delas não deve ser determinada pelos seus próprios caprichos teológicos.
·A atitude delas não deve ser determinada pela lealdade dele à mensagem apostólica na Bíblia.
ii. Esta parte de Gálatas 4:12-20, nos mostra princípios para a atitude para o pastor com relação ao povo da igreja dele.
·Ele deve estar disposto a servir e se sacrificar pelo seu povo.
·Ele deve falar a verdade a eles.
·Ele deve amar seu povo profundamente; nunca por motivo egoísta.
·Ele deve desejar ver mais do que mera animação, mas sim zelo pelas coisas boas.
·Ele deve desejar formar Jesus no povo, não ele mesmo.
C. Usando o Antigo Testamento, Paulo mostra que os sistemas de graça e lei não podem existir juntos como princípios em nossas vidas.
1. (21) Paulo apelará para a lei para aqueles que clamam a lei.
Digam-me vocês, os que querem estar debaixo da Lei: Acaso vocês não ouvem a Lei?
a. Digam-me vocês, os que querem estar debaixo da Lei: Agora Paulo escreve diretamente, para ambos: os que promovem o legalismo e aqueles que sucumbiram ao legalismo. Ele escreve para aqueles que querem estar debaixo da Lei, vivendo sob o cumprimento da lei como a base para seu relacionamento com Deus.
i. Há muitas vantagens de estar debaixo da Lei como seu princípio de se relacionar com Deus. Primeiro você sempre tem a certeza externa de uma lista de regras a cumprir. Segundo você pode se elogiar porque você segue as regras melhor do que os outros. Finalmente, você pode receber o crédito pela sua própria salvação, porque você a mereceu ao cumprir a lista de regras.
ii. Debaixo da Lei é o que você faz por Deus que te torna justo diante Dele. Debaixo da graça de Deus, é o que Deus fez por nós em Jesus Cristo que nos faz justos diante Dele. Debaixo da Leio foco está em meu desempenho. Debaixo da graça de Deus, o foco está em quem Jesus é e o que Ele fez. Debaixo da Lei nós encontramos folhas de figo para cobrir nossa nudez. Debaixo da graça de Deus nós recebemos a cobertura ganha através do sacrifício que Deus providencia.
iii. O cristão não deve viver debaixo da Lei. “Qual é a lei de Deus agora? Ela não está acima de um cristão – está abaixo de um cristão. Alguns homens seguram a lei de Deus como uma vara in terrorem, por sobre cristãos, e dizem: ‘Se você pecar você será punido com ela’. Não é o caso. A lei está debaixo de um cristão; é para ele andar por sobre ela, para ser seu guia, sua regra, seu padrão…A Lei é a estrada que nos guia, não a vara que nos direciona, nem o espírito que nos acua”. (Spurgeon)
b. Acaso vocês não ouvem a Lei? Paulo sentiu que ainda não havia deixado seu ponto de vista claro, então ele agora expõe o assunto com outra ilustração do Antigo Testamento. Essencialmente, Paulo disse “Vamos fazer um estudo bíblico. Abram suas Bíblias em Gênesis capítulo 16”.
i. Paulo subestimou que seus leitores conheciam a Bíblia. Ele explica seu ponto de vista usando a história de Abraão, Hagar e Sara em Gênesis 16 sem muito detalhe da história. Ele presume que eles conheciam a história.
ii. Era importante que Paulo fizesse referência às Escrituras mais vezes. Os legalistas entre os Gálatas se apresentaram como o pessoal do “de volta a Bíblia”. No entanto, Paulo mostrará que eles não estavam lidando corretamente com o Antigo Testamento, e mostrará que o verdadeiro entendimento da Lei de Moisés apoiará o verdadeiro evangelho que ele prega.
2. (22-23) O Antigo Testamento mostra o contraste entre os dois filhos de Abraão: Isaque e Ismael.
Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. O filho da escrava nasceu de modo natural, mas o filho da livre nasceu mediante promessa.
a. Pois está escrito que Abraão teve dois filhos: Os legalistas que perturbavam os Gálatas protestavam que eles eram filhos de Abraão, e portanto, abençoados. Paulo irá admitir que eles são filhos de Abraão, mas se esqueceram de que Abraão teve dois filhos.
b. Um da escrava e outro da livre: O primeiro filho de Abraão foi chamado Ismael. Ele não nasceu de sua esposa, mas da serva de sua esposa (da escrava), de um esquema mal orientado de barriga de aluguel para “ajudar a Deus”, quando Sara, a esposa de Abraão não conseguiu engravidar.
i. O primeiro contraste que Paulo traça entre o Cristianismo verdadeiro e o legalismo é o contraste entre liberdade e escravidão. Um filho de Abraão nasceu de uma mulher livre, e um nasceu de uma mulher escrava. A vida Cristã verdadeira é marcada pela liberdade.
c. Nasceu de modo natural: Ismael era filho de Abraão, mas foi o filho que veio de modo natural e descrente e tentando criar seu próprio caminho diante de Deus.
i. Muitas vezes pode não parecer, mas o legalismo é viver de modo natural. Ele nega a promessa de Deus e tenta criar seu próprio caminho até Deus através da lei. Isto é viver como um descendente de Abraão – mas é viver como Ismael.
ii. “O Legalismo não significa o estabelecimento de padrões espirituais; significa a adoração desses padrões e o pensamento de que nós somos espirituais porque os obedecemos. Ele também significa julgar outros crentes com base nestes padrões”. (Wiersbe)
iii. “Quanto mais legalista um homem é, mais certo ele está de ser condenado; quanto mais santo um homem é e coloca confiança em suas obras, mais ele pode ter certeza de sua rejeição final e porção eterna com os fariseus”. (Spurgeon)
d. O filho da livre nasceu mediante promessa: O segundo filho de Abraão foi chamado Isaque. Ele nasceu milagrosamente da esposa de Abraão, Sara (da livre). Isaque era filho de Abraão, e ele foi o filho da promessa de Deus e da fé e o milagre de Deus para Abraão.
i. O segundo contraste que Paulo traça entre o Cristianismo e o legalismo é o contraste entre uma obra feita pelo milagre prometido de Deus e uma obra feita pela carne. A verdadeira vida Cristã está conectada ao milagre prometido de Deus e não à carne.
3. (24-27) O Antigo Testamento mostra o contraste entre o Monte Sinai e o Monte Sião.
Isto é usado aqui como uma ilustração; estas mulheres representam duas alianças. Uma aliança procede do monte Sinai e gera filhos para a escravidão: esta é Hagar. Hagar representa o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à atual cidade de Jerusalém, que está escravizada com os seus filhos. Mas a Jerusalém do alto é livre, e é a nossa mãe. Pois está escrito:
“Regozije-se, ó estéril,
Você que nunca teve um filho;
Grite de alegria,
Você que nunca esteve em trabalho de parto;
Porque mais são os filhos da mulher abandonada
Do que os daquela que tem marido”.
a. Isto é usado aqui como uma ilustração: Paulo queria deixar claro que ele usava figuras do Antigo Testamento. Sua referência a Hagar e Ismael eram figuras designadas a ilustrar seu ponto de vista. E agora ele traria uma outra ilustração.
i. Paulo foi claramente guiado pelo Espírito Santo aqui. Pois nós, devemos ter cuidado ao ler coisas alegóricas ou simbólicas nas Escrituras. “A Escritura, eles dizem, é fértil e por isso carrega múltiplos sentidos. Eu reconheço que a Escritura é a fonte mais rica e inextinguível de toda a sabedoria. Mas eu nego que sua fertilidade consiste em vários significados que qualquer um pode criar ao seu bel prazer. Saibamos então, que o verdadeiro significado da Escritura é aquele que é natural e simples, e vamos abraçá-lo e mantê-lo de maneira resoluta”. (Calvin)
b. Estas mulheres representam duas alianças: Na Bíblia, uma aliança é um “contrato” que determina regras para nosso relacionamento com Deus. Paulo a trouxe direto para os assuntos enfrentados pelos cristãos da Galácia. Os legalistas queriam que eles se relacionassem com Deus através de um conjunto de regras, e Paulo queria que eles se relacionassem com Deus através das “regras” apresentadas pelo evangelho.
c. Uma aliança procede do monte Sinai: Uma aliança está associada ao Monte Sinai, o local onde Moisés recebeu a Lei (Êxodo 19-20).
i. Esta aliança gera filhos para a escravidão. Como se trata só do que nós devemos fazer para Deus para sermos aceitos por Ele, não nos torna livres. Ela nos coloca em uma rotina infinita de ter que nos provarmos e ganharmos nosso caminho diante de Deus.
ii. Esta aliança está associada a Hagar, a “barriga de aluguel” que deu à luz a Ismael. Ela é, portanto (se usada de maneira errada), uma aliança feita segundo a carne ( Gálatas 4:23).
iii. Esta aliança corresponde à atual cidade de Jerusalém, ou seja, a Jerusalém terrena que foi a capital do judaísmo religioso. Esta era a maneira pela qual a maioria do povo judeu nos dias de Paulo tentava ser justo diante de Deus – confiando em sua capacidade de agradar a Deus ao cumprir a lei.
d. Mas a Jerusalém do alto: A outra aliança está associada a Jerusalém, ao Monte Sião – mas não o Monte Sião desta terra. Ao invés disso, ela está associada a Jerusalém do alto – A própria Nova Jerusalém de Deus no céu.
i. O terceiro contraste que Paulo traça entre o Cristianismo e o legalismo é o contraste entre o céu e a terra. O Cristianismo verdadeiro vem do céu e não da terra.
e. A Jerusalém do alto é livre: Paulo nos contará mais sobre a aliança representada pela Jerusalém celestial. Esta aliança traz liberdade – ela é livre. Ela é livreporque reconhece que Jesus pagou o preço e nós mesmos não temos que pagar.
f. E é a nossa mãe: Esta aliança tem muitos filhos; ela é a nossa mãe. Todo cristão através dos séculos pertence a esta nova aliança, a aliança da Jerusalém celestial. E todo nascimento debaixo desta aliança é um milagre, como o cumprimento da profecia de Isaías 54:1: Regozije-se, ó estéril, você que nunca teve um filho! Todos nascem por um milagre de Deus.
g. Porque mais são os filhos da mulher abandonada: A citação de Isaías 54:1 também sugere que em breve haverá mais cristãos do que judeus – uma promessa que foi cumprida.
i. O quarto contraste que Paulo traça entre o Cristianismo e o legalismo é o contraste entre muito mais e muitos. A abundância e glória da Nova Aliança são mostradas pelo fato de que em breve ela terá muito mais seguidores do que a Antiga Aliança.
4. (28-31) Paulo aplica os contrastes entre os dois sistemas.
Vocês, irmãos, são filhos da promessa, como Isaque. Naquele tempo, o filho nascido de modo natural perseguiu o filho nascido segundo o Espírito. O mesmo acontece agora. Mas o que diz a Escritura? “Mande embora a escrava e o seu filho, porque o filho da escrava jamais será herdeiro com o filho da livre”. Portanto, irmãos, não somos filhos da escrava, mas da livre.
a. Vocês, irmãos, são filhos da promessa, como Isaque: Como cristãos, não nos identificamos com Ismael. Nós nos identificamos com Isaque, como filhos de uma promessa que foi recebida pela fé.
b. Naquele tempo, o filho nascido de modo natural perseguiu o filho nascido segundo o Espírito. O mesmo acontece agora: Ismael e seus descendentes perseguiram Isaque e seus descendentes. Então não deveríamos nos surpreender que as pessoas do mundo moderno que seguem a Deus pelo modo natural persigam aqueles que seguem a Deus pela fé através da promessa.
i. O quinto contraste que Paulo traça entre o Cristianismo e o legalismo é o contraste entre perseguidos e perseguidores. Os legalistas – representados por Ismael – tem sempre perseguido o Cristianismo verdadeiro, representado por Isaque. Ao andarmos na glória, na liberdade, no poder milagroso dessa Nova Aliança, deveríamos esperar sermos maltratados por aqueles que não andam nela.
ii. Não há uma menção específica de Ismael perseguindo a Isaque, apesar de Gênesis 21:9 dizer que Ismael de fato zombou de Isaque. Paulo pode estar se referindo a esta zombaria, ele pode estar se lembrando de uma tradição judaica, ou ele pode estar adicionando algo por inspiração do Espírito Santo que antes nós não sabíamos.
iii. A perseguição que os cristãos enfrentam “nem sempre será por parte do mundo, mas também e, de fato, mais frequentemente por seus meio-irmãos – o povo descrente, mas religioso na igreja nominal. Esta é a lição de história…Hoje os maiores inimigos da igreja crente são encontrados entre os membros da igreja descrente – a maior oposição emanando de púlpitos e hierarquias da igreja”. (Boice)
c. Mas o que diz a Escritura? “Mande embora a escrava e o seu filho”: A solução para este problema é clara, porém difícil. Devemos mandar embora a escrava e o seu filho. Lei e graça não podem viver juntas como princípios para nossa vida cristã.
i. Hagar e Sara não podiam viver juntas na mesma casa ( Gênesis 21:8-14). Nós poderíamos discutir de quem foi a culpa o dia todo, mas esta não é a questão. A questão é que Deus mandou Abraão mandar Hagar embora. Então, todo cristão deve mandar embora a ideia de se relacionar com Deus pelo princípio da lei, o princípio do que nós fazemos por Ele ao invés do que Ele fez por nós em Jesus Cristo.
ii. Significativamente, Sara poderia conviver com Hagar e Ismael até o filho da promessa nascer. Uma vez que Isaque nascesse, aí então é que Hagar e Ismael teriam que ir embora. Da mesma forma, uma pessoa poderia se relacionar com a lei de uma maneira antes que a promessa do evangelho estivesse clara em Jesus Cristo. Mas agora que ela está clara, não há nada a fazer exceto mandar embora a escrava e o seu filho.
d. Porque o filho da escrava jamais será herdeiro com o filho da livre: Ismael não foi um homem necessariamente mau ou amaldiçoado. Mas também não foi abençoado com a promessa de herdar a gloriosa aliança de Deus feita com Abraão e seus descendentes. Aquela era a herança de um herdeiro– Isaque, o filho da mulher livre.
i. O sexto contraste que Paulo traça entre o Cristianismo e o legalismo é o contraste entre herdar tudo e não herdar nada. Mesmo que os “Isaques” deste mundo possam ser perseguidos, eles também possuem uma herança gloriosa que os “Ismaels” deste mundo nunca conhecerão. Somos os herdeiros de Deus através do princípio da graça, não das obras.
e. Portanto, irmãos, não somos filhos da escrava, mas da livre: Para Paulo, uma das grandes questões aqui é a liberdade. Ele conhecia a servidão e o tentar ganhar seu próprio caminho até Deus, porque ele viveu daquela maneira por décadas. Agora ele conhecia a liberdade de viver como um filho de Deus, livre em Jesus Cristo.
i. “Barclay faz a observação de que qualquer um que faz da lei o centro está ‘na posição de um escravo; por sua vida toda ele está buscando satisfazer seu mestre: a lei’. Mas o centro é a graça, a pessoa ‘fez do amor o princípio dominante…é o poder do amor e não a restrição da lei que nos mantém justos; e amor é sempre mais poderoso do que a lei”. (Morris)